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O uso da crase na regência ocorre quando o verbo ou o nome exige a preposição “a” antes de um complemento feminino. Na gramática, a regência é o estudo das relações entre as palavras, em que verbos e nomes exigem certos complementos, podendo requerer uma preposição específica. A crase ocorre quando a preposição “a” se combina com o artigo feminino “a” ou com pronomes que aceitam essa preposição. Este artigo aborda a crase no contexto da regência nominal e verbal, explicando quando é obrigatória, proibida ou facultativa, além de trazer exemplos e exercícios práticos.
Leia também: Quando não se deve usar a crase?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre crase na regência
- 2 - Quando usar crase na regência?
- 3 - Verbos que pedem crase
- 4 - Nomes que pedem crase
- 5 - Quando o uso da crase é proibido?
- 6 - Exercícios resolvidos sobre crase e regência
Resumo sobre crase na regência
- A crase na regência é usada quando o verbo ou o nome exige a preposição “a” antes de um complemento feminino.
- Verbos como “assistir” (no sentido de “ver”) e “referir-se” bem como nomes (substantivos e adjetivos) como “favorável” e “aversão” pedem crase quando acompanham palavras femininas.
- A crase é proibida antes de pronomes pessoais, verbos e palavras masculinas.
- O uso correto da crase facilita a clareza e precisão no texto.
Quando usar crase na regência?
A regência se refere ao uso de preposições específicas exigidas por determinados verbos (regência verbal) ou nomes (regência nominal) para ligarem-se corretamente com seus complementos.
- Crase na regência verbal: é utilizada quando um verbo pede a preposição “a” e o complemento é um substantivo feminino.
Exemplos:
O aluno obedeceu à norma escolar.
A advogada se referiu à cláusula do contrato.
Esses exemplos demonstram a crase obrigatória devido à regência verbal, pois os verbos “obedecer” e “referir-se” pedem a preposição “a” diante de seus complementos, a qual se funde com o artigo feminino “a” e provoca a crase.
- Crase na regência nominal: nomes (substantivos e adjetivos) que pedem a preposição “a” antes de um artigo feminino também exigem a crase.
Exemplos:
Ele se mostrou sensível à questão do meio ambiente.
Ela tem aversão à violência.
Esses exemplos demonstram a crase é obrigatória devido à regência nominal, pois o adjetivo sensível e o substantivo “aversão” pedem a preposição “a” diante de seus complementos, a qual se funde com o artigo feminino “a” e provoca a crase.
Verbos que pedem crase
Alguns verbos específicos exigem a preposição “a” antes de complementos femininos, o que torna a crase obrigatória nesses casos. Entre os verbos mais comuns, estão:
- Verbo “assistir” (no sentido de “ver”):
Assisti à palestra sobre sustentabilidade.
-
Verbo “referir-se”:
Ele se referiu à mudança recente.
-
Verbo “obedecer”:
Obedecemos à norma da empresa.
Esses verbos requerem um complemento com a preposição “a”, provocando a crase quando esses complementos são palavras femininas precedidas pelo artigo “a”.
Veja também: Crase — usos obrigatórios e facultativos, macetes para não errar mais
Nomes que pedem crase
Devido à regência nominal, alguns substantivos e adjetivos pedem complementos com a preposição “a”, provocando a crase quando esses complementos são palavras femininas precedidas pelo artigo “a”. Vejamos abaixo alguns nomes que exigem a crase na presença de complementos femininos:
→ Substantivos que pedem crase
- Obediência a (sentimento direcionado a algo ou alguém)
A obediência à Constituição é essencial para uma sociedade mais justa e democrática.
-
Aversão a (repulsa por algo ou alguém)
Ela tem aversão à hipocrisia.
→ Adjetivos que pedem crase
- Acessível a (que pode ser alcançado ou compreendido)
O conteúdo é acessível à comunidade surda.
- Favorável a (que se mostra benéfico ou vantajoso)
O clima estava favorável à colheita.
Esses nomes (substantivos e adjetivos) requerem um complemento com a preposição “a”, provocando a crase quando esses complementos são palavras femininas precedidas pelo artigo “a”.
Quando o uso da crase é proibido?
A crase não deve ser usada em alguns casos específicos, pois a regência verbal ou nominal não exige um complemento que possa ser introduzido por um artigo feminino. Vejamos esses casos a seguir:
- Antes de palavras masculinas
Entregamos o documento a todos os alunos.
-
Antes de verbos
O evento começará a partir das 10h.
- Antes de pronomes pessoais, de tratamento e indefinidos
A oferta foi apresentada a alguém do grupo. A vaga foi ofertada a nós ou a você?
A ausência de crase nesses casos ocorre porque o contexto não exige a combinação da preposição “a” com o artigo feminino “a”, levando à inexistência da crase.
Saiba mais: Como usar a crase na indicação de horas?
Exercícios resolvidos sobre crase e regência
Questão 1
Na frase: “Ela assistiu à palestra sobre os impactos ambientais”, o uso da crase está correto porque:
a) a palavra “palestra” exige crase em qualquer contexto.
b) o verbo “assistir”, no sentido de “ver”, exige a preposição “a”, e temos, nesse caso, um complemento feminino precedido pelo artigo feminino “a”.
c) a crase é obrigatória diante de substantivos femininos.
d) o verbo “assistir” exige crase quando é verbo transitivo direto.
Gabarito: Letra B
Resolução: O uso da crase está correto, pois o verbo “assistir” (no sentido de “ver”) exige a preposição “a” antes de complementos, e temos, nesse caso, um complemento feminino precedido pelo artigo feminino “a”.
As alternativas A e C estão incorretas, pois não explicam a necessidade de regência. A alternativa D confunde a transitividade do verbo (“assistir”, nesse caso, tem o sentido de “auxiliar“ ou “prestar assistência”).
Questão 2
Assinale a alternativa em que o uso da crase é proibido:
a) A solução é acessível a todos.
b) Ele se referiu à proposta com entusiasmo.
c) Obedeceram à ordem do juiz.
d) Ela se dedicou à causa com afinco.
Gabarito: Letra A
Resolução: A crase não é usada antes de pronomes indefinidos, como “todos”. Nas demais alternativas, a crase é necessária por conta da regência dos verbos e substantivos.
Questão 3
Complete a frase: “A professora referiu-se ____ questão da ética e dedicou o prêmio ____ mãe”.
a) à / à
b) a / a
c) à / a
d) a / à
Gabarito: Letra D
Resolução: “Referiu-se à questão” exige crase por conta da regência do verbo: “referir-se a algo ou alguém”, no caso, à questão. Já “dedicou o prêmio à mãe” exige crase por conta da regência do verbo: “dedicar algo a alguém”, no caso, à mãe.
Questão 4
Em qual alternativa o uso da crase está incorreto?
a) A proposta foi enviada a todos.
b) Ele se referiu à matéria com entusiasmo.
c) A empresa respondeu à solicitação do cliente.
d) Assisti à reunião pela manhã.
Gabarito: Letra A
Resolução: A crase não é usada antes de pronomes indefinidos, como “todos”. As outras alternativas apresentam crase corretamente, pois a regência verbal ou nominal pede a preposição “a” e provoca a crase devido ao complemento formado por um substantivo feminino.
Questão 5
Leia a frase: “Ele dedicou-se à causa da proteção ambiental”. A crase é necessária porque:
a) O verbo “dedicar-se” provoca a ocorrência de crase diante de um substantivo feminino.
b) “Causa” é um substantivo feminino que exige a preposição “a”.
c) A crase é facultativa em complementos femininos.
d) O artigo feminino está ausente.
Gabarito: Letra A
Resolução: Como o verbo “dedicar-se” exige a preposição “a”, ele provoca a ocorrência de crase quando o complemento é feminino, justificando a crase. A alternativa B é incorreta, pois a regência nominal de causa exige um complemento depois do substantivo, não antes, e com outra preposição (“causa de algo”).
A alternativa C é incorreta, pois a crase nesse caso não é opcional. A alternativa D também é incorreta, pois o artigo feminino está presente.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEREJA, William; VIANNA, Carolina Dias. Gramática: texto, reflexão e uso. Volume único. São Paulo: Atual, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
KURY, Adriano da Gama. Português Básico e Essencial. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.
PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos Públicos: um guia completo e prático. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.