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A Revolta da Chibata foi uma revolta que aconteceu na Marinha brasileira entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910. Essa revolta se iniciou na Baía de Guanabara, mobilizando milhares de marinheiros que estavam insatisfeitos com os castigos físicos que eram praticados na corporação. Os marinheiros tomaram alguns navios e apontaram os canhões para o Rio de Janeiro.
A revolta se iniciou no dia que uma recepção do novo presidente, Hermes da Fonseca, era realizada. Depois de alguns dias de indefinição, o governo brasileiro aceitou em colocar fim aos castigos físicos na Marinha e anistiar os rebelados. A anistia não foi cumprida, e muitos marinheiros, incluindo o líder João Cândido, foram presos.
Leia também: O que foi a Revolta da Armada?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Revolta da Chibata
- 2 - O que foi a Revolta da Chibata?
- 3 - Contexto histórico da Revolta da Chibata
- 4 - Causas da Revolta da Chibata
- 5 - Objetivos da Revolta da Chibata
- 6 - Como começou a Revolta da Chibata?
- 7 - Líderes da Revolta da Chibata
- 8 - Desfecho da Revolta da Chibata
- 9 - Consequências da Revolta da Chibata
- 10 - Exercícios resolvidos sobre a Revolta da Chibata
Resumo sobre a Revolta da Chibata
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A Revolta da Chibata foi uma revolta que aconteceu na Marinha brasileira em novembro de 1910.
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Nessa revolta, milhares de marinheiros se rebelaram e assumiram o comando de embarcações brasileiras na Baía de Guanabara.
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Os marinheiros se rebelaram porque queriam o fim dos castigos físicos que eram praticados na Marinha.
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Eles assumiram o comando de alguns navios e ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro.
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O governo aceitou colocar fim aos castigos físicos e dar anistia a eles, mas a parte da anistia não foi cumprida.
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Diversos marinheiros foram expulsos da Marinha e presos como punição.
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João Cândido, o Almirante Negro, foi o principal líder dessa revolta.
O que foi a Revolta da Chibata?
A Revolta da Chibata foi uma revolta militar que aconteceu entre os dias 22 e 27 de novembro de 1910. Essa revolta aconteceu na Marinha brasileira durante os primeiros dias do governo de Hermes da Fonseca e foi realizada pelos marinheiros afro-brasileiros que estavam insatisfeitos com o código disciplinar da Marinha.
Esses marinheiros ocupavam os postos mais baixos da hierarquia da Marinha brasileira, sendo tratados com muito rigor e sendo vítimas de constantes castigos físicos por conta dos oficiais da Marinha. A insatisfação com esses castigos, além de outras questões, deu início à revolta liderada por João Cândido.
Milhares de marinheiros se rebelaram na Baía de Guanabara, tomaram o controle de alguns navios da Marinha, com destaque para dois encouraçados da Marinha – o Minas Gerais e São Paulo –, apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e anunciaram que abririam fogo caso não tivessem suas exigências atendidas. A principal delas era o fim dos castigos físicos.
A revolta dos marinheiros gerou uma grande indefinição no governo brasileiro sobre como agir, mas no final a exigência principal dos revoltosos foi atendida com uma promessa de anistia – que não foi cumprida. A Revolta da Chibata foi uma dos mais importantes revoltas do Brasil durante a Primeira República, demonstrando também a insatisfação dos marinheiros afro-brasileiros com o racismo e a desigualdade social.
Contexto histórico da Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata é fruto do contexto político e social que o Brasil havia enfrentado nas últimas décadas. O Brasil havia passado por mudanças expressivas, como a abolição da escravidão e a Proclamação da República. Essas mudanças, apesar de sua importância, não permitiram grandes transformações sociais, principalmente para a população negra.
Além disso, o sistema político que se estabeleceu no país era antidemocrático, e muitas vezes autoritário e repressor, mantendo os cidadãos à margem do sistema. Esse regime era dominado pelas oligarquias, que usavam o poder para sustentar seus privilégios econômicos, mantendo um status quo de grande desigualdade social.
No caso da população negra, o racismo e a falta de oportunidades era a tônica da Primeira República (ou República Velha), mantendo essa população à margem da sociedade. O racismo, a desigualdade, os desmandos das oligarquias, entre outros, foram responsáveis por diversos conflitos sociais, como a Guerra de Canudos.
A Revolta da Chibata foi um dos conflitos motivados por esse contexto de racismo e desigualdade muito flagrante da Primeira República (ou República Velha). No caso da Marinha, as posições mais baixas eram ocupadas em grande parte por marinheiros negros, enquanto os cargos do oficialato eram quase todos ocupados por homens brancos.
Essa segregação gerava insatisfação no interior da Marinha, mas, além disso, a relação dos marinheiros com o oficialato foi abalada por práticas de violência que eram usadas para controlar os marinheiros. A Marinha possuía o costume de usar castigos físicos para punir os marinheiros que cometiam delitos.
O castigo físico mais comum eram as chibatadas, estabelecidas em uma quantidade mínima de 25 chibatadas para delitos considerados graves. Foi nesse contexto de insatisfação com as punições físicas, e de insatisfação com o racismo e a desigualdade social, que surgiu a Revolta da Chibata.
Causas da Revolta da Chibata
A Revolta da Chibata teve como razão principal os castigos físicos que eram usados para punir os marinheiros. O castigo mais temido eram as chibatadas, consideradas pelos historiadores um resquício do período da escravidão na Marinha brasileira.
O grande estopim da insatisfação dos marinheiros foi a punição de Marcelino Rodrigues. Ele foi punido com 250 chibatadas nas costas, e a dor causada pela punição foi tamanha que ele desmaiou e não teve acesso a tratamento médico. As costas dele ficaram em carne viva e o ato indignou os marinheiros, mobilizando-os para iniciar a revolta.
O início da Revolta da Chibata não foi algo espontâneo, mas foi um evento planejado, pois os marinheiros reuniam-se no Rio de Janeiro para discutir a realização de um motim.
Os marinheiros estavam incomodados com a situação à qual eles estavam submetidos e queriam melhorias em seu trabalho e o fim dos castigos físicos. Esses marinheiros viajavam todo o mundo e tiveram acesso à luta dos trabalhadores na Europa, ficaram sabendo da revolta de marinheiros na Rússia, e todas essas experiências e demandas de outros movimentos serviram de inspiração para os marinheiros brasileiros.
Além disso, muitos historiadores apontam que a Revolta da Chibata foi resultado também do racismo e da desigualdade da sociedade brasileira, não apenas motivada por questões vinculadas à Marinha.
Objetivos da Revolta da Chibata
A primeira grande demanda dos marinheiros que se rebelaram na Revolta da Chibata foi o fim dos castigos físicos, mas essa não foi a única exigência realizada por eles. Os marinheiros reivindicavam também:
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aumento de soldo;
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medidas educacionais para marinheiros indisciplinados;
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retirada de oficiais violentos;
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criação de uma nova tabela de serviço;
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anistia para os marinheiros que se rebelaram.
Como começou a Revolta da Chibata?
Quando a Revolta da Chibata se iniciou, em 22 de novembro de 1910, uma recepção era realizada pelo presidente Hermes da Fonseca, recém-empossado, na capital. Os marinheiros manobraram as embarcações que eles amotinaram e apontaram os seus canhões para o Rio de Janeiro afirmando que só recuariam caso o governo atendesse as suas propostas.
Antes de tomar os navios, os marinheiros tiveram de lidar com uma resistência por parte de alguns oficiais, resultando em quatro mortes. Pouco depois de a revolta se iniciar, alguns fortes militares foram bombardeados, e duas crianças morreram em consequência desses bombardeios.
Líderes da Revolta da Chibata

O grande líder da Revolta da Chibata foi João Cândido Felisberto, popularmente conhecido como Almirante Negro. Foi ele quem conduziu as negociações com o governo brasileiro, e muitos dos preparativos foram realizados por ele. O papel que ele cumpriu na Revolta da Chibata fez com que ele fosse severamente punido.
Ele foi preso por dois anos, foi expulso da Marinha e teve todos os seus registros apagados na Marinha. Por isso, ele não recebeu nenhuma pensão da Marinha após a Revolta da Chibata e passou anos de sua vida trabalhando como estivador e descarregando peixes em um local no Rio de Janeiro.
Além dele, outros importantes nomes da Revolta da Chibata foram:
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Francisco Dias Martins;
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Manuel Gregório do Nascimento;
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André Avelino;
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Ricardo Freitas.
Desfecho da Revolta da Chibata
O início da Revolta da Chibata marcou dias de indefinição sobre o que ser feito com a revolta. Os comandantes da Marinha queriam atacar os navios, naufragando-os e encerrando a revolta por meio da repressão. O Congresso Nacional, por sua vez, escolheu o caminho da diplomacia e decidiu negociar com os rebelados.
O Congresso Nacional decidiu estabelecer um projeto de lei que votaria a proibição dos castigos físicos aos marinheiros brasileiros, além de estabelecer a anistia dos rebelados. O projeto foi aprovado. Na noite do dia 26 de novembro, os marinheiros ficaram sabendo que o governo havia aceitado sua proposta e depuseram armas no dia seguinte.
Logo após a rendição dos marinheiros, a perseguição começou. Centenas de marinheiros foram expulsos da Marinha brasileira por indisciplina. No começo de dezembro outra revolta de marinheiros se iniciou, mas na Ilha das Cobras. Essa revolta fracassou, e esses soldados foram presos em uma fortaleza na ilha.
Foi depois dessa segunda revolta que João Cândido foi preso (apesar de ele não ter participado dela). O presidente decretou estado de sítio, prendeu centenas de marinheiros e expulsou milhares da corporação. Centenas de marinheiros foram punidos e levados ao Acre para trabalhar em seringais.
Consequências da Revolta da Chibata
Entre as consequências da Revolta da Chibata, destacam-se:
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o fim dos castigos físicos contra os marinheiros.
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aumento da repressão dos marinheiros para impedir que novas revoltas acontecessem.
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punição rigorosa aos envolvidos e descumprimento da anista.
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estabelecimento da Revolta da Chibata como símbolo de luta contra o racismo e a desigualdade social no Brasil.
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estigmatização de João Cândido, que passou o restante de sua vida no ostracismo.
Veja também: O que foi a Revolta da Vacina?
Exercícios resolvidos sobre a Revolta da Chibata
Questão 1
A Revolta da Chibata foi realizada em qual governo da Primeira República?
A) Artur Bernardes
B) Floriano Peixoto
C) Prudente de Morais
D) Hermes da Fonseca
E) Nilo Peçanha
Resolução:
Alternativa D.
A Revolta da Chibata aconteceu entre 22 e 27 de novembro de 1910, poucos dias depois que Hermes da Fonseca foi empossado como presidente do Brasil.
Questão 2
Entre as exigências realizadas pelos marinheiros durante a Revolta da Chibata estava:
A) o fim dos castigos físicos nos marinheiros.
B) aumento salarial.
C) afastamento dos oficiais violentos.
D) educação para os marinheiros indisciplinados.
E) todas as alternativas acima.
Resolução:
Alternativa E.
Todas as alternativas apresentam exigências que foram realizadas pelos marinheiros durante a Revolta da Chibata. Essas exigências demonstram que os marinheiros estavam buscando mais dignidade na Marinha brasileira.
Fontes
MOREL, Marco. Abaixo a chibata. FIGUEIREDO, Luciano (org.). História do Brasil para ocupados: os mais importantes historiadores apresentam de um jeito original os episódios decisivos e os personagens fascinantes que fizeram o nosso país. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013, pp. 359-362.
NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. A Revolta da Chibata e seu centenário. Disponível em: https://revistaperseu.fpabramo.org.br/index.php/revista-perseu/article/view/190/152.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.