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Você sabe quando não usar a crase? Os casos em que não usamos crase são os seguintes: antes de palavras masculinas, verbos, pronomes pessoais, pronomes de tratamento, pronomes indefinidos, artigos indefinidos e em expressões com palavras repetidas. A crase, representada pelo acento grave (`), é a fusão da preposição "a" com o artigo definido feminino "a" ou com os pronomes demonstrativos "aquele(s)", "aquela(s)" e "aquilo". Embora seja um importante recurso da língua portuguesa, seu uso inadequado pode comprometer a clareza e a correção gramatical de um texto.
Leia também: Quando usar a crase na indicação de horas?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre quando não usar a crase
- 2 - Videoaula sobre quando não usar crase
- 3 - Quando não devo usar crase?
- 4 - Resumo de quando não usar crase
- 5 - Quando a crase é facultativa?
- 6 - Exercícios resolvidos sobre quando não usar crase
Resumo sobre quando não usar a crase
- A crase é a fusão da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou com pronomes demonstrativos.
- Não se usa crase antes de palavras masculinas, verbos, pronomes pessoais, pronomes de tratamento, pronomes indefinidos, artigos indefinidos e em expressões com palavras repetidas.
- O uso da crase é facultativo antes de nomes próprios femininos, pronomes possessivos femininos e depois da preposição "até".
Videoaula sobre quando não usar crase
Quando não devo usar crase?
Existem situações específicas em que a crase não deve ser utilizada. Conhecer essas regras ajuda a evitar erros comuns.
-
Antes de palavras masculinas
A crase é a junção da preposição "a" com o artigo feminino "a". Como palavras masculinas não admitem o artigo feminino, a crase não pode ser utilizada. Exemplo:
“Fui a pé ao trabalho.”
“Andamos a cavalo.”
“Compramos a prazo.”
O substantivo “pé” é masculino. Portanto, não se usa artigo feminino antes dele e, consequentemente, não há crase.
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Antes de verbos
Não colocamos artigos antes dos verbos. Exemplo:
“Comecei a estudar cedo.”
“Estamos dispostos a ajudar.”
“Ela se pôs a cantar.”
O verbo “estudar” não é antecedido por artigo. Por consequência, não há crase antes dele.
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Antes de pronomes pessoais, de tratamento, demonstrativos e indefinidos
Não há artigo antes desses pronomes. Desse modo, não ocorre crase antes deles. Exemplos:
“Falei a ela sobre a vaga que encontrei.”
“Encaminhei a você mais informações sobre a vaga.”
“Devemos a isso nossas conquistas.”
“Não peça nada a ninguém.”
Atenção! Os únicos pronomes demonstrativos que são exceção e admitem crase são “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”:
“Graças àquilo, não precisávamos mais nos preocupar.”
“Escrevi uma carta àqueles que já amei na vida.”
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Antes de artigos indefinidos
Se o artigo for indefinido, então não aparece o artigo definido “a” antes. Portanto, não há crase.
“Fomos a uma festa.”
“Chegarei a uma conclusão em breve.”
“Ele fez referência a uma ideia interessante.”
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Em expressões com palavras repetidas
Expressões com palavras repetidas, em geral, não levam artigo definido nem na primeira, nem na segunda repetição da palavra. Portanto, não há crase.
“Ficaram cara a cara.”
“A água enche o balde gota a gota.”
“Precisaremos rever tudo, peça a peça.”
Veja também: Outras dicas sobre crase — não erre mais!
Resumo de quando não usar crase
Veja um resumo de quando a crase não deve ser usada.
Não há crase antes de: |
Exemplo |
palavras masculinas |
a pé, a cavalo, a prazo |
verbos |
"Comecei a estudar." |
artigos indefinidos |
a um, a uma, a uns, a umas |
expressões com palavras repetidas |
cara a cara, gota a gota |
pronomes pessoais |
a ela, a nós, a eles |
pronomes de tratamento |
a você |
pronomes demonstrativos |
a isso, a esse, a essa |
pronomes indefinidos |
a alguém, a todos, a alguma, a nenhuma |
Quando a crase é facultativa?
Em algumas situações, o uso da crase é opcional, sem prejuízo para o sentido da frase.
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Antes de nomes próprios femininos
Quando o nome da pessoa é feminino, a crase é facultativa.
“Dei flores a Maria.”
“Dei flores à Maria.”
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Antes de pronomes possessivos femininos
A crase também pode ser usada opcionalmente antes de pronomes possessivos femininos, como “minha”, “tua”, “sua”, “nossa” e “vossa”.
“Entreguei a carta a minha mãe.”
“Entreguei a carta à minha mãe.”
-
Depois da preposição “até”
Em algumas situações, podemos escrever “até a” (preposição “até” + artigo “a”) ou “até à” (preposição “até” + preposição “a” + artigo “a”). Exemplo:
“Caminhamos até a praça.”
“Caminhamos até à praça.”
Saiba mais: Quando não usar a vírgula?
Exercícios resolvidos sobre quando não usar crase
Questão 1
(Ibade 2024 – Adaptada)
Assinale a alternativa em que a crase está corretamente empregada.
A) Não estou disposta à falar.
B) Vocês chegaram à um veredicto?
C) Ela entregou a carta à vossa senhoria.
D) Devemos ir à praia na semana que vem.
Resposta
Alternativa D. As demais alternativas são exemplos de quando não usar a crase, já que não há artigo definido antes de verbo, de artigo indefinido e de pronomes de tratamento.
Questão 2
(Furb 2023)
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Comissão aprova projeto que proíbe distribuição de animais em eventos
O projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois seguirá para o Plenário
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que proíbe a distribuição de animais vivos a título de brinde, promoção, rifa, sorteio ou afins em quaisquer tipos de eventos, bem como a participação deles em atividades circenses, presenciais ou remotas. O projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Depois seguirá para o Plenário.
O texto insere dispositivos na Lei de Crimes Ambientais e a pena prevista será de detenção, de três meses a um ano, e multa. Essa mesma sanção já é aplicada nos casos de crimes como praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Foi aprovado o substitutivo elaborado pelo relator, deputado Delegado Matheus Laiola (União-PR), ao Projeto de Lei 9911/18, do ex-deputado Ricardo Izar (SP) e outros. O relator incorporou texto apensado (PL 4103/20) para vedar animais e atividades circenses, juntando as duas iniciativas em texto com nova redação.
"Não podemos permitir, em pleno 2023, que animais passem por essas situações degradantes para serem utilizados para entretenimento humano", disse Delegado Matheus Laiola no parecer aprovado. "Precisamos ter uma verdadeira ética de respeito à vida, o que inclui a dos animais", continuou o relator.
"A distribuição de animais a título de brinde, promoção ou sorteio perpetua o equivocado conceito de que seres vivos, sabidamente dotados de complexos atributos cognitivos e psíquicos, possam ser reduzidos a meras coisas ou objetos de natureza descartável", disse Ricardo Izar, autor da proposta.
Retirado de: AGÊNCIA CÂMARA. Comissão aprova projeto que proíbe distribuição de animais em eventos. Revista Exame. Disponível em: aodee-aanmmi--emeeventoos/missao-aprova-projeto-que-proibe-distribuicao-de-animais-em-eventos/Acesso em: 04 set., 2023.
Analise o trecho a seguir:
Sempre que tratamos do direito de um animal __ não ser maltratado, abusado, mutilado ou mesmo ser morto criminosamente, surge a questão de se pretender equiparar animais __ pessoas, o que é um enorme erro, fruto de séculos de indiferença ___ sorte dos animais, o que remonta __ Idade Antiga, quando filósofos gregos, como Aristóteles e Platão, definiram que aqueles seres vulneráveis foram criados para servir ao homem e, por isso, não havia nenhum limite para o exercício desse poder, em que pese o pensamento dos filósofos vegetarianos Pitágoras e Plutarco, que acabaram vencidos em suas ideias. ___ situação se manteve na Idade Média, com Tomás de Aquino e Agostinho, apesar dos apelos de Francisco de Assis, tido como padroeiro dos animais (CARNEIRO, 2020).
Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas no excerto:
A) a − a − à − à − A
B) a − às − a − à − À
C) à − às − à − a − A
D) à − às − a − a − A
E) a − à − a − a – À
Resposta
Alternativa A. Na primeira ocorrência há apenas preposição (“direito a não ser maltratado”); na segunda ocorrência há apenas preposição (“equiparar animais a pessoas”); na terceira ocorrência há preposição e artigo, portanto crase (“séculos de indiferença à sorte dos animais”); na quarta ocorrência há preposição e artigo, portanto crase (“remonta à Idade Antiga”); e na última ocorrência há apenas artigo (“A situação se manteve”).
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.