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Morte de Alexandre, o Grande

Alexandre, o Grande, morreu de febre. Mas teria sido causada por malária, como é aceito hoje na historiografia? Ou outra doença? Ou envenenamento?

A Morte de Alexandre, o Grande. Pintura de Karl von Piloty (1886).
A Morte de Alexandre, o Grande. Pintura de Karl von Piloty (1886).
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A causa da morte de Alexandre, o Grande, que foi rei do Império Macedônico, inspirou — e ainda inspira — especulações historiográficas. Teria sido uma febre (de malária ou tifoide) ou um envenenamento? Há ainda aqueles que tentam provar que o grande conquistador tinha uma doença congênita que o levou jovem.

Após o seu falecimento, a Mesopotâmia e todo o seu império entraram em crise. Seus homens de confiança brigaram entre si. Quais são as teorias para o que teria acontecido?

Leia também: Cleópatra — a célebre rainha egípcia que agitou o cenário político romano

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Quem foi Alexandre, o Grande?

Alexandre, o Grande foi o rei do Império Macedônico, da Antiguidade Oriental, personagem que ganhou notoriedade por seu poder bélico, sua sensibilidade e suas habilidades democráticas.

Filho de Felipe II, Alexandre herdou do pai não só o trono, mas o objetivo militar de conquista de territórios, além do sonho de unificação com os vizinhos gregos e expansão da cultura helenística.

Também chamado de Alexandre III ou Alexandre Magno, nasceu em Pela, Macedônia, no mês de julho de 356 a.C., filho de Olímpia e Felipe II. Morreu na Babilônia, provavelmente entre os dias 10 e 13 de junho do ano 323 a.C.

Aos 13 anos, começou a ter aulas de Filosofia com Aristóteles. Desde cedo, apresentava grandes aptidões físicas e intelectuais. Com o assassinato do pai, assumiu o trono com apenas 20 anos.

Teve como companheiro inseparável seu cavalo Bucéfalo. Era o único que ele conseguia domar e montar. Após a morte de Bucéfalo, Alexandre chegou a fundar uma cidade em honra a ele. Fundou cidades também em homenagem a si mesmo (Alexandria) e ao seu cachorro.

Casou-se duas vezes, com Roxane e Estatira II. Mesmo tendo construído um enorme império, não deixou herdeiros, causando grande confusão sucessória à época.

Entre seus reconhecidos atributos militares esteve a tática de formação de falanges nas batalhas, o que garantia a sua vitória diante da imobilização dos inimigos.

Rendendo várias campanhas, batalhas e rivalidade com o rei Dário III, a derrota total ao Império Persa aconteceu em 330 a.C., abrindo outros caminhos para a ambição de Alexandre, como o Egito e a Índia. Ele planejava, ainda, conquistar a península Arábica.

A causa de sua morte não é um consenso entre historiadores, como veremos a seguir.

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Qual foi a causa da morte de Alexandre, o Grande?

A morte de Alexandre, o Grande sempre foi motivo de especulações. Há teorias que dizem que ele foi envenenado, e outras dizem que ele contraiu malária ou febre tifoide em uma de suas últimas batalhas, na Índia, morrendo alguns dias depois em consequência da enfermidade. A hipótese de envenenamento não é muito aceita atualmente no debate historiográfico.

De todo modo, foi uma morte prematura, a poucos dias de Alexandre completar 33 anos de idade, os quais contaram com 12 anos de reinado e diversas conquistas, que literalmente formaram um império.

Alexandre morreu na Babilônia e não deixou nenhum sucessor. Teve um filho bastardo e quando morreu, uma de suas esposas, Roxane, estava grávida de Alexandre IV, que foi assassinado antes mesmo de se tornar adulto, por um de seus generais “de confiança”.

Após anos em batalhas fora da Europa, Alexandre voltou para sua terra e começou a planejar a conquista, agora, da península Arábica, depois de dominar toda a Ásia.

O historiador Philipe Freeman, que escreveu livro dedicado à história do imperador, assim narra:

Na noite seguinte, ele voltou à casa de Médio para uma celebração em honra a Hércules. Ali, ele fechou a noite tomando uma taça toda de vinho puro em um gole só; depois disso, Alexandre gritou como se tivesse sido atingido por um golpe e foi levado para a cama pelos amigos. Na manhã seguinte, ele sofria com uma febre, embora ainda fosse escrupuloso com os sacrifícios exigidos pelos deuses, mesmo tendo de ser carregado até o altar em uma liteira para executá-los.|1|

Os murmúrios entre seus homens de confiança, generais do exército e população em geral se intensificavam. Conta-se que Alexandre, já bastante debilitado, chamou alguns para que vissem com seus próprios olhos que ainda estava vivo, para cessarem o burburinho. Porém, era perceptível que o grande homem, vencedor de tantas batalhas, estava abatido, pois mal falava. Com Roxane ainda grávida, foi perguntado a quem deixaria o trono. Chegou a passar o anel real a seu amigo Pérdicas, que assumiria como regente até que seu filho, caso fosse homem, tivesse idade para governar. Descreve-se que, em uma de suas últimas palavras, com bastante esforço, dissera que o reinado deveria ser daquele que fosse “o mais forte”. Na tentativa de salvá-lo, o levaram a um templo, mas não foi possível.

Como Alexandre havia sido, em vida, considerado descendente de Zeus, seu aspecto divino após sua morte veio ainda mais à tona. Seus súditos contavam que seu corpo demorou uma semana para entrar em decomposição.

Essa lenda alimenta, há milênios, a curiosidade não só de historiadores. Nesse sentido, pessoas de outras áreas do conhecimento também se aventuraram a estudá-la. É o caso da médica Katherine Hall, da Universidade de Otago (Nova Zelândia), que, em 2019, publicou artigo em revista científica especializada cogitando que Alexandre pode ter sido, inclusive, enterrado vivo.|2|

A pesquisadora levanta a hipótese de que o grande líder tinha a doença chamada síndrome de Guillain-Barré, que paralisa todos os músculos e deixa até mesmo a respiração inaudível, por isso o corpo teria demorado tanto para se decompor. A enfermidade afeta o corpo, porém deixa a pessoa consciente, situação em que Alexandre esteve, segundo relatos, até o último minuto, embora já não tivesse condições de falar.

O envenenamento foi levado em conta por historiadores desde a Antiguidade, entre eles Plutarco, Diodorno, assim como Arriano e Justino. Todavia, o rei morreu 12 dias após ter sentido a forte dor na festa. Como um veneno agiria durante tanto tempo sem matá-lo? Isso seria impossível para as toxinas conhecidas da época.

Foi só em 2014 que essa hipótese retomou força, por meio de um estudo realizado por Leo Schep, médico da Clinical Toxicology do The New Zealand National Poisons Centre. O pesquisador acredita que podem ter sido usadas “flores brancas de heléboro” para o assassinato, uma planta que é fatal, mas que demora dias para fazer efeito.|3|

Já foram levantadas também possibilidades de intoxicação pela água do rio Estige, “que contém um perigoso composto produzido por bactérias, chamado caliqueamicina”.|4|

Há que se considerar, no entanto, que, além das inúmeras possibilidades, arquitetadas ou naturais, Alexandre poderia muito bem estar debilitado após tantas guerras, durante tantos anos, ainda mais com suas relatadas constantes bebedeiras.

Leia também: Napoleão Bonaparte — a biografia de um dos mais famosos generais da história

O que ocorreu após a morte de Alexandre, o Grande?

Enterro de Alexandre, o Grande, por Karel Brozh.
Enterro de Alexandre, o Grande, por Karel Brozh.

Tendo em vista o grande tumulto político após sua morte, a conjectura do envenenamento parece fazer sentido, já que seus homens mais próximos passaram a brigar entre si. O resultado foi o esfacelamento do grande império da Antiguidade Oriental que Alexandre, O Grande construiu.

O historiador Freeman detalha o seguinte:

Os soldados macedônios rapidamente passaram a lutar entre si sobre qual facção apoiariam. [...] Depois de muito derramamento de sangue, os diferentes líderes concordaram em se reunir em paz para decidir como governar o império. [...] Um dos resultados dessa reunião foi a divisão do império. Ptolomeu recebeu o Egito, enquanto Seleuco, um amigo de Pérdicas, manteria a maior parte da Ásia naquele momento. Antípatro e seu filho, Cassandro, ficariam com a Macedônia e a Grécia, e Lisímaco, o ex-guarda-costas do rei, tomaria a Trácia.|5|

Pouco tempo depois da divisão desses vários territórios, estouraram rebeliões, insurreições e guerras civis.

Legado de Alexandre, o Grande

Uma das valorosas atribuições de Alexandre, O Grande, além das táticas e estratégias bélicas, era a de não impor língua e cultura de maneira geral aos povos conquistados.

Porém, mesmo assim, ele é considerado o maior difusor da cultura helenística da história. É seguro dizer que, sem ele, o intenso contato e extensão da cultura grega a diferentes continentes não teria acontecido, e o alcance da Filosofia, Arte e Literatura da Grécia Antiga, que tanto influenciaram — e ainda influenciam — o mundo, talvez nem tivesse ocorrido.

Notas

|1| FREEMAN, Philip. Alexandre, O Grande. Editora Manole. Barueri-SP: 2014. p. 248.

|2| “Cientista afirma que Alexandre, o Grande, foi enterrado vivo”, Revista Galileu. Disponível aqui. Disponível aqui.

|3| SCOTT, Michael. Dos democratas aos reis. Editora Record: 2012.

|4| EYLER, Flávia Maria Schlee. História antiga Grécia e Roma: A formação do Ocidente. Editora Vozes, 2014.

|5| FREEMAN, Philip. Alexandre, O Grande. Editora Manole. Barueri-SP: 2014. p. 252-254.

 

Por Mariana de Oliveira
Professora de História

Escritor do artigo
Escrito por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG)

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

BARBOSA, Mariana de Oliveira Lopes. "Morte de Alexandre, o Grande"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/alexandre-grande.htm. Acesso em 03 de dezembro de 2024.

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