Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Caipora

A caipora é uma personagem do folclore brasileiro. A lenda narra sobre um ser em forma de índia possuindo baixa estatura e cabelos vermelhos que atua como protetora dos animais.

Na lenda, a caipora habita o interior da floresta, protegendo os animais de caçadores.
Na lenda, a caipora habita o interior da floresta, protegendo os animais de caçadores.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

A caipora é uma personagem do folclore brasileiro. A lenda fala sobre uma índia de baixa estatura que reside no interior da floresta e atua como protetora dos animais, sobretudo aqueles que são alvo de caçadores. Ela pode trazer má sorte ou até mesmo aterrorizar os caçadores como forma de proteção aos animais que habitam a floresta.

Veja também: Boto-cor-de-rosa — lenda tradicional no norte do Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre caipora

  • A caipora é uma personagem de lenda do folclore brasileiro.

  • É um ser que habita a floresta e protege animais dos caçadores.

  • Existem relatos de cronistas do século XVI que apontam a possibilidade de que essa lenda já existia nesse período.

  • Alguns entendem a lenda da caipora como uma variação da lenda do curupira.

  • A caipora possui diferentes versões no território brasileiro.

  • Existem lendas na América do Sul que se parecem com a lenda da caipora.

Quem é a caipora?

A caipora é uma personagem do folclore brasileiro. Sua lenda fala de um ser, entendido por alguns estudiosos como uma espécie de duende, que habita as florestas brasileiras. A residência da caipora é literalmente o interior do mato, nos locais de difícil acesso, onde a mata é densa. É tradicionalmente conhecida como protetora dos animais alvo de caçadores.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A lenda conta que a caipora atua na proteção de animais como a capivara e a cotia, que são intensamente caçados. Sua ação se dá contra os caçadores que matam mais animais do que podem comer, trazendo má sorte àqueles e os amedrontando. Cronistas relatam que a lenda da caipora causava grande temor nos indígenas.

O nome caipora é uma variação que surgiu de caapora, o nome original desse ser, que, traduzido do tupi, significa “habitante do mato”. Esse vocábulo pode ter sido registrado por viajantes europeus no século XVI. Existem notas de cronistas que apontam para a existência de um ser folclórico chamado kaagerre, e a tradução dessa expressão é a mesma de caapora.

Ilustração da personagem folclórica curupira na floresta.
Estudiosos apontam que a lenda da caipora pode ser uma derivação da lenda do curupira.

Entretanto, existe uma observação importante a ser realizada acerca da lenda da caipora, que é o fato de que essa lenda é vista por alguns estudiosos como uma variação da lenda do curupira. A partir dessa variação, o curupira ficou representado como um guardião da floresta, enquanto a caipora ficou representada como uma guardiã dos animais.

Os indígenas temiam a caipora e, por isso, usavam tochas para se locomover nas florestas durante a noite, pois isso garantiria a proteção contra animais perigosos, mas também evitaria a aproximação da caipora. Isso porque acreditava-se que ela temia a claridade. Por fim, há aqueles que afirmam que a caipora em sua forma de índia era uma grande apreciadora de fumo e cachaça.

Acesse também: Corpo-seco — a lenda do morto-vivo condenado a aterrorizar as pessoas

Diferentes versões da caipora

A lenda da caipora está presente em todo o território brasileiro, portanto, é natural que a história apresente variações. Assim, a caipora adquire diferentes formas e atributos de acordo com a região brasileira em questão.

Uma versão conhecida apresenta a caipora como uma índia de baixa estatura, mas bastante forte. A caipora teria grandes cabelos, sendo que em algumas versões seus eles são de cor avermelhada. Ela teria o corpo com muitos pelos e usaria roupas indígenas. Em algumas regiões, há aqueles que acreditam que a caipora mantém relações sexuais com homens, exigindo deles fidelidade eterna. Os que traem a confiança dela são mortos.

Em algumas versões, a caipora montaria um porco-do-mato e ressuscitaria animais durante sua função de protegê-los de caçadores. Já outras versões afirmam que caipora, na verdade, seria um índio baixo e forte que monta um porco-do-mato. Outras variações retratam caipora não como um índio de baixa estatura, mas sim como um índio gigante.

O folclorista Luís da Câmara Cascudo aponta para o fato de que existem lendas bem parecidas com a da caipora em outros países da América do Sul|1|. Em alguns lugares da Argentina, Paraguai e Uruguai, caipora é um índio velho e gigante que vive em regiões de montanha. Outras variações o apresentam com o poder de assumir a forma de um cão ou de um porco.

O autor ainda aponta que na Argentina e no Chile, existem duas lendas que possuem muitos elementos que se aproximam da lenda brasileira|1|. Na Argentina, se trata da lenda de Yastay, ser que defende os animais de caçadores. No Chile, se trata da lenda do Anchimallen, um anão protetor dos animais.

Por fim, existe até mesmo uma associação da caipora com o fato de a pessoa estar com azar. Isso porque a perseguição da caipora aos caçadores era vista como o motivo de seu infortúnio na caça. Assim, quando uma pessoa vive uma maré de azar, alguns podem dizer que essa pessoa “está com a caipora”.

Notas

|1| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Caipora"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/caipora.htm. Acesso em 18 de novembro de 2024.

De estudante para estudante