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A globalização econômica é um processo que faz parte da globalização e que se intensificou a partir da segunda metade do século XX. Essa face da globalização é caracterizada pela integração da economia mundial por meio das cadeias de produção global, das empresas transnacionais e dos fluxos cada vez mais intensos de capitais, serviços e mercadorias entre os diferentes territórios. A globalização econômica é marcada, ainda, pelo advento do capitalismo financeiro e pela difusão das ideias neoliberais pelo mundo, com a ascensão do mercado enquanto importante agente econômico.
Como todos os fenômenos que resultam em transformações em âmbito mundial, a globalização econômica apresenta vantagens como a dinamização da economia e a ampliação das escalas de produção. No entanto, pontos como o aprofundamento das desigualdades socioeconômicas contam como uma desvantagem desse processo.
Leia também: Globalização — detalhes sobre o fenômeno de integração do espaço geográfico mundial
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a globalização econômica
- 2 - O que é globalização econômica?
- 3 - Características da globalização econômica
- 4 - Globalização econômica e neoliberalismo
- 5 - Vantagens da globalização econômica
- 6 - Desvantagens da globalização econômica
- 7 - Origem da globalização econômica
- 8 - Globalização cultural
- 9 - Exercícios resolvidos sobre a globalização econômica
Resumo sobre a globalização econômica
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Globalização econômica é definida pela integração da economia mundial, com o surgimento de novos agentes econômicos, novas formas de produção e uma nova fase do capitalismo.
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Tem como principais características a multiplicação das empresas transnacionais, o surgimento de cadeias produtivas globais, o maior fluxo de capitais, serviços e mercadorias pelo espaço mundial, e o advento do capitalismo financeiro.
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O mercado financeiro e as grandes empresas são, portanto, dois dos principais agentes da globalização econômica.
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Com ela, a atividade dos blocos econômicos (como Mercosul, União Europeia e Nafta) e das entidades intergovernamentais (como Banco Mundial e FMI) é ampliada.
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Está diretamente relacionada com a maior difusão da teoria neoliberal, que defende, entre outros pontos, a menor participação do Estado na economia.
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A maior integração da economia, a circulação de mercadorias e serviços em maior escala e a dinamização da produção são algumas das suas vantagens.
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A ampliação das desigualdades socioeconômicas e a degradação do meio ambiente são algumas das suas desvantagens.
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A globalização econômica é um dos tipos de globalização, e pode ser compreendida também com base no seu aspecto cultural.
O que é globalização econômica?
A globalização econômica é uma das faces do fenômeno da globalização, que se intensificou a partir da segunda metade do século XX. Pode ser compreendida, ainda, como sendo um tipo de globalização.
A globalização econômica é definida pela integração da economia global. Esse é um processo que se realiza constantemente sobre e com base em um espaço geográfico cada vez mais mundializado por meio das novas tecnologias da informação e da comunicação, que resultam no surgimento de novos modelos de produção, novos agentes econômicos e, principalmente, de uma nova fase da atual forma de acumulação capitalista. Com a globalização econômica, surge, portanto, o capitalismo financeiro, chamado também de capitalismo monopolista.
Características da globalização econômica
A integração da economia internacional, base da globalização econômica, processo que anda lado a lado com a integração do espaço mundial, tem como uma de suas principais características a modernização dos sistemas de produção e da maneira como acontece a acumulação de capitais. Tais transformações são resultantes do aperfeiçoamento técnico e científico que caracteriza a atual fase da globalização. Esse aperfeiçoamento atingiu, principalmente, os setores de comunicação e de transportes.
Com isso, facilitou-se o que chamamos de desintegração vertical das cadeias produtivas locais, bem como a consequente formação de cadeias produtivas globais, com a desconcentração territorial das etapas de produção e a sua expansão horizontal para outros estados e países. Nesse contexto, surgem também aqueles que podemos considerar um dos, se não o principal agente da globalização econômica: as empresas transnacionais.
Outras características fundamentais para entendermos em que consiste a globalização econômica são as seguintes:
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Reordenamento do espaço econômico mundial, com o advento de uma nova divisão internacional do trabalho (DIT).
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Flexibilização do trânsito de mercadorias e de serviços entre diferentes territórios.
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Aceleração da produção em escala mundial, que acontece em conjunto com o aumento da demanda por mercadorias e serviços.
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Intensificação do fluxo de capitais, na forma de investimentos ou de maneira direta, e de mercadorias em escala global, o que denota uma maior quantidade de conexões entre agentes econômicos e entre territórios.
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Expansão da presença das empresas transnacionais em todo o mundo.
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Surgimento de outro importante agente econômico: o mercado financeiro, que marca o advento do capitalismo financeiro (ou monopolista).
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Multiplicação dos blocos econômicos e aumento da escala de atuação daqueles já existentes, promovendo maior integração entre diferentes economias nacionais por meio do comércio, de parcerias ou alianças econômicas e dos investimentos diretos.
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Maior presença internacional dos organismos multilaterais e das instituições financeiras na mediação das relações econômicas entre Estados, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
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Padronização das mercadorias e dos bens de consumo, o que regula, também, a produção. Por conseguinte, acontece o que se chama de massificação do consumo.
→ Exemplos de globalização econômica
Existem inúmeros aspectos da economia internacional que configuram reflexos da globalização econômica. Um dos mais presentes, e que nem sempre é citado como tal, é o uso do dólar nas principais transações econômicas realizadas entre países e entre agentes econômicos. Atualmente essa é a moeda do sistema econômico mundial, usada na compra e venda de ações, na comercialização e negociação de commodities nas bolsas de valores, no estabelecimento de fundos de reservas, e em investimentos estrangeiros diretos.
A produção de um único aparelho celular, feita em diferentes etapas, que acontecem em diferentes territórios, é outro exemplo de globalização econômica. Nesse caso, a matéria-prima necessária para a fabricação da bateria é obtida de determinado país, geralmente subdesenvolvido ou emergente; enquanto as telas são produzidas em um segundo país; os semicondutores, que vão no interior dos chips dos aparelhos, são feitos em um terceiro, e assim sucessivamente.
A negociação dos preços de matérias-primas, que recebem a denominação de commodities, em bolsas de valores tendo como base o dólar é, também, resultado da globalização econômica, assim como a expansão das multinacionais e a multiplicação das holdings.
Acesse também: Quarta Revolução Industrial — a atual fase da Revolução Industrial
Globalização econômica e neoliberalismo
O neoliberalismo é uma teoria socioeconômica que surgiu na primeira metade do século XX, quando o fenômeno da globalização ainda caminhava a passos lentos, de acordo com a tecnologia e as demandas da época. Entretanto, com a modernização tecnológica e o advento de novos meios de comunicação e de transporte, a globalização econômica se intensificou, e junto dela os ideais e as práticas defendidos pelos teóricos e economistas neoliberais.
Na globalização econômica, o mercado se coloca enquanto uma das principais entidades atuantes no espaço mundial, muitas vezes se sobrepondo ao papel do Estado, ou então fazendo com que este fique dependente das escolhas e das ações mercadológicas. As grandes empresas multinacionais tornaram o cenário muito mais competitivo, ao mesmo tempo que os produtos e os serviços a serem usufruídos ficaram a cargo do indivíduo.
Além disso, essas empresas e as suas respectivas mercadorias ou produtos, bem como o capital, passaram a se deslocar por um espaço com menos restrições, ampliando, assim, o seu escopo de atuação para quase o mundo inteiro. No entanto, é sempre importante lembrar que essa junção entre a globalização e o neoliberalismo resultou tanto em aspectos positivos quanto em aspectos negativos, especialmente quando se analisa do ponto de vista dos países subdesenvolvidos. Para saber mais sobre o neoliberalismo, clique aqui.
Vantagens da globalização econômica
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Possibilidade de acesso a um maior número de serviços e de bens por parte da população.
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Ampliação do mercado de consumo, que adquire escala internacional.
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A escala de atuação dos agentes econômicos passa a ser, também, global.
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Maior circulação de capitais e de mercadorias no espaço econômico mundial.
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Dinamização da produção e maior emprego de tecnologia no processo produtivo, com aumento da eficácia das cadeias produtivas.
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Multiplicação das cadeias produtivas globais e, também, das empresas multinacionais.
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Modernização dos serviços financeiros e bancários que são de uso da população em geral e dos agentes econômicos, facilitando transações.
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Criação de novos postos de trabalho em setores como de tecnologia da informação e da comunicação e no ramo financeiro.
Desvantagens da globalização econômica
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Massificação e padronização do consumo nos diferentes países.
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Ampliação do desemprego em função da automatização de funções e da necessidade de mão de obra com maior grau de qualificação para trabalhar nos novos postos criados.
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Poucas empresas exercendo domínio sobre diferentes áreas de produção, tornando a concorrência cada vez mais complexa.
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As dimensões que as crises econômicas e financeiras atingem são maiores, haja vista a maior integração da economia internacional.
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A degradação do meio ambiente acontece em ritmo mais acelerado, especialmente quando se considera a exploração de recursos naturais para serem usados como matéria-prima.
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Aprofundamento das desigualdades socioeconômicas entre a população e entre diferentes territórios, com a exclusão dos países subdesenvolvidos dos principais mercados internacionais e dos investimentos de capitais.
→ Globalização econômica e exclusão
Uma das principais desvantagens da globalização econômica reside na acentuação das desigualdades socieconômicas e na exclusão de parte da sociedade desse processo. Ao passo que a acumulação de riquezas ganha uma escala cada vez mais ampla, as diferenças entre a parcela mais rica e a mais pobre da população se aprofundam.
A parcela empobrecida da população fica à margem do processo de globalização econômica, tanto por questões estruturais quanto por fatores próprios do fenômeno, como a eliminação de postos de trabalho, a exploração da mão de obra e o encarecimento dos custos de vida, o que abrange serviços básicos, mercadorias essenciais e lazer.
Pensando em economias nacionais, os países subdesenvolvidos também acabam excluídos dos ganhos que a globalização econômica representou para as nações desenvolvidas principalmente. Na divisão internacional do trabalho, os países subdesenvolvidos são vistos como áreas que oferecem vantagens locacionais no sentido de fornecerem matérias-primas e mão de obra mais barata para a extração desses recursos. No entanto, eles não são inseridos nos principais circuitos da economia global, e operam à margem da globalização.
Origem da globalização econômica
A globalização econômica surgiu em conjunto com o fenômeno da globalização, já que se trata de processos indissociáveis. Na realidade, a globalização econômica é uma das faces da globalização, que teve origem ainda no século XV, com as Grandes Navegações, e se tornou um fenômeno verdadeiramente mundial mediante o avanço da ciência e da tecnologia vivenciado a partir da segunda metade do século XX, com o advento do meio técnico-científico-informacional.
Datam desse mesmo período a expansão das multinacionais e a financeirização da economia, que concretizam o fenômeno da globalização econômica.
Globalização cultural
A globalização cultural é o processo de integração cultural do espaço por meio dos signos culturais, o que acontece por conta da maior difusão de informações graças às novas tecnologias e, ainda, ao aumento da circulação de pessoas entre diferentes territórios. Com isso, há a maior troca entre indivíduos, ao mesmo tempo que eles passam a adquirir hábitos de consumo e culturais cada vez mais semelhantes.
Por conta do papel hegemônico de algumas nações, entretanto, a globalização cultural representa, também, a massificação dos produtos culturais e a padronização do consumo. Esse aspecto é mais perceptível no campo do entretenimento, como por meio dos filmes, das séries e das músicas que são consumidos globalmente.
Veja também: Indústria cultural — mecanismo comercial que fomenta o consumo massificado de bens artísticos e culturais em geral
Exercícios resolvidos sobre a globalização econômica
Questão 1
(Uece) Os novos sistemas técnicos de comunicação e transporte de pessoas e mercadorias, bem como as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação (NTCIs) e as novas articulações em redes, cada vez mais dinâmicas, têm mudado profundamente a cara da ‘geografia econômica’ do final do século XX e início do XXI, tornando a economia global mais articulada e mais fluida.
No que diz respeito a essa discussão, é verdadeiro afirmar que:
A) a configuração geográfica das empresas em rede, fluidas e dinâmicas, coloca-se como uma representação da aplicabilidade das novas tecnologias às mudanças organizacionais da produção e do consumo.
B) o regime flexível do teletrabalho não tem contribuído para a nova dinâmica econômica do capitalismo financeirizado e informacional do final do século XX e início do século XXI.
C) em função da dominância financeira do novo regime de acumulação capitalista, a rigidez dos sistemas técnico-informacionais tem desacelerado as trocas econômicas entre as nações capitalistas.
D) os novos sistemas de regulação entre território, política e economia estimulam a concentração e a centralização do capital bancário, industrial e comercial em mercados nacionais fechados.
Resolução:
Alternativa A
Em função das novas tecnologias que surgiram a partir da segunda metade do século XX, e que proporcionaram o surgimento do capitalismo financeiro e informacional, as empresas passaram a se organizar em cadeias globais de produção. Dito de outro modo, formaram-se enormes redes dinâmicas por meio das quais há um fluxo intenso de capitais, serviços e mercadorias, sendo elas fruto das inovações técnicas da globalização.
Questão 2
(Uema)
O sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro Globalização: as consequências humanas, afirma que a “globalização” tem sido apresentada como o destino irremediável do mundo, mas que, no fenômeno da globalização, há mais coisas do que pode o olho apreender, pois o fenômeno da globalização tanto divide como une.
Fonte: BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. (adaptado)
Essa crítica do autor é, também, expressa em outras linguagens como na charge abaixo.
Com base na charge e nas ideias de Zygmunt Bauman, pode-se afirmar que o fenômeno da globalização:
A) seleciona povos, países e setores que serão inseridos no processo, determinando a forma da inserção.
B) uniformiza todos os países e atinge a todos da mesma maneira, sem distinção de etnia, credo e ideologia.
C) distribui igualmente entre povos e países os produtos advindos do desenvolvimento econômico e tecnológico.
D) transforma as nações em uma só, criando uma verdadeira aldeia global, na qual todos os povos são iguais.
E) padroniza o mundo social, cultural, política e economicamente, reduzindo as desigualdades entre as nações.
Resolução:
Alternativa A
A charge e as ideias de Zygmunt Bauman (1925-2017) evidenciam o caráter excludente da globalização, especialmente quando consideramos a globalização econômica. Com isso, uma parcela da população e os países subdesenvolvidos têm tratamento diferenciado nesse processo.
Crédito de imagem
Fontes
HABESBAERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem mundial. São Paulo: UNESP, 2006, 160p.
IANNI, Octavio. Globalização e neoliberalismo. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 12, n. 2, abr.-jun. 1998. Disponível em: http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/index.php.
LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016, 3 ed. 289p.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2011. 20ª ed. 174p.
SANTOS, Milton. Técnica, Espaço, Tempo: Globalização e Meio Técnico-científico-informacional. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013. 5 ed., 1 reimp. 176p.