PUBLICIDADE
As drogas K, também conhecidas como K2, K4, K9 ou spice (do inglês, especiaria), são substâncias sintéticas desenvolvidas com o intuito de reproduzir os efeitos terapêuticos do tetrahidrocanabinol (THC) presente na maconha. Apesar do termo "maconha sintética" ser atribuído a essas drogas, as drogas K não compartilham os mesmos compostos da maconha, e são centenas de vezes mais potentes.
O uso dessas substâncias pode resultar em alterações graves da consciência, incluindo psicose, crises de ansiedade, convulsões e comportamento violento. Além disso, são associadas a riscos cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral, podendo levar a complicações fatais.
Leia também: Cigarro eletrônico faz mal à saúde?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre drogas K
- 2 - O que são as drogas K?
- 3 - Como surgiram as drogas K?
- 4 - Quais são as drogas K?
- 5 - Formas de uso das drogas K
- 6 - Quais são os efeitos das drogas K no corpo humano?
- 7 - Drogas K e “maconha sintética” são a mesma coisa?
- 8 - Riscos do uso das drogas K
Resumo sobre drogas K
-
As drogas K, também conhecidas como K2, K4, K9 ou spice, formam um grupo de substâncias desenvolvidas em laboratório com capacidade de se ligarem aos receptores canabinoides.
-
Essas substâncias foram desenvolvidas com o intuito de sintetizar um composto semelhante ao THC, mas de forma a eliminar os efeitos psicotrópicos e preservar possíveis aplicações terapêuticas.
-
As diferentes nomenclaturas referem-se à mesma droga, variando na forma em que cada uma é comercializada e nas substâncias associadas à forma sintética.
-
Fumar é a forma mais comum de administração.
-
As drogas K agem como agonistas totais dos receptores canabinoides, proporcionando uma ligação mais intensa do que os componentes naturais da maconha.
-
Seu uso está associado a efeitos adversos, como confusão mental, náuseas, aumento da ansiedade, comportamento violento, convulsões e potenciais riscos cardiovasculares.
-
Atualmente, as drogas K se tornaram uma importante questão de saúde pública.
O que são as drogas K?
As drogas K compõem um grupo de substâncias desenvolvidas em laboratório e conhecidas como canabinoides sintéticos por se ligarem com alta afinidade aos receptores canabinoides (CB1 e CB2) presentes no sistema nervoso central e periférico. Esses receptores são os mesmos aos quais os canabinoides presentes na maconha (Cannabis sativa) se conectam.
Os canabinoides sintéticos são uma classe dentro de um conjunto maior de substâncias denominadas “novas substâncias psicoativas”. Até o momento, mais de 300 canabinoides sintéticos foram identificados globalmente, e sua comercialização no mercado ilegal cresce anualmente.
A venda dessas substâncias é realizada como um entorpecente potente, tornando-se uma preocupação para autoridades de saúde e segurança pública devido aos graves danos causados aos usuários. Além disso, a facilidade em manipular fórmulas químicas em laboratórios permite que uma simples modificação na substância gere um entorpecente novo com efeitos ainda mais graves ou desconhecidos.
Como surgiram as drogas K?
As células do sistema nervoso central e periférico possuem receptores conhecidos como receptores canabinoides, constituindo o sistema endocanabinoide. Esses receptores interagem com endocanabinoides, neurotransmissores produzidos pelo próprio organismo, como a anandamida, que atuam na regulação do humor e do comportamento emocional. Esses receptores também se conectam aos fitocanabinoides presentes na maconha.
Quando ligadas a esses receptores, essas moléculas induzem modificações na percepção e na sensação de relaxamento, resultando em variações de ansiedade, lentificação do pensamento e empobrecimento da resposta aos estímulos ambientais a depender de cada indivíduo e do tipo de maconha. Além disso, alguns usuários podem enfrentar dificuldades de concentração e experimentar paranoias.
Com base nesse sistema de chave-fechadura entre molécula e receptor do sistema endocanabinoide, as drogas K foram inicialmente desenvolvidas e estudadas na década de 1990 com o intuito de serem utilizadas como tratamento para diversas doenças, como as dores crônicas. O objetivo era sintetizar os principais componentes da maconha, como o THC, minimizando ou eliminando os seus efeitos psicotrópicos, mas preservando possíveis aplicações terapêuticas.
Com o tempo, essas substâncias migraram para o mercado ilegal, sendo utilizadas como drogas ilícitas. A data exata de chegada da maconha sintética ao Brasil é difícil de determinar, pois sua fácil modificação em laboratório dificulta a identificação. Notícias de apreensões datam desde 2018 em presídios, com um aumento significativo nos últimos anos.
Veja também: Anfetaminas — drogas sintéticas que fazem o cérebro trabalhar mais depressa
Quais são as drogas K?
As drogas K também são conhecidas como K2, K9, K4 ou spice. Cada termo está ligado principalmente à forma de apresentação da droga para consumo e às outras substâncias associadas à droga sintética produzida em laboratório. A K2 foi disponibilizada em 2004 e é considerada a primeira versão. Ela é geralmente comercializada por meio da pulverização em erva ou na forma líquida, assemelhando-se a um odorizador de ambiente.
Posteriormente, surgiram a K4 e a K9, vendidas em selos para dissolução sublingual ou em líquido para borrifar em papéis ou outras drogas como maconha e cocaína. A combinação do uso da K9 com a maconha é uma associação que pode ter contribuído para o apelido de "supermaconha" devido à potencialização dos efeitos no organismo.
Formas de uso das drogas K
A comercialização dessas substâncias ocorre de diversas maneiras, geralmente sendo pulverizadas sobre ervas secas, outras plantas ou pedaços de papel. Os usuários costumam utilizar essa mistura em cachimbos ou cigarros para fumar, mas outras vias de administração como oral, pulmonar (via vaporização) e retal já foram reportadas.
Quais são os efeitos das drogas K no corpo humano?
Ainda são necessários mais estudos para compreender de forma abrangente os efeitos das drogas K no organismo. Sabe-se que os usuários experimentam um estado profundo de alteração da consciência, acompanhado por intenso prazer e relaxamento, seguido geralmente por:
-
confusão mental;
-
náuseas;
-
vômitos;
-
aumento da ansiedade;
-
taquicardia;
-
falta de coordenação motora;
-
psicose.
Esses efeitos podem resultar em um estado semelhante ao de um "zumbi", levando o indivíduo a perder a noção de si. A duração dos efeitos dos canabinoides sintéticos varia de uma a seis horas, dependendo da formulação utilizada.
Saiba mais: Quais são os sintomas de uma overdose?
Drogas K e “maconha sintética” são a mesma coisa?
O termo "maconha sintética" tem sido associado às drogas K, apesar de não compartilharem as mesmas substâncias, como o THC, presente na maconha. Da mesma forma, a maconha não contém os compostos encontrados nas drogas K. A utilização desse termo contribui para uma falsa associação com a maconha terapêutica, gerando a ilusão incorreta de que as drogas K são inofensivas.
Ademais, as drogas K são centenas de vezes mais potentes do que a maconha, resultado de seu comportamento como agonista total do receptor CB, o que as leva a estabelecer uma ligação intensa. Em contrapartida, o THC e os endocanabinoides são agonistas parciais dos receptores CB1, conectando-se com menor afinidade.
Essa diferença de afinidade de ligação faz com que os seus efeitos no organismo sejam muito mais intensos em comparação aos neurotransmissores naturais do corpo ou à maconha.
Riscos do uso das drogas K
Existem poucos estudos de longo prazo que investigam os efeitos tóxicos das drogas K em comparação com outras substâncias, como a cocaína e o crack. Contudo, sabe-se que essa nova droga é altamente viciante e pode desencadear quadros psiquiátricos graves, como:
-
psicose;
-
crises de ansiedade e pânico;
-
convulsões;
-
alucinações;
-
comportamento violento.
Além disso, o consumo das drogas K pode resultar em
-
hipertensão arterial;
-
taquicardia;
-
infarto agudo do miocárdio;
-
insuficiência renal;
-
acidente vascular cerebral;
-
overdose.
Geralmente, as mortes associadas às drogas K ocorrem por problemas cardiovasculares, como infarto ou AVC.
Fontes
ANTONIOU, T. & JUURLINK, D.N. 2014. Synthetic cannabinoids. CMAJ. 186(3): 210.
BIERNATH, A. “Maconha sintética”: quais os efeitos das drogas K no organismo? In: BBC News Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/crgmznzdnmmo
O que são as Drogas K e como agem no organismo. Produção: Mariana Neves. Imagens: Jorge Calhau. Edição: Bruna Mozer e Patrícia Lauretti. Campinas: TV Unicamp, 2023. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yKVWKE9D0X8
WALSH, K.B.; ANDERSEN, H.K. Molecular Pharmacology of Synthetic Cannabinoids: Delineating CB1 Receptor-Mediated Cell Signaling. Int J Mol Sci, 2020. 21(17): 6115.