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O aspecto pegajoso apresentado por algumas marcas de álcool em gel deve-se às novas formulações criadas durante o período de pandemia da Covid-19. Devido à situação de crise sanitária, o uso de antissépticos, principalmente o álcool em gel 70% por sua praticidade, aumentou abruptamente, e a produção teve que se adaptar para suprir essa necessidade mundial. Um dos problemas dessa fabricação em larga escala foi a disposição de matéria-prima.
Em pouco tempo, começou a faltar o carbopol, que é o agente espessante utilizado na fabricação do álcool em gel. Em busca de uma solução para a falta dessa substância, algumas indústrias começaram a utilizar outros tipos de espessantes, o que foi aceito pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), desde que não comprometesse a qualidade de assepsia oferecida pelo produto.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Por que o álcool em gel ficou pegajoso?
- 2 - Composição original do álcool em gel
- 3 - Mudanças na composição do álcool em gel
- 4 - Aumento da produção de álcool em gel
Por que o álcool em gel ficou pegajoso?
O carbopol, espessante responsável pela textura viscosa, é uma das matérias-primas do álcool em gel. Com o aumento da demanda pelo antisséptico, esse reagente ficou escasso no mercado, em função disso, foram usados outros tipos de espessante. Por ter sido uma alternativa emergencial, a qualidade sensorial não foi priorizada ao substituir o espessante, mas sim a eficácia do produto final no quesito relacionado à desinfecção.
Além da troca do agente espessante, outro fator que atribui a textura pegajosa do álcool em gel 70% ao ser utilizado na pele é o acréscimo aditivos com função de hidratação, por exemplo.
Composição original do álcool em gel
O álcool em gel é, originalmente, composto por:
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Álcool 70%: essa concentração pode ser obtida a partir da diluição de álcool 99° GL em água destilada ou deionizada.
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Carbopol: agente espessante que atribui ao álcool aspecto de gel.
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Trietalonamina: agente neutralizante para regular o pH do produto.
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Mudanças na composição do álcool em gel
Com a crescente na demanda por álcool em gel, usado como item essencial ao combate à transmissão do novo coronavírus, foram necessárias adaptações na produção e formulação do produto. Como mencionado anteriormente, primeira matéria-prima que ficou em falta para produção de antissépticos em gel foi o espessante carbopol, o que motivou a criação de novas formulações com reagentes que pudessem substitui-lo. As alternativas são as mais diversificadas, partindo desde as caseiras com uso de gelatina incolor e álcool (em proporção a 70% de álcool 99° GL) às formulações industriais com outras espécies de gelificantes, hidratantes para pele e perfumes.
Durante esse período, foram registrados também diversos casos de produção ilegal e adulterada de antisséptico. No estado do Ceará, por exemplo, foi apreendido uma produção em que o álcool em gel 70% era feito a partir de etanol de posto, éter de celulose (espessante de alimentos) e glicerina. O risco, nesse caso, existia não só pela ausência do controle de qualidade dos reagentes, como do etanol que provinha dos postos de combustível automotivo, que apresenta aditivos prejudiciais à saúde, mas também o risco na forma de armazenamento, visto que é um material inflamável.
Aumento da produção de álcool em gel
Com o agravamento da pandemia da Covid-19, o uso do álcool em gel no combate ao espalhamento do vírus, para limpeza das mãos e superfícies que se tem muito contato (objetos, chaves, carteiras, maçanetas etc.), cresceu subitamente. Houve um aumento na demanda do produto e consequentemente aumento na produção. Para suprir essa necessidade, foram feitas mudanças no setor econômico e industrial.
No dia 20 de maio de 2020, a Anvisa liberou, temporariamente, que empresas do ramo de saneantes (produtos de limpeza), cosméticos e farmacêuticas produzissem antissépticos e sanitizantes sem a necessidade de um alvará prévio. Empresas que não eram específicas para produção de álcool em gel adaptaram-se para contornar o momento de crise e para suprir a necessidade da população.
Exemplo disso foi a empresa de cosméticos Victoria Maxx que, com o fechamento das lojas justamente em função da pandemia, teve uma queda na demanda por produtos de beleza e reajustou-se para enfrentar o colapso: começou a produzir álcool em gel, chegando a produzir 5 mil toneladas por dia, para venda e doação. Outra iniciativa para lidar com a alta demanda de álcool em gel foi desenvolvida pelo Instituto Federal do Sul de Minas em parceria com Delegacia da Receita Federal em Poços de Caldas, que passaram a enviar as bebidas alcoólicas apreendidas para o instituto onde o produto é tratado e transformado em antisséptico.
Por Laysa Bernardes
Professora de Química