A Revolução Federalista aconteceu no Sul do Brasil, entre os anos de 1893 e 1895, e demonstrou a insatisfação dos republicanos quanto aos rumos tomados pelos primeiros presidentes da república brasileira. Havia uma divisão entre os republicanos: uma ala defendia a descentralização do poder, com maior participação dos estados, enquanto outra ala considerava necessário o presidente ter mais poderes para consolidar-se a república no Brasil. Ao mesmo tempo, havia o embate entre militares do Exército e da Marinha a respeito das suas participações no governo federal.
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A Revolução Federalista expôs os conflitos envolvendo os diversos grupos que pensavam caminhos opostos para a república nascente no Brasil. Desde 1889, ano da proclamação da república, que se discutia a respeito da centralização do poder no Executivo federal ou na autonomia dos estados. Os governos Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, ambos militares, defendiam maiores poderes para o presidente da república, no intuito de consolidar-se o movimento que depôs a monarquia, evitando qualquer reação de grupos contrários.
O confronto entre esses grupos ultrapassou as discussões de ideias e concretizou-se fisicamente. Entre militares havia divisões. A Marinha rebelou-se, exigindo maior participação no governo. O autoritarismo dos primeiros presidentes provocou reações armadas, como aconteceu no Rio Grande do Sul. A nomeação de Júlio Castilhos para o governo gaúcho era uma forma de Floriano Peixoto impor sua força no Sul do país. Os federalistas, que desejavam mais participação dos estados e a formação de um parlamentarismo, não aceitaram as ordens vindas do Rio de Janeiro e pegaram em armas como forma de reação.
A Revolução Federalista colocou em campos opostos dois grupos que desejavam caminhos diferentes para a nascente república brasileira. Júlio de Castilhos foi o líder dos republicanos, também chamados de chimangos, e defendia um Executivo forte, ou seja, que o presidente da república tivesse amplos poderes para consolidar-se a república. Castilhos era aliado de Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil.
O outro grupo era federalista, também chamado de maragatos, e tinha Gaspar Silveira Martins como líder. Esse grupo defendia a descentralização do poder e a implantação do parlamentarismo, nos moldes do Segundo Reinado. Essa era uma forma de evitar a concentração de poderes nas mãos do presidente e a formação de governos autoritários, como os dos primeiros republicanos: Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894).
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Júlio Castilhos foi nomeado presidente do estado do Rio Grande do Sul em 1892. Era aliado do presidente Floriano Peixoto e defensor da tese de que, naqueles primeiros anos da república, era preciso que o Executivo tivesse amplos poderes para governar. A escolha de Castilhos desagradou aos federalistas, que não tardaram a rebelar-se contra a indicação do novo governante gaúcho. Foram inúmeras as batalhas entre os dois grupos. Os maragatos venceram algumas batalhas, como as de Lagoa Branca e Restinga da Jarraca.
Essas derrotas fizeram com que Castilho pedisse ajuda a Floriano Peixoto, que prontamente enviou tropas do Exército, também chamadas de tropas legalistas, para o combate. Além dessa ajuda do governo federal, Castilhos criou a brigada militar estadual, com o objetivo inicial de derrotar os federalistas. Mesmo com toda a força militar nas mãos do governo gaúcho, os federalistas conseguiram impor algumas derrotas aos republicanos.
Se o governo gaúcho reforçou suas tropas, os federalistas não ficaram atrás. A Marinha, que, em 1893, organizou a Revolta da Armada, apoiou os federalistas, principalmente após a invasão de Santa Catarina e do Paraná. Percebendo a perda de soldados e as consequências caso continuassem a batalha, os federalistas recuaram e mantiveram a luta em terras gaúchas.
A Revolução Federalista ficou marcada pela crueldade. Ambos os lados em disputa degolaram seus prisioneiros. Essa era uma forma de humilhar o adversário e de poupar munição para o ataque contra o inimigo.
Mesmo após o término do governo Floriano Peixoto, a guerra continuou. Prudente de Moraes, o primeiro presidente civil da nossa história, assumiu o poder em 1894 e, no ano seguinte, celebrou um acordo entre os grupos conflitantes, terminando assim a Revolução Federalista. Júlio de Castilhos manteve-se no poder gaúcho, e os revoltosos foram anistiados.
A república consolidou-se no governo Floriano Peixoto. As forças opositoras que questionavam o autoritarismo do Executivo ou buscavam restaurar o modelo monárquico foram duramente banidas.
O Exército reformou sua presença na república ao participar ativamente das rebeliões contra o governo federal. Mesmo não estando na presidência, os militares não se afastaram da política. Movimentos iniciados nos quartéis contra o poder civil começam a ser organizados no começo do século XX.
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Questão 1 – Assinale a alternativa que corretamente contém os grupos que participaram da Revolução Federalista:
A) Florianistas e sertanistas
B) Federalistas e republicanos
C) Farrapos e sabinos
D) Federalistas e sertanejos
Resolução
Alternativa B. A Revolução Federalista foi o conflito entre federalistas, contrários ao autoritarismo do governo federal e defensores do parlamentarismo tal qual no período monárquico, e republicanos, favoráveis à concentração de poderes nas mãos do presidente para consolidar-se a república no Brasil.
Questão 2 – A Revolução Federalista foi um conflito ocorrido no Rio de Janeiro e mostrou o embate entre diversos grupos nos primeiros anos da república no Brasil. Sobre esse fato histórico, assinale a alternativa que corretamente aponta o desfecho desse conflito:
A) Júlio Castilhos foi deposto, e o Rio Grande do Sul separou-se do Brasil.
B) Floriano Peixoto transferiu o governo para o Sul, no intuito de ajudar Castilhos no combate aos federalistas.
C) O conflito terminou em 1895, quando o presidente Prudente de Morais celebrou um acordo entre as duas partes.
D) Uruguai e Argentina enviaram tropas para apoiar Júlio de Castilhos no combate aos federalistas.
Resolução
Alternativa C. O desfecho da Revolução Federalista foi o acordo celebrado no governo Prudente de Morais entre as duas partes. Júlio Castilhos manteve-se no poder gaúcho, e os federalistas foram anistiados.
Crédito da imagem
[1] Jacinto arq / Commons
Por Carlos César Higa
Professor de História
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HIGA, Carlos César. "Revolução Federalista"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-federalista.htm. Acesso em 19 de janeiro de 2021.
Um dos motivos principais de a Revolução Federalista ter estourado no Rio Grande do Sul, na década de 1890, foi o fato de:
a) no Rio Grande Sul ter ocorrido uma tentativa de incorporação do Uruguai à força e à revelia da presidência.
b) no Rio Grande Sul haver um forte núcleo de monarquistas ferrenhos seguidores de Antônio Conselheiro.
c) o então governador ser o populista Getúlio Vargas.
d) o então governador ser o positivista republicano Júlio de Castilhos.
e) o então governador ser o progressista Lionel Brizola.
(UEM) "A Proclamação da República não trouxe ao país um período de paz. Havia muita agitação e discordância dentro do próprio Partido Republicano. O motivo do grande descontentamento era o próprio Marechal Deodoro, que governava de modo muito semelhante ao de um Imperador. Depois de dois anos de governo, Deodoro da Fonseca acabou renunciando, isto é, abandonando a presidência; em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Marechal Floriano Peixoto. O governo de Floriano Peixoto também foi um período agitado." (EITEL, L. S. Conhecendo o Paraná. São Paulo: Ática, 1992).
Foi durante o Governo de Floriano Peixoto que ocorreu a Revolução Federalista. Sobre esse assunto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) Os federalistas invocavam o espírito da Federação e exigiam mais energia por parte do Governo central e, consequentemente, que ele tirasse a autonomia dos Estados.
02) A Revolução Federalista objetivava a realização de uma revolução socialista que suprimisse a propriedade privada dos meios de produção.
04) Os federalistas queriam que o presidente Floriano Peixoto governasse de uma forma menos centralizadora, dando mais autonomia aos Estados.
08) A Revolução Federalista teve, também, como palco as cidades paranaenses de Lapa e Curitiba. 16) Os líderes da Revolução Federalista almejavam depor o governo de Floriano Peixoto e reimplantar a monarquia constitucional no Brasil.
A somatória das proposições corretas dá:
a) 03
b) 17
c) 20
d) 16
e) 12
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