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Os terremotos no Haiti acontecem em função de o país estar localizado em uma área de elevada instabilidade tectônica. Além do encontro de diversas placas, duas extensas zonas de falha se estendem ao norte e ao sul do Haiti, e a sua movimentação pode dar origem a intensos tremores de terra.
A destruição de infraestrutura urbana, casas e edifícios assim como a morte de pessoas e os inúmeros feridos e desabrigados são algumas das consequências dos terremotos. O Haiti, entretanto, enfrenta até hoje as consequências de sismos que ocorreram há, pelo menos, uma década.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre terremotos no Haiti
- 2 - Por que ocorrem os terremotos no Haiti?
- 3 - Consequências dos terremotos no Haiti
- 4 - Os maiores terremotos no Haiti
Resumo sobre terremotos no Haiti
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A maioria dos terremotos no Haiti tem origem nas duas zonas de falha que formam as bordas da microplaca de Gonâve. Essa falhas são denominadas Setentrional e Enriquillo-Plantain Garden.
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Os terremotos têm consequências imediatas e de longo prazo. As primeiras são a destruição de casas e da infraestrutura urbana, além de deixar pessoas mortas, feridas e desabrigadas. No longo prazo isso pode aprofundar a desigualdade social e econômica no país, além de desencadear crises.
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O Haiti sofreu um terremoto de 7.2 graus na escala Richter em 2021 que deixou, ao menos, 2100 pessoas mortas e centenas de desabrigados.
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Um dos piores terremotos a acometerem o Haiti ocorreu em 2010, e deixou 300 mil mortos, dezenas de milhares de feridos e mais de 1,5 milhão de desabrigados.
Por que ocorrem os terremotos no Haiti?
Os terremotos são tremores de terra ocasionados pela intensa liberação de energia no interior da Terra; podem levar ao deslizamento ou ao choque de placas tectônicas, e até mesmo ao seu rompimento, gerando, assim, as falhas. A acomodação e a movimentação de falhas são igualmente apontadas como causas de tremores pelos mesmos motivos. Dessa forma, países localizados nas proximidades das bordas de placas tectônicas ou áreas de extensos falhamentos estão suscetíveis à ocorrência desses fenômenos, assim como outros fenômenos associados a eles, como os maremotos.
O território do Haiti está situado na ilha de Hispaniola em conjunto com a República Dominicana. Essa ilha se encontra integralmente sobre a placa do Caribe, que faz contato com outras três placas: Norte-Americana, Sul-Americana e de Cocos. Trata-se, portanto, de uma região de elevada instabilidade tectônica.
Soma-se a isso duas extensas zonas de falha que se impõem sobre a ilha onde fica o Haiti e também bordejam o norte do país. A primeira delas ocorre na porção centro-sul da Hispaniola e passa pela capital haitiana, Porto Príncipe, e recebe o nome de falha de Enriquillo-Plantain Garden. A segunda, pela localização, é chamada falha Setentrional. Ambas integram um sistema que originou a microplaca de Gonâve, uma subdivisão da placa caribenha, e atuam como bordas dessa estrutura menor.
A maioria dos grandes terremotos que ocorreram no Haiti até hoje teve origem nas tensões liberadas nas zonas de falha.
Veja também: Causas e consequências do terremoto de Fukushima de 2011
Consequências dos terremotos no Haiti
Os países atingidos por terremotos podem sofrer consequências devastadoras com efeitos imediatos e no longo prazo, como é o caso do Haiti. Um agravante para o país caribenho é o seu elevado índice de pobreza e a infraestrutura precária, que potencializam os efeitos destruidores dos sismos, sobretudo aqueles de alta intensidade na escala Richter, como os dois mais recentes, de 2010 e 2021.
A consequência imediata e de curto prazo é a destruição de construções e da infraestrutura urbana, como ruas, rodovias e redes de eletricidade, abastecimento de água e de comunicação. No tremor de 2010, até mesmo o Palácio Nacional do Haiti, onde vive o presidente, foi parcialmente destruído. Muitas casas e edificações têm a sua estrutura bastante fragilizada, e podem vir a desmoronar mesmo após o terremoto.
A queda de casas e edifícios traz consigo uma enorme quantidade de pessoas feridas e mortas, que podem chegar à cifra das centenas de milhares, como aconteceu em janeiro de 2010. O grande número de indivíduos que necessitam de pronto atendimento após os tremores causa a superlotação de hospitais, e nem todos conseguem os cuidados imediatos.
Os terremotos no Haiti possuem, ainda, consequências de longa data, que se tornam problemas sociais, econômicos e infraestruturais cumulativos e que se agravam a cada novo desastre natural (terremotos, maremotos ou furacões) ou crise política sofrida pelo país caribenho. O principal exemplo é o terremoto que aconteceu em 2010, e seus efeitos se refletem até hoje.
A devastação causada pelo tremor aprofundou os níveis de desigualdade social e econômica no país. Aqueles que não tinham condições de comprar ou construir um imóvel seguro acabaram se deslocando para áreas precárias onde é pouco ou nulo o acesso ao saneamento, à água potável e à energia elétrica.|1| De acordo com a National Geographic, antigos assentamentos para os desabrigados construídos com materiais como lonas e placas de madeira acabaram se tornando residências permanentes.
Existem ainda inúmeros edifícios que não foram reconstruídos, e uma profunda crise política interrompeu a ajuda que vinha do exterior. O tremor levou também ao fechamento de empresas, negócios locais e diversos estabelecimentos, conforme indica a reportagem da National Geographic, o que ampliou de escala com uma crise econômica que se sucedeu nos anos posteriores.
A Unicef|2| destaca que principalmente a população mais pobre vive, até hoje, como consequência do terremoto de 2010, problemas como:
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agravamento da insegurança alimentar;
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desnutrição;
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epidemia de cólera e outras doenças transmitidas pela água;
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aumento da sua fragilidade e insegurança diante da ocorrência de novos desastres naturais.
Os maiores terremotos no Haiti
A história haitiana é marcada por terremotos de grandes proporções, os quais deixaram para trás um imenso rastro de destruição. O mais recente deles aconteceu no dia 14 de agosto de 2021.
O terremoto de 2021 foi um dos mais fortes a atingir o país, tendo registrado 7.2 graus na escala Richter. Seu hipocentro (ponto de origem no interior da crosta terrestre) estava localizado a 10 km de profundidade, com epicentro situado 13 km a sudoeste da comuna de Petit Trou de Nippes, que fica na região oeste do país e, aproximadamente, a 125 km da capital, Porto Príncipe. Os dados são do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, sigla em inglês). De acordo com o USGS, o que causou o sismo foi uma movimentação na falha de Enriquillo-Plantain Garden.
Os tremores de terra foram sentidos por toda a ilha de Hispaniola, o que inclui a República Dominicana, e também em países próximos como Jamaica, Cuba e Porto Rico, colocando diretamente sob risco aproximadamente um milhão de pessoas, de acordo com a estimativa do USGS.
Estima-se que esse terremoto vitimou 2189 pessoas no Haiti, deixando outras 12 mil feridas e 32 pessoas desaparecidas.|3| Uma réplica desse terremoto, que é um tipo de tremor de menor intensidade subsequente, atingiu o país no dia 19 de agosto e registrou 4,9 na escala Richter, afetando áreas do norte haitiano.
Cerca de 11 anos antes desse sismo, um terremoto de 7 graus na escala Richter ocorreu no Haiti, mais especificamente em 12 de janeiro de 2010. Ele se originou em apenas 13 km de profundidade, e seu epicentro estava situado 25 km a sudeste da capital haitiana, e também se originou por meio de um movimento na falha de Enriquillo.
Todas essas características o transformaram em um dos mais mortais terremotos a atingirem o Haiti, causando a morte de mais de 300 mil pessoas. Outras centenas de milhares de pessoas ficaram feridas, e aproximadamente 1,5 milhão de pessoas perderam as suas casas.
Para termos uma ideia do poder de destruição desse sismo, de acordo com a National Geographic, em um curto intervalo de 35 segundos, mais de 100 mil prédios foram destruídos. Prédios governamentais e ligados à administração pública, incluindo o palácio presidencial, escolas e hospitais foram também destruídos ou comprometidos pelos tremores.
Uma grande onda de apoio internacional foi mobilizada, com ações que incluíram outros países, como o Brasil, as Nações Unidas, a Unicef e agentes privados. Como apontamos, o Haiti sofre ainda hoje com as consequências causadas por esse terremoto.
Outros grandes terremotos que ocorreram no Haiti foram os seguintes:
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1860, em Porto Príncipe, também de magnitude 7.0 como os terremotos de 2010, tendo sido acompanhado de tsunami.
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1842, em Cabo Haitiano, no norte do país. Registrou 8.1 de magnitude e foi seguido de um tsunami. No total, aproximadamente 5300 pessoas morreram pelos efeitos diretos ou indiretos dos tremores.
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1770, em Porto Príncipe, com magnitude de 7.5, vitimando cerca de 200 pessoas na capital haitiana.
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1751, em Porto Príncipe, de magnitude superior a 7 graus e acompanhado de tsunami. Houve um grande raio de destruição, e diz-se que os grandes deslizamentos de terra provocaram a mudança no curso de alguns rios.
Notas
|1| CHARLES, Jacqueline. Dez anos após ser devastado por terremoto, Haiti ainda vive em cenário desolador. National Geographic, 05 nov. 2021. Disponível aqui.
|2| NESBITT, Christine; MIKS, Jason. The Haiti earthquake: 10 years later. Unicef, 10 jan. 2020. Disponível aqui.
|3| G1. Número de mortos por terremoto no Haiti passa de 2100; país registra novo abalo. G1, 19 ago. 2021. Disponível aqui.
Crédito das imagens
[1] arindambanerjee / Shutterstock
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia