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Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo da tradição ocidental. Assim como os outros pensadores do período pré-socrático, Tales buscava compreender qual é verdadeira origem do Universo, refutando a mitologia grega, que apresentava narrativas originárias que explicavam de maneira fantasiosa o modo como o Universo tinha sido formado.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Biografia de Tales de Mileto
- 2 - Tales de Mileto e a Filosofia
- 3 - Tales de Mileto e a água
- 4 - Obras de Tales de Mileto
Biografia de Tales de Mileto
Tales foi o primeiro filósofo do Ocidente. Nasceu na cidade de Mileto, aproximadamente no ano 625 a.C. Essa cidade ficava na região da Jônia, localizada na Ásia Menor. A Escola Jônica, a que Tales pertencia, era composta por Tales e outros filósofos da Jônia, como Anaximandro e Anaxímenes. Como a Grécia ainda não era unificada, a região grega era composta por várias cidades independentes. A região da Jônia, onde ficava Mileto, hoje compreende ao território da Turquia.
Tales era um comerciante de sucesso, o que lhe permitiu fazer diversas viagens e conhecer várias culturas diferentes. Estima-se que ele tenha passado por terras egípcias e por diversos povoados e cidades do Oriente Médio, o que lhe proporcionou o contato com a matemática e a engenharia egípcias, bem como com a astronomia babilônica.
Os egípcios tinham um conhecimento profundo de Matemática, o que lhes permitiu construir as pirâmides colossais. Porém, a Matemática era apenas uma técnica utilizada para construção e ações cotidianas, não sendo elaborada e estudada sistematicamente.
Tales, ao trazer a Matemática para a Grécia, iniciou um modo de cultivo sistemático do conhecimento matemático, o que lhe proporcionou uma maior precisão para os estudos astronômicos e lhe permitiu formular o Teorema de Tales, cálculo que na época permitia descobrir a altura de uma pirâmide a partir do comprimento de retas paralelas e das retas transversais da construção.
É provável que Tales tenha previsto, no ano de 585 a.C. (aos quarenta anos de idade, aproximadamente), o dia e a hora em que aconteceria um eclipse solar apenas com observações a olho nu da posição da Terra e da Lua em relação ao Sol, com conhecimentos de astronomia e com cálculos matemáticos. Esse feito, pensam os historiadores, representa o marco da maturidade intelectual de Tales, indicando, portanto, que o início da Filosofia também tenha acontecido nesse período.
De tanto observar a natureza, as composições do Universo e o mundo ao seu redor, o filósofo inquieto e astuto buscou formular uma possível resposta para a pergunta acerca da origem de tudo, afirmando ser a água o princípio gerador. Dizem que Tales, após o seu período de maturidade intelectual, vivia absorto em observações constantes na tentativa de descobrir qual era o princípio de tudo.
Em uma de suas caminhadas contemplativas, afirma o historiador antigo Heródoto, Tales teria caído em um buraco. Uma moça da Trácia, região que fez parte do Império Macedônico, passava pelo local e riu do infortúnio do filósofo. Em uma interpretação filosófica dessa anedota, podemos concluir que a moça estrangeira tinha a condição de escrava (aquele que trabalhava, para os gregos antigos, tinha uma posição social inferior, pois não poderia contemplar a vida) e, absorta em seus afazeres, nunca podia contemplar a natureza e tentar entender as coisas. Por isso, ela achou graça da distração de Tales, sempre olhando para o céu.
Tales era o observador inquieto, dono de uma curiosidade intelectual que deu origem à filosofia e ao estudo sistemático da matemática. Ele também conseguiu explicar as enchentes do Rio Nilo, que aconteciam periodicamente, sem recorrer a qualquer tipo de elemento sobrenatural.
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Tales de Mileto e a Filosofia
Tales iniciou o primeiro movimento filosófico (sem saber ao certo que teria tanta importância), que perduraria mais de cem anos. Ele foi o primeiro ocidental de que se tem registro a questionar as afirmações mitológicas sobre a origem da natureza.
Estima-se que ele tenha dado origem a uma busca pelo elemento originário (que os gregos chamavam de arché ou arkhé) da natureza (que, no vocabulário grego, era representada pela palavra physis). Após incansáveis observações, o filósofo especulou que a origem de tudo estaria na água. Esse primeiro impulso da Filosofia, por estudar e observar o Universo (cosmos), ficou conhecido como cosmologia.
Essa afirmação de Tales deu origem a todo o conhecimento posterior, pois ela deu origem a um processo de tentativa de entendimento racional da natureza, o que fez nascer a filosofia. A filosofia, na época, consistia em um conjunto de conhecimentos cultivados sistematicamente, que compreendiam Ciências Naturais e Matemática. Mais tarde foram incorporadas à filosofia a ética, a política, a metafísica, a teoria do conhecimento, a lógica, a estética etc.
A Filosofia, por sua vez, deu origem às ciências que foram subsídios essenciais para a elaboração das técnicas, das mais rudimentares até as mais avançadas que nos permitem, hoje, desenvolver a nossa alta tecnologia. Isso significa que todo o conhecimento avançado que temos hoje se originou, primeiramente, na filosofia iniciada por Tales. Apesar de ter sido o primeiro filósofo, Tales não criou a palavra “filosofia”. Aristóteles atribui essa criação ao filósofo pré-socrático Pitágoras de Samos.
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Tales de Mileto e a água
O que levou Tales a constatar que a água seria a origem de tudo foi a observação de que esse composto (na época entendido como elemento) estava presente em todas as formas de vida e no ar. Tales afirmou que até os minerais teriam alguma quantidade de água, que, de tão pequena, era imperceptível.
Obras de Tales de Mileto
Se falarmos em livros ou documentos escritos pelo próprio filósofo, não há nenhum. Os historiadores modernos não encontraram registros feitos por Tales. Se algum dia existiu algum registro ou arquivo, foi consumido pelo tempo, por enchentes, por incêndios ou por ladrões. O que se conhece de Tales resultou do trabalho do historiador antigo Heródoto e do filósofo antigo Aristóteles.
Se falarmos no conjunto de pensamentos e formulações atribuído a Tales, podemos reunir elementos de sua obra, como o Teorema de Tales, a explicação sobre as cheias do Rio Nilo, a descoberta do triângulo isósceles, a previsão do eclipse solar e a filosofia.
Fontes
LUCE, J. V. Curso de Filosofia Grega. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
MACIEL JUNIOR, A. Pré-socráticos: a invenção da razão. São Paulo: Odysseus, 2003.