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Sócrates é considerado o patrono da Filosofia, por isso seu nome é um marco que divide a filosofia grega entre os períodos pré-socrático e socrático. No período pré-socrático, entretanto, encontra-se uma vasta e importante produção filosófica que remete aos primórdios da Filosofia, ao início de uma busca por um pensamento racional que não aceitasse as explicações fantasiosas oferecidas pelas mitologias como verdades inquestionáveis.
Nesse período, os primeiros filósofos ocidentais buscaram observar a natureza para entender como ela funciona e, assim, atribuir uma causa como origem primeira de todo o universo (cosmos em grego). Isso deu origem à cosmologia, que é uma tentativa de compreender a origem de tudo a partir da observação, da argumentação e do raciocínio lógico, deixando de lado explicações mirabolantes como as que eram fornecidas pela mitologia grega.
Todos os filósofos desse período tentaram, de algum modo, atribuir uma origem ao universo, utilizando-se de argumentações. Alguns apontaram os elementos materiais e naturais como a origem de tudo; outros citaram elementos imateriais, e alguns, ainda, disseram que a origem se encontrava em um misto de elementos infinitos e indeterminados.
Como a Grécia antiga não era um único Estado soberano fundado sobre um mesmo território, mas um misto de cidades-estado (pólis) diferentes e autônomas que se situavam em regiões próximas, porém separadas, as comunidades fundadas nessas cidades eram diferentes. Com essa diferença, houve também uma modificação das maneiras de pensar daquele povo: havia um esforço comum para buscar algo novo – o pensamento racional –, mas cada um fez isso à sua maneira.
Por esse motivo, surgiram na Grécia pré-socrática diferentes escolas de pensamento racional que propunham resolver o mesmo problema – qual a origem racional do universo –, de maneiras diferentes.
Assim, podemos dividir o pensamento pré-socrático em:
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Escola jônica: surgida na região da Jônia, atual Turquia, foi palco para o primeiro filósofo, Tales de Mileto. Também a compuseram os pensadores Anaximandro, Anaxímenes, ambos de Mileto, e o filósofo Heráclito, da cidade de Éfeso. Todos esses pensadores formularam hipóteses parecidas para o surgimento do universo, sendo que o arché (princípio ou origem) seria algum elemento específico ou indeterminável. Para Tales, o arché seria a água; e, para Anaximandro, o ápeiron – elemento infinito e indeterminado presente em tudo. Anaxímenes indicava o ar como o princípio, e Heráclito, o fogo, que a tudo deu origem e a tudo afetou com seu movimento e inconstância.
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Escola pitagórica: surgida na região da Magna Grécia, hoje sul da Itália, foi fundada por Pitágoras de Samos. Pitágoras, importante matemático e filósofo grego, atribuiu aos números, mais especificamente ao algarismo um e ao ponto na geometria, a origem de todo o universo. Os pitagóricos fundaram uma espécie de mística universal que atribuía a origem, a ordenação da matéria e das almas e organização universal à matemática.
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Escola eleata: surgida na cidade grega de Eleia, onde hoje também se situa parte do sul da Itália, teve como principais representantes Parmênides e seu discípulo, Zenão de Eleia. Esses dois filósofos se esforçaram por apresentar que o mundo não seria composto por movimento, como queria Heráclito, mas por uma imutabilidade que constitui as essências. A matéria, segundo Parmênides, enganava ao aparentar mudanças, e as essências dos objetos materiais permaneceriam idênticas.
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Filósofos pluralistas: defendiam que o universo foi originado pela composição de diversos princípios. São considerados pluralistas:
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Empédocles: para quem a origem de tudo estaria nos quatro elementos primordiais (terra, fogo, água e ar);
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Anaxágoras: para quem a origem estaria em um agregado de partes infinitas, distribuídas de maneiras diferentes em cada ser. A esse processo ele chamou de nous;
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Leucipo e Demócrito: os fundadores da teoria atomista, a qual atribuía a origem à junção de partículas invisíveis e indivisíveis, chamadas de átomos.
Todas as escolas pré-socráticas apresentadas compartilharam e condensaram o início da filosofia grega e da busca por um pensamento racional no ocidente.
Por Francisco Porfírio
Graduado em Filosofia