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O acento diferencial é uma marca gráfica que distingue palavras com a mesma escrita, mas com significados ou funções diferentes. Com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), assinado para unificar a ortografia nos países de fala portuguesa e em vigor desde 2009 no Brasil, seu uso foi reduzido. Este artigo aborda as novas regras do acento diferencial, os casos que o mantêm, os que o perderam e as situações em que o uso é facultativo, além de exercícios práticos.
Leia também: Quais são as regras de acentuação gráfica?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o acento diferencial
- 2 - O que é o acento diferencial?
- 3 - Regras do acento diferencial
- 4 - Quando não usar acento diferencial?
- 5 - Uso opcional do acento diferencial
- 6 - Exercícios resolvidos sobre acento diferencial
Resumo sobre o acento diferencial
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O acento diferencial é uma marca gráfica que distingue palavras de escrita igual que possuem significados diferentes.
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O acento diferencial desapareceu em alguns casos após o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), mas é mantido em algumas situações específicas, e seu uso é facultativo em outras.
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Em palavras como “pôr” e “pôde”, o acento diferencial continua obrigatório para evitar ambiguidades.
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Em palavras como “fôrma” e “forma” (o recipiente), o acento é facultativo.
O que é o acento diferencial?
O acento diferencial é um uso especial do acento agudo ( ´ ) e do acento circunflexo ( ^ ) para distinguir palavras que têm a mesma grafia, mas funções ou sentidos diferentes. Com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor no Brasil desde 2009, o uso do acento diferencial foi reduzido para simplificar a ortografia. Apenas dois casos mantiveram o acento obrigatório, enquanto outros seis casos foram eliminados e dois tornaram-se facultativos.
Regras do acento diferencial
O Acordo Ortográfico eliminou o acento diferencial em seis casos, manteve-o em dois e tornou seu uso facultativo em outros dois. Vejamos isso abaixo com mais detalhes e exemplos.
→ Casos em que o acento diferencial desapareceu
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Para (verbo parar, que era antes grafado como pára) e para (preposição): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum.
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Exemplos: Ele para o carro. / Vou para a escola.
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Pelo (substantivo ou o verbo pelar, que era grafado antes como pêlo) e pelo (a preposição): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum.
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Exemplos: Ele encontrou um pelo ruivo no casaco da mulher. / Passei pelo portão.
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Pela (o substantivo pela ou o verbo pelar, que era grafado antes como péla) e pela (preposição): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum. O substantivo pela (com É aberto na pronúncia) é tanto a bola usada quanto um jogo antigo de bola antecessor do tênis.
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Exemplos: O juramento do jogo da pela foi o marco inicial da Revolução Francesa, realizado em 20 de junho de 1789 pelos membros do terceiro estado, que decidiram permanecer reunidos até formarem uma Constituição para a França. / Chapeuzinho Vermelho atravessou pela floresta em busca da casa da avó.
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Polo (o substantivo, que era grafado antes como pólo) e polo (com Ô fechado, uma forma arcaica da preposição pelo): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum. Polo (com Ó aberto na pronúncia) pode referir-se aos polos da Terra ou de um imã; ao jogo de polo, praticado a cavalo; ou a um tipo de camisa.
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Exemplos: Estudei sobre o polo Norte em Geografia. / “Fernão, todavia, segurou-me polo braço e redarguiu: – Não, fiquemos, que o melhor está por vir” (“Os Rios Inumeráveis”, de Álvaro Cardoso Gomes).
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Pera (nome da fruta, que era grafado antes obrigatoriamente como pêra) e pera (uma forma arcaica tanto da preposição pela quanto do substantivo pedra): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum.
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Exemplos: Comi uma pera. / “Mais uma vez, voltei-me pera Fernão, porque me ocorreu comentar a singular aparência e índole desta gente” (“Os Rios Inumeráveis”, de Álvaro Cardoso Gomes).
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Coa (o verbo coar, que era grafado antes obrigatoriamente como côa) e coa (uma forma reduzida de com + a e o substantivo coa): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são escritas sem acento nenhum. O substantivo coa refere-se ao nome de um rio em Portugal, bem como tanto o ato de coar quanto o produto coado.
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Exemplos: Ela coa o café. / O Rio Coa fica em Portugal.
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→ Casos em que o acento diferencial foi mantido
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Pôr (o verbo, com sentido de “colocar”) versus por (preposição): as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) não alteraram esses casos.
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Exemplos: Vou pôr o livro na estante. / Passei por aqui.
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Pôde (o pretérito do verbo poder) versus pode (o presente do verbo poder): as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) não alteraram esses casos.
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Exemplos: Ela não pôde vir ontem. / Ela, porém, pode vir hoje.
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Veja também: Quais são as regras de uso do hífen?
Quando não usar acento diferencial?
Em alguns casos, o acento diferencial foi eliminado no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor no Brasil desde 2009, a fim de simplificar a ortografia, como explicado no casos abaixo:
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Nas formas do verbo parar (antes, pára) e da preposição para. Exemplos:
Ele para o carro no pátio.
A viagem é para o litoral.
Ele sempre para para observar.
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Nas formas do substantivo pelo (antes pêlo) e da preposição pelo. Exemplos:
Ele passou pelo portão.
Usava um casaco de pelo de búfalo.
Observou pelo telescópio.
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Em expressões como polo (substantivo, antes pólo) e polo (forma antiga de pelo)
Exemplos:-
O polo Norte é gelado.
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Polo menos uma vez tente.
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Estudo o polo magnético.
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Com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), somente as formas sem acento nos casos acima (para, pelo e polo) são aceitas agora.
Uso opcional do acento diferencial
Em alguns casos, com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), o acento diferencial tornou-se opcional, como em fôrma ou forma e dêmos ou demos, que podem ser usadas com ou sem o acento, dependendo do contexto e da clareza desejada.
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Forma ou fôrma (o recipiente ou molde de algo, sempre com Ô fechado na pronúncia): com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são aceitas, com ou sem acento.
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Exemplos:
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O bolo está na forma de alumínio. / O bolo deve ser feito na fôrma redonda com furo.
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Ela comprou uma nova fôrma de bolo. / Ela comprou uma nova forma de bolo.
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Importante: Forma, no sentido de aspecto de algo (um objeto de forma quadrada) e o verbo (ele forma outros médicos na faculdade), sempre terá Ó aberto na pronúncia e ausência de acento.
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Dêmos (o subjuntivo e imperativo do verbo dar) ou demos: com as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), ambas as formas agora são aceitas, com ou sem acento.
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Exemplos:
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Que nós dêmos atenção ao conselho dos sábios. / Demos valor aos nossos princípios mais sagrados.
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Dêmos graças ao Senhor. / Que demos máxima atenção ao assunto.
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Exercícios resolvidos sobre acento diferencial
Questão 1
No trecho: “Ele pôde participar ontem, mas não pode vir hoje”, o uso do acento diferencial em “pôde” indica:
A) A diferença de sentido entre as palavras.
B) A distinção entre os tempos verbais pretérito e presente.
C) A ênfase na habilidade de participar.
D) A troca de tempo verbal no subjuntivo.
Resolução:
Alternativa B.
“Pôde” indica o pretérito do verbo poder, diferindo do presente “pode”. As demais alternativas estão incorretas porque não explicam o valor temporal do acento diferencial.
Questão 2
Assinale a frase em que o uso do acento diferencial é opcional:
A) A funcionária trouxe uma forma a mais para ajudar a fazer os bolos da festa.
B) Ele pôde fazer o trabalho sozinho.
C) Eles caminharam pelo parque.
D) Ele foi para o sul do país.
Resolução:
Alternativa A.
Em “forma” (recipiente), o acento é opcional, podendo ser escrito como “fôrma” ou “forma” para indicar o recipiente. As outras alternativas não contêm casos de acento diferencial.
Questão 3
Complete a frase: “Quando o inspetor ______ a produção, ele faz isso devido a ordens recebidas para eliminar ou diminuir algum problema na fabricação do produto.”
A) pára
B) para
C) pôde
D) polo
Resolução:
Alternativa B.
“Para” (do verbo parar) não leva mais acento diferencial após o Acordo Ortográfico de 1990. A alternativa A está incorreta, pois o acento foi abolido, e as alternativas C e D não fazem sentido no contexto da frase.
Questão 4
Identifique a alternativa que apresenta a frase corretamente acentuada:
A) Ele quer por o livro na estante.
B) Ele pôde resolver a questão da prova sem precisar de ajuda ou tempo adicional.
C) A receita pede uma fôrma especial para o bolo.
D) O trabalho foi concluído pelo estudante.
Resolução:
Alternativa B.
“Pôde” está corretamente acentuado para indicar o pretérito de “poder”. A letra A está incorreta pois “pôr” é verbo, e C e D não precisam de acento diferencial.
Questão 5
Leia a frase: “O bolo está na fôrma.” O uso do acento é opcional porque:
A) A palavra “fôrma” é uma exceção na nova regra.
B) O acento é necessário apenas para substantivos concretos.
C) Tanto “fôrma” quanto “forma” podem ser usadas para referir-se ao recipiente de algo.
D) O acento diferencial em “fôrma” é obrigatório.
Resolução:
Alternativa C.
“Fôrma” e “forma” podem ser usadas livremente para referir-se ao recipiente. As outras opções não refletem a atual norma ortográfica.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEREJA, William; VIANNA, Carolina Dias. Gramática: texto, reflexão e uso. Volume único. São Paulo: Atual, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
KURY, Adriano da Gama. Português Básico e Essencial. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013.
PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos Públicos: um guia completo e prático. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2019.