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Correntes do judaísmo moderno

As três correntes do judaísmo – ortodoxos, reformistas e conservadores – surgiram no século XIX, como consequência do impacto das mudanças da modernidade sobre a religião.

Judeu ortodoxo lendo texto sagrado com uma criança junto ao muro das lamentações
Judeu ortodoxo lendo texto sagrado com uma criança junto ao muro das lamentações
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O judaísmo se divide principalmente em três grandes correntes, ligadas às interpretações dos livros e rituais considerados sagrados. São elas: a ortodoxa, a reformista e a conservadora. As duas primeiras, ortodoxos e reformistas, são as que mais se opõem uma à outra, sendo a terceira, conservadora, a tentativa de encontrar um meio-termo entre as outras duas. A principal diferença entre as correntes está na adaptação ou não da tradição ritualística e teológica judaica às mudanças do mundo moderno.

Os ortodoxos são os que cumprem estritamente os 613 preceitos estipulados pela Lei Judaica, conhecida como Halachá. Os preceitos estão ligados a alguns hábitos a serem adotados: a dieta, kosher, que estipula quais alimentos devem ser consumidos; o descanso aos sábados e as leis da pureza familiar.

Os ortodoxos dão ainda privilégio à dimensão ritual: com a adoção de roupas simples; separação das funções entre homem e mulher, sendo que as mulheres têm algumas proibições, principalmente na participação da religiosidade pública, tais como conduzir as rezas, estudar o Talmude e ser ordenada rabina.

A Torá, por ser um livro revelado por Deus, não deve ser alterada em nada, mantendo sua integralidade, resultando na manutenção rígida das tradições. Além disso, os ortodoxos se isolam em locais específicos, espécies de guetos, onde o contato com o restante do mundo não ortodoxo é reduzido. As crianças têm uma educação distinta da educação secular, com o objetivo de formá-los estritamente na ortodoxia religiosa. Também não aceitam a revisão dos valores judaicos tradicionais frente às mudanças do mundo moderno.

É justamente a adaptação ao mundo moderno que proporcionou a ruptura reformista com os ortodoxos.

Aparecendo inicialmente na Alemanha, no século XIX, os reformistas criticaram diretamente a Torá, como passível de ser alterada de acordo com as transformações do mundo, adaptando-a assim às novas realidades. Dessa forma, questionou-se o pacto de Deus com Moisés, que estaria materializado na Torá. Respeitam alguns mandamentos, mas não seguem estritamente a dieta alimentar, o descanso sabático e alguns procedimentos dos rituais religiosos.

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As maiores mudanças nos rituais podem ser encontradas na adoção de línguas dos países onde estão os judeus e na equiparação do status entre homem e mulher. Na teologia, deixaram de lado a necessidade da volta à Terra Santa e a criação de um Estado judeu.

Este ponto é de fundamental importância para entender a diferença entre as duas correntes. Desde seu início, o judaísmo é uma religião nacional, de um povo, ligando a religião à história. A manutenção da Terra Santa sob o controle dos judeus seria para os ortodoxos o cumprimento de uma ordenação divina, ligando o povo e a religião a um território. É desta concepção que surge o sionismo e os esforços para a constituição do Estado de Israel. Os reformistas acreditam que não deve haver este tipo de ligação, ficando o judaísmo restrito aos aspectos religiosos.

Há ainda o judaísmo conservador, situado entre as duas outras correntes. O surgimento da vertente conservadora ocorreu quando um grupo de rabinos recém-ordenados nos EUA não concordou com o alcance das medidas do reformismo, principalmente quando na ordenação foram servidos alimentos não referidos pela dieta. A partir daí, criaram o Seminário Teológico Judeu, em Nova Iorque, uma instituição destinada à formação dos rabinos conservadores.

Eles mantêm o que consideram ser os três pilares da religião: a Lei Judaica, a esperança de libertação nacional e a utilização do hebraico como língua do povo. A diferença com a corrente ortodoxa é a aceitação de algumas mudanças no judaísmo rabínico e a saída dos guetos para o convívio com os demais grupos sociais. As mulheres também foram igualadas aos homens na corrente conservadora. Mas não concordam com os reformistas no alcance de suas propostas, principalmente no abandono da volta à Terra Santa, que os conservadores consideram um preceito divino.


Por Tales Pinto
​Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Tales dos Santos Pinto Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PINTO, Tales dos Santos. "Correntes do judaísmo moderno"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/religiao/correntes-judaismo-moderno.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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