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Lendas e personagens do folclore brasileiro são elementos culturais que ocupam o imaginário dos habitantes de diversas regiões do Brasil. Essas histórias acerca de seres sobrenaturais fazem parte da nossa cultura há séculos. Existem várias lendas e personagens folclóricos no Brasil, como o boitatá, o boto-cor-de-rosa, o caboclo d’água, o curupira, a iara, a vitória-régia, a mula sem cabeça, o negrinho do pastoreio, o saci e a cidade encantada em Jericoacoara.
Leia também: Folclore brasileiro — o conjunto de manifestações que fazem parte da cultura popular brasileira
Tópicos deste artigo
- 1 - 1. Boitatá
- 2 - 2. Boto-cor-de-rosa
- 3 - 3. Caboclo d’água
- 4 - 4. Curupira
- 5 - 5. Iara
- 6 - 6. Vitória-régia
- 7 - 7. Mula sem cabeça
- 8 - 8. Negrinho do pastoreio
- 9 - 9. Saci
- 10 - 10. A cidade encantada em Jericoacoara
- 11 - Outras lendas do folclore brasileiro
1. Boitatá
Lenda indígena, o boitatá é uma serpente brilhante. Ele é mais um protetor da floresta, cuida da fauna e da flora. Ele engana o agressor do meio ambiente e se metamorfoseia em um tronco em chamas. Por fim, pode queimar o inimigo da floresta. Aquele que sobrevive e tem o azar de olhar nos olhos da entidade, fica cego.
A cobra de fogo, por onde passa, ilumina a floresta. O boitatá é uma lenda antiga. Os primeiros registros sobre a sua existência foram feitos no século XVI. Uma das versões da lenda diz que o boitatá era uma cobra grande que, depois de comer olhos de muitos animais, adquiriu um forte brilho. Para saber mais sobre essa lenda, clique aqui.
2. Boto-cor-de-rosa
Essa lenda do Norte do Brasil diz que, durante o período de festas juninas, o boto-cor-de-rosa se transforma em um homem muito bonito que está sempre de chapéu, já que suas narinas de boto ficam no topo de sua cabeça.
Ao encontrar uma mulher que acha atraente, ele a seduz e a engravida. Depois disso, ela nunca mais volta a ver o pai da criança. Por isso, quando alguma jovem engravida durante essas festas e não se sabe quem é o pai de seu filho, as pessoas dizem que é filho do boto. Assim, todo homem bonito que aparece de chapéu acaba sendo alvo da desconfiança geral. Para saber mais sobre a lenda do boto-cor-de-rosa, clique aqui.
3. Caboclo d’água
De origem mineira, essa lenda diz que o caboclo-d’água é uma criatura grande, da cor de cobre, com cabelos compridos e pretos. Mora no fundo do Rio São Francisco. Ele agarra pessoas em canoas e as leva para o fundo do rio, onde as devora. Ele vira canoas, assusta pescadores e protege os peixes.
Reza a lenda que, para afastar esse ser assustador, é preciso espetar uma faca no fundo da canoa. No entanto, há casos de pessoas que ficaram amigas do caboclo-d’água, que até as cumprimenta quando as vê passar em uma embarcação. Fato é que, no norte de Minas, são muitas as pessoas que juram ter visto o tal caboclo-d’água.
4. Curupira
Lenda indígena, o curupira é uma criatura que tem a função de proteger a floresta, suas árvores e seus animais, sendo descrito de maneiras diferentes no decorrer dos séculos. Afinal, no século XVI, já havia referências a esse ser lendário. As características mais conhecidas do curupira são: aparência de um menino indígena, com o corpo coberto de pelos e os pés virados para trás.
Desse modo, ele confunde seus perseguidores, já que suas pegadas indicam o caminho errado. Assim, o curupira é inimigo dos caçadores e dos lenhadores. Para saber mais sobre essa lenda, clique aqui.
5. Iara
Lenda originária do Norte do país, a iara é uma sereia de água doce. Ela vive, portanto, no fundo dos rios. É uma linda indígena com longos cabelos pretos. No entanto, da cintura para baixo, possui forma de peixe. Costuma tomar sol nas pedras do rio durante as tardes. E tem o poder de seduzir os homens com o seu canto mágico. Dessa forma, a iara leva os homens que seduz para o fundo do rio, e eles nunca mais voltam. Para saber mais sobre a lenda da iara, clique aqui.
6. Vitória-régia
Essa lenda do Norte do Brasil diz que a indígena Naiá se apaixonou pela Lua (Jaci). Periodicamente, Jaci descia e escolhia uma virgem para ser uma estrela e lhe fazer companhia, e Naiá queria muito virar estrela para ficar junto de Jaci. Por isso, ela dizia “não” para todos os seus pretendentes. Durante a noite, vivia com os olhos postos no céu, apaixonada por Jaci.
A jovem até adoeceu de tanta tristeza, já que Jaci parecia não se importar com ela. Uma noite, estava perto de um rio e viu o reflexo da Lua na água. Para tocar a Lua, pulou na água e acabou morrendo afogada.
Jaci então se compadeceu da jovem indígena e a transformou em uma flor, a vitória-régia, a estrela das águas. Por isso, a vitória-régia apenas se abre durante as noites de luar. Para saber mais sobre a lenda da vitória-régia, clique aqui.
7. Mula sem cabeça
A mula sem cabeça é uma entidade que costuma fazer sua aparição perto das igrejas. Outra forma de ver esse personagem do folclore brasileiro é passar correndo diante de uma cruz quando for meia-noite. Diz a lenda que a mula sem cabeça é uma mulher que foi castigada por ter um relacionamento amoroso com um padre.
Quando é madrugada de quinta para sexta-feira, ela vai até uma encruzilhada, onde se transforma nesse ser assustador. Há quem diga que a mula tem cabeça e lança fogo pelas ventas. E se você tiver o azar de encontrar com esse personagem lendário, tem que se deitar de bruços e ocultar as unhas e os dentes. Só assim vai sobreviver. Para saber mais sobre a lenda da mula sem cabeça, clique aqui.
8. Negrinho do pastoreio
Essa lenda originária do Sul do Brasil conta a história de um cruel fazendeiro que maltratava os negros escravizados. Durante um duro inverno, ele ordenou que um menino negro, de 14 anos, pastoreasse alguns cavalos. Quando o menino voltou do trabalho, o fazendeiro percebeu que faltava um dos cavalos.
O menino então foi chicoteado até sangrar. E o fazendeiro ainda exigiu que o garoto encontrasse o cavalo perdido. O menino foi em busca do animal. Encontrou o cavalo, mas o bicho se desvencilhou do laço e fugiu novamente. Ao saber do ocorrido, o fazendeiro bateu bastante no garoto. Tirou a roupa do menino e o amarrou sobre um formigueiro.
No dia seguinte, quando foi verificar o resultado de sua maldade, o fazendeiro ficou surpreso. Acompanhado da Virgem Maria, o menino estava intacto e curado de todas as feridas. Então o fazendeiro se ajoelhou, pedindo perdão, mas o menino não respondeu, apenas montou no cavalo perdido e se foi. Para saber mais sobre a lenda do negrinho do pastoreio, clique aqui.
9. Saci
Surgida no século XVIII, a lenda faz referência a um menino negro, de carapuça vermelha, que fuma sempre um cachimbo e tem uma perna só. Esse personagem folclórico, às vezes, é descrito como travesso, às vezes, como malévolo. É a carapuça vermelha que lhe dá poderes sobrenaturais.
Pererê é o saci de cor preta. Trique é o saci moreno. Saçurá é o saci de olhos vermelhos. Assim, essa entidade folclórica gosta de infernizar as pessoas. Esconde coisas, perturba os animais e faz outras diabruras. Pode ser encontrado também nos redemoinhos. Dizem que se alguém jogar uma peneira ou um rosário ali, pode aprisionar o saci.
10. A cidade encantada em Jericoacoara
Essa lenda do Nordeste do Brasil fala de uma cidade mágica que fica debaixo do Morro do Farol, na cidade cearense de Jericoacoara. Nesse reino encantado, vive uma belíssima princesa. A entrada fica em uma caverna, onde é possível encontrar um portão de ferro. Contudo, quem conseguir ultrapassar o portão, vai se deparar com uma serpente dourada.
É a princesa, que conserva os pés e a cabeça de mulher. A maldição dela acaba quando houver um sacrifício humano diante do portão. O sangue deve ser usado para fazer uma cruz sobre a serpente, que terá assim o encanto desfeito. Nesse dia, a cidade ficará visível para todos. E o homem que acabar com o encantamento, vai se casar com a bela princesa e usufruir de suas riquezas.
Outras lendas do folclore brasileiro
Lenda |
História |
Surgimento da noite |
De origem indígena, explica como a noite acordou na origem do mundo, quando havia apenas o dia. |
Boiuna |
De origem indígena, fala de boiuna, a cobra grande, senhora do rio onde habita. |
Zaoris |
Originária do Sul do Brasil, afirma que os zaoris (crianças nascidas na Sexta-Feira Santa) podem ver no escuro ou através da pedra, madeira ou ferro. |
Pirarucu |
Originária do Norte do Brasil, diz que o peixe pirarucu era um indígena da tribo dos uaiás, um guerreiro de má índole, transformado em peixe por Tupã. |
Mito do Sol |
De origem indígena, explica que o Sol era um indígena que, ao ver o urucu fervente, bebeu o líquido vermelho, e foi ficando vermelho também. Assim, acabou subindo ao céu e passou a iluminar e aquecer o planeta. |
Mandioca |
Originária do Norte do Brasil, diz que uma indígena foi expulsa da tribo por engravidar de um desconhecido. Sozinha, deu à luz uma menina muito branca chamada Mani, que morreu com apenas três anos de idade. Do lugar onde foi enterrada, nasceu uma planta com raízes brancas, que serviu de alimento para os indígenas. |
Guaraná |
Originária do Norte do Brasil, conta que um casal de indígenas pediu um filho a Tupã. Depois que o menino nasceu, foi vítima da inveja do deus Jurupari, que o matou. A mãe então, por ordem de Tupã, plantou os olhos do filho, e dali nasceu o guaraná. |
|
Lenda importada de Portugal, a cuca é uma bruxa que tem a aparência de um jacaré (originalmente, um dragão). Ela sequestra crianças desobedientes. |
Anhangá |
Lenda de origem indígena, anhangá é um espírito que toma a forma de um veado de cor branca, o qual protege os animais da floresta. |
Fontes
ALVES, Maria José de Castro; PEREIRA, Maria Antonieta (coord.). Lendas e mitos do Brasil. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2007.
ARAÚJO, Denise Felipe Carvalho de; LIMA, Edivania Ferreira. A contribuição do folclore nas aulas de literatura infantil. 2005. TCC (Graduação em Pedagogia) – Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2005.
FRITZEN, Vanessa. Mitos indígenas em Macunaíma, de Mário de Andrade. Revista do Curso de Letras da Uniabeu, Nilópolis, v. 4, n. 3, maio/ ago. 2013.
LEONARDELI, Poliana Bernabé. A cultura popular na narrativa infantil de Monteiro Lobato. Caderno Seminal Digital, v. 35, n. 35, jul./ dez. 2020.
LUCAS, Eduardo (org.). Lendas brasileiras: boitatá. Vitória: Música na Rede, 2020.
NETO, Eraldo Medeiros Costa; SANTOS-FITA, Dídac; AGUIAR, Leonardo Matheus Pereira. Curupira e Caipora: o papel dos seres elementais como guardiões da natureza. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, v. 18, n. 1, 2023.
SOUZA, Flavio de. Nove monstros perigosos, poderosos, fabulosos do Brasil: Lendas folclóricas brasileiras. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2015.