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A esporotricose é uma infecção fúngica causada por espécies do gênero Sporothrix. Esses fungos são encontrados principalmente no solo e em materiais em decomposição, sendo característico de climas tropicais. A esporotricose pode afetar tanto seres humanos como outros animais, principalmente gatos. A transmissão ocorre quando há contato de ferimentos da pele com o fungo por meio de espinhos, galhos e outros materiais contaminados ou por meio de arranhões ou mordidas de animais doentes. O principal sintoma é um quadro de múltiplas lesões cutâneas, tanto em seres humanos como em outros animais.
A doença é tratável em humanos e felinos com o uso de antifúngicos, cuja duração do tratamento depende da gravidade da infecção. Para prevenir a doença, é aconselhável usar roupas de proteção ao manipular materiais do solo, plantas e materiais em decomposição, bem como isolar animais doentes para evitar a disseminação. O aumento de casos está principalmente relacionado ao abandono de gatos e à falta de políticas de controle populacional, como a castração, e de tratamento para os animais doentes.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre esporotricose
- 2 - O que é esporotricose?
- 3 - Qual a relação entre a esporotricose e os gatos?
- 4 - Causas e transmissão da esporotricose
- 5 - Quais são os sintomas da esporotricose?
- 6 - Esporotricose tem cura?
- 7 - Tratamento da esporotricose
- 8 - Como prevenir a esporotricose?
Resumo sobre esporotricose
- A esporotricose é uma micose causada por espécies do gênero Sporothrix, fungos encontrados principalmente no solo e em materiais em decomposição.
- Há duas espécies responsáveis pela maioria dos casos no Brasil: Sporothrix schenckii e Sporothrix brasiliensis, a última correspondendo a cerca de 90% dos casos no país.
- A infecção ocorre através do contato de ferimentos na pele com o fungo. O contato com o fungo pode ocorrer por meio da manipulação do solo e de materiais em decomposição contaminados. Ocorre também por mordidas ou arranhões de animais doentes.
- Gatos são os principais vetores de transmissão para seres humanos da esporotricose causada pelo fungo Sporothrix brasiliensis.
- A forma mais comum da doença se caracteriza por lesões cutâneas, tanto em seres humanos como em outros animais.
- O tratamento em seres humanos e felinos envolve o uso de medicamentos antifúngicos. A duração depende da gravidade da doença e das condições do paciente.
- A prevenção inclui o uso de roupas de proteção ao manipular materiais do solo e isolamento de animais doentes, evitando exposição direta ao fungo.
- O aumento de casos está relacionado ao abandono de gatos, falta de políticas de controle populacional e a degradação ambiental.
O que é esporotricose?
A esporotricose é uma infecção causada por fungos (micose) do gênero Sporothrix, que são encontrados no solo e em materiais em decomposição, como galhos, folhas e madeira, sendo característica de climas tropicais. Essa doença se manifesta quando há contato das partes mais profundas da pele com o fungo, geralmente por meio de um corte. A forma clínica mais comum da esporotricose se caracteriza por múltiplas lesões cutâneas, tanto em seres humanos como em outros animais, sobretudo em gatos.
Até o final da década de 1990, a esporotricose era conhecida como a "doença do jardineiro" ou a "doença da roseira" devido à sua alta incidência em jardineiros, agricultores e pessoas que manipulavam plantas ou solo em ambientes rurais. O principal fungo causador dessa doença, até então, era o Sporothrix schenckii, uma espécie de baixa virulência.
Qual a relação entre a esporotricose e os gatos?
Nos últimos anos, a doença tornou-se cada vez mais comum no ambiente urbano brasileiro devido à presença da espécie Sporothrix brasiliensis como agente infeccioso, que atualmente responde por 90% dos casos no Brasil. Os gatos são altamente suscetíveis a essa espécie de fungo e, devido a essa característica, seu organismo atua como vetor na transmissão da doença de gato para gato e também do gato para o ser humano, contribuindo para a alta taxa de infectividade.
No Brasil, os casos de esporotricose com essa espécie eram registrados principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto, o fungo tem se espalhado para outros estados do país e até mesmo para Argentina e Paraguai devido ao fluxo de animais doentes. Atualmente, a doença é considerada uma zoonose e uma questão de saúde pública em grandes centros urbanos.
Importante: A transmissão da doença por gatos ocorre de forma involuntária, pois eles podem entrar em contato com o fungo Sporothrix brasiliensis durante suas atividades ao ar livre, como caçar ou brincar. Dessa forma, os gatos não têm controle sobre essa transmissão e também são vítimas da doença. Além de cuidar da saúde dos felinos, é importante evitar a propagação de informações falsas a respeito desse assunto, a fim de não contribuir para o aumento injustificado da aversão a esses animais. |
Causas e transmissão da esporotricose
A esporotricose ocorre devido à inoculação do fungo através de ferimentos causados por lascas de madeira, solo, materiais em decomposição e espinhos contaminados com o fungo. Além disso, a contaminação em seres humanos pode também ocorrer por meio de mordidas e arranhões de gatos doentes portadores do fungo.
Os gatos também podem adquirir a doença ao entrar em contato com o fungo no solo, bem como de gatos contaminados. É importante destacar que a transmissão do fungo por inalação é rara, bem como a transmissão entre seres humanos e do ser humano para o gato.
A degradação ambiental ao longo dos anos tem contribuído para o aumento da incidência dessa doença. Fatores como o desmatamento, a expansão urbana e a disseminação de lixo têm impactado negativamente os ecossistemas, desequilibrando-os e expondo os animais a novos patógenos. Além disso, o aumento nos casos de esporotricose está diretamente relacionado ao crescente número de gatos abandonados, bem como à falta de políticas eficazes de controle da população desses animais, como a castração e o tratamento adequado dos gatos doentes.
Veja também: Qual a relação entre os impactos ambientais e o surgimento de doenças?
Quais são os sintomas da esporotricose?
O fungo, após a entrada no organismo, possui um período de incubação de uma semana a um mês, podendo chegar até seis meses.
→ Sintomas da esporotricose humana
Em seres humanos, a esporotricose é uma doença benigna que geralmente afeta apenas a pele (cutânea). A lesão inicial se caracteriza por um pequeno nódulo avermelhado, parecido com uma picada de inseto, podendo se espalhar por toda a pele e atingir as mucosas, como os olhos e a boca, em casos mais graves.
A esporotricose também pode ser extracutânea, de modo a afetar os órgãos internos e podendo comprometer diversas regiões do organismo. Quando a esporotricose atinge os pulmões, o paciente pode apresentar falta de ar, dor ao respirar, tosse e febre. Caso a esporotricose afete os ossos e as articulações, ela pode manifestar-se por meio de inchaço e dor ao se movimentar, similar a uma artrite infecciosa.
→ Sintomas da esporotricose em animais domésticos
Em animais domésticos, principalmente felinos, os sintomas mais observados são feridas profundas na pele, geralmente com sangue e/ou pus, que não cicatrizam e podem evoluir. Além disso, o animal também pode apresentar espirros frequentes. Em felinos, as feridas na pele podem se espalhar por todo o corpo e evoluir rapidamente.
Esporotricose tem cura?
A esporotricose tem cura e existem tratamentos disponíveis tanto para gatos quanto para seres humanos. Portanto, gatos suspeitos de estarem com esporotricose não devem ser maltratados, abandonados ou sacrificados. É fundamental procurar um médico ou veterinário assim que qualquer lesão for identificada, evitando assim que a doença evolua para uma condição grave e complique o tratamento, além de diminuir o risco de transmissão.
Saiba mais: Outras doenças que afetam animais e seres humanos
Tratamento da esporotricose
→ Tratamento da esporotricose humana
O tratamento da esporotricose em seres humanos geralmente envolve o uso de medicamentos antifúngicos, como o itraconazol. Após a avaliação clínica, o médico será capaz de orientar o paciente em relação à dose e à duração do tratamento, levando em consideração a gravidade da doença e as condições individuais de cada paciente. A doença não é considerada grave, mas pessoas com imunidade baixa devem tomar um cuidado especial e procurar o tratamento adequado o quanto antes.
A duração do tratamento pode variar de três a seis meses, podendo estender-se até um ano, e é fundamental que não seja interrompido durante o processo. Os medicamentos necessários para tratar a esporotricose em seres humanos são disponibilizados gratuitamente por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde.
→ Tratamento da esporotricose em animais
Para o tratamento de animais domésticos, também é recomendado o uso de antifúngicos. Assim como nos seres humanos, o gato afetado deve passar por uma avaliação clínica, sendo atendido por um médico veterinário, que será capaz de prescrever a dose correta e a duração do tratamento. A melhora do animal é gradual após o início do tratamento, e geralmente é aconselhável continuá-lo até, pelo menos, dois meses após o desaparecimento das lesões e o retorno do crescimento dos pelos nas áreas afetadas.
Durante esse processo, é importante realizar a limpeza do ambiente em que o animal doente reside para reduzir a presença de fungos, além de manter o animal bem alimentado e isolado de outros animais da casa. A utilização de luvas ao lidar com o animal doente é fundamental para evitar a contaminação.
Importante: A eutanásia é uma opção a ser considerada apenas em casos de animais sem perspectiva de tratamento, ou seja, situações muito graves em que não existem possibilidades de cura, sendo que a decisão deve ser tomada pelo veterinário.
Como prevenir a esporotricose?
Ainda não existe uma vacina disponível para prevenir a esporotricose, embora estudos estejam em andamento. Portanto, a principal medida de prevenção consiste em evitar a exposição direta ao fungo. Recomenda-se o uso de roupas de manga longa e luvas ao manipular materiais provenientes do solo e plantas, além de animais de estimação doentes, a fim de prevenir arranhões, mordidas ou contato com a pele lesionada.
Os animais afetados devem ser isolados dos animais saudáveis, mantidos em casa e submetidos ao tratamento prescrito pelo médico veterinário. Restringir a saída do animal de casa é fundamental para evitar a contaminação por outros animais e, consequentemente, a transmissão da doença para seres humanos e outros animais, perpetuando o ciclo da doença.
Em caso de morte ou eutanásia do animal doente, é necessário que o corpo seja incinerado. Jogar no livro ou em terrenos baldios, ou ainda enterrá-lo, contribui para a contaminação do solo pelo fungo. Em situações de contato com animais de rua suspeitos de estarem com esporotricose, é importante entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses de sua cidade ou utilizar os canais oficiais disponibilizados pela prefeitura.
Além disso, é importante cobrar políticas públicas que visem à redução do abandono de animais, o controle populacional através da castração dos animais de rua e o tratamento adequado para eles. Políticas que promovam o acesso à informação sobre a doença para a população também podem desempenhar um papel significativo na redução dos casos de esporotricose.
Fontes
Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Esporotricose. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/esporotricose/
Centers of Disease Control and Prevention (CDC). Sporothrix brasiliensis | Fungal Diseases. Disponível em: https://www.cdc.gov/fungal/port/sporotrichosis/brasiliensis.html
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esporotricose. In: Portal Fiocruz. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/esporotricose
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esporotricose: perguntas e respostas. In: Portal Fiocruz. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/esporotricose-perguntas-e-respostas
Ministério da Saúde. Esporotricose Humana. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/esporotricose-humana
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Esporotricose. Disponível em: https://www.sbd.org.br/doencas/esporotricose/
VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz. 2016. Esporotricose | com Libras. YouTube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8aHlZ5X-hJ8
Zhang, Y. et al. 2015. Phylogeography and evolutionary patterns in Sporothrix spanning more than 14 000 human and animal case reports". Mol Phyl Evol Fungi. 35 (1): 1–20.