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Harriet Tubman foi uma mulher afro-americana que nasceu como escravizada, mas conquistou sua liberdade fugindo do cativeiro. Ela dedicou sua vida ao combate da escravidão, palestrando em associações abolicionistas e ajudando escravizados a fugirem do sul dos Estados Unidos por meio de rotas de fuga. Ela também teve papel de destaque na Guerra Civil Americana.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Primeiros anos
- 2 - Busca pela liberdade
- 3 - Luta contra a escravidão
- 4 - Guerra Civil Americana
- 5 - Últimos anos
Primeiros anos
Harriet Tubman nasceu em uma fazenda, em Dorchester County, no estado de Maryland, Estados Unidos. Por ser filhas de negros escravizados, Tubman não teve uma certidão de nascimento, fato que dificulta a confirmação do ano preciso em que ela nasceu. Os historiadores sabem que ela nasceu no começo da década de 1820, provavelmente entre anos de 1820 e 1822.
O nome de nascimento de Tubman era Araminta Ross, sendo muito conhecida na sua infância como Minty. Harriet foi a quinta criança de um total de nove que o casal Harriet Green (sua mãe) e Benjamin Ross (seu pai) tiveram juntos. Como os pais de Tubman eram escravos, logo ela também começou a realizar os primeiros trabalhos sob a mesma condição.
Com apenas cinco anos de idade, Tubman começou a fazer trabalhos forçados. Com essa idade, ela foi “alugada” para vizinhos de seu dono, que se chamava Edward Brodess. Nesse primeiro trabalho, Tubman era forçada a trabalhos domésticos. Os relatos contam que, na infância, ela tinha dificuldades com esse tipo de trabalho, o que lhe rendia castigos físicos.
Ainda na sua infância, Tubman foi obrigada a trabalhar na checagem de armadilhas para ratos-almiscarados. Essas armadilhas eram posicionadas em locais pantanosos, o que a forçava a se molhar constantemente. Ela era obrigada a isso até mesmo durante o inverno, e, no período que realizava essa função, chegou a contrair varíola.
Durante sua adolescência um acontecimento marcou sua vida. Ela estava no caminho do armazém local quando avistou um capataz perseguindo um escravizado que tinha fugido. Ela se colocou na frente do capataz para ajudar a pessoa que estava em fuga e acabou sendo atingida na cabeça por um peso de 1 kg, lançado pelo capataz contra o fugitivo.
Esse acidente causou ferimentos graves em Tubman, e especula-se que ela tenha sofrido uma concussão. Ela ficou com sequelas graves, uma vez que passou a sofrer de fortes dores de cabeça e teve crises de narcolepsia (doença que causa sono profundo na pessoa durante o dia, mesmo que ela tenha dormido bem no dia anterior).
Busca pela liberdade
Entre 1844 e 1845, Tubman casou-se com John Tubman, um negro livre. Logo após o seu casamento, ela oficializou sua mudança de nome, abandonando o Araminta e adotando o Harriet, mesmo nome de sua mãe, e com isso ela passou a se chamar Harriet Tubman. Especula-se que a mudança de nome já era parte de uma estratégia dela para uma possível fuga. Outros historiadores sugerem que foi apenas uma forma de homenagear a sua mãe.
Antes de se casar, Tubman descobriu que o antigo dono de sua mãe tinha deixado um testamento que garantia a liberdade dela e de seus filhos. Assim, legalmente, Tubman deveria ter nascido liberta, mas os Brodess teriam ignorado essa determinação do antigo dono da sua mãe. Ela não acionou a Justiça porque as chances de que ela pudesse vencer eram ínfimas.
Tubman decidiu que deveria fugir do domínio dos Brodess depois que seu dono começou a manifestar intenções de vendê-la. Essas intenções foram reforçadas quando Edward Brodess morreu, e, temendo que sua família fosse separada e que ela e seus parentes fossem enviados para o sul dos Estados Unidos, Tubman optou pela fuga.
Em 1849, Tubman fugiu junto de Ben e Henry, seus dois irmãos. Depois da fuga, ambos decidiram retornar para seus donos, forçando Tubman a ir com eles. Entretanto, ela fugiu novamente tempos depois, mas, dessa vez, sozinha. Durante a fuga, ela se utilizou da Underground Railroad, uma rede secreta de pessoas que forneciam ajuda a escravizados que fugiam.
Por meio dessa rede, muitas pessoas forneciam auxílio aos escravizados, levando-os por rotas que os permitiram chegar a cidades do norte dos Estados Unidos, onde a escravidão não era permitida, ou ao Canadá. Durante o trajeto, muitos davam abrigos para os escravizados, e foi por essa rede que Tubman alcançou a Filadélfia, na Pensilvânia.
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Luta contra a escravidão
Uma vez em liberdade, Tubman começou a trabalhar cuidando da casa de pessoas. Além disso, ela se engajou na luta para garantir que outros negros escravizados conseguissem a sua liberdade, e tornou-se uma das melhores guias na rede da Undergroud Railroad. Por meio da qual, Tubman conseguiu resgatar sua família e levá-la, em segurança, para o Canadá.
Ela também atuou em dezenas de outras missões ao longo da década de 1850. Em suas expedições, Tubman costumava levar soníferos para usar nas crianças, caso elas começassem a chorar, e tinha um rifle, usado para ameaçar aqueles que resolviam abandonar a expedição e retornar à escravidão. Isso era uma medida de segurança, pois aqueles que abandonavam o grupo poderiam colocar em risco todos os outros que estavam em fuga.
Tubman, durante suas missões, passava por caminhos abandonados e pegava rotas de difícil acesso, como regiões pantanosas. As viagens aconteciam, preferencialmente, pela noite, quando era mais difícil avistar o grupo de escravizados em fuga. Dessa forma ela conseguiu resgatar os seus irmãos em 1854 e os seus pais em 1857. Além disso, centenas de escravizados conseguiram fugir com ajuda dela.
Sua família não se adaptou ao clima canadense, então, ela a abrigou em uma terra que tinha adquirido em Auburn, no estado de Nova York. O antigo marido de Tubman não se mudou para Auburn porque ele não quis abandonar Maryland e também porque, depois da fuga da esposa, ele se casou com outra mulher.
A terra em que Tubman abrigou sua família foi comprada com o dinheiro que ela ganhava com o trabalho na casa dos outros. Além disso, seu engajamento como abolicionista rendia a ela apoio financeiro que a mantinha nas expedições e a ajudava a sobreviver.
Guerra Civil Americana
Em 1861, iniciou-se a Guerra Civil Americana, também conhecida como Guerra de Secessão. Nesse conflito, os estados do sul dos Estados Unidos declararam a sua separação da União, anunciando a formação dos Estados Confederados da América. Esse conflito se estendeu até 1865, com a derrota dos sulistas e um saldo de 600 mil mortos.
Harriet Hubman tomou parte desse conflito alistando-se ao exército da União, lutando, portanto, pelos nortistas. A essa altura, sua fama como guia nas expedições ao sul já era muito grande e ela teve papéis importantes na guerra civil. Trabalhou como batedora e como espiã, angariando informações sobre tropas e instalações dos confederados no sul.
Em julho de 1863, ela liderou as tropas de James Montgomery em uma expedição no rio Combahee. Nessa expedição, as tropas da União destruíram importantes linhas de suprimento dos confederados, além de terem conseguido libertar cerca de 750 escravizados. Essa ação militar foi a primeira liderada por uma mulher na história norte-americana.
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Últimos anos
Depois da guerra, Tubman apoiou a construção de escolas para libertos. Apesar disso, Tubman não foi alfabetizada. Em 1869, ela se casou com Nelson Davis, um negro liberto que lutou na guerra civil pelas tropas da União. Com seu marido, Tubman adotou uma filha chamada Gertie, em 1874.
Tubman, ainda, trabalhou em um livro de memórias de sua vida e atuou na causa sufragista, que defendia o direito das mulheres de votarem. Ela também dedicou os últimos anos de sua vida a campanhas para ajudar afro-americanos empobrecidos. Depois que ficou viúva e depois que sua condição de saúde se deteriorou, Tubman se estabeleceu em um lar de idosos, em Auburn.
A morte de Harriet Tubman aconteceu no dia 10 de março de 1913, em Auburn, por conta de uma pneumonia. Seu funeral aconteceu com honrarias militares, e ela se tornou um ícone da luta antirracista nos Estados Unidos. Desde 2016, existe um projeto nos Estados Unidos que debate a inclusão do rosto de Tubman na nota de 20 dólares.
Créditos da imagem:
[1] spatuletail e Shutterstock
Por Daniel Neves
Professor de História