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Cultura material e cultura imaterial são diferentes modalidades culturais que preveem a existência de elementos culturais fisicamente construídos e elementos culturais que não possuem uma criação física e material, respectivamente.
Falando em patrimônio cultural, por exemplo, temos manifestações culturais que compõem um conjunto patrimonial material, como construções e obras de arte, e um conjunto patrimonial cultural imaterial, como festas, festivais, danças, músicas e estilos musicais, culinária etc.
Confira no nosso podcast: Cultura material e imaterial
Tópicos deste artigo
- 1 - Definição de cultura
- 2 - Diferença entre cultura material e cultura imaterial
- 3 - Patrimônio cultural material e imaterial
- 4 - Cultura material e imaterial no Brasil
Definição de cultura
O termo “cultura” é vasto, possuindo vários significados. Segundo o Dicionário Aurélio online|1|, cultura significa:
1. Ato, arte, modo de cultivar;
2. Lavoura;
3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza;
4. Vegetal cultivado;
5. Meio de conservar, aumentar e utilizar certos produtos naturais;
6. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual);
7. Instrução, saber, estudo;
8. Apuro, perfeição, cuidado.
Cultura significa cultivo, cuidado, criação, conservação e manutenção, além de conhecimento. Todos esses significados da palavra convergem numa ideia que a sociedade mantém de sua cultura: a formação intelectual, estética, artística, paisagística, arquitetônica, religiosa, espiritual, científica, filosófica, gastronômica, linguística e musical de um povo.
O povo é capaz de criar, e a sua criação é somada a um amontoado de criações anteriores. A soma de todas as criações desse povo constitui a sua cultura. O aspecto de cultivo presente na cultura de um povo é justamente o ato de mantê-la viva para que não se perca.
A sociologia lida diretamente com o estudo da cultura na tentativa de estabelecer laços elementares que formam determinadas sociedades. A antropologia, enquanto ciência social, é aquela que busca compreender as estruturas das formações humanas analisando, entre outros aspectos, a cultura das sociedades.
A cultura também nos auxilia diretamente, sendo que “é por meio da cultura que buscamos soluções para nossos problemas cotidianos, interpretamos a realidade e produzimos novas formas de interação social”|2|. Podemos afirmar que é por meio da cultura que cultivamos o idioma, as crenças, as religiões, os hábitos, a moral e até mesmo a ciência. Para conhecer mais sobre esse conceito, leia o texto: Cultura.
Diferença entre cultura material e cultura imaterial
A diferença entre esses dois modos de fazer-se cultura é simples e encontra-se nos próprios termos em questão: cultura material compreende os fazeres culturais que são vistos, são tocados e existem numa realidade material física. Cultura imaterial compreende tudo aquilo que faz parte de uma formação cultural, mas não existe fisicamente ou não existe enquanto uma realidade material presente o tempo todo, sendo “consumido” rapidamente.
Para entendermos melhor o sentido e a diferença dos dois termos, listamos alguns exemplos de cultura material e cultura imaterial:
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Cultura material
As obras de artes plásticas, em geral, compreendem elementos culturais materiais. Pinturas, esculturas, artesanatos, arquitetura, paisagismo, fotografia, intervenções humanas na paisagem natural, literatura, entre outras formas ou fazeres culturais que existem fisicamente, podem ser considerados elementos culturais materiais.
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Cultura imaterial
Tudo aquilo que faz parte da vasta gama cultural de uma sociedade, mas não existe concretamente, pode ser considerado cultura imaterial. O idioma, as gírias e variações linguísticas, a religião, as festas populares, as festas religiosas, a dança, a música, as lendas e crenças populares, e a culinária são manifestações culturais que identificam determinadas sociedades e não existem materialmente.
Veja também: Origem da festa junina - como foi o início dessa festividade no Brasil?
Patrimônio cultural material e imaterial
A cultura de um povo deve ser preservada para que a identidade dele seja mantida. Nesse sentido, a cultura é uma forma de coesão social, ou seja, ela é capaz de unir as pessoas de uma sociedade em torno de um bem comum que é, justamente, a identificação dos membros daquela sociedade com a sua cultura.
O conjunto desses elementos culturais mantidos tradicionalmente pelas sociedades é chamado de patrimônio cultural. Assim como a cultura, o patrimônio cultural pode ser classificado como material ou imaterial.
Para que a cultura brasileira como um todo e de todas as regiões, etnias, povos e estados seja mantida, existe no Brasil uma entidade pública chamada Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Iphan é responsável por identificar elementos culturais tanto materiais quanto imateriais e cuidar para que eles sejam mantidos intactos, além de promover a restauração do patrimônio cultural material.
Fazendo um trabalho parecido com o do Iphan, porém a nível mundial, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) também busca identificar, incentivar e preservar elementos culturais materiais ou imateriais no mundo. Tanto a Unesco quanto o Iphan realizam intensos estudos sobre os elementos que pretendem incluir nas suas listas de patrimônio que deve ser preservado, e essa inclusão é chamada de “tombamento”. Para aprofundar-se mais nesse tema, acesse: Patrimônio histórico cultural.
Cultura material e imaterial no Brasil
No Brasil temos vários elementos culturais materiais e imateriais tombados pelo Iphan ou pela Unesco. No Pará ocorre, todos os anos, uma tradição religiosa de vertente católica chamada Círio de Nazaré, na qual há a travessia da imagem de Nossa Senhora do Nazaré, por uma procissão, pela cidade de Belém. O Círio de Nazaré é tombado pelo Iphan como patrimônio histórico cultural imaterial do Brasil.
Na cidade de Pirenópolis, interior do estado de Goiás, ocorre uma tradicional festa católica chamada Festa do Divino Espírito Santo. Como manda a tradição da festa que dura uma semana, nos três últimos dias, há a encenação de uma batalha de cavaleiros, sendo eles representantes dos mouros (muçulmanos) e cristãos nas Cruzadas. A encenação é chamada de Cavalhadas, uma tradição tombada como patrimônio histórico cultural imaterial do Brasil pelo Iphan.
O Iphan também tombou o frevo (tradicional festa carnavalesca pernambucana) e o acarajé (prato típico baiano criado com base nas raízes da culinária africana por negros escravizados no Brasil) como elementos culturais imateriais do Brasil. Além desses, centenas de outros tombamentos foram registrados pelo instituto.
Como elementos culturais materiais tombados pela Unesco, temos 13 tombamentos de cidades ou partes de cidades brasileiras escolhidas por sua representação artística, arquitetônica e paisagística. São eles:
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Conjunto da Pampulha – MG;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Brasília – DF;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico da Cidade de Goiás (antiga capital do Estado de Goiás) – GO;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Diamantina – MG;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Ouro Preto – MG;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Olinda – PE;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Luís – MA;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de Salvador – BA;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico Congonhas – MG;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Cristóvão – SE;
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Conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico de São Miguel das Missões – RS;
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Conjunto paisagístico do Rio de Janeiro – RJ;
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Sítios arqueológicos da Serra da Capivara – PI.
Crédito da imagem
[1] Papy Leite/Commons
Notas
|1| AURÉLIO. Dicionário do Aurélio Online 2018. Disponível em: . Acesso em: 03 de Abril de 2019.
|2| SILVA, A. et al. Sociologia em movimento, vol. único – 2 ed. São Paulo: Moderna, 2017. p. 60.
Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia