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As vozes verbais informam a relação entre a coisa referida e os participantes daquilo que é relatado. Existem três vozes verbais: voz ativa, voz passiva e voz reflexiva. Confira abaixo como elas funcionam.
Leia também: O que são modos verbais?
Tópicos deste artigo
- 1 - Voz ativa
- 2 - Voz passiva
- 3 - Como passar da voz ativa para passiva e vice-versa
- 4 - Voz reflexiva
- 5 - Exercícios
Voz ativa
Adiantamos que a voz ativa ocorre quando o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo, sendo tradicionalmente chamado de agente. Assim:
O gato |
apanhou |
o rato. |
(sujeito agente) |
(verbo) |
(objeto paciente) |
Porém, nem sempre o sujeito desempenha o papel de agente, apesar do verbo estar na voz ativa. Vejamos como exemplo a oração:
O gato caiu do telhado.
Nesse caso, o verbo está na voz ativa, mas o gato, apesar de sujeito, apresenta passividade em vez de atividade, pois sofre uma ação em vez de agir.
O mesmo acontece neste exemplo que se refere ao jogo que eliminou o Brasil da copa em casa:
A seleção brasileira apanhou feio da Alemanha.
A frase está na voz ativa, mas a seleção brasileira (sujeito) não é agente, porque está recebendo e não praticando a ação expressa pelo verbo.
Desse modo, apesar de servir à nomenclatura, o nível semântico é secundário. Ou seja, não importa se o sujeito está de fato agindo no mundo real para que exista a estrutura da voz ativa. Por isso, é importante não tomar como sinônimos os termos sujeito e agente para definir a voz ativa.
Voz passiva
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Voz passiva analítica
Voz passiva é uma construção em que o objeto direto passa a ocupar a função de sujeito. Assim, a estrutura sintática sujeito–verbo–objeto da frase original se inverte, mas o sentido do enunciado permanece.
O rato |
foi apanhado |
pelo gato. |
(sujeito paciente) |
(auxiliar + particípio) |
(agente da passiva) |
Em quase todos os casos o sujeito é paciente, isto é, sofre, recebe ou desfruta a ação. O núcleo da forma passiva é o verbo sempre no particípio, variável em número (singular/plural) e gênero (masculino/feminino), ou seja, concordando com o sujeito.
Ao observar o exemplo, é possível notar que a passiva é constituída de um verbo auxiliar (frequentemente ser) que acompanha o verbo no particípio. Por isso, esse tipo de voz passiva é conhecido como analítica.
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Voz passiva sintética
Além da passiva analítica, também temos em português a passiva chamada pronominal. É formada pelo pronome se, que tem a função apassivadora. Nesse tipo de construção, não há verbo auxiliar, por isso alguns gramáticos a denominam passiva sintética. Além disso, não existe o agente da passiva.
Pinturas preciosas |
salvaram-se |
no incêndio do museu. |
(sujeito paciente) |
(voz passiva pronominal) |
(adjunto adverbial) |
Pinturas preciosas |
foram salvas |
no incêndio do museu. |
(sujeito paciente) |
(voz passiva analítica) |
(adjunto adverbial) |
Saiba mais: Dez dicas de português sobre verbos
Como passar da voz ativa para passiva e vice-versa
Voltemos aos primeiros exemplos de voz ativa e voz passiva:
O gato |
apanhou |
o rato. |
(sujeito agente) |
(verbo) |
(objeto paciente) |
O rato |
foi apanhado |
pelo gato. |
(sujeito paciente) |
(auxiliar + particípio) |
(agente da passiva) |
A partir desse esquema é possível depreender que, para converter a voz ativa em voz passiva, o verbo ativo é colocado no particípio e o verbo auxiliar é conjugado na mesma forma em que estava o verbo ativo. O sujeito da voz ativa passa a agente da passiva; o objeto direto da voz ativa passa a sujeito da passiva e o particípio concorda com o novo sujeito.
Mas nem todas as construções ativas podem ser transformadas em passivas. Se tentássemos aplicar o esquema em:
Paula levou um tiro.
A frase obtida seria:
Um tiro foi levado por Paula.
Vemos que é impossível, simplesmente porque precisa existir um sujeito agente para ser convertido em paciente. Paula, no caso, não está agindo, está apenas vivenciando uma ação como sujeito.
O primeiro motivo para alguém escolher utilizar a voz passiva, em vez da voz ativa, é o desejo de modificar a perspectiva da cena. Em uma passagem de “Os Maias”, de Eça de Queirós, temos: “O Carlos da Maia foi ofendido aí por um sujeito muito conhecido”.
O Carlos da Maia |
foi ofendido |
por um sujeito muito conhecido. |
(sujeito paciente) |
(auxiliar + particípio) |
(agente da passiva) |
Nesse trecho, a voz passiva tem a função de realçar a ofensa proferida na Corneta do Diabo contra Carlos da Maia. Tanto que quem ofende é designado apenas como um sujeito muito conhecido. Caso o intuito fosse salientar o ofensor, teríamos: Um sujeito muito conhecido ofendeu o Carlos da Maia.
Um sujeito muito conhecido |
ofendeu |
o Carlos da Maia. |
(sujeito agente) |
(verbo) |
(objeto paciente) |
Voz reflexiva
Além da ativa e da passiva, também existe a voz reflexiva. Na voz reflexiva o sujeito/agente e o objeto/paciente coincidem. Isso significa que o sujeito faz uma ação, expressa pelo verbo, que ele mesmo sofre ou recebe.
Tomemos como exemplo a oração abaixo:
O prisioneiro |
se |
matou. |
(sujeito agente) |
(objeto paciente) |
(verbo) |
O pronome se significa que o prisioneiro matou a si mesmo. É exatamente desse modo que a reflexiva é formada, juntando às formas ativas os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos e se, respectivamente com o sentido de a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a nós mesmos, a vós mesmos e a si mesmos.
Mas a voz reflexiva não deve ser confundida com a voz ativa formada por verbos que expressam sentimento, como queixar-se, alegrar-se, zangar-se. Tanto é que não podemos dizer, por exemplo, zango-me a mim mesmo.
Muitas vezes pode haver ambiguidade resolvida pelo contexto, por exemplo:
O operário feriu-se.
Essa oração pode ser interpretada como passiva pronominal (O operário foi ferido) ou como reflexiva (O operário feriu a si mesmo). Na primeira interpretação, foi ferido acidentalmente; na segunda, se feriu por vontade própria.
Exercícios
1 - Reorganize as colunas, fazendo as frases corresponderem à voz adequada dos verbos:
( ) Não vejo rosas neste jardim. ( 1 ) reflexiva
( ) A garotinha penteou-se sozinha. ( 2 ) passiva analítica
( ) Regam-se as plantas de manhã cedo. ( 3 ) ativa
( ) A noiva vinha acompanhada pelo pai. ( 4 ) passiva pronominal
Solução: 3, 1, 4, 2.
2 - (MED. ITAJUBÁ) – Todas as frases estão na voz passiva, exceto:
a) Fazia-se a relação dos livros novos.
b) Estuda-se novo processo de irrigação.
c) Trata-se sempre do mesmo problema.
d) Projetava-se um grande frigorífico.
e) Arrisca-se a vida por tão pouca coisa.
Solução: c, pois todas as outras podem ser reescritas na passiva analítica, exceto “Trata-se sempre do mesmo problema”.
a) A relação dos livros novos era feita.
b) Novo processo de irrigação é estudado.
c) Trata-se sempre do mesmo problema.
d) Um grande frigorífico era projetado.
e) Por tão pouca coisa a vida a vida é arriscada.
Por Paula Piva
Professora de Gramática