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CADASIL

CADASIL é uma doença autossômica dominante que afeta as paredes musculares das pequenas artérias do cérebro. Ela é resultado de mutações no gene NOTCH3.

Ilustração de um gene, que pode ser o gene NOTCH3, cujas mutações ocasionam a CADASIL.
CADASIL é uma doença que ocorre devido a mutações no gene NOTCH3.
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CADASIL é uma doença genética rara que afeta as paredes musculares das pequenas artérias que fornecem sangue ao cérebro. O acrônimo CADASIL significa arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia. A doença é resultado de mutações no gene NOTCH3.

Entre os sintomas mais proeminentes estão a presença de enxaqueca com aura, distúrbios psiquiátricos e ocorrência de acidentes vasculares cerebrais isquêmicos. Com o tempo, a maioria das pessoas afetadas pela CADASIL torna-se acamada e desenvolve demência. Infelizmente, não há cura para a doença. O tratamento consiste em controlar fatores que possam agravar ainda mais as pequenas artérias, reduzir os sintomas e fornecer suporte emocional e aconselhamento para as pessoas afetadas e seus familiares.

Leia também: Doença de Tay-Sachs — uma herança autossômica recessiva degenerativa

Tópicos deste artigo

Resumo sobre CADASIL

  • CADASIL é uma doença genética rara que afeta as pequenas artérias cerebrais.
  • CADASIL é um acrônimo para arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia.
  • A doença é causada por mutações no NOTCH3, um gene responsável por conter as informações necessárias para a produção de uma proteína expressa nas células musculares lisas nas paredes das pequenas artérias.
  • A idade de início, sintomas e progressão da CADASIL variam entre os indivíduos afetados.
  • Os principais sintomas incluem enxaqueca com aura, acidentes vasculares cerebrais isquêmicos, distúrbios psiquiátricos e declínio cognitivo.
  • A maioria das pessoas desenvolve demência com o tempo, e a expectativa de vida dos indivíduos afetados pela doença é reduzida.
  • O diagnóstico envolve exames de ressonância magnética e testes genéticos, além de análise do histórico familiar do paciente.
  • Não há cura para a doença, e o tratamento visa manejar os sintomas e controlar fatores de risco que possam afetar as pequenas artérias, como diabetes e tabagismo.

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O que é a CADASIL?

CADASIL é uma doença genética rara que afeta as pequenas artérias da substância branca do cérebro. O termo foi utilizado pela primeira vez em 1993 e constitui um acrônimo em inglês que significa:

  • Cerebral (cerebral): relacionada ao cérebro.
  • Autosomal (autossômica): refere-se à herança autossômica, onde os genes estão localizados nos cromossomos não sexuais.
  • Dominant (dominante): representa a forma de herança na qual apenas uma cópia anormal de um gene é necessária para o desenvolvimento de um distúrbio.
  • Arteriopathy (arteriopatia): indica uma doença que ocorre nas artérias.
  • Subcortical (subcortical): relacionada a áreas específicas do cérebro supridas por pequenos vasos sanguíneos profundos.
  • Infarcts (infartos): refere-se à perda de tecido no cérebro causada pela falta de fluxo sanguíneo, que ocorre quando a circulação através das pequenas artérias é severamente reduzida ou interrompida.
  • Leukoencephalopathy (leucoencefalopatia): representa lesões na substância branca do cérebro causadas pela doença e observadas em ressonâncias magnéticas.

Em português, a tradução completa do acrônimo é: arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia. A CADASIL também é conhecida como demência hereditária multi-infarto.

A CADASIL afeta igualmente homens e mulheres e é encontrada em todo o mundo. No entanto, a dificuldade no diagnóstico da doença dificulta a determinação da sua real prevalência na população em geral. Estimativas apontam que o distúrbio ocorre em aproximadamente 2 a 5 em cada 100.000 pessoas.

Causas da CADASIL

A CADASIL ocorre principalmente devido a herança autossômica dominante. Dessa forma, na maioria dos casos, a pessoa afetada tem um dos pais com a doença. Entretanto, em casos raros, o distúrbio pode aparecer devido a uma mutação genética espontânea que ocorre por razões desconhecidas.

Isso ocorre devido a mutações no gene NOTCH3, responsável por conter as informações necessárias para a produção da proteína NOTCH3 expressa nas células musculares lisas nas paredes das pequenas artérias.

As mutações nesse gene resultam no acúmulo anormal dessa proteína na superfície dessas células, de forma a desenvolver danos progressivos nas pequenas artérias do cérebro, destruição prematura das células musculares lisas e estreitamento do lúmen, espessamento da parede das pequenas artérias e acúmulo de material osmiófilo granular (detritos de proteínas) nas artérias. Essas alterações reduzem o fluxo sanguíneo para o cérebro, levando a pequenos derrames, espaços dilatados ao redor dos vasos e perda de tecido na superfície do cérebro (córtex) e sob o córtex (região subcortical).

Sintomas da CADASIL

A idade de início, os sintomas e a progressão da doença variam amplamente de uma pessoa para outra. Os sintomas geralmente manifestam-se entre os 20 e 40 anos, embora também possam surgir mais tarde na vida. Os principais sintomas de CADASIL incluem:

  • Enxaqueca (geralmente acompanhada de aura)
  • Múltiplos acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (derrame cerebral que ocorre quando um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro é obstruído)
  • Convulsões
  • Declínio cognitivo
  • Problemas de visão
  • Distúrbios psiquiátricos, como apatia e depressão
  • Fraqueza

Com o tempo, ainda por volta dos 65 anos, a maioria das pessoas afetadas pela CADASIL torna-se acamada, apresenta problemas cognitivos e desenvolve demência.

Acesse também: Demência — termo que agrupa um conjunto de doenças neurodegenerativas

Diagnóstico da CADASIL

Ressonâncias magnéticas de pessoas que possuem CADASIL.
A ressonância magnética auxilia na determinação do diagnóstico da CADASIL. [1]

O diagnóstico da CADASIL inicia-se com a avaliação do histórico familiar e dos sintomas, além da identificação de lesões cerebrais características da doença por meio da realização de exames de ressonância magnética. No entanto, uma vez que alguns sintomas e as lesões identificadas não são exclusivos da doença, é necessário recorrer a outros métodos para confirmar o diagnóstico. Nesse sentido, são empregados testes de DNA em amostras de sangue para identificar mutações características no gene NOTCH3 ou a busca por inclusões de material osmiófilo granular (GOM) em uma biópsia.

CADASIL tem cura?

CADASIL é uma doença que ainda não tem cura atualmente. O tratamento visa auxiliar na gestão dessa condição.

Tratamento da CADASIL

O tratamento da CADASIL consiste principalmente no controle de fatores que podem prejudicar ainda mais os vasos sanguíneos, tais como hipertensão, diabetes, colesterol alto, apneia obstrutiva do sono e tabagismo.

Além disso, busca-se a minimização dos sintomas decorrentes da doença, como enxaqueca, por meio do uso de medicamentos. Devido à falta de uma cura ou tratamento eficaz, parte do tratamento é direcionada ao apoio psicológico, tanto para os pacientes quanto para seus familiares.

Expectativa de vida na CADASIL

A expectativa de vida de uma pessoa com CADASIL pode variar, uma vez que a doença afeta os indivíduos de maneira diferente, e fatores como diagnóstico precoce e gerenciamento de condições médicas coexistentes podem influenciar.

Em geral, pesquisas demonstram que a CADASIL pode levar a uma redução na expectativa de vida, principalmente devido ao risco aumentado de acidentes vasculares cerebrais e complicações associadas.

Prevenção da CADASIL

Atualmente, não existe tratamento que possa prevenir o início da CADASIL, apenas medidas que ajudam a gerenciar a doença e reduzir o risco de complicações.

Crédito de imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

CHABRIAT, H. et al. 2004. CADASIL: Cerebral Autosomal Dominant Arteriopathy with Subcortical Infarcts and Leukoencephalopathy. Mohr, J.P. et al. (Ed.). Stroke: pathophysiology, diagnosis, and management. Londres: Churchill Livingstone. 2004:687-692.

HACK, R.J. et al. 2000 [revisado em 2019]. CADASIL. Adam, M.P. et al. (Ed.). GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1500/.

NINDS - National Institute of Neurological Disorders and Stroke. 2019. CADASIL Information Page. Disponível em: https://www.ninds.nih.gov/Disorders/All-Disorders/CADASIL-Information-Page.

NORD - ‌National Organization for Rare Disorders. 2019. CADASIL. Disponível em: https://rarediseases.org/rare-diseases/cadasil/.

WANG, M. M. 2018. CADASIL. Handb Clin Neurol. 148: 733-743.   

Escritor do artigo
Escrito por: Heloísa Fernandes Flores Bacharela, licenciada e mestre em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é doutoranda em Entomologia e cursa uma especialização em Gestão Escolar na mesma instituição. Desenvolve pesquisas com análise de conteúdo de livro didático e evolução de insetos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FLORES, Heloísa Fernandes. "CADASIL"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/doencas/cadasil.htm. Acesso em 20 de novembro de 2024.

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