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Governo Médici

Governo Médici foi o período da história brasileira em que o país foi governado por Emílio Garrastazu Médici, estendendo-se de 1969 a 1974, no contexto da Ditadura Militar.

Fotografia oficial de Emílio Garrastazu Médici, uma alusão ao Governo Médici.
Emílio Garrastazu Médici foi presidente do Brasil entre 1969 e 1974. [1]
Crédito da Imagem: Commons
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Governo Médici foi o período da história brasileira em que o país foi governado por Emílio Garrastazu Médici, estendendo-se de 1969 a 1974, no contexto da Ditadura Militar. Instaurado em um contexto de crescente repressão política após o AI-5 e a crise de sucessão de Costa e Silva, foi marcado por um forte autoritarismo, com intensa censura e repressão aos opositores, ao mesmo tempo que o país vivia o chamado Milagre Econômico, caracterizado por um rápido crescimento econômico e aumento das desigualdades sociais.

Com objetivos centrados na manutenção da ordem interna, promoção do desenvolvimento econômico e fortalecimento do Brasil como potência regional, o governo também consolidou sua imagem através da propaganda estatal, utilizando eventos como a vitória na Copa de 1970 e grandes obras como a Transamazônica. No entanto, o legado de Médici inclui graves violações de direitos humanos, um crescimento econômico insustentável e a perpetuação de desigualdades e práticas autoritárias que continuaram a influenciar a política brasileira após o fim da Ditadura.

Leia também: Governo Costa e Silva — detalhes sobre o governo que antecedeu o Governo Médici

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o Governo Médici

  • Governo Médici foi o período da história brasileira em que o país foi governado por Emílio Garrastazu Médici, estendendo-se de 1969 a 1974, no contexto da Ditadura Militar.
  • O Governo Médici foi precedido por um período de crescente repressão política e instabilidade, marcado pelo AI-5 e pela crise de sucessão após o afastamento de Costa e Silva, que culminou na escolha de Médici, um militar linha-dura, para assegurar a continuidade do regime autoritário.
  • Caracterizado por forte repressão política e censura, o Governo Médici também foi marcado pelo Milagre Econômico, que trouxe crescimento acelerado ao Brasil, mas aumentou as desigualdades sociais, enquanto a propaganda estatal consolidava a imagem de um país próspero e nacionalista.
  • O Governo Médici visava manter a ordem interna através da repressão a opositores, promover o crescimento econômico com industrialização e modernização, e fortalecer a posição do Brasil como uma potência regional, alinhando-se aos Estados Unidos no combate ao comunismo.
  • Entre os fatos marcantes do Governo Médici estão a repressão à Guerrilha do Araguaia, a construção da Transamazônica, a assinatura do Tratado de Itaipu e a vitória do Brasil na Copa de 1970, usada como símbolo de sucesso e orgulho nacional.
  • O Governo Médici deixou um legado de graves violações de direitos humanos, uma economia marcada por desequilíbrios e aumento da dívida externa, além de fortalecer as desigualdades sociais e perpetuar práticas autoritárias que influenciaram a política brasileira pós-Ditadura.

Videoaula sobre o Governo Médici (1969-1974)

Antecedentes históricos do Governo Médici

O governo de Emílio Garrastazu Médici, que se estendeu de 1969 a 1974, foi marcado por um contexto de intensificação da repressão política e de consolidação do regime militar no Brasil. Para compreender esse período, é necessário voltar aos antecedentes históricos que moldaram o cenário político e social do país. A ascensão de Médici ao poder ocorreu em um contexto de grande turbulência política, marcada por crises econômicas, protestos populares e o crescimento de movimentos de resistência contra a Ditadura.

Após o Golpe Militar de 1964, o Brasil vivenciou um período de sucessão de governos militares, com medidas cada vez mais autoritárias. O Ato Institucional Número Cinco (AI-5), instituído em dezembro de 1968, representou um marco de endurecimento do regime, permitindo ao governo militar suspender direitos civis, censurar a imprensa e perseguir opositores políticos. O AI-5 foi uma resposta às crescentes manifestações populares, incluindo a Passeata dos Cem Mil, que reunia amplos setores da sociedade em protesto contra a Ditadura.

Antes de Médici, o Brasil foi governado por Arthur da Costa e Silva, que sofreu um derrame cerebral em agosto de 1969, o que gerou uma crise de sucessão. Devido ao estado de saúde de Costa e Silva, foi instaurada uma Junta Militar que assumiu o poder temporariamente e, posteriormente, escolheu Médici como sucessor, um nome que representava o desejo dos militares por um governo linha-dura. Médici, que era diretor do Serviço Nacional de Informações (SNI), foi visto como o candidato ideal para manter a ordem interna e dar continuidade à repressão política.

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Principais características do Governo Médici

O Governo Médici foi caracterizado por uma forte repressão política e por um período de crescimento econômico conhecido como "Milagre Econômico Brasileiro". A repressão política foi marcada pela atuação de órgãos como o SNI e a Operação Bandeirante (Oban), que conduziram operações contra opositores do regime, incluindo a prisão, tortura e morte de dissidentes. A censura aos meios de comunicação, à música, ao teatro, e ao cinema foi intensificada, criando um ambiente de medo e controle social.

Um dos aspectos mais notáveis do Governo Médici foi o chamado Milagre Econômico, um período de expressivo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que alcançou taxas anuais de até 14%. Esse crescimento foi impulsionado por investimentos em infraestrutura, como a construção de rodovias e hidrelétricas, e por incentivos ao setor industrial. O governo atraiu investimentos estrangeiros e adotou políticas econômicas que estimularam o consumo interno. No entanto, esse crescimento foi acompanhado pelo aumento da desigualdade social e pela concentração de renda, o que gerou contradições e tensões sociais.

A propaganda oficial do governo foi outro traço marcante desse período. Médici utilizou amplamente os meios de comunicação para promover a imagem de um Brasil forte e próspero, disseminando o lema "Brasil, Ame-o ou Deixe-o", que buscava incutir um sentimento de patriotismo e de obediência ao regime. A televisão e o rádio, controlados pelo governo, foram instrumentos fundamentais para a difusão dessa propaganda, que ocultava as graves violações de direitos humanos e as dificuldades enfrentadas pelas camadas mais pobres da população.

Quais objetivos do Governo Médici?

Os objetivos do Governo Médici estavam centrados em três principais áreas: a manutenção da ordem interna, o fortalecimento econômico e a promoção da imagem internacional do Brasil. Em termos de ordem interna, o principal objetivo era suprimir qualquer forma de oposição ao regime militar. Para isso, Médici deu continuidade e intensificou as políticas de repressão, utilizando os órgãos de segurança para perseguir, prender e eliminar grupos de resistência, como as organizações de guerrilha urbana e rural.

Na esfera econômica, o objetivo era promover o crescimento e a modernização do Brasil, transformando-o em uma potência emergente. A estratégia do governo envolvia o incentivo à industrialização, a expansão da infraestrutura e a abertura ao capital estrangeiro. Médici também buscava criar um mercado consumidor interno robusto, promovendo políticas de crédito e consumo que estimulassem a economia. Embora essas políticas tenham gerado crescimento econômico, elas também resultaram em um aumento da dívida externa e na concentração de riqueza.

Internacionalmente, Médici tinha o objetivo de posicionar o Brasil como uma potência regional na América Latina e como um aliado estratégico dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. O governo buscou fortalecer suas relações com os EUA, alinhando-se com suas políticas de combate ao comunismo na região. Além disso, o Brasil tentou expandir sua influência sobre os países vizinhos, através de acordos comerciais e cooperação militar. A promoção de uma imagem de estabilidade e progresso econômico foi central para a diplomacia brasileira nesse período.

Fatos importantes do Governo Médici

“Pau do Presidente”, monumento que marca o início da construção da Rodovia Transamazônica, ocorrida no Governo Médici.
O início da construção da Rodovia Transamazônica se deu no Governo Médici. [2]

Durante o Governo Médici, ocorreram diversos fatos importantes que moldaram o Brasil na década de 1970. Um dos eventos mais notórios foi a repressão às guerrilhas rurais, como a Guerrilha do Araguaia, que foi brutalmente reprimida pelo Exército. Esse conflito ocorreu na região amazônica e envolveu a perseguição e eliminação de guerrilheiros que se opunham ao regime, resultando em inúmeras mortes e desaparecimentos.

Outro fato relevante foi a realização da Copa do Mundo de 1970, no México, onde a seleção brasileira conquistou o tricampeonato. Esse evento foi amplamente explorado pelo governo como uma vitória nacional, sendo utilizado como símbolo do sucesso do país sob o regime militar. A vitória no futebol serviu para fortalecer o sentimento de orgulho nacional e para desviar a atenção da população dos problemas políticos e sociais.

O início da construção da Transamazônica, uma rodovia que atravessa a Amazônia brasileira, também foi um marco do Governo Médici. Anunciada como parte dos esforços de integração nacional e desenvolvimento da região Norte, a obra foi cercada de controvérsias devido ao seu impacto ambiental, ao deslocamento de populações indígenas e à falta de viabilidade econômica a longo prazo.

Além disso, o Governo Médici ficou marcado pela intensificação das relações com o Paraguai, culminando na assinatura do Tratado de Itaipu, que deu início à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo. Essa obra simbolizava o avanço do projeto de integração energética e econômica da América Latina, mas também suscitou críticas relacionadas aos impactos sociais e ambientais da construção.

Veja também: Governo Geisel — detalhes sobre o governo que sucedeu o Governo Médici

Consequências do Governo Médici

O Governo Médici deixou um legado contraditório que influenciou profundamente o Brasil nas décadas seguintes. A repressão política instaurada durante o seu governo resultou em graves violações de direitos humanos, cujas consequências foram sentidas por décadas, com a perseguição, tortura e desaparecimento de milhares de brasileiros. As feridas abertas por esses atos permanecem presentes na memória coletiva do país, alimentando debates sobre justiça e reparação até os dias atuais.

Na esfera econômica, embora o "Milagre Econômico" tenha gerado crescimento e modernização, ele também trouxe consigo uma série de desequilíbrios. O aumento da dívida externa e a concentração de renda criaram problemas que emergiram nos anos seguintes, culminando na crise econômica dos anos 1980, conhecida como a "década perdida". As políticas de incentivo ao consumo e à industrialização, sem uma base sustentável, revelaram-se insuficientes para enfrentar os desafios estruturais da economia brasileira.

Socialmente, o governo de Médici contribuiu para a intensificação das desigualdades e para o fortalecimento de uma elite econômica que se beneficiou das políticas do regime. A falta de investimentos em áreas essenciais como saúde, educação e habitação perpetuou a exclusão social de amplas camadas da população, criando tensões que explodiram em forma de movimentos sociais nas décadas seguintes.

Por fim, o governo de Médici deixou um impacto duradouro na cultura política brasileira. O uso da propaganda e da censura, juntamente com a repressão brutal, gerou um ambiente de medo e conformismo que dificultou a emergência de uma oposição organizada. Esse legado autoritário continuou a influenciar o comportamento político e a estrutura de poder no Brasil, mesmo após a redemocratização, com reflexos visíveis em práticas políticas e institucionais até os dias atuais.

Créditos de imagem

[1] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CAMPOS, Tiago. Compêndio de História do Brasil – Volume III: República. São Paulo: Cosenza, 2024.

NAPOLITANO, Marcos. História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2011

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Governo Médici"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/general-medici.htm. Acesso em 18 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(UFC-CE) Leia a seguir o trecho de uma canção de Chico Buarque, lançada e proibida em 1978:

“Hoje você é quem manda

Falou, tá falado

Não tem discussão

A minha gente hoje anda

Falando de lado

E olhando pro chão, viu

Você que inventou esse estado

E inventou de inventar

Toda a escuridão

Você que inventou o pecado

Esqueceu-se de inventar

O perdão.”

Identifique nas alternativas abaixo a que corresponde ao contexto da história do Brasil que a canção criticava.

a) O governo de Getúlio Vargas, caracterizado pela centralização e personalização do poder e pela suspensão dos direitos constitucionais.

b) O governo de Médici, que intensificou a repressão aos opositores, tornou a censura ainda mais rígida e manteve o Ato Institucional nº5, que lhe dava poderes para fechar o congresso.

c) O governo de Médici, que, a partir das críticas feitas pela sociedade, foi se encaminhando à abertura democrática.

d) O governo de Castelo Branco e o Ato Institucional nº3, que extinguiu os partidos, acabou com as eleições e reprimiu os movimentos de trabalhadores do campo e da cidade.

e) A Junta Militar, que, para resistir aos ataques dos grupos de extrema esquerda, teve de aumentar o controle sobre os meios de comunicação.

Exercício 2

(UFC-CE) O golpe militar em 1964 foi acompanhado por alterações na organização política do Brasil, como a cassação de direitos políticos, o fechamento de partidos e a censura. A partir de 1969, iniciou-se um período conhecido como “milagre” econômico brasileiro, em que predominaram os investimentos em bens de consumo duráveis, a exportação de manufaturados e a abertura do mercado ao capital estrangeiro. Foi também característica desse modelo econômico:

a) a criação da Companhia Siderúrgica Nacional.

b) o investimento de capitais nas pequenas indústrias.

c) a redução dos salários dos trabalhadores menos qualificados.

d) a extinção do Sistema Financeiro de Habitação.

e) a criação da Sudene.

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