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Dolinas são depressões circulares que se formam na superfície associadas ao processo de intemperismo químico sobre rochas carbonáticas. As dolinas são classificadas como exocarste, uma vez que são formas superficiais que integram os sistemas de carste. Elas podem ter origem no afundamento lento da área em função da ação contínua da água, gerando as dolinas de subsidência ou de dissolução, ou ainda pelo desmoronamento do teto de cavernas, o que resulta nas dolinas de colapso. Um exemplo de dolina no Brasil é o Buraco das Araras, no estado do Mato Grosso do Sul, considerada a maior do país e da América Latina.
Leia também: Montanha — uma forma de relevo que se caracteriza pela elevada altitude
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre dolina
- 2 - Formação da dolina
- 3 - Características da dolina
- 4 - Quais são os tipos de dolina?
- 5 - Dolina no Brasil
- 6 - Quais são as maiores dolinas do mundo?
Resumo sobre dolina
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Dolinas são formas superficiais de relevo cárstico (exocarste) geradas pela ação da água sobre rochas carbonáticas.
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Correspondem a depressões na superfície dos terrenos.
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Apresentam formato circular e profundidade característica, com tamanho variável.
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Podem desempenhar a função de sumidouro de rios ou dar origem a lagos.
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São classificadas de acordo com o processo de formação em dolina de dissolução e dolina de colapso.
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Buraco das Araras é o nome da maior dolina do Brasil. Ela fica localizada na cidade de Jardim, no estado do Mato Grosso do Sul.
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Xiaozhai Tiankeng, na cidade de Chongqing, na China, é a maior dolina do mundo.
Formação da dolina
As dolinas são formadas pela ação da água sobre rochas com duas características específicas.
Uma dessas características da rocha é a alta permeabilidade, o que permite a entrada e o movimento da água por sua estrutura. Nesse sentido, rochas porosas ou com fraturas são aquelas em que há maior possibilidade de penetração da água. Outra característica é a solubilidade pela água, o que pode ser descrito como uma rocha suscetível ao processo de intemperismo químico.
Rochas carbonáticas são os principais tipos de rocha em que essas propriedades estão presentes e, portanto, sobre as quais as dolinas são formadas. Dentre as rochas carbonáticas sobre as quais as dolinas se formam estão calcários, dolomitos e mármores.
Como veremos adiante, a dissolução da rocha de subsuperfície provoca um afundamento na superfície e dá origem a depressões no terreno, que são as dolinas. Esse afundamento pode acontecer lentamente ou de forma abrupta, como no caso do desmoronamento do teto de uma caverna. A continuidade no processo de subsidência pode fazer com que duas dolinas ou mais se juntem, resultando na formação de uma uvala.
O que vimos até aqui foi o processo natural de formação das dolinas, mas as dolinas também podem ser formadas devido a ações antrópicas. A ampliação das redes de infraestrutura nas áreas urbanizadas pode, também, dar origem a estruturas semelhantes ao que conhecemos como dolinas de colapso, consequência da remoção da sustentação do solo e/ou do asfalto. Nesse caso, o processo não acontece, necessariamente, sobre rochas ou sobre rochas carbonáticas e é consequência direta da ação humana sobre o meio.
Características da dolina
Dolinas são feições de relevo associadas a um sistema de carste. Por se formarem na superfície, são classificadas como exocarste. As dolinas podem ser descritas como depressões (formas de relevo rebaixadas em relação às áreas que as limitam) de tamanho variado que apresentam formato circular e determinada profundidade, que lhes conferem aspecto cônico.|1|
As chuvas constantes podem fazer com que as áreas de dolina se transformem em lagos. No caso da presença de cursos d’água, as dolinas desempenham a função de sumidouro, uma vez que a água do rio penetra no solo e na rocha subjacente, podendo dar origem a rios subterrâneos que ressurgem em outros pontos da paisagem ou, ainda, aquíferos.
Quais são os tipos de dolina?
As dolinas podem ser classificadas de acordo com o seu processo de formação em:
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Dolina de dissolução (ou dolina de subsidência): formada à medida que a água infiltra nas fraturas da rocha, atuando na sua dissolução, o que leva a um movimento lento de afundamento ou subsidência da superfície do terreno. Esse é o processo mais comum de formação das dolinas.
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Dolina de colapso: formada de maneira repentina, as dolinas de colapso são o resultado do desmoronamento do teto de cavernas ou do alívio de pressão que ocorre no interior da rocha quando, por exemplo, há o rebaixamento do nível do lençol freático e a água se desloca em profundidade, criando assim uma zona vazada e fazendo com que a porção superior da rocha perca a sua sustentação e desabe.
Veja também: Qual a diferença entre intemperismo e erosão?
Dolina no Brasil
As dolinas presentes no Brasil estão localizadas nas áreas onde há a presença de rochas carbonáticas. De acordo com o geólogo e professor Ivo Karmann, da Universidade de São Paulo (USP), as estruturas de carste formadas sobre essas rochas representam apenas 3% do território nacional.
As principais áreas onde se formou o relevo cárstico e onde, portanto, é possível observar a formação de dolinas|2| são as seguintes:
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estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o leste do estado de Goiás;
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estado do Paraná e as regiões leste e sul do estado de São Paulo;
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centro e parte do oeste do estado da Bahia;
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nordeste do estado de Minas Gerais e parte do estado do Tocantins.
A maior dolina do Brasil e da América do Sul é conhecida como Buraco das Araras e fica localizada na cidade de Jardim, no estado do Mato Grosso do Sul. Essa dolina possui 500 metros de diâmetro e 100 metros de profundidade e foi formada há cerca de 200 mil anos por meio da dissolução do calcário que estava na base daquela região e do consequente desmoronamento do topo arenítico.
Grandes dolinas são também encontradas na Chapada Diamantina (Bahia), no Parque Estadual de Terra Ronca (Goiás) e na Gruta do Centenário (Minas Gerais).
Quais são as maiores dolinas do mundo?
Confira uma lista com algumas das maiores dolinas do mundo:
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Xiaozhai Tiankeng, na cidade de Chongqing (China), com 660 metros de profundidade;
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Sótano de las Golondrinas, na cidade de Aquismón (México), com 512 metros de profundidade;
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Minye, nas montanhas de Nakanai, na Papua-Nova Guiné, com 510 metros de profundidade;
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Zacatón, na cidade de Aldama (México), com 319 metros de profundidade;
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Devil's Sinkhole, na cidade do Texas (Estados Unidos), com 290 metros de profundidade.
Notas
|1| e |2| KARMANN, Ivo. Água: ciclo e ação geológica. In: TEIXEIRA, Wilson.; FAIRCHILD, Thomas Rich.; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fabio. (Orgs.) Decifrando a Terra. São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional, 2009, 2ª ed. P. 186-209.
Crédito de imagem
[1] Schorle / Wikimedia Commons (reprodução)
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia