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Revolução Chinesa

A Revolução Chinesa aconteceu oficialmente em 1949 e deu início às transformações responsáveis por fazer da China uma nação comunista.

Mao Tsé-tung foi o grande líder do Partido Comunista Chinês e proclamou a República Popular da China
Mao Tsé-tung foi o grande líder do Partido Comunista Chinês e proclamou a República Popular da China
Crédito da Imagem: shutterstock
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A Revolução Chinesa foi o processo revolucionário responsável pela transformação da China em uma nação comunista. Isso aconteceu após longos anos de guerra civil em que as forças comunistas de Mao Tsé-tung lutaram contra as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek. Com essa vitória, foi fundada a República Popular da China, e as transformações começaram a ser implementadas pelo novo regime comunista.

Tópicos deste artigo

Antecedentes

A Revolução Comunista de 1949 foi o resultado final de um longo processo de transformações que aconteceram na China no decorrer do século XX. No começo daquele século, o país encontrava-se governado por uma monarquia e era uma nação enfraquecida por conta da interferência estrangeira. O território chinês era ocupado por diferentes nações, como Inglaterra e França, o que motivou o surgimento de movimentos nacionalistas.

O fortalecimento do nacionalismo tinha em Sun Yat-sen um grande nome. A Revolução de 1911 ou Revolução Xinhai colocou fim à monarquia chinesa e deu início a uma República formada a partir de um governo provisório. O período que se seguiu após 1911 foi bastante conturbado na China, e a instabilidade fomentou movimentos separatistas em parte do país.

Esses movimentos surgiram, sobretudo, no sul e eram liderados pelos conhecidos Senhores da Guerra, espécie de chefes militares que concentravam poder e influência sobre suas regiões de origem. A luta contra esses movimentos ocorreu no período de 1916 a 1927 e foi encabeçada pelo Partido Nacionalista ou Kuomintang.

Enquanto os nacionalistas lideravam esse combate contra a fragmentação territorial, outro grupo político despontava na China: os comunistas. O fortalecimento do comunismo no país esteve diretamente relacionado ao sucesso da Revolução de 1917, na Rússia. O resultado do crescimento do comunismo foi o fortalecimento da classe do operariado, levando ao surgimento do Partido Comunista Chinês (PCC), criado em 1921 e inicialmente com 57 membros – todos considerados fundadores do partido. Um deles era Mao Tsé-tung, nome de grande relevância no PCC durante os anos seguintes.

Guerra civil

Depois que o PCC foi instituído, tratou de criar relações com o Kuomintang, o maior partido da China naquele período. As ligações iniciais foram bem amistosas, uma vez que, a partir da mediação da União Soviética, o Kuomintang aceitou acolher os comunistas em seus quadros desde que submetidos ao comando de Sun Yat-sen.

A União Soviética também se estabeleceu como parceira econômica do Kuomintang, fornecendo-lhe armas e outros recursos econômicos importantes. O apoio soviético a um partido visto como “burguês” acontecia porque afirmavam que a China não possuía as condições históricas necessárias à transição para o socialismo.

A relação do Kuomintang com os comunistas alterou-se a partir de 1925, quando Sun Yat-sen faleceu e Chiang Kai-shek assumiu o comando do partido. Os comunistas passaram a sofrer uma intensa repressão do Kuomintang porque o PCC começou a registrar um crescimento considerável, sobretudo nas grandes cidades chinesas, o que incomodava Chiang.

Chiang Kai-shek então ordenou uma perseguição aos comunistas, mobilizando tropas para realizar essa tarefa. O aumento da repressão colocou os comunistas chineses em situação de risco, os quais, para evitar a total aniquilação do movimento, optaram por se refugiar em zonas do interior.

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Essa fuga, que ficou conhecida como Longa Marcha, aconteceu entre 1934 e 1935, quando os comunistas percorreram aproximadamente 10 mil quilômetros, saindo das regiões de Jiangxi e Fujian para se estabelecer em Yanan.

A guerra civil que era travada na China entre comunistas e nacionalistas foi parcialmente interrompida em meados de 1930 porque os japoneses se tornaram uma grande ameaça para ambos. O Japão, que tinha interesses imperialistas na China desde o final do século XIX, ampliou suas ingerências no território chinês durante a década de 1930.

Em 1931, os japoneses oficialmente invadiram parte do território chinês, evento que ficou conhecido como Incidente Mukden. O território ocupado foi a Manchúria, onde os japoneses fundaram um Estado fantoche conhecido como Manchukuo. A hostilidade japonesa intensificou-se e levou o país a declarar guerra contra os chineses em 1937.

Com isso, nacionalistas e comunistas concordaram em impor uma trégua à luta que travavam entre si para concentrar esforços contra os japoneses na guerra conhecida como Segunda Guerra Sino-Japonesa. Apesar disso, os historiadores registraram que, mesmo no período de trégua, comunistas e nacionalistas lutaram entre si.

Derrota japonesa e o reinício da guerra civil

A luta contra os japoneses estendeu-se durante oito anos e só terminou em 1945, quando o Japão foi definitivamente derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial. Com a vitória dos chineses, os líderes dos dois partidos, Mao Tsé-tung e Chiang Kai-shek, reuniram-se para debater a formação de um governo conjunto na China.

Essas negociações, no entanto, representaram um fracasso completo porque os nacionalistas exigiam forças comunistas totalmente desarmadas, o que, naturalmente, foi rejeitado por Mao Tsé-tung. Assim, a guerra civil foi retomada em 1946, com as forças nacionalistas recebendo forte apoio dos Estados Unidos.

Apesar desse suporte norte-americano, as forças de Chiang Kai-shek não possuíam a popularidade que os comunistas tinham, sobretudo entre os camponeses. Esse apoio existia porque, durante os anos da guerra contra os japoneses, foram os comunistas que defenderam a população camponesa, além de terem implementado medidas que garantiram o acesso dessas pessoas a um pedaço de terra.

Após o reinício da guerra civil, as forças comunistas eram superiores a 10 milhões de pessoas (apesar de somente 1 milhão ser composto por soldados profissionais e devidamente armados), que, de 1946 a 1949, foram ampliando o seu domínio sobre o interior da China, deixando os nacionalistas cada vez mais isolados nas grandes cidades.

Em janeiro de 1949, as tropas comunistas conquistaram a cidade de Pequim. Assim, Chiang Kai-shek, toda a cúpula do Kuomintang e a alta burguesa da China fugiram do país e refugiaram-se na ilha de Formosa (atual Taiwan). Com a fuga dos nacionalistas, Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China em 1º de outubro de 1949 e deu início às transformações que implementaram o comunismo na China.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Revolução Chinesa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-chinesa.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Nucepe) Em um ensaio que escreveu na metade de 1949 intitulado “Sobre a ditadura democrática popular”, Mao Zedong explicou sucintamente as ideias que permeariam as orientações governamentais do novo Estado chinês. A experiência da revolução até então podia ser analisada dentro de duas categorias básicas, escreveu Mao. A primeira era a mobilização das massas da nação para construir uma “frente unida interna sob a liderança da classe trabalhadora.”

(SPENCE, Jonathan D. Em busca da China moderna: quatro séculos de história. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 489)

A “frente unida” proposta por Mao, para a condução do processo revolucionário na China incorporava

a) a alta burguesia nacionalista, operários e camponeses.

b) os pequenos proprietários rurais (kulaks), a grande burguesia urbana e operários.

c) a burguesia internacional, operários e camponeses.

d) o campesinato, operários e burguesia nacional.

e) os pequenos proprietários rurais (kulaks), grandes proprietários rurais e operários.

Exercício 2

(Upenet/Iaupe) Após uma longa guerra civil, em meados do século XX, o movimento revolucionário liderado por Mao Tsé-Tung conseguiu assumir o poder na China, derrotando as tropas do governo de Chiang Kai-Shek. A partir daí, Mao desenvolveu uma série de mudanças e transformações na economia e cultura chinesa.

Em relação ao “Grande Salto Para Frente” e a “Revolução Cultural”, assinale a alternativa CORRETA.

a) A “Revolução Cultural” foi uma campanha pacifista implementada pelo governo chinês que buscava seguir os ensinamentos de Mahatma Ghandi, a fim de frear a ocidentalização do povo chinês.

b) O programa de comunização da agricultura, estabelecido pelo “Grande Salto”, atingiu logo seu objetivo, organizando a produção agrícola. Entre os anos de 1858 e 1960, o Partido Comunista praticamente dobrou a produção de alimentos se comparado ao ano de 1857.

c) Apesar de ter conquistado êxito, o “Grande Salto Para Frente” se resumiu ao setor agropecuário, deixando de lado a produção industrial. Isso fez com que a China maoísta se tornasse uma grande potência agroexportadora, mas dependente industrialmente das outras nações.

d) Oficialmente, a “Revolução Cultural” teria terminado em 1969, mas até pelo menos 1971 ela continuava funcionando, como ficou evidente na Campanha Contra Lin Biao, intitulada de “Campanha contra Lin Biao e Confúcio”.

e) A “Revolução Cultural” tinha como um de seus principais objetivos a preservação do passado. Era preciso inaugurar uma “Nova China”, baseada no Maoísmo, que tinha como fundamento as práticas e os pensamentos antigos, notadamente do Confucionismo.