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Os plásticos utilizados atualmente em sacolas, brinquedos, mesas, utensílios domésticos, garrafas, embalagens e nos mais diversos produtos ao nosso redor são de origem fóssil, ou seja, eles são derivados do petróleo.
Como mostra o texto Refinamento do Petróleo, o petróleo bruto passa por um processo de destilação fracionada nas refinarias e produz várias frações. Algumas dessas frações, por sua vez, passam pelo processo de craqueamento em que moléculas de hidrocarbonetos maiores são quebradas e originam moléculas menores. Esses hidrocarbonetos de cadeias carbônicas menores passam então por reações de polimerização que resultam nos plásticos.
O polietileno, por exemplo, é um polímero resultante da adição sucessiva de várias moléculas de etileno (ou eteno). Esse eteno é resultante principalmente do craqueamento da nafta e do tratamento do gás natural, duas frações derivadas do petróleo.
Polimerização do etileno em polietileno
Com o polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE) e com o polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE), são fabricados inúmeros objetos, como garrafas de água, de refrigerantes e de sucos; toalhas de mesa, vários tipos de embalagens, sacos plásticos, cortinas para banheiro, películas plásticas, embalagens de produtos farmacêuticos e de alimentos, revestimentos de fios, cabos, tubos, brinquedos e utensílios domésticos.
Produtos de polietileno de alta e de baixa densidades
O problema é que esse plástico não é biodegradável, isto é, não é degradado por micro-organismos, como fungos e bactérias. Assim, quando são descartados, eles acabam permanecendo no meio ambiente por décadas e até séculos, agravando ainda mais o problema de acúmulo de lixo e poluição da água, solo e ar.
Os polímeros de origem fóssil não são biodegradáveis e geram grande poluição
Além disso, a extração e exploração do petróleo também gera poluição e impactos ambientais.
Considerando esses problemas e que é praticamente impossível pensar no desenvolvimento de nossa sociedade sem o uso de polímeros, há uma necessidade urgente de encontrar alternativas aos plásticos de origem fóssil.
Um grande avanço nesse sentido foi a produção do plástico verde ou polietileno verde proveniente do etanol da cana-de-açúcar. A sua constituição é exatamente igual ao polietileno comum, com as mesmas propriedades, desempenho e versatilidade de aplicações. A única diferença é a matéria-prima utilizada na sua produção, que, em vez de ser o petróleo, é a cana-de-açúcar.
O seu processo de produção, resumidamente, é feito da seguinte forma:
1- A cana-de-açúcar é colhida e levada para as usinas, onde passa pelo processo comum de produção de álcool (etanol - H3C ─ CH2 ─ OH). Esse processo pode ser visto em detalhes no texto Produção de etanol;
A cana-de-açúcar é a matéria-prima da produção do polietileno verde
2- O álcool produzido passa por um processo de desidratação para que se obtenha o eteno;
H3C ─ CH2 ─ OH → CH2 ═ CH2 + H2O
Essa reação é explicada no texto Desidratação Intramolecular de álcoois.
3- O eteno é polimerizado em unidades de produção do polietileno.
4- O polietileno verde é transformado nos produtos desejados, tais como filmes para fraldas descartáveis, brinquedos, tanques de combustível para veículos e recipientes para iogurtes, leite, xampu e detergentes.
Dentre as principais vantagens desse plástico verde, podemos destacar:
* Ele é 100% reciclável;
Uma das principais vantagens do polietileno verde é que ele é totalmente reciclável
* Sua fonte de matéria-prima (cana-de-açúcar) é renovável, ao contrário do petróleo, que é finito;
* Não contribui para o acréscimo de gás carbônico (CO2) na atmosfera. Esse gás é o principal causador do aquecimento global e é produzido pelos combustíveis fósseis. Já no caso do plástico verde, ele pode contribuir para a redução do aquecimento global, tendo em vista que as plantações de cana-de-açúcar realizam fotossíntese, absorvendo o CO2 da atmosfera;
* Mesmo quando incinerado, o polietileno do etanol da cana-de-açúcar é praticamente neutro em relação ao CO2. Assim, depois de usados e descartados, esses plásticos podem ser incinerados para geração de energia, economizando no uso de combustíveis fósseis.
Infelizmente, o polietileno verde não é biodegradável. Mas pode ser classificado como um bioplástico, pois, de acordo com a definição da European Bioplastics Association, plásticos produzidos a partir de fontes renováveis e/ou plásticos biodegradáveis são classificados como bioplásticos ou biopolímeros.
Porém, um problema apontado por alguns é que, para produzir esse plástico verde, seria necessário expandir a agricultura da cana-de-açúcar, o que poderia ocupar terras que seriam utilizadas para outras culturas, além do fato de que a cana-de-açúcar já é bastante utilizada para a produção de álcool e açúcar. Estimativas apontam que um hectare de cana-de-açúcar gera três toneladas de plástico verde.
A primeira empresa produtora desse plástico foi a Brasken. Segundo os produtores e estudiosos do caso, o cenário para a produção de matéria-prima do plástico verde é favorável e não afetaria a produção de açúcar ou etanol combustível. Além disso, acredita-se que o desenvolvimento de novas tecnologias auxilie esse processo de produção.
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química