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Segunda Guerra sino-japonesa

A Segunda Guerra sino-japonesa foi um conflito que durou de 1937 a 1945 como consequência das ambições imperialistas do Japão sobre a China.

Japoneses celebram a captura de Nanquim em dezembro de 1937
Japoneses celebram a captura de Nanquim em dezembro de 1937
Crédito da Imagem: Shutterstock
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A Segunda Guerra sino-japonesa foi um conflito entre China e Japão iniciado em 1937 a partir do Incidente da Ponte Marco Polo. Essa disputa estendeu-se até 1945, quando o Japão se rendeu incondicionalmente aos Aliados após o lançamento das duas bombas atômicas (a China compunha os Aliados juntamente com EUA, URSS e Reino Unido). Uma característica dessa guerra foi a extrema selvageria dos japoneses contra os chineses (militares e civis). Após oito anos de conflito, o resultado foi cerca de 20 milhões de mortos, dos quais, aproximadamente, havia 18 milhões de chineses.

Antecedentes

A China tornou-se alvo da expansão imperialista japonesa desde a segunda metade do século XIX. A partir da Restauração Meiji de 1868, o Japão passou por uma grande modernização e desenvolvimento econômico. A China, ao contrário, atravessou um período de grande instabilidade, principalmente por causa da interferência das potências europeias no país.

À medida que o Japão se fortalecia econômica e militarmente, sentimentos imperialistas começaram a desenvolver-se no país. Assim, a vizinha e enfraquecida China tornou-se alvo da ambição japonesa. Nesse contexto, algumas guerras foram travadas pelo Japão para garantir o controle sobre territórios originalmente chineses.

O primeiro grande incidente a ser registrado foi a Primeira Guerra sino-japonesa (1894-1895), na qual Japão e China disputaram o controle, principalmente, da Península da Coreia. A vitória japonesa garantiu ao país o domínio total sobre a península coreana, além da posse de outros territórios e da imposição de pesada indenização de guerra à China.

Pouco tempo depois, o Japão esteve em nova guerra pelo controle de territórios na China, mas, dessa vez, o conflito foi contra a Rússia na chamada Guerra russo-japonesa. Houve, então, a disputa pelo controle de Port Arthur e da Península de Liaotung (parte da Manchúria). O Japão novamente venceu e reafirmou o seu domínio sobre vários territórios chineses.

A vitória nessas duas guerras, aliada a um nacionalismo doentio e a uma doutrinação extensa instituída na educação japonesa, criou um clima favorável a novas ambições no país vizinho ao longo das décadas de 1910 e 1920. Tudo isso fez com que os japoneses acreditassem em uma missão civilizatória na China, quando, na verdade, eram única e exclusivamente motivados por interesses econômicos.

Na década de 1930, dois incidentes evidenciaram a postura agressiva dos japoneses em relação à China. Em 1931, ocorreu o Incidente de Mukden, no qual um ataque forjado a uma ferrovia japonesa foi utilizado como desculpa para que o Japão invadisse a Manchúria e criasse o Estado fantoche de Manchukuo. Aparentemente, esse Estado criado pelo Japão era independente. Entretanto, como todas as ações nesse território eram determinadas pelos interesses japoneses, ele foi considerado Estado fantoche do Japão.

A guerra entre as duas nações oficialmente começou em 1937, após o Incidente da Ponte Marco Polo, em que tropas chinesas e japonesas presentes nesse local desentenderam-se e iniciaram um confronto entre si. Como a questão não foi resolvida diplomaticamente, o Japão respondeu atacando a China.

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Guerra e violência japonesa

A Segunda Guerra sino-japonesa foi marcada, primeiramente, pela brutalidade do exército japonês em relação ao chinês, uma vez que o primeiro voltava-se violenta e indiscriminadamente contra civis e militares. Além disso, uma segunda característica desse conflito foi a incapacidade dos exércitos chineses de organizar uma resistência eficaz contra os exércitos inimigos, o que teria irritado bastante os americanos ao entrarem no conflito em 1941.

Em 1937, o Japão avançou rapidamente sobre parte do litoral e garantiu o controle de Pequim e Nanquim, duas grandes cidades chinesas. Em Nanquim, aconteceu o incidente que ficou marcado pela brutalidade institucionalizada no exército japonês durante esse período de guerras: o estupro de Nanquim.

Execução de prisioneiros chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa
Execução de prisioneiros chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa

O estupro de Nanquim aconteceu entre 1937 e 1938 quando tropas japonesas invadiram a cidade de Nanquim e impuseram um verdadeiro massacre sobre a população local. Além disso, houve estupros em massa pela cidade – os historiadores calculam que cerca de 20 mil mulheres tenham sido estupradas, inclusive crianças. O massacre de civis em Nanquim pode ter chegado a 300 mil mortes.

A execução e o estupro indiscriminado de civis não ocorreram somente em Nanquim, mas foram uma prática comum do exército japonês em toda a guerra. Outra evidência da brutalidade japonesa foi a Unidade 731, unidade secreta criada com o intuito de fazer testes biológicos em prisioneiros chineses. Conforme registra Max Hastings, na Unidade 731:

Milhares de chineses capturados foram assassinados em testes feitos na base da unidade, perto de Harbin, muitos submetidos a vivissecção sem o benefício de anestésicos. Algumas vítimas eram amarradas em estacas para que bombas de antraz fossem detonadas à sua volta. Mulheres eram infectadas com sífilis em laboratório; civis da região eram sequestrados e injetados com vírus fatais.|1|.

Esse trecho é apenas uma pequena amostra das atrocidades cometidas na Unidade 731 contra chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa.

Fim da guerra

A China contou com o apoio americano na guerra após os Estados Unidos serem atacados pelos japoneses em Pearl Harbor, em 1941. Os norte-americanos forneceram armas e suprimentos aos exércitos chineses, principalmente ao grupo dos nacionalistas liderados por Chiang Kai-shek. A Segunda Guerra sino-japonesa só foi acabar em 1945, quando o Japão se rendeu aos Aliados após sofrer ataques com duas bombas atômicas em agosto daquele ano. Muitos dos responsáveis por atrocidades na China foram julgados pelos Aliados no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.

Nota

|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 448.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Segunda Guerra sino-japonesa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-guerra-sino-japonesa.htm. Acesso em 26 de dezembro de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

A Segunda Guerra sino-japonesa foi um conflito entre Japão e China que se estendeu de 1937 a 1945. Esse conflito teve como estopim o:

a) Incidente Mukden.

b) Incidente da Ponte Marco Polo.

c) Incidente Manchukuo.

d) Incidente Hirohito.

e) Incidente Mao Tsé-Tung.

Exercício 2

Durante a Segunda Guerra sino-japonesa, a brutalidade do exército japonês resultou em grandes massacres contra a população civil chinesa. Uma dessas demonstrações de violência ocorreu em uma cidade chinesa que teve cerca de 20 mil mulheres estupradas e mais de 200 mil cidadãos mortos entre 1937 e 1938. Essa é uma referência a qual cidade?

a) Nanquim.

b) Manchukuo.

c) Macau.

d) Hong Kong.

e) Pequim.