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Pré-socráticos

Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros filósofos gregos, assim, abriram o caminho para os posteriores e formularam possíveis princípios racionais para o Universo.

Demócrito, um dos filósofos pré-socráticos, foi considerado o “pai” da Química.
Demócrito, um dos filósofos pré-socráticos, foi considerado o “pai” da Química.
Crédito da Imagem: shutterstock
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Os estudos acadêmicos convencionam que o período pré-socrático foi o primeiro período da Filosofia ocidental. Os primeiros filósofos surgiram na Grécia, há mais ou menos 2600 anos. Uma série de fatores levou os gregos a criarem um modo de pensar autônomo e racional. Entre tais fatores, estão:

  • a necessidade de contrapor as ideias mitológicas acerca da origem do Universo;

  • a pluralidade de povos que compunha a região da Grécia Antiga;

  • o florescimento do comércio e da navegação;

  • o contato com povos egípcios e babilônicos.

O primeiro período da Filosofia grega é denominado como Pré-Socrático (pois seus representantes fizeram uma Filosofia diferente da que foi feita por Sócrates, quase 200 anos depois de Tales de Mileto) ou Cosmológico (pois eles fizeram um tipo de cosmologia, que é uma maneira racional de entender a origem do Universocosmos, em grego — em oposição à visão mitológica).

Leia também: Sócrates: vida, obras e principais ideias

Tópicos deste artigo

Objetivos dos pré-socráticos

Os primeiros traços da Filosofia grega pré-socrática surgem com Tales de Mileto, um comerciante e estudioso habitante da região da Jônia, conjunto de ilhas gregas situadas no atual território turco. Diz a História que Tales era um exímio matemático, astrônomo e estrategista. Ele previu, no ano de 585 a.C., o acontecimento de um eclipse total do Sol, por meio de cálculos matemáticos e previsões astronômicas.

Considera-se o ano de 585 a.C. como o período de seu amadurecimento intelectual, quando, provavelmente, ele propôs, pela primeira vez, uma teoria cosmológica. Tales, em oposição ao que diziam as cosmogonias gregas, que narravam o surgimento do Universo com base em histórias fantasiosas que envolviam deuses, observou a natureza e propôs uma possível origem racional para tudo, com base na sua observação, sendo essa origem a água. A partir disso, ele fundou um novo modo de pensar baseado na razão.

O ato de observar a natureza, a fim de propor uma possível origem racional para tudo, fez de Tales o primeiro filósofo e impulsionou o objetivo que se tornaria comum entre todos os pré-socráticos: formular uma possível origem racional para o mundo por meio da observação empírica da natureza e do uso da faculdade racional humana.

Se, até então, o ser humano criava histórias fantasiosas para explicar o que não sabia explicar (os mais variados fenômenos naturais), a partir dos pré-socráticos, o ser humano passa a utilizar a racionalidade para entender o Universo, sendo que o principal objetivo de todos os pré-socráticos era estabelecer a origem precisa de tudo o que existe.

Leia também: O que é Filosofia?

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Principais ideias

Como os objetivos dos pré-socráticos eram os mesmos, as suas principais ideias eram parecidas. Todos eles estavam buscando a formulação de um raciocínio para o surgimento do Universo por meio da cosmologia. Há uma dificuldade de estabelecimento preciso e aprofundado acerca das ideias dos pré-socráticos, pois muitos deles deixaram poucos escritos, e muitos escritos sumiram, foram destruídos ou se encontram, hoje, em confusos fragmentos.

É certo apenas que todos os pré-socráticos deixaram suas contribuições para a cosmologia e que cada um deles descreveu um ou vários elementos como a causa de tudo o que existe. A natureza, objeto de estudo daqueles pensadores, era chamada pelos gregos de physis, e o princípio de tudo era chamado de arché. Os pré-socráticos que convencionaram não haver um único elemento gerador de tudo, mas vários, foram chamados de pluralistas. Para facilitar os estudos, os historiadores da Filosofia agruparam os pré-socráticos em escolas, de acordo com as ideias de cada pensador.

Estas são as principais escolas:

  • Escola Jônica: o pensamento fundado por Tales, que afirmava que a água seria o princípio de tudo, foi continuado por Anaximandro, que afirmava que a origem dava-se por um elemento infinito e indefinível, o que ele chamou de ápeiron. Outro expoente do pensamento jônico deu-se com o discípulo de Anaximandro, Anaxímenes, que postulou que o princípio de tudo ocorreu por meio de um elemento infinito, mas bem definido, o ar. Heráclito de Éfeso, outro jônico, afirmou ser o fogo a origem de tudo, o que daria à natureza um caráter transformador.

  • Escola Pitagórica: Pitágoras de Samos, um grande matemático antigo, observou a presença das relações matemáticas em toda a natureza. Com base nos tamanhos, pesos, proporções, distâncias e valores variados, a natureza seria constituída pela própria Matemática. Segundo o filósofo, a origem de tudo seria, precisamente, o início de qualquer figura geométrica — o ponto e a ideia de unidade.

  • Escola Eleata: os principais eleatas são Parmênides e Zenão, que formularam o princípio não com base em um elemento preciso, mas na imobilidade de todas as coisas que evidencia a essência de tudo. Segundo Parmênides, não havia criação e nem mudanças, mas uma essência eterna e imutável de tudo. A mudança que percebemos no mundo seria fruto do engano de nossos sentidos.

  • Escola Pluralista: os principais pluralistas são Empédocles, Anaxágoras, Demócrito e Leucipo. Todos eles afirmavam não haver um único elemento causador de tudo, mas uma composição plural que originou o Universo. Para Empédocles, essa origem dava-se com base nos quatro elementos da natureza — terra, fogo, água e ar. Para Anaxágoras, a origem estava no que ele chamou de sementes, que seriam compostos que se aglutinariam ou seriam separados pela afinidade, por meio das forças naturais que ele chamou de amor e ódio. Leucipo e Demócrito, considerados os “pais” da Química, formularam os átomos como origem de tudo. A palavra átomo vem do grego antigo e significa indivisível. Os átomos seriam, segundo os pensadores, as menores partículas que se aglutinam, com partículas semelhantes a si mesmas, para formar os objetos do mundo.

Para saber mais sobre as escolas pré-socráticas, leia: Escolas filosóficas pré-socráticas.

Por que estudar os pré-socráticos?

As ideias pré-socráticas parecem absurdas, hoje, devido ao alto desenvolvimento tecnológico e científico a que a humanidade chegou. De qualquer forma, o início de todo o conhecimento racional ocidental deu-se no período pré-socrático. As ideias dos pré-socráticos impulsionaram, por exemplo, as ciências da natureza, ao mostrarem que a resposta para as perguntas naturais não se encontra fora deste mundo, mas na própria natureza.

Além da importância científica, há também uma importância histórica que valoriza o período Pré-Socrático devido à sua relevância para a constituição de toda a Filosofia posterior.

Bibliografia

São poucos os escritos deixados pelos filósofos pré-socráticos. Muitos textos perderam-se, foram destruídos por pessoas (como no incêndio da Biblioteca de Alexandria) ou por catástrofes naturais. Também é notório que os pré-socráticos não escreviam visando à publicação, como nós a entendemos hoje, por isso, a maioria dos escritos sequer possui título.

Alguns estudiosos, porém, antigos ou recentes, dedicaram-se a reunir e comentar as obras filosóficas pré-socráticas. As maiores referências às obras dos pré-socráticos estão nos livros de Aristóteles. Filósofos modernos e do início da Contemporaneidade, como Hegel, Nietzsche e Heidegger, também comentaram, citaram e criticaram os pré-socráticos.

Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Pré-socráticos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/pre-socraticos.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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