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Laguna é uma formação geomorfológica costeira caracterizada por uma depressão (área mais rebaixada do que o seu entorno) preenchida por água salgada ou salobra e que é separada do oceano através de uma barreira natural, que pode ser composta por areia, rochas ou recifes de corais. Apesar desse obstáculo, as lagunas não são totalmente isoladas, existindo canais que as conectam com as águas do mar. Comuns em áreas de estuário, mas não limitadas a elas, as lagunas apresentam pouca profundidade e águas calmas, além de constituírem ecossistemas bastante frágeis e vulneráveis.
Leia também: Restinga — formação geológica e ecossistema litorâneo que se desenvolveu entre o continente e o mar
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre laguna
- 2 - O que é laguna?
- 3 - Como a laguna é formada?
- 4 - Características da laguna
- 5 - Diferenças entre laguna e lagoa
- 6 - Lagunas no Brasil
- 7 - Qual é a maior laguna do mundo?
Resumo sobre laguna
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Laguna é uma depressão rasa e preenchida por água salgada ou salobra que se separa do oceano por meio de uma barreira natural (rochas, recifes de corais, areia).
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Está conectada ao mar por meio de canais que podem ser permanentes ou não.
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Pode ser classificada como laguna costeira, formada a partir de processos de erosão e sedimentação, ou laguna de atol, cujas barreiras naturais são formadas por recifes de corais.
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Comumente confundida com lagoa, a laguna se difere de lagoa por possuir conexão com o mar. As lagoas são formações isoladas do oceano.
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A lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul) e a lagoa de Araruama (Rio de Janeiro) são exemplos de lagunas no território brasileiro.
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A laguna de Nova Caledônia pode ser considerada a maior laguna do mundo.
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A laguna de Araruama é considerada a maior laguna hipersalina do mundo.
O que é laguna?
Laguna é uma feição geomorfológica litorânea caracterizada pela presença de uma depressão rasa, preenchida por água, que se separa do mar por meio de uma barreira natural. Essa barreira natural que separa a laguna do mar pode ser um cordão de areia, uma estrutura rochosa ou um recife de corais.
As lagunas são comumente chamadas de lagoas ou lagoas costeiras, mas, como veremos adiante, existem diferenças importantes entre esses corpos hídricos. É comum também encontrarmos o termo laguna sendo aplicado para caracterizar áreas que contenham duas ou mais lagunas.
Como a laguna é formada?
Existem dois tipos de laguna, definidos de acordo com o modo como se dá seu processo de formação:
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Lagunas costeiras: são formadas a partir dos mesmos processos geomorfológicos que constituem as praias e que modelam a paisagem litorânea dos continentes. A ação das marés (avanço e recuo das águas do mar), principalmente durante as oscilações no nível dos oceanos no passado geológico, auxiliou na erosão, dando origem à área rebaixada que seria preenchida pela água. A sedimentação (depósito de sedimentos), por sua vez, formou a barreira que divide trechos da depressão do oceano.
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Lagunas de atóis: são formadas pelo aparecimento dos recifes de corais. Os recifes são estruturas compostas pelo esqueleto calcário de animais marinhos e também por algas que se depositam e, com o passar do tempo, dão origem a uma formação rochosa. Do acúmulo desse material surgem os atóis, caracterizados como ilhas calcárias, no interior dos quais pode se acumular água. Forma-se, assim, uma laguna de atol.
Características da laguna
As lagunas são caracterizadas pela presença de uma depressão costeira, que consiste em uma área mais rebaixada do que o seu entorno. Essa depressão eventualmente é preenchida pela água salgada do mar por meio da ação das marés, principalmente. No entanto, a presença dessas formações em áreas de estuário (área onde as águas de um rio se encontram com as águas do mar) pode levar à formação de uma laguna mista, contendo água doce e água salgada.
As águas de uma laguna são calmas e permanecem paradas na maior parte do tempo. Além disso, trata-se de um corpo d’água com pouca profundidade, chegando a algumas dezenas de metros.
As lagunas podem ser classificadas como costeiras ou como lagunas de atóis, e sobre ambas se instalam ecossistemas bastante frágeis e vulneráveis. Por essa razão, é comum que muitas delas sejam áreas ambientalmente protegidas e com visitação limitada, especialmente as lagunas de atóis. Para além da fragilidade ecossistêmica, esses ambientes são protegidos também por serem locais propícios para a desova e para a alimentação dos animais marinhos ou que se instalaram na formação lagunar.
Nas lagunas é possível identificar a presença de um ou mais canais, permanentes ou temporários, que fazem a sua interligação com o mar, o que significa dizer que as lagunas não são formações isoladas dos oceanos.
Acesse também: Arquipélago — um conjunto de ilhas que possuem a mesma origem e estrutura geológica
Diferenças entre laguna e lagoa
As lagunas e as lagoas são formações geomorfológicas, à primeira vista, bastante similares. Isso faz com que os termos sejam empregados como sinônimos, mas existe uma diferença importante entre ambas: a conexão com o oceano.
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Laguna: depressão rasa preenchida por água salgada ou salobra que possui conexão com o mar por meio de canais estreitos que podem ser temporários ou permanentes.
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Lagoa: depressão preenchida por água doce ou salgada que não possui conexão com o mar.
Lagunas no Brasil
O território brasileiro conta com um litoral de mais de 7,6 mil quilômetros de extensão, no qual é possível observar diversas formações geomorfológicas, como as lagunas. As lagunas brasileiras são do tipo costeiro, em sua maioria formadas pela sucessão entre processos de erosão da costa e de deposição de sedimentos que formaram barreiras naturais entre a água salgada e a depressão lagunar.
As principais lagunas do Brasil estão localizadas nos litorais nordeste, sul e sudeste, com destaque para os estados de Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Um exemplo de laguna brasileira é a laguna dos Patos, localizada na costa sul-rio-grandense.
Ainda na região Sul, no território catarinense, fica a cidade de Laguna, que recebe esse nome por estar situada em uma área cercada por formações do tipo. O mesmo acontece com o estado de Alagoas, na região Nordeste, que apresenta uma série de lagunas em sua zona costeira, como a laguna de Jequiá e a laguna do Roteiro. No litoral do Rio de Janeiro temos as lagunas Rodrigo de Freitas, Jacarepaguá, Guaíba e Araruama.
Qual é a maior laguna do mundo?
A laguna de Nova Caledônia, situada no arquipélago de mesmo nome, é considerada a maior laguna do mundo. Ela faz parte do território ultramarino francês localizado no sul do oceano Pacífico, a leste da Austrália, estendendo-se por uma área de 24 mil km². Sua barreira é composta por recifes de corais, que conferem à ilha uma paisagem bastante particular que é muito requisitada por turistas de todo o mundo.
A laguna de Araruama, que fica localizada na Região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro, é considerada a maior laguna hipersalina do mundo. Com 220 km² de superfície, a água dessa laguna tem salinidade superior à do mar em função da evaporação da água no seu interior, que aumenta a concentração de sais. Assim como no exemplo anterior, é referida também como uma lagoa.
Crédito de imagem
[1] Oton Barros / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
GUERRA, Antonio Teixeira. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: IBGE, 1993. 8 ed.
MARINHO, Rodrigo. Mais salgada que o mar e 100 vezes maior que a Rodrigo de Freitas: conheça a Lagoa de Araruama – que não é lagoa. G1, 26 jun. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2022/06/26/mais-salgada-que-o-mar-e-100-vezes-maior-que-a-rodrigo-de-freitas-conheca-a-lagoa-de-araruama-que-nao-e-lagoa.ghtml.
NATIONAL GEOGRAPHIC. Encyclopedic entry: Lagoon. National Geographic – Education, 08 maio 2023. Disponível em: https://education.nationalgeographic.org/resource/lagoon/.
NOAA. What is a lagoon? National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), 20 jan. 2023. Disponível em: https://oceanservice.noaa.gov/facts/lagoon.html.
SILVESTRE, C. P.; SILVA, A.L.C. Lagunas costeiras fluminenses. In: XI SINAGEO - Simpósio Nacional de Geomorfologia, 2016, Magingá – PR. Anais (Digital). Disponível em: http://www.sinageo.org.br/2016/trabalhos/7/7-461-910.html.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia