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Diáspora judaica é o nome dado aos diversos processos de migrações forçadas pelos quais os judeus passaram ao longo da história. Alguns historiadores falam em duas diásporas judaicas, a primeira, ocorrida na época do Segundo Império Neobabilônico, e a segunda, durante o Império Romano. Outros historiadores alegam que existiram diversas diásporas ao longo da história. Após a primeira, quando os judeus foram expulsos da Judeia, comunidades judaicas foram formadas em outros países. Grandes comunidades judaicas se desenvolveram na Península Ibérica e na Europa Central, sobretudo na França e Alemanha, mas perseguições sofridas nesses lugares levaram a novas diásporas.
No século XIX, ganhou força o sionismo, movimento que tinha como principais objetivos a fundação de um Estado judeu na Palestina e o retorno da população judaica para essa região. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a fundação do Estado de Israel foi aprovada pela ONU, e, em 14 de maio de 1948, o Estado judeu foi oficialmente fundado. Mesmo passando quase dois mil anos sem o próprio Estado e integrados a diversas outras comunidades, os judeus conseguiram manter sua cultura, língua, religião, entre outras tradições.
Leia também: Judaísmo — detalhes sobre uma das religiões mais antigas do mundo
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre diáspora judaica
- 2 - O que foi a diáspora judaica?
- 3 - Contexto histórico da diáspora judaica
- 4 - Como surgiu a diáspora judaica?
- 5 - Primeira diáspora judaica
- 6 - Segunda diáspora judaica
- 7 - Consequências da diáspora judaica
- 8 - Sionismo
- 9 - Exercícios resolvidos sobre diáspora judaica
Resumo sobre diáspora judaica
- Diáspora judaica é o nome dado aos diversos processos de migrações forçadas pelos quais os judeus passaram ao longo da história.
- Geralmente os historiadores falam em duas grandes diásporas, chamadas de primeira diáspora judaica e segunda diáspora judaica.
- O Segundo Império Neobabilônico e o Império Romano foram responsáveis por essas duas importantes diásporas.
- Com as diásporas, os judeus se tornaram um povo sem um Estado e passaram a sofrer perseguições em diversos países.
- Os massacres de pessoas em comunidades judaicas passaram a ser chamados de pogroms.
- Para muitos historiadores, o Holocausto foi o maior pogrom da história.
- Após o final da Segunda Guerra Mundial, foi criado na Palestina um Estado judeu, chamado Estado de Israel.
O que foi a diáspora judaica?
Diáspora judaica é o nome dado aos diversos momentos da história em que populações judaicas foram expulsas do território que habitavam. Geralmente os historiadores falam em duas grandes diásporas, a primeira diáspora judaica e segunda diáspora judaica.
Outros historiadores alegam que existiram diversas outras diásporas ao longo da história, como a que se iniciou em 722 a.C., quando os assírios conquistaram a Judeia; a ocorrida após a conquista muçulmana do Levante, no século VII da nossa era; a diáspora dos judeus sefardins, perseguidos por questões religiosas; e a diáspora dos judeus da Alemanha e do Leste Europeu durante o nazismo.
Contexto histórico da diáspora judaica
A primeira diáspora judaica ocorreu no contexto da expansão do Segundo Império Babilônico, chamado também de Império Neobabilônico ou, ainda, Império Caldeu. Em 626 a.C., Nabopolassar foi coroado rei dos caldeus após ter liderado os caldeus em batalhas contra os assírios e seus aliados egípcios, conquistando a vitória na maior parte delas. Ele transformou a Babilônia na capital do império.
Em 598 a.C., as tropas de Nabucodonosor II conquistaram Jerusalém e saquearam o templo judaico, deportando judeus para a Babilônia. Em 587 a.C., um novo ataque, desta vez no Templo de Jerusalém, que foi destruído pelos invasores, e mais judeus foram deportados para cidades do império comandado por Nabucodonosor II. Foi nesse contexto de expansão babilônica que ocorreu a primeira diáspora.
A segunda diáspora judaica ocorreu no contexto da expansão do Império Romano. O Senado Romano nomeou Herodes, o Grande como rei dos judeus em 37 a.C. Herodes foi considerado um rei vassalo que obedecia, na verdade, os romanos. Com a morte de Herodes, os romanos passaram a nomear governadores romanos para governar a Judeia.
Com o passar do tempo, a população da Judeia passou a reclamar do controle romano, da imposição da religião do império e dos altos impostos cobrados da população.
Os atritos levaram à revolta armada dos judeus em 66 d.C., na primeira revolta judaica, também chamada de Primeira Guerra Judaico-Romana. Os romanos venceram os revoltos em 70 d.C., embora alguns pequenos grupos rebeldes ainda tenham lutado contra eles por mais três anos. Os romanos agiram com grande violência contra os vencidos, executando parte deles e levando muitos para Roma como escravos.
Uma nova revolta judaica ocorreu entre os anos 115 e 117 e outra entre 132 e 135. Novamente os judeus foram derrotados e outra vez foram punidos pelos romanos com a morte, deportação e escravidão.
Como surgiu a diáspora judaica?
As duas diásporas da Antiguidade ocorreram de forma semelhante, com um império em expansão conquistando o território ocupado pelos judeus e os expulsando da região. Revoltas judaicas ocorreram contra a dominação, e, após a derrota nessas revoltas, os judeus foram deportados da Judeia, na maioria das vezes como escravos. O Segundo Império Neobabilônico foi o responsável pela primeira diáspora judaica. Por sua vez, o Império Romano foi o responsável pela segunda diáspora judaica.
Primeira diáspora judaica
Ocorreu durante a expansão do Segundo Império Babilônico e se iniciou em 598 a.C., quando tropas do rei babilônico Nabucodonosor II conquistaram Jerusalém e levaram muitos judeus como escravos para a Babilônia, dando origem ao período conhecido como Cativeiro da Babilônia.
O Cativeiro da Babilônia durou até 538 a.C., quando as tropas do imperador persa, Ciro, o Grande, conquistaram a Babilônia. Um decreto de Ciro autorizou que os judeus fossem libertados e que retornassem para Jerusalém, onde poderiam reconstruir o templo.
Em 1879, arqueólogos encontraram na região onde se localizou a antiga Babilônia um cilindro com escrita cuneiforme que passou a ser chamado de Cilindro de Ciro. No documento, provavelmente da época da conquista persa da Babilônia, Ciro é descrito como um bom imperador que acabou com a opressão dos caldeus na região e libertou diversos povos.
Segunda diáspora judaica
A segunda diáspora judaica ocorreu durante a expansão do Império Romano e incluiu as três revoltas dos judeus contra os romanos. Após cada uma das derrotas, massas de judeus foram deportadas para cidades do Império Romano. Muitos deles deixaram a região voluntariamente por medo de represálias.
→ Sefardins
As diásporas judaicas foram responsáveis pela criação de comunidades judaicas em diferentes lugares do mundo. Na Península Ibérica, a comunidade judaica recebeu o nome de sefardistas. Sefard é a maneira pela qual os antigos judeus chamavam a Península Ibérica. Os descendentes desses judeus, que atualmente vivem em diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil, são chamados ainda de sefardistas.
Durante a crise do feudalismo, iniciada no século XIV, a perseguição aos judeus aumentou na Península Ibérica, e eles foram vítimas de diversos pogroms (ataques organizados contra determinado grupo de pessoas, neste caso, os judeus), principalmente na Espanha.
Em 1391, em Sevilha, eclodiu um dos piores pogroms. Estimulados por um membro da Igreja Católica, chamado Fernand Martinez, parte da população da cidade atacou bairros judeus, praticando grande violência contra eles e assassinando milhares. A notícia chegou até outras cidades, onde mais ataques ocorreram. Como consequência desse pogrom, muitos judeus se converteram ao catolicismo nos anos posteriores, outros migraram para outras regiões da Europa.
Em 1492, os Reis Cristãos, Fernando e Isabel da Espanha, assinaram o Decreto de Alhambra, também conhecido como Édito de Expulsão. Pelo decreto real, os judeus teriam quatro meses para se converter ao cristianismo ou, caso contrário, deveriam deixar a Espanha. Os sefardistas espanhóis que não se converteram ao cristianismo migraram, principalmente para quatro lugares: Portugal, Norte da África, Império Otomano e Itália.
Em 1496, o rei de Portugal, Dom Manuel, também assinou um decreto de expulsão dos judeus. Para não serem expulsos, eles deveriam se converter ao catolicismo, sendo classificados como cristãos novos. Após a chegada dos europeus à América, em 1492, judeus passaram a migrar para o novo continente.
→ Ashkenazi
Os ashkenazi, também chamados de asquenazes, é a forma pela qual os judeus da França e da Alemanha passaram a ser conhecidos. A partir do século XI, os asquenazes passaram a sofrer perseguições e pogroms na Alemanha e França, migrando para o Leste da Europa, onde importantes comunidades judaicas se desenvolveram, como na Polônia, Lituânia, Bielorrússia e Rússia.
A partir de 1933, com a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, a perseguição aos judeus se aprofundou na Alemanha e, depois de 1939, em todo o Leste da Europa. Durante o Holocausto, foram mortos mais de seis milhões de judeus, a esmagadora maioria deles era de asquenazes.
No contexto do nazismo, muitas famílias de judeus deixaram a Europa, migrando principalmente para os Estados Unidos, lugar que atualmente tem a maior comunidade judaica fora de Israel.
Veja também: Antissemitismo — termo historicamente associado ao preconceito contra os judeus
Consequências da diáspora judaica
A principal consequência da diáspora judaica é que os judeus foram um povo sem Estado durante por quase dois milênios, ou seja, sem ter um território com o próprio governo e demais instituições.
Outra consequência da diáspora judaica foi a constante perseguição sofrida pelos judeus. Os judeus foram perseguidos durante toda a Idade Média, principalmente em momentos de epidemias, períodos de fome e crise econômica. Eles eram acusados de serem os responsáveis pela morte de Jesus, uma vez que teriam escolhido libertar Barrabás, permitindo que Jesus fosse crucificado. Além disso, foram realizados muitos massacres de judeus em diversos países, os chamados pogroms. Para muitos historiadores, o Holocausto foi o maior pogrom da história.
Importante: Mesmo passando quase dois mil sem o próprio Estado e integrados a diversas outras comunidades, os judeus conseguiram manter sua cultura, língua, religião, entre outras tradições.
Sionismo
O sionismo é um movimento político que defendeu a criação de um Estado judeu e a migração de todos os judeus do mundo para esse Estado. Esse movimento surgiu na segunda metade do século XIX, entre judeus da Europa Central e Oriental. Nessas regiões, os judeus sofriam perseguições e pogroms.
O nome “sionismo” deriva de Sião, um antigo monte em Jerusalém no qual Davi teria construído o primeiro templo dos judeus. O relevo de Jerusalém foi modificado diversas vezes na história. Na atualidade, o Monte Sião se encontra próximo da Muralha de Jerusalém.
Com o tempo, a região de Jerusalém inteira passou a ser genericamente chamada de Sião. Foi por isso que o movimento ganhou o nome de sionismo, uma vez que defendia o retorno dos judeus para Sião.
Em 1895, Theodor Herzl, um jornalista judeu da Áustria-Hungria, publicou seu livro O Estado judeu: uma solução moderna para a questão judaica, considerado base teórica do sionismo. Herzl argumentou que a violência que os judeus sofriam era uma questão nacional, não uma questão religiosa. Somente a construção de um Estado judeu acabaria com a violência sofrida.
O sionismo fez parte de um movimento mais amplo que atingiu o mundo ocidental no século XIX — o nacionalismo e seus movimentos de criação de Estados-nação. No período ganhou força o pan-eslavismo, o pangermanismo e o sionismo, que pode ser considerado um “panjudaísmo”.
Em agosto de 1897, ocorreu o Primeiro Congresso Sionista, em Basileia, na Suíça. Durante o congresso, do qual participaram cerca de 200 pessoas, foi discutido o local da criação do Estado judeu.
Após o sionismo se institucionalizar, a migração de judeus para Palestina, região habitada pelos árabes há séculos, cresceu consideravelmente, o que gerou severos conflitos entre esses povos. A maioria dos judeus que chegavam à Palestina vivia em kibutz, comunidades agrícolas coletivas. Muitas das terras compradas na região foram financiadas por associações judaicas ou por ricos judeus da Europa e dos Estados Unidos.
A criação de um Estado para os judeus foi oficializada pela ONU em 1948 e foi influenciada principalmente pelo Holocausto. Caracterizava-se pela divisão do território da Palestina entre judeus e palestinos, com 53,5% do território designados para ser Israel e 45,4% designados para ser domínio dos palestinos, que tinham uma população maior que a judaica.
Em 14 de maio de 1948, foi criado o Estado de Israel, fato que deu início a uma série de conflitos entre judeus e palestinos que perdura até os dias atuais. Para saber mais detalhes sobre a criação do Estado de Israel, clique aqui.
Exercícios resolvidos sobre diáspora judaica
Questão 1
(PUC) Diáspora é o termo que designa a dispersão dos hebreus por várias regiões do mundo, após serem expulsos de seu território no século II. Somente depois de 1948, com a criação do Estado de Israel, esse povo pôde voltar a se reunir num mesmo país. Entretanto, essa reconquista vem sendo, há quase meio século, motivo de contendas entre os israelenses e o povo ocupante daquela região. O ano de 1995, talvez, seja o marco do apaziguamento desses conflitos, uma vez que acordos têm sido realizados pelos seus líderes, sob a chancela da diplomacia internacional – o que, infelizmente, não impediu o assassinato do primeiro-ministro de Israel. O povo que provocou a dispersão dos hebreus no século II e o povo que manteve o confronto com os israelenses desde 1948 são, respectivamente:
A) os egípcios e os iranianos.
B) os romanos e os palestinos.
C) os palestinos e os egípcios
D) os romanos e os iranianos
E) os egípcios e os palestinos.
Resolução:
Alternativa B
No século II foram os romanos os responsáveis pela diáspora judaica, deportando populações de judeus da Judeia após a derrota delas em revoltas. Após a criação do Estado de Israel, em 1948, um conflito entre palestinos e judeus se iniciou, durando até os dias atuais.
Questão 2
(UFRN) No ano 70 d.C., o Estado romano, sob o controle do imperador Tito, destruiu a cidade de Jerusalém, e os judeus se dispersaram por outras terras. Diáspora tem sido a palavra usada para designar essa dispersão.
Após a diáspora, os judeus:
A) ficaram sem um território próprio por séculos; mas, por meio da religião e dos laços familiares, mantiveram sua identidade cultural e sua unidade como povo.
B) perderam todas as suas propriedades; mas, em razão da decadência do Império Romano, voltaram para a Palestina e reconstruíram sua identidade cultural.
C) foram dominados pelos árabes e perderam sua identidade cultural como povo; mas, em 1948, com a criação do Estado de Israel, voltaram a unificar-se.
D) foram impedidos de realizar seus cultos; mas, durante a Idade Média, em razão do fortalecimento do cristianismo, conseguiram firmar sua identidade cultural.
Resolução:
Alternativa A
Após a diáspora, os judeus formaram comunidades em diversos lugares do mundo e, em muitas delas, conseguiram manter sua cultura, tradições e religião por cerca de dois milênios.
Fontes
GILBERT, Martin. História de Israel. Edições 70, São Paulo, 2015.
TELES, Gustavo. A paz eterna entre judeus e árabes na Terra: Segunda Guerra Mundial (Volume 1). Autografia Editora, Rio de Janeiro, 2021.
ZUCCHI, Luciano Kneip. Sangue entre irmãos: a gênese dos conflitos entre judeus e árabes. Amazon Digital Books. 2021.