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A Modernidade é um período histórico e cultural caracterizado pela valorização da razão, da ciência e da técnica como ferramentas centrais para o progresso e a emancipação individual. Esse período, no entanto, enfrenta contradições, como alienação e desigualdades sociais. Teve origem no renascimento e foi consolidado pela Revolução Científica, com pensadores como Descartes, Spinoza, Leibniz e Kant, que estabeleceram fundamentos para a racionalidade e a organização social moderna.
As teorias sobre a Modernidade destacam suas promessas de igualdade e progresso, mas também suas falhas, como a tensão entre inovação e desigualdade. Em relação à tradição, a Modernidade busca rompê-la enquanto adapta elementos do passado ao presente. Já a Pós-Modernidade, com pensadores como Foucault, Lyotard, Derrida e Bauman, critica as narrativas totalizantes da Modernidade, propondo um mundo fluido, marcado pela pluralidade e pela fragmentação.
Leia também: O que é a Modernidade líquida?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Modernidade
- 2 - Videoaula sobre Modernidade
- 3 - Características da Modernidade
- 4 - Qual é a origem da Modernidade?
- 5 - Primeira Modernidade
- 6 - Filósofos e teorias sobre a Modernidade
- 7 - As promessas da Modernidade
- 8 - Pós-Modernidade
- 9 - Modernidade e tradição
- 10 - Exercícios resolvidos sobre Modernidade
Resumo sobre a Modernidade
- A Modernidade é um período marcado pelo uso da razão como ferramenta central, valorização da ciência e da técnica, e pelo ideal de progresso e emancipação individual.
- Teve origem no renascimento e na Revolução Científica, quando o pensamento racional começou a substituir as explicações teológicas, promovendo a autonomia do conhecimento científico e da organização política.
- A Primeira Modernidade consolidou a racionalidade científica e o fortalecimento dos Estados nacionais.
- É caracterizada pela busca de fundamentos epistemológicos sólidos que uniram filosofia, ciência e novas formas de organização social e política.
- As teorias sobre a Modernidade apontam suas contradições internas e identificam uma dinâmica constante entre inovação radical e adaptação moderada.
- Descartes fundou o racionalismo com sua dúvida metódica.
- Spinoza propôs o monismo panteísta, identificando Deus com a natureza.
- Leibniz formulou a teoria das mônadas e a harmonia preestabelecida.
- Kant sintetizou empirismo e racionalismo, definindo os limites do conhecimento humano.
- A Modernidade prometeu emancipação, igualdade e progresso técnico e social, mas, muitas vezes, falhou em realizá-los, como demonstram experiências históricas contraditórias e as tensões entre liberdade e desigualdade.
- A relação entre Modernidade e tradição é dialética.
- A Modernidade busca romper com o passado ao mesmo tempo que reinterpreta valores e estruturas tradicionais, adaptando-os às demandas de inovação e progresso.
- A Pós-Modernidade reage às limitações da Modernidade, rejeitando grandes narrativas e enfatizando a pluralidade e a fragmentação, criando um mundo fluido, em que certezas dão lugar às incertezas e à diversidade.
Videoaula sobre Modernidade
Características da Modernidade
A Modernidade, enquanto conceito e período histórico, caracteriza-se por transformações radicais nas esferas política, econômica, social e cultural, marcadas principalmente pelo uso da razão como ferramenta primordial de entendimento do mundo. É uma era na qual o pensamento humano busca emancipar-se das amarras da tradição e da autoridade religiosa, promovendo a autonomia do indivíduo e o progresso científico.
Conforme Agnes Heller e Ferenc Fehér destacam, a Modernidade pode ser entendida como um pêndulo que oscila constantemente entre o radicalismo e a moderação, refletindo uma dinâmica que permeia tanto as estruturas políticas quanto os valores sociais.
A Modernidade técnica, como proposta por Franz Josef Brüseke, insere a ciência e a técnica no centro do processo civilizatório, elementos esses que se destacam como fundamentais da identidade moderna. Ela é marcada pela capacidade humana de transformar o mundo por meio da tecnologia e da racionalidade instrumental, mas também carrega consigo muita instabilidade e imprevisibilidade.
Essa instabilidade surge das tensões entre a promessa de emancipação e os riscos associados à alienação e à desigualdade e são frequentemente vistas como consequências do avanço técnico sem o devido controle ético.
Do ponto de vista filosófico, Bertrand Russell observa que a Modernidade se caracteriza por um afastamento gradual da teologia em direção à ciência e à razão, refletindo um esforço constante para responder às questões fundamentais da existência por meio do pensamento crítico e investigativo. Essa mudança paradigmática permite a emergência de novas concepções de mundo e de humanidade, ainda que frequentemente em conflito com tradições e crenças preexistentes.
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Qual é a origem da Modernidade?
A origem da Modernidade está profundamente enraizada no renascimento e na Revolução Científica, durante os quais as bases para o pensamento moderno foram lançadas. Giovanni Reale e Dario Antiseri argumentam que o renascimento foi essencial para a formação do espírito moderno, pois promoveu o resgate do pensamento clássico e a valorização da razão e da experiência empírica.
Autores como Descartes, Bacon e Galileu desempenharam papéis fundamentais nesse processo, introduzindo métodos científicos que priorizavam a observação e a experimentação sobre a especulação teológica.
O racionalismo cartesiano de Descartes, com sua famosa máxima “Cogito, ergo sum (“Penso, logo existo”), representa um marco essencial na transição para a Modernidade. Ele propôs uma abordagem baseada na dúvida metódica e na busca por fundamentos epistemológicos sólidos, o que abriu caminho para o desenvolvimento de uma ciência independente da religião. Paralelamente, Francis Bacon defendia o método indutivo, enfatizando a importância da observação sistemática e da experimentação para o avanço do conhecimento humano.
A Modernidade também foi marcada pela formação dos Estados nacionais e pela emergência de novos modelos de organização política e social. Esses processos foram acompanhados pelo fortalecimento do capitalismo e pela consolidação do individualismo como valor central, moldando as estruturas econômicas e culturais do mundo moderno.
Essa nova configuração histórica gerou tanto oportunidades quanto desafios, incluindo o surgimento de desigualdades sociais e a necessidade de novos modelos éticos e políticos para lidar com as transformações em curso.
Primeira Modernidade
A Primeira Modernidade, também conhecida como Modernidade Clássica, corresponde ao período que vai do século XVII ao XVIII, marcado pela consolidação do pensamento racional e pela Revolução Científica. Durante essa fase, a filosofia desempenhou um papel central na definição dos fundamentos epistemológicos e ontológicos da Modernidade, buscando respostas para questões sobre a natureza da realidade, o conhecimento e a existência humana.
Filósofos e teorias sobre a Modernidade
A Primeira Modernidade foi enriquecida por uma série de pensadores cujas teorias moldaram seu desenvolvimento. Entre essas teorias, destaca-se:
- Racionalismo: Considerado o pai do racionalismo moderno, Descartes introduziu o método da dúvida sistemática e a ideia de que a razão é o principal meio de alcançar a verdade. Sua filosofia enfatizava a separação entre mente e corpo, estabelecendo as bases para o dualismo cartesiano. Saiba mais sobre racionalismo clicando aqui.
- Monismo panteísta: Spinoza propôs uma visão monista da realidade, identificando Deus com a natureza e rejeitando a ideia de um Deus transcendente. Sua filosofia, baseada na ética e na geometria, buscava compreender a realidade de forma sistemática e integrada.
- Teoria das mônadas e a harmonia preestabelecida: Leibniz introduziu o conceito de mônadas, unidades fundamentais da realidade, e desenvolveu a ideia de uma harmonia preestabelecida, na qual Deus atua como o arquiteto supremo do Universo. Sua obra combina elementos de racionalismo e teologia, oferecendo uma visão otimista do mundo.
- Síntese de empirismo e racionalismo: Embora transcenda cronologicamente a Primeira Modernidade, a filosofia de Kant representa a síntese de muitos debates desse período. Kant buscou reconciliar o empirismo e o racionalismo, propondo que o conhecimento humano é limitado pelas condições da experiência sensorial, mas também estruturado por categorias a priori.
As promessas da Modernidade
A Modernidade trouxe consigo um conjunto de promessas, incluindo:
- a emancipação individual;
- a igualdade;
- o progresso técnico e social;
- a superação das desigualdades e limitações impostas pela tradição.
Conforme Brüseke aponta, essas promessas foram articuladas de maneira idealista, mas nem sempre foram cumpridas. A Modernidade técnica, embora tenha ampliado significativamente as capacidades humanas, também trouxe desafios, como a alienação e a destruição ambiental.
Agnes Heller e Ferenc Fehér discutem o “pêndulo da Modernidade”, uma metáfora que descreve a oscilação entre extremos ideológicos e práticos. Eles destacam que: enquanto a Modernidade busca superar os limites do passado, frequentemente ela cria outras formas de opressão e desigualdade. As revoluções do final do século XVIII e início do século XIX, incluindo a Revolução Francesa, são exemplos de tentativas de realizar as promessas modernas, mas que também revelaram suas contradições.
Pós-Modernidade
A Pós-Modernidade surge como uma reação às limitações e falhas da Modernidade. Marcada pela crítica às grandes narrativas e pela valorização da pluralidade e da diferença, ela representa um novo estágio no desenvolvimento histórico e cultural.
Michel Foucault analisou as relações de poder e a construção do conhecimento, destacando como as instituições modernas moldam os sujeitos e produzem saberes que legitimam práticas de controle social.
Jean-François Lyotard, por sua vez, define a condição pós-moderna como uma incredulidade em relação às metanarrativas, ou seja, aos grandes sistemas explicativos que marcaram a Modernidade, como o iluminismo e o marxismo. Jacques Derrida desenvolveu o conceito de desconstrução, que busca revelar as hierarquias ocultas e os pressupostos binários que sustentam os discursos e as práticas culturais.
Foi Zygmunt Bauman quem introduz a ideia de “Modernidade líquida”, descrevendo um mundo em que as estruturas sociais e culturais se tornaram fluidas e instáveis, refletindo a fragmentação e a incerteza da era contemporânea.
Modernidade e tradição
A relação entre Modernidade e tradição é marcada por tensão e ambiguidade. De um lado, a Modernidade busca romper com os valores tradicionais, promovendo a emancipação e a inovação; de outro, ela frequentemente reinterpreta e incorpora elementos tradicionais em novos contextos. Essa dinâmica é evidente na filosofia de Hegel, que via a história como um processo dialético no qual o progresso emerge da síntese entre tradição e inovação.
Saiba mais: O que Weber diz sobre o conceito de dominação presente nas relações sociais?
Exercícios resolvidos sobre Modernidade
1. A Modernidade, surgida por meio do renascimento e da Revolução Científica, trouxe mudanças estruturais para as sociedades ocidentais. Com base nos conceitos de Modernidade e Pós-Modernidade, qual das opções abaixo explica a principal diferença entre as duas perspectivas filosóficas?
a) A Modernidade baseia-se na razão para explicar o mundo, enquanto a Pós-Modernidade se fundamenta apenas em dogmas religiosos.
b) A Modernidade valoriza a ciência e a técnica, enquanto a Pós-Modernidade preza por uma volta aos princípios medievais.
c) A Modernidade busca grandes narrativas explicativas, enquanto a Pós-Modernidade rejeita essas narrativas e enfatiza a pluralidade.
d) A Modernidade propõe uma visão fragmentada da realidade, enquanto a Pós-Modernidade sustenta um progresso linear e homogêneo.
e) A Modernidade rompe completamente com a tradição, enquanto a Pós-Modernidade preserva valores tradicionais em sua essência.
Resposta correta: c)
A Modernidade constrói narrativas totalizantes que explicam o progresso, a ciência e a razão como guias universais, enquanto a Pós-Modernidade rejeita essas explicações, defendendo visões fragmentadas e diversas da realidade. Foucault, Lyotard e Derrida exemplificam esse movimento.
2. A Modernidade foi marcada por promessas como a emancipação do indivíduo, o progresso técnico e a igualdade social. Como o conceito de “pêndulo” contribui para entender as contradições e diferenças entre a Modernidade e a Pós-Modernidade?
a) O pêndulo representa a instabilidade da Modernidade, enquanto a Pós-Modernidade busca criar uma ordem estável e permanente.
b) A ideia de pêndulo ilustra como a Modernidade alterna entre inovações e permanências, enquanto a Pós-Modernidade valoriza a fluidez e a ausência de estruturas fixas.
c) O pêndulo reflete o equilíbrio entre ciência e tradição, essencial para a Modernidade, mas ignorado pela Pós-Modernidade.
d) O conceito de pêndulo indica que a Modernidade rompe completamente com as tradições, enquanto a Pós-Modernidade apenas adapta essas tradições.
e) A metáfora do pêndulo não se aplica à Modernidade, pois seu progresso é linear e homogêneo, ao contrário da Pós-Modernidade.
Resposta correta: b)
A metáfora do pêndulo, como apresentada por Heller e Fehér, explica as oscilações da Modernidade entre extremos, como tradição e inovação. A Pós-Modernidade, em contraste, rejeita essa oscilação, preferindo uma visão fluida e fragmentada da realidade, como descrito por Bauman.
Créditos da imagem
Fontes
CALDEIRA, Ana Paula Canoza. Má governança como estorvo à realização das promessas da modernidade. In: Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI. Fortaleza - CE: CONPEDI, 2010.
BRÜSEKE, Franz Josef. A modernidade técnica. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 49, p. 136, 2002.
HELLER, Agnes; FEHÉR, Ferenc. O pêndulo da modernidade. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 6, n. 1-2, 1994. Editado em 1995.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do Humanismo a Descartes. Volume 3. São Paulo: Paulus, 2004.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: de Spinoza a Kant. Volume 4. São Paulo: Paulus, 2005.
RUSSELL, Bertrand. História da Filosofia Ocidental. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.