Giordano Bruno foi um cientista, astrônomo, filósofo e místico italiano do século XVI. Ficou marcado como uma das grandes mentes de sua época, possuindo uma grande formação religiosa e sendo ordenado padre. Afastou-se da Igreja Católica por discordâncias teológicas e fugiu da Itália por medo de ser processado por heresia.
Giordano Bruno ficou marcado também por promover a defesa da teoria do heliocentrismo, que afirmava que a Terra não era o centro do Universo e que a Terra girava ao redor do Sol. Foi denunciado à Inquisição, sendo acusado de heresia. Foi condenado à morte porque se recusou a negar suas teorias cosmológicas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Giordano Bruno
- 2 - Quem foi Giordano Bruno?
- 3 - Teorias de Giordano Bruno
- 4 - Principais ideias de Giordano Bruno
- 5 - Heresia de Giordano Bruno
- 6 - Morte de Giordano Bruno
- 7 - Por que Giordano Bruno foi condenado a morte?
- 8 - Giordano Bruno e o heliocentrismo
- 9 - Frases de Giordano Bruno
Resumo sobre Giordano Bruno
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Giordano Bruno foi um cientista, filósofo e astrônomo italiano do século XVI.
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Nasceu em 1548, possuindo uma boa formação intelectual e sendo ordenado padre na sua juventude.
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Afastou-se da Igreja Católica por discordâncias teológicas.
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Defendeu a teoria do heliocentrismo e outras teorias, como a ideia de que o Universo é infinito e não possui centro.
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Foi denunciado à Inquisição, preso, julgado e condenado à morte por heresia. Foi executado em 1600.
Quem foi Giordano Bruno?
Giordano Bruno foi um filósofo, cientista, astrônomo, místico e ocultista que viveu no século XVI, ficando marcado como um dos grandes defensores da liberdade de expressão por conta de suas fortes opiniões. Essas opiniões de Giordano Bruno desagradaram a Igreja Católica em diversos aspectos, fazendo com que ele fosse processado pela Inquisição.
Giordano Bruno nasceu em Nola (uma comuna que hoje faz parte da cidade de Nápoles) em 1548. Ele teve acesso à educação em Nápoles, sendo enviado aos 17 anos para estudar em uma ordem dominicana. Ele completou o seu noviciado e, com 24 anos de idade, foi ordenado padre. Três anos depois de se tornar padre, no ano de 1575, ele finalizou o curso de teologia que fez no Convento Dominicano de San Dominica de Maggiori.
Nesse momento, Giordano Bruno começou a ter problemas em seu exercício de fé porque nutria opiniões que eram consideradas incomuns ou inadequadas. Ele, por exemplo, não concordava com a utilização da imagem dos santos, questionava a doutrina da Trindade, adotando uma posição semelhante à posição de Ário (que questionava a ideia de que Deus, Jesus e o Espírito Santo eram um só).
Por fim, ele também possuía livros que eram considerados proibidos, como alguns livros de Erasmo de Roterdã. Isso gerou alguns problemas para Giordano Bruno, e o risco de sofrer com acusações de heresias fez ele abandonar o sacerdócio e a ordem da qual ele fazia parte. Ele passou por algumas cidades da Itália, esteve em Genebra (Suíça) e, então, foi para a França.
Primeiramente, esteve na cidade de Lyon, onde realizou um doutorado em teologia. Na Suíça e na França, Giordano Bruno continuou fazendo o seu trabalho e manifestando suas posições de maneira enfática. Em Paris, Giordano Bruno ministrou aulas e escreveu diversos livros, o que lhe rendeu uma aproximação com o rei da Inglaterra.
Na Inglaterra, Giordano Bruno trabalhou na Universidade de Oxford e ainda publicou diversos livros. Em 1585, ele retornou para a França, estabelecendo-se novamente em Paris, e diversos textos que ele escreveu com críticas a pessoas importantes e com suas posições científicas fizeram com Giordano Bruno ficasse em uma situação delicada, precisando abandonar a França.
Diante disso, ele decidiu ir para a Alemanha, onde chegou a trabalhar como professor em Wittenberg. Lá, ele também escreveu diversos livros e também teve problemas com suas opiniões, sendo excomungado pelos protestantes luteranos. Logo depois, em 1572, Giordano Bruno cometeu o grave erro de retornar para a Itália
Ao longo de sua vida, Giordano Bruno ficou conhecido por suas posições religiosas pouco ortodoxas e que eram consideradas heréticas pela Igreja Católica. Ele, no entanto, também teve problemas com os calvinistas e com os luteranos. Além disso, ele defendia posições científicas que também não tinham muito aceitação na época, como a teoria do heliocentrismo e a teoria de que o Universo era infinito.
Teorias de Giordano Bruno
Giordano Bruno ficou marcado por ser um grande defensor da liberdade de expressão, pois, por onde passava, manifestava suas posições e críticas publicamente sem se preocupar, em um primeiro momento, se suas opiniões causariam problemas a ele.
No campo da religião, Giordano Bruno questionava a doutrina da Trindade e não concordava com pontos importantes da teologia católica, como:
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a ideia da condenação eterna;
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a transubstanciação;
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a Virgindade Perpétua de Maria.
No campo das ciências, Giordano Bruno é visto por muitos como um importante nome no desenvolvimento científico, uma vez que defendeu e propôs teorias que não eram aceitas na época e que se mostraram importantes. A principal teoria defendida por Giordano Bruno era o heliocentrismo.
Ele se inspirou nos escritos do polonês Nicolau Copérnico, afirmando que a Terra não era o centro do Universo e que, na verdade, a Terra girava ao redor do sol. Ele criticava o modelo vigente da época, o geocentrismo, que era baseado nas ideias do filósofo grego Aristóteles. Esse modelo defendia que a Terra era o centro do Universo e que o Sol girava ao redor da Terra.
Giordano Bruno ainda foi além da defesa do heliocentrismo, pois afirmava que o Universo era infinito e que a Terra não era o único local habitável, havendo também outros mundos que seriam habitáveis. Ele acreditava que esses outros mundos existentes seriam habitáveis, assim como a Terra é.
Principais ideias de Giordano Bruno
Entre as principais ideias de Giordano Bruno, destacam-se os seguintes fatos:
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defendia que o Universo era infinito e que não possuía um centro;
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criticava a teoria do geocentrismo;
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defendia o modelo heliocêntrico e a ideia de que a Terra girava ao redor do Sol;
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defendia a existência de diversos mundos habitáveis além da Terra;
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acreditava que o Sol era uma estrela;
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acreditava na imortalidade da alma e na possibilidade de reencarnação;
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acreditava no hermetismo, uma ciência oculta, e em magia.
Heresia de Giordano Bruno
Giordano Bruno foi vítima da Inquisição, sendo executado no ano de 1600. As acusações de heresia, no entanto, foram algo comum na vida do cientista italiano por conta de suas opiniões fortes e dos questionamentos e críticas que ele fazia. A condenação dele pela Inquisição e as acusações de heresia que ele sofreu levaram em consideração os seguintes aspectos:
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opiniões contrárias à fé católica e críticas aos ministros da igreja;
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questionamento da doutrina da Trindade e da divindade de Jesus Cristo;
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críticas à doutrina da Virgindade Perpétua de Maria
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questionamentos à doutrina da transubstanciação;
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crença na existência de outros mundos habitáveis além da Terra;
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crença na reencarnação da alma humana;
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envolvimento com magia.
As críticas que Giordano Bruno fazia ao modelo aristotélico do geocentrismo e sua defesa do heliocentrismo e posições relacionadas também estiveram envolvidas nas acusações contra o italiano. O Tribunal da Santa Inquisição acusou Giordano Bruno de cometer blasfêmia, heresia e de manter condutas imorais.
Acesse também: Tribunal da Santa Inquisição — tribunal criado pela Igreja Católica para julgar hereges
Morte de Giordano Bruno
Giordano Bruni morreu em 17 de fevereiro de 1600. Em 1592, ele recebeu o convite de um nobre veneziano chamado Giovanni Mocenigo para ir a Veneza para ensiná-lo técnicas de memorização, chamada mnemônica, que Giordano Bruno dominava. Giordano Bruno compartilhou algumas de suas “ideias incomuns” ao nobre veneziano e foi denunciado à Inquisição por isso.
Giordano Bruno foi preso pela Inquisição de Veneza ainda em 1592, mas foi enviado para Roma no ano seguinte. Ele passou sete anos em confinamento enquanto o seu julgamento era conduzido pela Inquisição. O italiano procurou se defender alegando reconhecer os dogmas da Igreja Católica, mas se recusou a negar as suas convicções científicas.
Devido a isso, ele foi condenado por heresia em 20 de janeiro de 1600. A condenação foi emitida pelo próprio papa Clemente VIII, condenando-o à pena de morte. A execução de Giordano Bruno foi realizada em 17 de fevereiro de 1600, em Roma. Giordano Bruno estava nu e teve sua boca amordaçada.
Durante sua execução, foi registrado que ele teria virado o seu rosto para outra direção quando uma pessoa apontou um crucifixo para ele. Giordano Bruno foi queimado vivo, e suas cinzas foram lançadas sobre o Rio Tibre. A Igreja Católica determinou que todos os livros escritos por Giordano Bruno estavam proibidos de serem lidos.
Por que Giordano Bruno foi condenado a morte?
A condenação a morte de Giordano Bruno, oficialmente falando, se deu por heresia, pelas suas críticas a dogmas da Igreja Católica, pelo seu envolvimento com magia, pela sua crença em reencarnação e em outras ideias religiosas tidas como heréticas e pela sua defesa obstinada do modelo heliocêntrico e de outras visões cosmológicas, como a suposta existência de outros mundos.
A Santa Inquisição utilizou as ideias de Giordano Bruno para processá-lo e condená-lo a morte. Alguns historiadores sugerem que os pensamentos de Giordano Bruno eram puramente políticos e que estabeleciam uma diferente visão de mundo que buscava enfraquecer o poderio da Igreja Católica.
Giordano Bruno e o heliocentrismo
A defesa do heliocentrismo é o grande ponto das ideias defendidas por Giordano Bruno. No entanto, os historiadores apontam que ele não fazia uma defesa radical do heliocentrismo, concordando com essa teoria até certo ponto. Giordano Bruno procurou romper com o modelo aristotélico-ptolomaico no qual se baseava o geocentrismo e a defesa de que a Terra era o centro do Universo e de que o Sol girava ao torno da Terra.
Ele defendeu que, na verdade, o Universo não tinha um centro, sendo repleto de diversos mundos que possuíam seus próprios sóis e luas. No caso da Terra, ele afirmava que a Terra girava ao redor do Sol. Giordano Bruno fazia elogios a Nicolau Copérnico, que propôs o modelo heliocêntrico, contudo, o criticava por ainda manter elementos ptolomaicos em sua teoria.
A defesa de Giordano Bruno do modelo heliocêntrico trouxe problemas a ele porque a Igreja Católica adotava a visão geocêntrica baseada em interpretações literais do texto bíblico, como Josué 10:12-13, que afirmava que o Sol havia parado. Aqui, a crítica de Giordano Bruno também se concentrava no fato de que a filosofia e a ciência estavam sujeitas à teologia cristã, o que ele considerava um grande problema.
Para saber mais detalhes sobre o heliocentrismo, clique aqui.
Frases de Giordano Bruno
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“É a prova de uma mente inferior o desejar pensar como as massas ou como a maioria, somente porque a maioria é a maioria. A verdade não muda porque é, ou não é, acreditada por uma maioria das pessoas.”
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“Aprendemos a não procurar a divindade longe de nós, se a temos perto, inclusive dentro de nós, mais do que nós mesmos estamos dentro de nós.”
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“Assim, também eu, quando criança, acreditei que não existisse nada além do Vesúvio, uma vez que além dele nada podia perceber.”
Crédito de imagem
[1] Wellcome Images / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
BOMBASSARO, Luiz Carlos. Giordano Bruno, universo infinito e finitude humana. Disponível em: https://books.scielo.org/id/75pz8/pdf/pinto-9788568576939-13.pdf.
LOPES, Ideusa Celestino. Giordano Bruno: crítica ao geocentrismo e defesa do Universo infinito. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/saberes/article/download/876/808/2924.
NEVES, Marcos César Danhoni. Do infinito, do mínimo e da Inquisição em Giordano Bruno. Disponível em: https://www.uesc.br/editora/livrosdigitais2015/do_infinito_do_minimo.pdf.
SILVEIRA, Evanildo. Quem foi Giordano Bruno, o místico 'visionário' queimado na fogueira há 418 anos. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-43081130.