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Dicas de interpretação de texto em Espanhol para o Enem

Dicas de interpretação de texto em Espanhol para o Enem englobam conhecimentos linguísticos, de gêneros textuais, estratégias de leitura e culturais.

Ilustração traz pessoas segurando livros em referência à interpretação de textos de Espanhol no Enem.
Selo top 5 Enem
“Saber leer es saber andar. Saber escribir es saber ascender” (José Martí, poeta e político cubano).
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Dicas de interpretação de texto em Espanhol para o Enem podem fazer muita diferença para quem vai fazer a prova de Espanhol do Exame Nacional do Ensino Médio.

A interpretação de textos consiste em uma análise da mensagem do texto (compreensão), realizada por meio de algumas estratégias de leitura, as quais nos levam a conclusões sobre o texto lido. Ainda que seja uma ação subjetiva — ou seja, pode variar de pessoa para pessoa de acordo com o repertório e experiência de leitura que cada uma tem —, existem certas estratégias que nos ajudam a melhorar nossa interpretação.

Muitos estudantes costumam escolher o Espanhol como língua estrangeira no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devido à proximidade dele com o Português, mas essa estratégia não é efetiva se você não dedicar tempo à aprendizagem do Espanhol. Essas línguas são próximas, mas não são iguais! É necessário ler diferentes gêneros, aprender sobre a estrutura linguística do Espanhol, culturas de língua espanhola, aprender sobre estratégias de leitura e praticar bastante.

Se você vai fazer o Enem e escolheu Espanhol como língua estrangeira, continue lendo para pegar 5 dicas valiosas para interpretação de texto em Espanhol no Enem. Com elas, responder as 5 questões de Espanhol no Enem es pan comido (mamão com açúcar).

Leia também: Temas de Espanhol mais cobrados no Enem

Tópicos deste artigo

5 dicas de interpretação de texto em Espanhol para o Enem

1. Estude e leia para enriquecer seus conhecimentos de gêneros textuais

Parece uma dica óbvia, mas o fato de o Espanhol e o Português serem línguas irmãs (ambas são provenientes do latim e compartilham um vocabulário muito similar) faz com que muita gente caia no famoso mito da facilidade de compreensão, ledo engano (ou, no bom Espanhol, puro engaño). A maioria dos estudantes que faz o Enem escolhe o Espanhol como língua estrangeira, mas, de acordo com dados do próprio Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), menos de 35% conseguem acertar as 5 questões. Pesquisas recentes com estudantes de ensino médio também comprovam esse baixo índice de acertos.

A razão desse baixo índice é a crença de que a proximidade das línguas facilita o processo, mas não adianta nada saber apenas que há palavras semelhantes sem focar na estrutura do Espanhol e, principalmente, nos conteúdos presentes nos textos do exame. No processo de compreensão e interpretação, a decodificação das palavras, seu significado e suas funções são apenas as primeiras etapas. As próximas dependem do reconhecimento do gênero textual e da integração entre seu conhecimento de mundo, o conteúdo e o tema do texto.

Para desenvolver todos esses aspectos, procure ler notícias, reportagens, charges, poemas, romances, publicidades, quadrinhos, tudo que estiver ao seu alcance em língua espanhola para não cair nas garras do portunhol.

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2. Estude e leia para enriquecer seus conhecimentos linguísticos e culturais

Em pesquisa recente sobre o processo de leitura de questões de Espanhol no Enem, as professoras Mariana da Silva Miranda, Erica dos Santos Rodrigues e Elena Ortiz-Preuss confirmaram que estudantes com mais tempo de estudo de Espanhol, e, por conseguinte, com um conhecimento maior sobre cultura, obtiveram melhores resultados no Enem de 2017. Sendo assim, “o processo de compreensão leitora na L2 [língua estrangeira] requer, além do conhecimento da língua, também o conhecimento da cultura e das características dos gêneros textuais na L2”.|1|

Esses conhecimentos englobam mais que saber sobre as manifestações culturais (como o Día de los Muertos, o tango, o flamenco) ou a variedade gastronômica. A leitura de diferentes gêneros traz informações sobre as preocupações das populações hispânicas, as tendências atuais no consumo de cultura dos jovens, o cenário político, econômico e educacional, bem como o uso de certas expressões idiomáticas.

3. Aprenda a função dos tempos verbais

Presente, passado e futuro são noções temporais presentes em quase todas as línguas, mas o uso dos modos verbais pode variar. Por exemplo, você sabia que em Espanhol o futuro pode ser usado para criar hipóteses no presente? Que o condicional é usado para criar hipóteses no passado? E que existem dois passados (indefinido e perfecto compuesto) que são traduzidos como pretérito perfeito em Português? Não? Então é hora de dar uma olhada nos artigos aqui do site para ficar por dentro desses assuntos! Para começar seus estudos sobre os verbos em Espanhol, clique aqui.

4. Aprenda as funções dos artigos e dos pronomes complemento

Muita gramática, não é mesmo? Mas é necessário saber esses temas, pois o uso de pronomes complemento é muito mais intenso em Espanhol que em Português. Por exemplo, a frase le pedí significa que eu pedi algo para alguém; por sua vez, la pedí significa que eu pedi algo do gênero feminino.

Além do mais, no caso dos artigos, ainda existe o artigo neutro lo, que não tem gênero nem número (por isso é neutro). Se digo el más lindo, significa que estou falando de um ser ou um objeto masculino singular que considero lindo; por outro lado, lo más lindo significa aquilo que eu considero mais lindo. Bem diferente, não é mesmo?

5. Aprenda a usar as estratégias de leitura

As estratégias de leitura são técnicas ou procedimentos escolhidos/desenvolvidos para te auxiliar no processo de compreensão/interpretação textual. Observe o que diz o Inep sobre as habilidades de leitura associadas à prova de língua estrangeira:

associar vocábulos e expressões de um texto em língua estrangeira moderna (LEM) ao seu tema; utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas; relacionar um texto em LEM às estruturas linguísticas, sua função e seu uso social; e reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.

Para alcançar essas habilidades, é necessário fazer uso de certas estratégias, como:

  • acessar seu conhecimento de mundo, relacionando-o com o conteúdo do texto (conexões);
  • criar hipóteses ou deduções para a leitura (inferências);
  • criar imagens mentais com base no texto e nas experiências pessoais (visualização);
  • fazer perguntas ao texto com o objetivo de desfazer confusões, analisar e deduzir (questões ao texto);
  • resumir as ideias essenciais do texto (sumarização) ou mesmo a criação de uma nova opinião ou perspectiva pessoal após a leitura (síntese).

Leve em consideração que leitores que exploram toda a visualidade do texto têm mais chance de escolher as alternativas corretas de resposta. Isso acontece porque todo texto tem uma estrutura que o faz reconhecível, e nessa estrutura todos os elementos são essenciais para a interpretação. Então, preste atenção no título; nos marcadores e conectores discursivos utilizados; nas imagens e na posição das linguagens verbal e não verbal; nas referências, que podem trazer informação relevante para enquadrar o texto em determinado gênero textual; enfim, no que compuser a estrutura do texto.

Leitores eficientes usam, em geral, a técnica do expedition reading, ou seja, leem primeiro as alternativas e, depois, o texto; assim, estabelecem um objetivo na fase de pré-leitura, pois a leitura é realizada em busca de informações relevantes que levem à alternativa correta.

Leia também: Interpretação de texto — o que é e dicas para desenvolver essa habilidade

Questões de interpretação de texto em Espanhol no Enem

Questão 1 Enem (2022)

Pequeño hermano

Es, no cabe duda, el instrumento más presente y más poderoso de todos los que entraron en nuestras vidas. Ni la televisión ni el ordenador, no hablemos ya del obsoleto fax o de las agendas o los libros electrónicos, ha tenido tal influencia, tal predicamento sobre nosotros. El móvil somos nosotros mismos. Todo desactivado e inerte, inocuo, ya les digo. Y de repente, tras un viaje y tres o cuatro imprudentes fotos, salta un aviso en la pantalla. Con sonido, además, pese a que tengo también todas las alertas desactivadas. Y mi monstruo doméstico me dice: tienes un recuerdo nuevo. Lo repetiré: tienes un recuerdo nuevo. ¿Y tú qué sabes? ¿Y a ti, máquina demoníaca, qué te importa? ¿Cómo te atreves a decime qué son o no son mis recuerdos? ¿ Qué es esta intromisión, este descaro? El pequeño hermano lo sabe casi todo. Sólo hay una esperanza: que la obsolescencia programada mate antes al pequeño hermano y que nosotros sigamos vivos, con los recuerdos que nos dé la gana.

FERNÁNDEZ. D. Disponível em: www.lavanguardia.com. Acesso em: 5 dez. 2018 (adaptado).

No texto-base para a questão, o autor faz uma análise crítica sobre a presença do celular (móvil, na Espanha) em nossas vidas. Ele afirma que o celular é um instrumento presente e poderoso, chegando a chamá-lo de pequeño hermano (pequeno irmão), uma referência a El Gran Hermano (ou, como conhecemos no Brasil, Big Brother). Essa comparação é feita porque, segundo o autor, o celular vigia nossas vidas mesmo quando as notificações estão desativadas, o que ele exemplifica com a postagem de fotos e os alertas que recebemos das reações dos nossos amigos ou seguidores virtuais nas redes sociais.

Nesse artigo de opinião (observe o uso da primeira pessoa do singular, os adjetivos usados para qualificar o aparelho e mesmo a referência – La Vanguardia é um jornal), o autor termina o texto com algumas questões meio desaforadas para o aparelho – que ele chama de monstro doméstico – e desejando que a obsolescência programada – estratégia comercial que desenvolve produtos cujo tempo de vida é propositalmente menor – acabe com o celular, nos deixando com as recordações que quisermos e não aquelas que ele julga necessário.

A seguir, analisemos as alternativas:

No texto, o autor faz uma crítica ao(à)

a) conhecimento das pessoas sobre as tecnologias.

b) uso do celular alheio por pessoas desautorizadas.

c) funcionamento de recursos tecnológicos obsoletos.

d) ingerência do celular sobre as escolhas dos usuários.

e) falta de informação sobre a configuração de alertas no celular.

Resposta: letra D. Para responder essa questão, além dos conhecimentos linguísticos, você precisa mobilizar conhecimentos culturais (como o gran hermano) e de gênero para chegar à conclusão de que o texto faz uma crítica à intromissão do celular nas nossas escolhas sobre o que recordar.

Questão 2 Enem/PPL (2018)

Eduardo Galeano

1976

Libertad

Pájaros prohibidos

Los presos políticos uruguayos no pueden hablar sin permiso, silbar, sonreír, cantar, caminar rápido ni saludar a otro preso. Tampoco pueden dibujar ni recibir dibujos de mujeres embarazadas, parejas, mariposas, estrellas ni pájaros.

Didaskó Pérez, maestro de escuela, torturado y preso por tener ideas ideológicas, recibe un domingo la visita de su hija Milay, de cinco años. La hija le trae un dibujo de pájaros. Los censores se lo rompen en la entrada a la cárcel.

El domingo siguiente, Milay le trae un dibujo de árboles. Los árboles no están prohibidos, y el domingo pasa. Didashkó le elogia la obra y le pregunta por los circulitos de colores que aparecen en la copa de los árboles, muchos pequeños círculos entre las ramas:

— ¿Son naranjas? ¿qué frutas son?

La niña lo hace callar:

— Ssssshhhh.

Y en secreto le explica:

— Bobo, ¿no ves que son ojos? Los ojos de los pájaros que te traje a escondidas.

GALEANO, E. Memoria del fuego III. El siglo del viento. Madrid: Siglo Veintiuno de España, 1986.

O conto de Eduardo Galeano, escritor uruguaio, remete a um acontecimento histórico comum à maioria dos países latino-americanos: as ditaduras militares. Como se trata de um conto, o autor narra, em poucas linhas, uma visita que o professor Didaskó Pérez recebe na cadeia: sua filha de cinco anos. Na situação inicial do conto, o autor explica que os presos políticos têm uma série de proibições, como falar sem permissão, assoviar (silbar) e mesmo desenhar (dibujar) ou receber desenhos (dibujos) de coisas simples, como um pássaro. Este professor tem uma filha de cinco anos que, em uma das visitas lhe leva o desenho de um pássaro, mas os censores o rasgam (se lo rompen) — aí temos o momento do conflito no conto. Já em outra visita, ela leva um desenho que não é proibido, de árvores. No clímax, o pai pergunta que frutas estão desenhadas nas árvores, mas a menina explica que, na verdade, são os olhos dos pássaros que ela levou escondidos. Trata-se de um texto com uma linguagem bastante poética que destaca tanto a frieza das ditaduras ao censurar desde a fala até as expressões artísticas, como a inocência da criança. Agora vejamos a questão:

A narrativa desse conto, que tem como pano de fundo a ditadura militar uruguaia, revela a

a) desvinculação social dos presos políticos.

b) condição precária dos presídios uruguaios.

c) perspicácia da criança ao burlar a censura.

d) falta de sensibilidade no trato com as crianças.

e) dificuldade de comunicação entre os presos políticos.

Resposta: letra C. Para responder essa questão, é necessário mobilizar conhecimentos de história e linguísticos, principalmente dos pronomes complemento. É por meio desse conhecimento que se torna possível compreender que a frase los censores se lo rompen significa “os censores rasgam o desenho”. Esta é uma questão que pode levar ao erro se não observarmos que a ditadura, como diz o enunciado, serve como pano de fundo para a história. A verdadeira protagonista, o que de fato se quer narrar, é como uma criança inocente que foi inteligente e esperta ao burlar a censura levando pássaros escondidos nas árvores que ela desenhou para o pai.

Nota

|1| MIRANDA, M. da S.; RODRIGUES, E. dos S.; ORTIZ-PREUSS, E. O processo de leitura de questões de espanhol do Enem: evidências de rastreamento ocular. Letrônica, Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 1-18, out.-dez. 2020. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/37530/26432.

Fontes:

BAX, S. The cognitive processing of candidates during reading testes: Evidence from eye tracking. Language Testing, London, v. 30, n. 4, p. 441-465, 2013. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0265532212473244.

MIRANDA, M. da S.; RODRIGUES, E. dos S.; ORTIZ-PREUSS, E. O processo de leitura de questões de espanhol do Enem: evidências de rastreamento ocular. Letrônica, Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 1-18, out.-dez. 2020. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/37530/26432.

NETO, I. A. M.; SILVA, M. F.; SOUZA, R. J. Estratégias de leitura e compreensão como atividade de construção de sentidos. VII Colóquio Internacional Educação e Contemporaneidade, São Cristóvão-SE, p. 1-9, 19 a 21 set. 2013. Disponível em: https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9898/25/24.pdf.

Escritor do artigo
Escrito por: Renata Martins Gornattes Graduação em Letras Espanhol pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL/UFG). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR). Professora de Espanhol da Seduc-MT, atuando no ensino fundamental, médio e em cursinho pré-vestibular.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GORNATTES, Renata Martins. "Dicas de interpretação de texto em Espanhol para o Enem"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/espanhol/dicas-de-interpretacao-de-texto-em-espanhol-para-o-enem.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(Enem/PPL)

En la República Democrática del Congo menos del 29% de la población rural tiene acceso al agua potable, y menos del 31% cuenta con servicios de saneamiento adecuados. En un país cuya situación ha sido calificada como “la peor emergencia posible de África en las últimas décadas”, las enfermedades hacen estragos entre la población. La diarrea provoca cada año la muerte del 14% de los niños menores de cinco años, y los brotes epidémicos de cólera causan más de 20 000 muertes anuales, sobre todo en las provincias de Katanga Oriental, Kivu del Norte y del Sur. Con el objetivo de paliar esta situación, la Fundación We Are Water ha llevado a cabo un proyecto de Unicef en los distritos del sur y el este del país para mejorar el acceso al agua potable, la higiene y el saneamiento en las comunidades rurales y semirrurales donde el cólera es endémico. Gracias a la excavación de pozos, el establecimiento de instalaciones para la extracción de agua y la formación de agentes de salud para mejorar las prácticas de higiene de estas comunidades, 10 000 niños, 5 000 mujeres y 5 000 hombres de 30 aldeas y áreas cercanas a las ciudades han mejorado su acceso al agua potable y se verán libres de la amenaza del cólera.

VAN DEN BERG, E. Disponível em: www.nationalgeographic.com.es. Acesso em: 27 jul. 2012.

A partir das informações sobre as condições de saneamento básico na República Democrática do Congo e do gênero escolhido para veiculá-las, a função do texto é

a) divulgar dados estatísticos sobre a realidade do país.

b) levar ao conhecimento público as práticas que visam a melhoria da saúde na região.

c) alertar as pessoas interessadas em conhecer a região sobre os problemas de saneamento.

d) oferecer serviços de escavação de poços e acesso à água para a população da região.

e) orientar a população do país sobre ações de saúde pública.

Exercício 2

(Uerj)

O romance El coronel no tiene quien le escriba (“Ninguém escreve ao coronel”), do colombiano Gabriel García Márquez, aborda a solidão de um coronel e sua esposa, que vivem em uma situação precária. No trecho abaixo, o diálogo do casal gira em torno da herança que Agustín, seu filho, lhes deixou.

El coronel destapó el tarro de café y comprobó que no había más de una cucharadita. Retiró la olla del fogón, vertió la mitad del agua en el piso de tierra y con un cuchillo raspó el interior del tarro sobre la olla hasta cuando se desprendieron las últimas raspaduras del polvo de café revueltas con óxido de lata.

Su esposa levantó el mosquitero cuando lo vio entrar al dormitorio con el café. En ese momento empezaron los dobles. El coronel se había olvidado del entierro. Mientras su esposa tomaba el café, descolgó la hamaca en un extremo y la enrolló en el otro, detrás de la puerta. La mujer pensó en el muerto.

– Nació en 1922 – dijo –. Exactamente un mes después de nuestro hijo. El siete de abril.

Siguió sorbiendo el café en las pausas de su respiración pedregrosa. Era una mujer construida apenas en cartílagos blancos sobre una espina dorsal arqueada e inflexible. Los trastornos respiratorios la obligaban a preguntar afirmando. Cuando terminó el café todavía estaba pensando en el muerto. “Debe ser horrible estar enterrado en octubre”, dijo. Pero su marido no le puso atención. Abrió la ventana. Octubre se había instalado en el patio. Contemplando la vegetación que reventaba en verdes intensos, las minúsculas tiendas de las lombrices en el barro, el coronel volvió a sentir el mes aciago en los intestinos.

Sólo entonces se acordó del gallo amarrado a la pata de la cama. Era un gallo de pelea. El coronel se ocupó del gallo a pesar de que el jueves habría preferido permanecer en la hamaca. En el curso de la semana reventó la flora de sus vísceras. Pasó varias noches en vela, atormentado por los silbidos pulmonares de la asmática. Pero octubre concedió una tregua el viernes en la tarde. Los compañeros de Agustín aprovecharon la ocasión para examinar el gallo. Estaba en forma.

El coronel volvió al cuarto cuando quedó solo en la casa con su mujer. Ella había reaccionado.

– Qué dicen – preguntó.

– Entusiasmados – informó el coronel –. Todos están ahorrando para apostarle al gallo.

– No sé qué le han visto a ese gallo tan feo – dijo la mujer –. A mí me parece un fenómeno: tiene la cabeza muy chiquita para las patas.

– Ellos dicen que es el mejor del Departamento – replicó el coronel –. Vale como cincuenta pesos.

Tuvo la certeza de que ese argumento justificaba su determinación de conservar el gallo, herencia del hijo. “Es una ilusión que cuesta caro”, dijo la mujer. “Cuando se acabe el maíz tendremos que alimentarlo con nuestros hígados”. El coronel se tomó todo el tiempo para pensar mientras buscaba los pantalones de dril en el ropero.

– Es por pocos meses – dijo –. Después podemos venderlo a mejor precio.

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ

Adaptado de El coronel no tiene quien le escriba. Madri: Debolsillo, 2014.

Según la mujer del coronel, el mantenimiento del gallo en la familia se puede definir como:

a) un prejuicio

b) una insensatez

c) una esperanza

d) un remordimiento