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Neocolonialismo

O neocolonialismo é a forma pelo qual ficou conhecido o ciclo colonizador que se iniciou no século XIX, levando à ocupação dos continentes africano e asiático.

Homens sentados em torno de uma grande mesa; no fundo da sala, um mapa do continente africano, alvo do neocolonialismo.
A Conferência de Berlim organizou a ocupação do continente africano pelas nações europeias.
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Neocolonialismo foi o ciclo colonial iniciado pelas nações europeias em meados do século XIX, levando à ocupação e intensa exploração dos continentes africano e asiático. Esse ciclo colonial foi justificado ideologicamente como uma missão civilizatória que levaria os valores do continente europeu para locais “atrasados”.

O surgimento do neocolonialismo, também conhecido como imperialismo, se relaciona com o contexto da Segunda Revolução Industrial. A necessidade por matérias-primas, mercados consumidores e mão de obra barata foram os reais motivos que levaram à ocupação e exploração de novas colônias.

Leia também: Colonização do Brasil — como a Europa explorou o território nacional a partir de 1500

Tópicos deste artigo

Resumo sobre neocolonialismo

  • O neocolonialismo foi o ciclo colonial que levou à ocupação dos continentes africano e asiático a partir do século XIX.

  • As nações europeias justificaram essa colonização com base em uma suposta missão civilizatória.

  • Os reais interesses eram econômicos: a necessidade por matérias-primas, mão de obra barata e mercados consumidores.

  • A ocupação do continente africano foi organizada por meio da Conferência de Berlim, realizada em 1884 e 1885.

  • Na Ásia, os grandes destaques vão para a Índia e China, duas colônias inglesas.

Videoaula sobre neocolonialismo

O que foi o neocolonialismo?

O neocolonialismo é entendido como o ciclo colonial que se iniciou no século XIX, levando as nações europeias a darem início a uma expansão imperialista sobre os continentes africano e asiático. A dominação desses continentes pelas nações europeias se deu em contextos políticos, econômicos e culturais e estendeu-se até meados do século XX.

As principais nações neocolonialistas foram o Reino Unido e França, mas outras importantes potências neocoloniais foram Bélgica, Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Japão e o Império Otomano. O processo de ocupação neocolonialista é também conhecido como imperialismo.

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Contexto e causas do neocolonialismo

O neocolonialismo foi um fenômeno relacionado com o avanço da indústria no século XIX. Nesse período, a Europa passava pela Segunda Revolução Industrial, marcada por um grande desenvolvimento tecnológico. Além disso, esse novo ciclo de desenvolvimento industrial ficou marcado por uma aceleração expressiva da produção.

Esse contexto de desenvolvimento industrial das nações europeias trouxe algumas grandes necessidades. Os países europeus necessitavam de matérias-primas para dar continuidade à produção, e muitas dessas matérias-primas não eram encontradas em quantidades satisfatórias na Europa. Era, portanto, necessário trazê-las de outros locais.

A obtenção dessas matérias-primas deveria ser realizada com mão de obra barata e que não estivesse politicamente organizada em sindicatos, como na Europa. Além disso, a produção acelerada de mercadorias trouxe a necessidade por mercados consumidores, pois a Europa sozinha não conseguia absorver toda a produção industrial. Era necessário obter mais mercados consumidores para essas mercadorias. É nesse cenário que se desenvolveu o neocolonialismo.

A necessidade por matérias-primas, mercados consumidores e mão de obra barata fez com que as potências industriais europeias vissem nos continentes africano e asiático os locais perfeitos para obter tudo isso. Esse avanço colonial foi realizado pelos Estados europeus, mas fortemente influenciado por grandes industriais e grandes banqueiros.

Veja também: Movimentos de resistência ao domínio europeu no continente africano

Construção ideológica do neocolonialismo

Logo que os interesses europeus se voltaram para os continentes europeu e asiático, a presença europeia nesses locais foi aumentando consideravelmente. O neocolonialismo do século XIX desenvolveu um arcabouço ideológico que procurou justificar as ações e as atrocidades cometidas pelos europeus nesses continentes.

Primeiramente, havia um etnocentrismo profundo enraizado nos europeus, e os povos dos continentes africanos e asiáticos eram vistos como ignorantes, inferiores e selvagens, porque não compartilhavam do mesmo modo de vida europeu e porque não possuíam indústrias. Essa posição fez com que os europeus usassem o discurso da “missão civilizatória” como justificativa para o neocolonialismo.

Nessa missão, os europeus levariam a forma de vida europeia para regiões “atrasadas”, estabelecendo um padrão de civilização nesses locais. O discurso religioso se aliou profundamente com a ideia de missão civilizatória, uma vez que levar o cristianismo a povos pagãos foi visto como uma forma de civilizá-los. Inclusive, inúmeras missões religiosas foram usadas como expedições de exploração e mapeamento do interior do continente africano.

Essa ideia de levar a civilização europeia a povos entendidos como atrasados ficou conhecida como “fardo do homem branco”, a ideologia em que o homem europeu possuía o dever de levar seu padrão civilizatório para África e Ásia.

O neocolonialismo também foi fortemente influenciado pelo darwinismo social, uma leitura imprecisa e racista da teoria desenvolvida por Charles Darwin. O darwinismo social estabelecia uma hierarquização entre as sociedades, estabelecendo uma justificativa para que uma sociedade dita mais avançada controlasse outra.

Neocolonialismo na África

O continente africano foi o mais afetado pelo neocolonialismo, e muitos historiadores veem consequências da exploração na África até hoje. A invasão do continente africano por nações europeias ganhou força a partir da segunda metade do século XIX, e ações realizadas pela Bélgica, França e Portugal incentivaram uma corrida pela ocupação do continente.

O auge do ciclo neocolonial na África aconteceu entre 1884 e 1914, mas as nações europeias mantiveram colônias no continente até a década de 1970. A ocupação desordenada do continente africano e os conflitos que isso desencadeou entre as nações europeias levaram à realização de um evento que organizou essa ocupação.

Conferência de Berlim

Realizada entre 1884 e 1885, sob a liderança de Otto von Bismarck, chanceler alemão, essa conferência organizou a ocupação do continente africano, estabeleceu os direitos de navegação no interior dos rios do continente e delimitou as fronteiras sobre os territórios que seriam ocupados pelos europeus. Para saber mais sobre o tema desse tópico, clique aqui.

Resistência dos africanos à exploração europeia

A ocupação do continente africano foi violenta, com destaque para a colonização do Congo Belga, colônia belga que foi responsável pela morte de cerca de 10 milhões de africanos. Muitos povos africanos resistiram ao domínio europeu, mas foram tratados com enorme violência.

Neocolonialismo na Ásia

No continente asiático, destaca-se a ocupação da China, da Índia e do Sudoeste Asiático, onde foi estabelecida a Indochina Francesa. A exploração sobre a Índia, realizada pelos britânicos, foi extremamente violenta, e grandes tragédias aconteceram, como a Grande Fome de Bengala, quando os britânicos deixaram mais de 2 milhões de pessoas morrerem de fome. Para saber mais sobre o tema desse tópico, clique aqui.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Neocolonialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/neocolonialismo.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

(UFG) Leia o texto a seguir:

Por mais que retrocedamos na História, acharemos que a África está sempre fechada no contato com o resto do mundo, é um país criança envolvido na escuridão da noite, aquém da luz da história consciente. O negro representa o homem natural em toda a sua barbárie e violência; para compreendê-lo devemos esquecer todas as representações europeias. Devemos esquecer Deus e as leis morais. HEGEL, Georg W. F. Filosofia de la historia universal. Apud HERNANDEZ, Leila M.G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 20-21. [Adaptado]

O fragmento é um indicador da forma predominante como os europeus observavam o continente africano no século XIX. Essa observação relacionava-se a uma definição sobre a cultura, que se identificava com a ideia de:

a) progresso social, materializado pelas realizações humanas como forma de se opor à natureza.

b) tolerância cívica, verificada no respeito ao contato com o outro, com vistas a manter seus hábitos.

c) autonomia política, expressa na escolha do homem negro por uma vida apartada da comunidade. d) liberdade religiosa, manifesta na relativização dos padrões éticos europeus.

e) respeito às tradições, associado ao reconhecimento do valor do passado para as comunidades locais.

Exercício 2

Podemos dizer que o neocolonialismo, no continente africano, produziu efeitos como:

a) o confronto entre os reinos de Songhai e Mali.

b) o alto desenvolvimento tecnológico de regiões como o Zaire, ou Congo Belga.

c) a exportação do modo de vida africano para a Europa.

d) as Guerras dos Bôeres.

e) a divisão territorial africana de acordo com cada tribo e etnia existente.