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O genocídio em Ruanda foi um grande massacre entre abril e julho de 1994. Durante 100 dias, milícias hutus, apoiadas pelo governo ruandês, atacaram a minoria étnica de tutsis, resultando na morte de cerca de 800 mil pessoas, e a maioria delas foi morta com golpes de facão.
O genocídio só foi interrompido quando as forças da Frente Patriótica de Ruanda (FPR) tomaram o controle do país. A comunidade internacional e a ONU foram bastante criticadas por não intervirem no genocídio, permitindo que a violência se estendesse por um longo período.
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre genocídio em Ruanda
- 2 - O que foi o genocídio em Ruanda?
- 3 - Causas do genocídio em Ruanda
- 4 - Como foi o genocídio em Ruanda?
- 5 - Diferenças entre tutsis e hutus
- 6 - Consequências do genocídio em Ruanda
- 7 - ONU e o genocídio em Ruanda
- 8 - Antecedentes históricos do genocídio em Ruanda
Resumo sobre genocídio em Ruanda
- O genocídio em Ruanda foi um massacre de abril a julho de 1994.
- A minoria étnica tutsi foi vítima de ataques violentos promovidos pelos hutus.
- Esse genocídio aconteceu no contexto da Guerra Civil Ruandesa, em curso desde 1990.
- Estima-se que 800 mil pessoas tenham morrido nesse genocídio.
- A ONU foi bastante criticada por não intervir no conflito.
O que foi o genocídio em Ruanda?
O genocídio em Ruanda aconteceu entre os meses de abril e julho de 1994, sendo um grande massacre promovido pela etnia majoritária do país, os hutus. Nesse genocídio, milícias formadas por hutus perseguiram uma etnia minoritária, os tutsis, o que resultou na morte estipulada de 800 mil pessoas em 100 dias.
O genocídio em Ruanda foi resultado da guerra civil em curso no país que dividia as duas etnias desde 1990, e também de um ressentimento étnico com raízes na colonização belga. O genocídio foi muito bem organizado, sendo marcado também pela postura negligente das forças de segurança da ONU, que nada fizeram para impedi-lo.
Causas do genocídio em Ruanda
Entre as causas para o genocídio em Ruanda, estão:
- ressentimento étnico;
- disputa pelo poder;
- a guerra civil em curso;
- negligência da comunidade internacional.
Como foi o genocídio em Ruanda?
O genocídio em Ruanda se iniciou em 7 de abril, um dia depois que o presidente Juvénal Habyarimana morreu, quando o avião em que ele estava a bordo foi atacado em Kigali (capital de Ruanda). As milícias hutus, conhecidas como Interahamve (que significa “aqueles que lutam”), acusaram a Frente Patriótica de Ruanda (FPR) de promover o ataque, dando início ao genocídio.
A FPR negou a autoria do ataque e acusou as milícias hutus de sua autoria a fim de que tivessem uma justificativa para o início do massacre. O genocídio em Ruanda foi muito bem organizado. As milícias hutus receberam listas com nomes de pessoas de etnia tutsi e, com base nessas informações, executaram os assassinatos.
Houve mobilização em todas as partes de Ruanda, e pessoas atacavam os seus próprios vizinhos, maridos atacavam suas esposas, padres atacavam tutsis que procuravam abrigo etc. Bloqueios foram montados em estradas no país, e todos que cruzavam as estradas tinham que apresentar sua documentação.
Em 100 dias de genocídio, cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas, sendo a maior parte com golpes de facão. As milícias hutus recebiam armas e informações do governo, usando ambas para localizar os tutsis e, então, assassiná-los. O genocídio só se encerrou, em julho de 1994, quando a FPR conquistou Kigali e outras cidades do país, derrubando o governo hutu.
Diferenças entre tutsis e hutus
Como mencionado, os historiadores apontam que as diferenças entre tutsis e hutus foram reforçadas durante a colonização belga como forma de estabelecer castas sociais na colônia. Depois que os belgas foram expulsos, a rivalidade aumentou por meio da repressão hutu contra os tutsis.
O discurso de ódio hutu contra os tutsis também foi muito forte a partir da década de 1960, sobretudo na década de 1980. Estações de rádio, um jornal impresso produzido pelo governo ruandês e até canais de televisão foram utilizados para difundir discurso de ódio contra essa etnia.
Consequências do genocídio em Ruanda
Entre as consequências do genocídio em Ruanda, estiveram:
- morte de 800 mil pessoas;
- desestabilização das nações vizinhas, sobretudo a República Democrática do Congo;
- conflitos entre Ruanda e República Democrática do Congo;
- destruição da infraestrutura ruandesa;
- julgamento de pessoas envolvidas com o genocídio etc.
ONU e o genocídio em Ruanda
A atuação da ONU em Ruanda foi bastante criticada por grupos defensores dos Direitos Humanos. Isso porque a ONU tinha forças de segurança no território ruandês, e essas forças não atuaram para impedir ou interromper os massacres em todos os cantos de Ruanda. Anos depois, documentos elaborados pela própria ONU admitiram que a organização foi omissa no país.
Antecedentes históricos do genocídio em Ruanda
A rivalidade entre hutus e tutsis se fortaleceu no período da colonização. Hutus e tutsis já tinham alguma rivalidade desde o século XVIII, mas o domínio belga na região fez com que ela se transformasse em um enorme ressentimento. Os belgas fortaleceram a divisão étnica no país, exigindo que a etnia de cada pessoa fosse mencionada em seu documento de identificação pessoal.
Além disso, os belgas concederam privilégios aos tutsis em relação aos hutus, fazendo com que aqueles estivessem diretamente ligados com as funções da administração colonial. Essa divisão estabelecida pelos belgas tinha como objetivo fragmentar a sociedade local para governar Ruanda por meio de castas sociais.
Depois da independência de Ruanda, em 1962, os hutus chegaram ao poder do país, estabelecendo políticas de marginalização dos tutsis. Milhares de tutsis abandonaram o país devido a casos de violência que sofreram de hutus e se refugiaram em nações vizinhas, como Zaire (atual República Democrática do Congo) e Uganda.
Entre 1962 e 1964, cerca de 300 mil tutsis já haviam abandonado o país, permanecendo no exílio por três décadas. Na década de 1970, Juvénal Habyarimana assumiu o poder de Ruanda via golpe militar, impondo uma ditadura pró-hutu e que manteve a discriminação e a perseguição aos tutsis.
A perseguição aos tutsis prosseguiu na década de 1980, e Ruanda enfrentou uma grave crise econômica. Esse cenário fez com que os tutsis organizassem uma milícia armada em campos de refugiados em Uganda. Assim, surgiu, em 1987, a Frente Patriótica de Ruanda (FPR), com o objetivo de derrubar Habyarimana para que os tutsis refugiados pudessem retornar ao país.
A tensão envolvendo a ditadura de Habyarimana e o FPR aumentou, fazendo com que Ruanda fosse invadida pela Frente. Assim, iniciou-se uma guerra civil no país em 1990, sendo que o genocídio ocorreu no contexto do conflito.
Fontes
BRAECKMAN, Colette. Belgium’s role in Rwandan genocide. Disponível em: https://mondediplo.com/2021/06/11rwanda
MELO, Thiago Rodrigues. de. Ruanda – o holocausto que as Nações Unidas ignoraram. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/9873/1/20076085.pdf
REDAÇÃO. Ruanda: a primeira condenação por genocídio. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/rwanda-the-first-conviction-for-genocide
REDAÇÃO. Entenda o genocídio de Ruanda de 1994: 800 mil mortes em cem dias. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/04/140407_ruanda_genocidio_ms
REDAÇÃO. O genocídio em Ruanda e a atuação internacional. Disponível em: https://sites.ufpe.br/oci/2021/06/07/o-genocidio-em-ruanda-e-a-atuacao-internacional/