PUBLICIDADE
A Balaiada foi uma revolta popular ocorrida na província do Maranhão, entre 1838 e 1841. Seu nome se referia aos balaios, cestos fabricados na região. As classes menos favorecidas estavam insatisfeitas com a situação precária vivida e não toleravam mais os desmandos dos líderes locais que governavam a província de forma autoritária. Os revoltosos entraram em combate contra as tropas do governo central e foram derrotados. O então coronel Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, liderou as tropas que derrotaram definitivamente a revolta.
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Balaiada
- 2 - Videoaula sobre a Balaiada
- 3 - Antecedentes da Balaiada
- 4 - Objetivos da Balaiada
- 5 - Causas da Balaiada
- 6 - Líderes da Balaiada
- 7 - Revolta da Balaiada
- 8 - Fim e consequências da Balaiada
Resumo sobre a Balaiada
-
Foi uma revolta popular contra as péssimas condições de vida e os desmandos dos governantes da província do Maranhão, entre 1838 e 1840.
-
Seu nome foi uma referência aos cestos fabricados na região do conflito.
-
Os revoltosos entraram em confronto contra as tropas imperiais e foram derrotados por Luís Alves Lima e Silva, futuro duque de Caxias, em 1840.
-
Sua principal consequência foi a garantia da unidade territorial do império brasileiro.
Videoaula sobre a Balaiada
Antecedentes da Balaiada
Com a abdicação do trono do império por dom Pedro I, em 1831, o Brasil foi governado por regentes. O Período Regencial, que se iniciou com a saída do primeiro imperador brasileiro e se encerrou com a coroação de dom Pedro II, em 1840, foi marcado por revoltas provinciais e grande instabilidade, ameaçando a unidade territorial do Brasil. Além dos ideais republicanos rapidamente se espalharem do norte ao sul do império, questões locais motivaram as revoltas nas províncias.
Em 1834, foi publicado o Ato Adicional, que alterava a Constituição de 1824 e concedia às províncias relativa autonomia. As Assembleias provinciais puderam fazer suas leis. Isso provocou disputa de poder local, o que também motivou as revoltas no Período Regencial. No Nordeste, concentrou-se as principais revoltas, e, em muitas delas, a questão social foi uma das pautas das reivindicações dos revoltosos.
A crise socioeconômica atingia a região desde o final do século XVIII, quando a cana-de-açúcar produzida no Brasil não conseguiu superar a concorrência do açúcar produzido pelos holandeses nas Antilhas. O preço do produto produzido nos engenhos nordestinos caiu significativamente, provocando o empobrecimento da população, principalmente os mais pobres.
O algodão norte-americano foi outro concorrente do algodão produzido no Nordeste, arruinando qualquer tentativa de se reerguer a economia nordestina. Sem apoio do Rio de Janeiro, os provincianos, influenciados pelos ideais republicanos, começaram a organizar revoltas contra o governo geral e seus representantes nos comandos das províncias, exigindo melhores condições de vida.
Até a coroação de dom Pedro II, em 1840, com apenas 13 anos de idade, as províncias entrariam em conflitos, ameaçando a unidade do império brasileiro.
Objetivos da Balaiada
Os objetivos da Revolta da Balaiada foram:
-
melhorar as condições de vida da população mais pobre do Maranhão;
-
acabar com as injustiças e as perseguições cometidas pelo governo maranhense.
Causas da Balaiada
Por conta do Ato Adicional de 1834, as províncias tiveram mais autonomia para governar, o que motivou a disputa de poder entre grupos regionais. Quem estava no poder usou de todos os meios autoritários disponíveis para se manter no governo, enquanto os grupos rivais pegaram em armas para assumir o comando provincial. Além disso, os graves problemas sociais enfrentados pela população mais pobre fizeram com que o movimento ganhasse apoio popular.
O Nordeste brasileiro foi diretamente afetado pela crise do açúcar, no final do século XVIII, quando os holandeses se tornaram grandes concorrentes da produção açucareira produzida na região. A descoberta das primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais e Goiás transferiu para o centro-sul da colônia o eixo econômico. Além disso, a capital do Brasil foi transferida de Salvador, na Bahia, para o Rio de Janeiro, ou seja, a sede administrativa da colônia ficou mais distante das províncias nordestinas.
Logo após a independência do Brasil, o algodão se tornou uma atividade econômica de destaque no Nordeste, porém a concorrência da produção algodoeira dos Estados Unidos fez com que o preço do produto brasileiro despencasse no mercado externo. Com a crise do açúcar, a desvalorização do algodão brasileiro aprofundou a crise econômica nas províncias nordestinas, tal como no Maranhão.
A crise econômica veio atrelada à crise social, pois não havia investimentos no Maranhão, o que agravou a desigualdade social bem como a pobreza entre a população mais carente. A publicação do Ato Adicional de 1834 concedeu mais autonomia para as províncias, acirrando as disputas dos grupos sociais pelo poder nos governos provinciais.
-
Bem-te-vis e Conservadores
O poder na província do Maranhão foi dividido em dois grupos:
-
Bem-te-vis: cujo nome foi inspirado no jornal que representava os anseios da população urbana; eram liberais e apoiaram a fase inicial da Balaiada.
-
Conservadores: lutaram contra a revolta.
Os dois grupos entraram em confronto, extrapolando a luta pelo poder para o conflito armado. Além disso, a imprensa se tornou um meio de comunicação importante no Brasil desde as vésperas da sua independência, em 1822. Além das notícias, os jornais se tornaram meio de propagação de ideias republicanas, de críticas ao governo imperial e de censura por parte do imperador. A existência de um grupo maranhense com o nome de um jornal que circulava na época era uma amostra de que a imprensa teve um papel de destaque nas revoltas provinciais.
-
Lei dos Prefeitos
A Lei dos Prefeitos determinava que o governador da província poderia nomear os prefeitos das cidades. Isso gerou revolta porque era um meio de o governador avançar seu poder para o interior provinciano e desbaratar qualquer organização contrária a quem estava no poder. Essa escolha só foi possível por conta do Ato Adicional de 1834, que garantiu maior autonomia para os governos provinciais.
Líderes da Balaiada
Os líderes da Balaiada se destacaram por adotarem táticas de guerrilha durante os conflitos. Como as tropas do governo não tinham conhecimento da região, os ataques empreendidos pelos revoltosos colaboraram na derrota de algumas tropas e no fortalecimento do movimento. Os principais líderes da revolta foram:
-
Raimundo Gomes: vaqueiro conhecido como “Cara Preta”, teve participação no começo da Balaiada, em dezembro de 1838, quando invadiu a cadeia de Vila Manga, no interior do Maranhão, para libertar seu irmão e outras pessoas que estavam presas.
-
Manoel dos Anjos Ferreira: fabricante de balaios, decidiu se vingar do soldado que havia desonrado uma de suas filhas.
-
Cosme Bento de Chagas: negro líder de um quilombo, juntou-se a Manoel dos Anjos Ferreira e outros negros para fazerem a referida vingança.
Revolta da Balaiada
A princípio, o movimento estava concentrado nas classes dominantes, mas, com o agravamento da crise social, os mais pobres aderiram à revolta e se uniram às tropas rebeldes para derrubar o governo provincial. As disputas internas e a participação da população carente acirraram o embate entre os grupos opostos. Além disso, a forma autoritária com que a província do Maranhão era governada motivou o embate armado.
A Balaiada começou em dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes invadiu a cadeia da cidade maranhense de Vila da Manga para libertar seu irmão, acusado de assassinato, e outros presos que cumpriam pena. Os guardas não reagiram ao ataque e aderiram ao movimento. Raimundo procurou mais aliados para formar uma tropa de rebeldes contra o governo provincial. Negros fugidos que moravam nos quilombos seguiram os revoltosos sob a liderança de Cosme Bento, que chefiava um dos quilombos no Maranhão.
Manoel dos Anjos Ferreira era um fabricante de balaios, por isso o nome da revolta, e se revoltou contra um soldado que havia desonrado uma de suas filhas. Determinado a se vingar, Ferreira saiu em busca de apoio por onde passava e organizou um grupo armado que atacava vilas e fazendas da região.
Em 1839, os revoltosos dominaram Vila de Caxias e Vargem Grande, formando uma junta provisória para governar o território conquistado. Apesar das vitórias obtidas no começo da revolta, os balaios começaram a perder força logo após a morte de Manoel dos Anjos Ferreira, alvejado em um dos conflitos contra as tropas imperiais.
Leia mais: Sabinada — revolta provincial que ocorreu em Salvador, entre 1837 e 1838
Fim e consequências da Balaiada
O fim da Balaiada foi decretado após a chegada do coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias. Ele chegou ao Maranhão, em 7 de fevereiro de 1840, com oito mil homens fortemente armados. Caxias derrotou Raimundo Gomes sem muito esforço. Dom Pedro II, recém-coroado imperador do Brasil, decretou a anistia dos rebeldes que se entregassem às tropas imperiais.
Esse ato fez com que mais de 2500 revoltosos se entregassem, enfraquecendo o movimento e ajudando as tropas a derrotarem os últimos focos de combate da Balaiada. Os participantes da revolta foram mortos pelas tropas. Dessa forma, a unidade territorial do império se manteve e a estabilidade política se concretizou.
Crédito de imagem
[1] Commons
Por Carlos César Higa
Professor de História