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A Conferência de Paz de Paris ocorreu entre janeiro de 1919 e janeiro de 1920. Nesse evento, os países vencedores da Primeira Guerra Mundial, liderados por Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália, elaboraram os tratados de paz que foram assinados pela Alemanha, Áustria e Bulgária.
Também foi discutida a criação da Liga das Nações, uma instituição semelhante à atual ONU. A conferência produziu os tratados de Versalhes, de Saint Germain e de Neuilly, que impuseram pesadas perdas econômicas, militares e territoriais aos países derrotados.
O Brasil participou da conferência e conseguiu alcançar seus objetivos, que eram: a quitação de dívidas alemãs; a incorporação à Marinha brasileira dos navios alemães apreendidos pelo Brasil durante a guerra; e a garantia que o Brasil seria um dos membros temporários do Conselho da Liga das Nações.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Conferência de Paz de Paris
- 2 - O que foi a Conferência de Paz de Paris?
- 3 - Principais objetivos da Conferência de Paz de Paris
- 4 - O que foi decidido na Conferência de Paz de Paris?
- 5 - Conferência de Paz de Paris e o Tratado de Versalhes
- 6 - Países participantes da Conferência de Paz de Paris
- 7 - Exercícios resolvidos sobre a Conferência de Paz de Paris
Resumo sobre a Conferência de Paz de Paris
- A Conferência de Paz de Paris foi realizada após o final da Primeira Guerra Mundial e durou um ano.
- Diversos países participaram dela, mas as principais decisões foram tomadas pelos Quatro Grandes: França, Estados Unidos, Inglaterra e Itália.
- Na conferência foram produzidos os tratados que foram assinados pela Alemanha, Áustria e Bulgária.
- Também foi discutida e aprovada a fundação da Liga das Nações.
- Embora o presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, tenha proposto a criação da Liga das Nações, os Estados Unidos não aderiram à liga, pois o Congresso norte-americano rejeitou a entrada do país.
O que foi a Conferência de Paz de Paris?
A Conferência de Paz de Paris foi um encontro que ocorreu logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, entre 18 de janeiro de 1919 e 21 de janeiro de 1920. Ela teve como principal objetivo discutir o futuro dos países derrotados no conflito. Também foi discutida a fundação da Liga das Nações para a manutenção da paz mundial.
Participaram da conferência apenas os países vencedores da guerra, sendo excluídos os derrotados. Todavia, apenas quatro países tiveram, de fato, poder decisório na conferência: França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália. Eles ficaram conhecidos como Os Quatro Grandes da Conferência de Paris.
O Japão também teria tido poder decisório na conferência, mas seu imperador se absteve das decisões europeias que não diziam respeito diretamente ao Japão. Durante a Conferência de Paz de Paris, foram elaborados os tratados de paz que foram assinados pela Alemanha, Áustria e Bulgária.
Principais objetivos da Conferência de Paz de Paris
A Conferência de Paz de Paris teve diversos objetivos, o primeiro deles foi o de produzir tratados de paz com os países derrotados na Primeira Guerra Mundial, decidindo sobre o futuro deles. Esses documentos deveriam estabelecer os novos territórios das nações derrotadas, as indenizações que seriam pagas por elas, além de seu futuro político. O evento também buscou criar uma diplomacia multilateral, com a fundação da Liga das Nações.
O presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, defendia que os tratados de paz elaborados não fossem revanchistas e que não cobrassem pesadas indenizações dos derrotados. Wilson afirmava que “a paz dos vencedores”, com pesadas indenizações aos derrotados, levaria o mundo a uma nova guerra. Em seus 14 Pontos para a Paz, Wilson defendeu ainda a fundação de uma liga internacional na qual as nações em litígio poderiam negociar, sob intermediação da liga, para evitar a guerra.
Esse ponto levou à origem da Liga das Nações. O Congresso dos Estados Unidos não aprovou a entrada do país na liga, alegando que ela ameaçava a soberania do país. Wilson ainda citou em seus 14 Pontos a “autodeterminação” dos povos, o que levou diversos países a reivindicarem suas independências à Conferência de Paz de Paris, entre eles estavam a Armênia, o Egito e o Irã.
Os 14 Pontos de Wilson foram rejeitados na conferência e os tratados de paz construídos nela foram elaborados prevendo perda territorial para os países derrotados, pesadas indenizações e a desmobilização de suas forças armadas. Como previsto por Wilson, o tratado foi considerado humilhante para o povo alemão e foi um dos fatores que levaram ao poder o Partido Nazista, em 1933.
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O que foi decidido na Conferência de Paz de Paris?
As primeiras decisões tomadas pela conferência se relacionavam às forças armadas da Alemanha e foram divulgadas em março de 1919. A Alemanha só poderia ter um exército de 100 mil soldados. Ao final da Primeira Guerra, o exército alemão tinha aproximadamente três milhões de soldados. Milhões de soldados foram demitidos, ficando desempregados. Entre esses novos desempregados estava Hitler, que combateu na guerra.
Além disso, a Alemanha deveria destruir ou entregar aos vencedores seus navios de guerra, submarinos e aviões. Também deveria pagar indenizações de guerra aos membros da Entente.
Durante a conferência, foram elaborados os tratados de paz com os países derrotados na guerra:
- o Tratado de Versalhes, com a Alemanha;
- o Tratado de Saint Germain, com a Áustria;
- o Tratado de Neuilly, com a Bulgária.
Por eles ficou definido que a Alsácia-Lorena voltaria para a posse da França e a Alemanha perdeu ainda parte da Prússia Ocidental para a Polônia e parte da Prússia Renana para a Bélgica. A Alemanha foi obrigada a reconhecer a independência da Áustria e de regiões da Polônia e Tchecoslováquia de maioria alemã. As ferrovias da Áustria e da Alemanha deveriam utilizar bitola internacional e permitir que outras nações as utilizassem.
A Áustria deixou de ser uma monarquia e se tornou uma república, seu território se limitou à região de língua alemã, separando-se da Hungria. Territórios do antigo Império Austro-Húngaro passaram para o controle da Sérvia, Eslovênia e Croácia. Um artigo do Tratado de Saint Germain proibia a Áustria de qualquer futura aliança com a Alemanha.
Outra importante decisão da Conferência de Paz de Paris foi a criação da Liga das Nações. Ela foi fundada ainda em 1919 e foi organizada em três instâncias: o Conselho Executivo, composto por Itália, Inglaterra, França e Japão; a Assembleia, composta por todos os países da liga e que tinha a função de ser um espaço de debate; e o Secretariado, basicamente composto por funcionários que mantinham a liga em funcionamento.
Genebra, na Suíça, foi escolhida para ser a sede da Liga das Nações. A liga não conseguiu exercer influência global e ficou enfraquecida pela ausência dos Estados Unidos e da União Soviética. Terminou após a Segunda Guerra Mundial e, no seu lugar, foi fundada a Organização das Nações Unidas.
→ Participação do Brasil na Conferência de Paz de Paris
O Brasil participou da conferência e conseguiu garantir que a Alemanha fosse obrigada a pagar dívidas que tinha com o Brasil relacionadas à compra de café no período anterior à guerra. A Alemanha pagou sua dívida, mas com os valores anteriores à guerra, sem a correção da inflação e os juros reivindicados pelo Brasil.
O Brasil exigiu ainda que os 46 navios alemães apreendidos pelo Brasil durante a guerra passassem para a posse do nosso país, como indenização pelos navios brasileiros afundados pelos alemães. Ingleses e franceses eram contrários e defendiam que todos os navios capturados na guerra fossem entregues para os países da Entente de forma proporcional à perda naval que tiveram na guerra.
Com apoio dos Estados Unidos, o Brasil conseguiu que as embarcações alemãs fossem integradas ao patrimônio nacional. O Brasil conseguiu ainda ser eleito como um dos membros temporários do Conselho da Liga das Nações, com Bélgica, Grécia e Espanha.
Conferência de Paz de Paris e o Tratado de Versalhes
Os Quatro Grandes, com auxílio das outras nações que participaram da Conferência de Paz de Paris, elaboraram o tratado de paz que foi assinado por representantes da Alemanha em 28 de junho de 1919. Esse ficou conhecido como Tratado de Versalhes, por ter sido assinado no palácio homônimo.
Em 7 de maio de 1919, a delegação alemã na França, liderada por Brockdorff-Rantzau, recebeu o Tratado de Versalhes para apreciação. O representante alemão considerou o tratado humilhante ao povo alemão e totalmente diferente do que foi acordado na época do armistício.
A Alemanha chamou de Schmachparagraph, “artigo da vergonha”, o artigo do tratado que previa o julgamento de Guilherme II, kaiser alemão. O Tratado de Versalhes foi considerado um dos principais motivos que levaram à ascensão do Partido Nazista ao poder, em 1933, e à eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939.
Saiba mais: Invasão da Polônia — ofensiva de Hitler que deu início à Segunda Guerra Mundial
Países participantes da Conferência de Paz de Paris
Ao todo, 27 países participaram da Conferência de Paz de Paris e, em maior ou menor grau, da produção do Tratado de Versalhes:
- Estados Unidos
- Reino de Hejaz (atualmente parte da Arábia Saudita)
- Reino Unido
- Brasil
- Honduras
- França
- Libéria
- Itália
- Nicarágua
- Japão
- Panamá
- Bélgica
- Peru
- Bolívia
- Polônia
- Portugal
- China
- Romênia
- Cuba
- Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos
- Equador
- Sião (atual Tailândia)
- Grécia
- Tchecoslováquia
- Guatemala
- Uruguai
- Haiti
Exercícios resolvidos sobre a Conferência de Paz de Paris
Questão 1 (PUC-PR) O fim da Primeira Guerra Mundial foi conseguido por armistícios, sendo o primeiro realizado com a Bulgária, em 29 de setembro de 1918, e o último com a Alemanha, em 11 de novembro de 1918. Terminadas as operações militares, os países vitoriosos reuniram-se em janeiro de 1919, na Conferência de Paris, para as decisões que estabelecessem as condições para a paz e para a punição dos países considerados culpados pela guerra. Antes mesmo do fim da guerra, o presidente norte-americano Wilson havia concebido um plano para servir de base às negociações de paz composto por 14 pontos. Baseado na ideia da paz sem vencedores, foi inviabilizado por diversos acordos paralelos e, principalmente, por pressão da França e da Inglaterra.
O principal documento resultante das negociações em Paris foi o Tratado de Versalhes, sobre o qual é CORRETO afirmar:
a) Determinou a ocupação e divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação, administradas pelas potências aliadas. Mais tarde essas zonas de ocupação seriam reunidas em dois Estados alemães, a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã, com o objetivo de inviabilizar uma Alemanha que pudesse desestabilizar novamente o cenário político europeu.
b) Considerou a Alemanha culpada pela guerra, criando uma série de determinações que visavam enfraquecer e desmilitarizar esse país. Os alemães perdiam vários territórios e todas as suas colônias e a política de indenizações empurrou o país para uma gravíssima crise econômica, que colaborou para o surgimento de movimentos de extrema-direita, como o nazismo.
c) Estabeleceu as bases da nova ordem internacional com todos os países que participaram da Primeira Guerra Mundial. Permitiu a criação das novas fronteiras da Europa Oriental com o reconhecimento de novos países que surgiam da queda dos impérios centrais. Polônia, Iugoslávia, Finlândia, Tchecoslováquia, Hungria, Estônia, Letônia e Lituânia foram os países beneficiados com o Tratado de Versalhes.
d) Favoreceu o isolamento internacional da URSS, em função do temor provocado pela eclosão da Revolução Bolchevique. Os aliados ocidentais tentaram, por meio das disposições do Tratado de Versalhes, afastar a possibilidade de contágio e impedir que a revolução fosse exportada para outras regiões da Europa, notadamente aquelas mais prejudicadas pela destruição decorrente da guerra e da crise econômica do início dos anos 1920.
e) Previu a criação de fundos econômicos, como o Plano Young, que disponibilizavam recursos econômicos para os países beligerantes que tiveram sua infraestrutura econômica destruída pelo conflito e que possibilitariam uma recuperação dos meios de produção mais rápida, impedindo que a insatisfação popular possibilitasse o avanço da revolução socialista.
Gabarito: alternativa B. O Tratado de Versalhes impôs duras penas à Alemanha, acusada de ser a única responsável pela guerra. As perdas territoriais, de colônias, as indenizações e as limitações econômicas levaram a Alemanha a uma grave crise econômica e política, que potencializou a ascensão dos nazistas na década de 1930.
Questão 2 (PUC-RS) O Tratado de Versalhes, assinado em 1919, considerou a Alemanha responsável pela Primeira Guerra Mundial. Nessa ocasião, a imprensa alemã taxou o Tratado de injusto e chamou-o de Diktat. Entre os fatos abaixo, o único que não corresponde às cláusulas impostas à Alemanha pelo referido tratado foi:
a) a perda de 13% do território que a Alemanha possuía na Europa antes da guerra, bem como as colônias ultramarinas.
b) o imediato pagamento aos aliados, em dinheiro ou em produto, de indenização pelos danos causados pela guerra.
c) a redução do exército alemão para 100 mil homens voluntários, bem como restrições para esse exército possuir armas ofensivas como tanques, aviões e submarinos.
d) o reconhecimento da independência da Áustria e de todos os territórios que, em 1º de agosto de 1914, faziam parte do antigo Império Russo.
e) a divisão do território alemão, em quatro partes, entre os aliados, ficando a URSS com a parte oriental, e Grã-Bretanha, Estados Unidos e França com o lado ocidental.
Gabarito: alternativa D. A Alemanha não teve seu território dividido após a Primeira Guerra Mundial. Apesar de perder parte do seu território, a unidade alemã foi mantida. Foi somente após o fim da Segunda Guerra Mundial que a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação dos Aliados.
Créditos da imagem
Fontes
BLANC, Claudio. Primeira Guerra mundial: a guerra que acabaria com todas as guerras. Camelot Editora, São Paulo, 2020.
NICOLSON, Harold. Tratado de Versalhes: a paz depois da Primeira Guerra Mundial. Editora Globo, Rio de Janeiro, 2014.
SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra mundial, história completa. Editora Contexto, São Paulo, 2013.
STEVENSON, David. 1914-1918, História da Primeira Guerra mundial. Editora Novo Século, São Paulo, 2016.