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Em se tratando das peculiaridades gramaticais, fontes geradoras de inúmeros questionamentos, o acento indicador da crase é um típico exemplo de tal representatividade.
Quantas vezes em determinadas circunstâncias, sentimo-nos rodeados por dúvidas em relação ao uso correto deste sinal gráfico. Como por exemplo: festa a fantasia? Ou festa à fantasia? Frango a milanesa? Ou frango à milanesa?
Este é um fato que aos poucos, mediante à prática assídua da leitura e escrita, torna-se menos complexo, pois as famigeradas regras que tanto insistem em nos confundir, paulatinamente incorporam-se ao nosso conhecimento linguístico à medida que as apreendemos de maneira efetiva.
Muitas vezes, uma análise contextual é o bastante para detectarmos ou não a sua presença, tendo em vista duas funções básicas:
* Sinalizar a fusão básica de duas vogais idênticas referentes a um termo que exija o uso da preposição “a” com outro que permita o uso do artigo definido. Como demonstra o exemplo:
Vamos à piscina – Quem vai, sempre vai a algum lugar.
Piscina é um substantivo feminino antecedido do artigo do mesmo gênero.
Portanto, neste caso constitui-se a referida ocorrência.
* Evitar a ambiguidade nas frases em função desta semelhança (duas vogais idênticas, porém com funções distintas). Neste caso, faz-se necessário estabelecermos uma relação de sentido ligado à semântica discursiva para que o impasse seja solucionado. Vejamos:
Carlos pintou a máquina.
Neste caso temos um artigo definido acompanhando o substantivo máquina.
O discurso revela-nos que foi aplicado tintura a um determinado objeto.
Carlos pintou à máquina.
Aqui já denota outro sentido: o de usar algum tipo de mecanismo para realizar tal atividade. A pintura poderia ser realizada à mão.
Cheirar a gasolina.
Cheirar à gasolina.
Na primeira incidência, temos a noção de significância ligada ao ato de aspirar o combustível. Já a segunda revela um odor com características semelhantes ao combustível.
Apenas nos restou a vontade de revê-lo.
Os convidados sentiram-se à vontade no recinto.
Fato semelhante ocorre neste exemplo.
Diante do exposto, retomemos à afirmativa anteriormente mencionada em relação ao emprego correto da crase. Em ambos os casos, faz-se necessário o emprego da crase, por tratar-se de expressões que denotam (mesmo que implícitas) à moda de, à maneira de.
Torna-se importante ressaltar que mesmo em se tratando de casos antepostos a termos masculinos, prescinde-se da referida exigência. Como nos mostra o exemplo:
A bela mulher usufrui de seus modelos à Luis XV.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras