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Gradação ou clímax

Também chamada de clímax, a gradação é uma figura de linguagem usada para intensificar uma ideia usando palavras em uma ordem específica.

Escrito “gradação” em uma imagem com efeito gradiente em alusão à figura de linguagem gradação, conhecida também como clímax.
A gradação é uma figura de linguagem que cria um efeito de intensificação do discurso por meio do uso de palavras com ideias mais (ou menos) intensas.
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Gradação ou clímax é uma figura de linguagem que envolve a intensificação de uma ideia por meio do uso de palavras relacionadas a esse conceito. Como clímax é a forma mais comum de gradação, é o seu tipo mais conhecido e também outra forma de se referir a ela. Além de clímax, existem outros dois tipos de gradação: anticlímax e concatenação.

Leia também: Antítese — a figura de linguagem que usa termos opostos para intensificar o sentido de uma ideia no discurso

Tópicos deste artigo

Resumo sobre gradação

  • A gradação é uma figura de linguagem. Mais especificamente, é uma figura de pensamento.

  • A outra forma como ela é chamada, clímax, é um dos tipos de gradação.

  • Os tipos de gradação são: clímax, anticlímax e concatenação.

  • O clímax ocorre quando há uso de palavras que intensificam gradualmente uma ideia no enunciado.

  • O anticlímax ocorre quando a sequência de palavras parte da ideia mais intensa para a mais branda ou menos intensa.

  • A concatenação ocorre quando a sequência no enunciado é feita repetindo a palavra anterior.

O que é gradação?

A gradação é uma figura de linguagem, sendo classificada mais especificamente como uma figura de pensamento por criar efeito de sentido no texto por meio de um conceito, uma ideia expressa por determinadas palavras.

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Qual é o efeito criado pela gradação?

A gradação intensifica o sentido de uma ideia por meio do uso de palavras relacionadas a esse conceito, de modo que essa ideia fique cada vez mais intensa no enunciado. Observe no exemplo a seguir:

Eu sempre achei você uma pessoa jeitosa, bonita, linda, deslumbrante...

Perceba como a ideia de beleza expressa no enunciado torna-se mais intensa com a enumeração que ocorre ao se posicionarem as palavras “jeitosa”, “bonita”, “linda”, “deslumbrante”, uma após a outra, transmitindo uma mensagem cada vez mais forte.

Agora, veja este tweet da cantora Rita Lee, que viralizou nas redes há muito tempo:

Tweet da cantora Rita Lee com exemplo de gradação.
Rita Lee / Twitter (reprodução)

Nele, ocorrem dois tipos de gradação. A primeira é descendente, quando se passa de uma ideia mais intensa para uma menos intensa; no caso, a redução no bem-estar:

Tô jóóia!!! - tô ótima.. - tô bem.... - ok, tô mais ou menos…

A segunda é ascendente, quando se passa da ideia menos intensa para a mais intensa; no caso, a intensificação do mal-estar:

ok, tô mais ou menos... - é, num tô legal... - tô maus... - EU TÔ PÉÉÉSSIMAAAAHHH

Quais são os tipos de gradação ou clímax?

Há alguns tipos de gradação: o clímax, o anticlímax e a concatenação.

Clímax (ou gradação ascendente/crescente)

O clímax, também chamado gradação ascendente/crescente, dispõe as palavras em sentido de mais brando para mais intenso, tornando o sentido do enunciado mais forte. Veja no exemplo a seguir:

O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário. (Olavo Bilac — 1865-1918)

Nesse caso, vemos a intensificação da ideia de como o primeiro milhão pode instigar a gula do milionário: a sequência entre os verbos “excita”, “acirra” e “assanha”, tornando esse sentimento muito mais acentuado.

Veja mais um exemplo a seguir:

Ó não guardes, que a madura idade / te converta essa flor, essa beleza / em terra, em cinzas, em , em sombra, em nada. (Gregório de Matos — 1636-1696)

Nesse trecho, vemos como a gradação intensifica a ideia de decomposição e desmaterialização do ser, passando de “terra” para “cinzas” e “pó”, seguido de “sombra” e, por fim, “nada”.

Anticlímax (ou gradação descendente/decrescente)

O anticlímax, também chamado gradação descendente/decrescente, dispõe as palavras em sentido de mais intenso para mais brando, atenuando o sentido do enunciado, fazendo com que fique mais suave. Veja no exemplo a seguir:

Vangloriava-se por aí, mas mal conseguia estabelecer ordem em seu bairro, sua casa, seu quarto.

Nesse exemplo, nota-se uma gradação descendente por meio das palavras “bairro”, “casa”, “quarto”.

Veja mais um exemplo a seguir:

Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo […]. (Machado de Assis — 1839-1908)

Aqui, nota-se um anticlímax nas motivações para se falar algo, decaindo da “veneração” para a “estima”, passando pelo “afeto” e finalizando em “cumprir um dever amargo”, que é uma motivação menos forte do que as outras.

Concatenação (ou epíploce)

A concatenação, também chamada epíploce, é um tipo específico de gradação em que ocorre um tipo de entrelaçamento. Nela, logo após um enunciado, vem outro para intensificar o sentido do anterior, mas repetindo um elemento do anterior para reforçar a ligação entre esses enunciados. Veja no exemplo a seguir:

Das intemperanças do comer, por mais que o tempere a gula, nascem as cruezas; das cruezas, a confusão e discórdia dos humores; dos humores discordes e descompostos, as doenças; e das doenças, a morte. (Padre Antônio Vieira — 1608-1697)

Nesse sermão de Padre Antônio Vieira, nota-se como a gradação é feita intensificando a gravidade e a impureza dos conceitos: intemperanças do comer – cruezas – discórdia dos humores – doenças – morte. Porém, em cada novo enunciado, retoma-se o elemento anterior, repetindo-o. Aí, tem-se o efeito da concatenação.

Veja também: Eufemismo — a figura de linguagem usada para tornar o enunciado mais brando ou agradável

Exercícios resolvidos sobre gradação ou clímax

Questão 1

(Vunesp — adaptado) Leia a crônica “Beijos”, de Ivan Angelo, para responder à questão.

Crônica “Beijos”, de Ivan Angelo, em uma questão da Vunesp sobre gradação ou clímax.

A gradação é um recurso de linguagem caracterizado pela exposição de ideias por meio de uma sequência de palavras ou expressões, cuja progressividade pode dar maior ou menor intensidade à situação narrada.

Na crônica, um exemplo de gradação encontra-se no trecho:

A) Uma sensação imersa na ambiguidade: aquilo podia ser uma coisa benfazeja e ao mesmo tempo podia ser pecado.

B) Só a melhor amiga ficava sabendo; irmãos, nem pensar; pai, mãe – jamais.

C) Como resultante desse clima, surgiu um atalho, verdadeiro ataque de guerrilha: o beijo roubado.

D) Mas existe uma diferença tênue entre naturalidade e exibicionismo.

E) Encontrei uma pesquisa mostrando que o beijo é a carícia preferida pelos brasileiros.

Resolução:

Alternativa B.

A ideia de progressão está na sequência que se inicia com “ficava sabendo”, segue com “nem pensar” e finaliza com “jamais”.

Questão 2

(Cesgranrio)

 Parte 1 do texto “Bate-papo é telepatia”, de Arnaldo Bloch, presente em uma questão da Cesgranrio sobre gradação ou clímax.

 Parte 2 do texto “Bate-papo é telepatia”, de Arnaldo Bloch, presente em uma questão da Cesgranrio sobre gradação ou clímax.

Dentre os trechos transcritos abaixo, qual deles apresenta, no texto, uma gradação decrescente?

A) “em visitas e encontros de corpo e voz presentes” (L.3)

B) “dias, semanas, meses” (L.11-12)

C) “uma palavra, uma sílaba, um sinal de interjeição” (L.17-18)

D) “em grande escala, trazendo toda uma nova gama de esferas informacionais” (L.22-23)

E) “inicia-se, interrompe-se, termina-se ou continua-se uma conversa” (L.27-29)

Resolução:

Alternativa C.

Em “palavra”, “sílaba” e “sinal de interjeição”, nota-se que a ideia passa de mais comunicativo para menos comunicativo. A alternativa B traz a gradação crescente ao tornar maior o tempo de espera (“dias, semanas, meses”).

 

Por Guilherme Viana
Professor de Português

Escritor do artigo
Escrito por: Guilherme Viana Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

VIANA, Guilherme. "Gradação ou clímax"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/gradacao-ou-climax.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

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