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Outubro Rosa: conheça a história de Cláudia, que teve câncer de mama aos 24 anos

Para lembrar a campanha do Outubro Rosa, o Brasil Escola conversou com Cláudia Andrade, que descobriu o câncer de mama aos 24 anos.

Em 29/09/2022 10h45 , atualizado em 16/10/2022 00h48
Mulher segurando duas crianças em uma plantação de girassóis
Cláudia Andrade teve câncer de mama aos 24 anos e luta até hoje contra a doença Crédito da Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal
Ouça o texto abaixo!

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Em 1º de outubro inicia-se a campanha conhecida como Outubro Rosa. Criado no início da década de 1990, nos Estados Unidos, o movimento internacional tem como objetivo conscientizar sobre a importância de um diagnóstico precoce e da prevenção contra o câncer de mama.

O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo e o mais comum no Brasil, estando atrás somente do câncer de pele. É também o que causa mais mortes por câncer em mulheres.

Não há uma causa única para se ter câncer de mama. Diversos fatores estão relacionados a ele. Embora seja menos comum, homens também podem ter câncer de mama, mas isso é raro, apenas 1% dos casos.

Já entre as mulheres, aquelas acima dos 50 anos possuem maior probabilidade de serem acometidas. O risco de desenvolver a doença aumenta com a idade. No entanto, esta não é uma regra fixa, pois há muitos casos de câncer de mama em mulheres antes desta faixa etária.

Câncer de mama aos 24 anos 

Em 2010, Cláudia Andrade descobriu que estava com câncer de mama, aos 24 anos. Na época, ela tinha 2 anos de casada e detectou o nódulo na mama esquerda no banho, através do autoexame.

"Eu tive um nódulo benigno, aos 19 anos, e sempre fiquei atenta desde então para esta questão. Durante o banho, fui fazer o autoexame da mama e senti o nódulo. Procurei a mastologista, que me passou os exames necessários, biópsias e etc, onde constatou que eu realmente estava com câncer de mama", Cláudia Andrade

Durante o tratamento, Cláudia fez uma mastectomia radical, ou seja, tirou toda a mama, pele e mamilo. Fez também o que é chamado de esvaziamento da axila, tirando todos os linfonodos (pequenas estruturas que funcionam como filtros para substâncias nocivas) da axila esquerda. 

Também passou por quimioterapia, perdeu todo o cabelo, passou por todos os processos de efeitos colaterais que a quimio traz, como: enjoos, mal-estar, imunidade baixa, além de conflitos em relação a sua autoestima.

Leia também: Avanços no tratamento do câncer

Mas, para ela, o pior ainda foi receber a sentença de que uma sequela do tratamento seria a sua esterilidade, não podendo ter filhos, o sonho de Cláudia. Isso se deve ao fato do tratamento de quimioterapia não ser seletivo, destruindo tanto as células ruins como as boas.

No caso de Cláudia, os seus óvulos seriam destruídos e como ela precisava dar início ao tratamento imediatamente, não deu tempo de fazer o processo de congelamento de óvulos.

"Eu tinha acabado de casar. Não tinha uma mama, não tinha cabelo. Fiquei fisicamente muito diferente. Mas, não poder ter filhos, isso foi  muito chocante, marcante. Eu sabia que precisava lutar pela vida, mas saber que não poderia gerar vida foi desesperador", Cláudia Andrade

Ainda assim, arrasada com o diagnóstico e todas as sequelas, ela fez o tratamento e ficou durante 5 anos tomando medicação oral, após a quimioteriapia, e tentando ter uma vida normal novamente.

Foi então que Cláudia e o marido decidiram iniciar o processo de adoção, após passarem por exames relacionados a reprodução humana, onde de fato ficou constatado que ela não poderia ter filhos.

Eis que quando começaram a iniciar a documentação de adoção, ela descobriu a gravidez de sua filha, hoje com 6 anos. Dois anos depois, em 2018, nasceu o segundo filho de Cláudia.

"Eduarda nasceu em 2016, linda e perfeita. Foi um grande milagre para nós. E depois, Deus nos agraciou com a chegada do Levi, em 2018. Mais um milagre", Cláudia Andrade

Cláudia e os filhos / Crédito: arquivo pessoal

O câncer e a metástase

Em 2020, já então curada do câncer, Cláudia começou a sentir muita dor nas costas. A dor na verdade já havia aparecido durante a sua segunda gestação, mas ela acreditava ser do peso da barriga. Como seu segundo filho já estava com 1 ano e quatro meses e as dores persistiam, decidiu averiguar a causa.

Foi então constatado que Cláudia tinha agora um tumor na coluna e, deste sendo investigado mais a fundo, descobriu-se metástase para fígado, pulmão, ossos e linfonodos do mediastino. 

Nessa época, ela precisou parar de amamentar o segundo filho, que estava em amamentação exclusiva. Apesar de ter perdido uma mama devido ao câncer, Cláudia amamentou os dois filhos.

E desde então ela vem lutando novamente contra o câncer. Já passou por algumas linhas de tratamento, alguns tumores estabilizam, outros crescem e ela vem seguindo nesta batalha.

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Esperança de tratamento contra o câncer fora do Brasil 

Atualmente, Cláudia e a família estão com a perspectiva de fazer um tratamento nos EUA. Ela esteve lá recentemente e conseguiu uma abertura para ter acesso ao Hospital de Stanford, referência mundial no tratamento de câncer, através de um programa do governo americano chamado MedCall, e o seu desafio é ir para lá se tratar.

Mas, para isso, ela precisa de recurso financeiro para ir com a família. Nesse momento, ela precisa fazer uma biópsia hepática e um teste molecular chamado Fondatoin Test, e voltar aos EUA, para dar início às consultas e futuro tratamento.

O custo é alto e, por isso, ela e o marido montaram uma vaquinha on-line para custear o tratamento. 

"Eu fui a três meses atrás, sozinha. Mas o coração da gente fica despedaçado. Foram dias muitos difíceis. Ficar sem os filhos pequenos, sem marido, sem a família, mesmo que seja pela vida. Nosso propósito é levar toda a família e o desafio hoje é fazer levantamento de recursos para conseguirmos ir e se manter, pelo menos, por dois meses", Cláudia Andrade

Sacrificar o presente na expectativa de futuro incerto

Cláudia desabafa que hoje, o mais difícil, além da saúde e o financeiro, é que o tratamento exige muita dedicação. Ela se desdobra para não deixar que nenhuma das partes da sua Cláudia fiquem desamparadas, casamento, maternidade, relações familiares, já que o tratamento existe, mas é incerto.

"Você sacrifica muito o presente na expectativa de ter um futuro, mas tem que ter muita sabedoria. Se você sacrificar totalmente o seu presente pode ser que o futuro nem exista. Quem é que sabe do futuro? Ninguém sabe! Mas a dose precisa ser muito certa, se eu perder a oportunidade de tratamento hoje, pode ser que o amanhã não exista. Então é uma linha muito tênue", Cláudia Andrade

Câncer de mama em números

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o Brasil, foram estimados 66.280 novos casos da doença em 2022, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

Outubro Rosa relembra a importância da prevenção para detectar o câncer de mama

Os principais sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são:

- Caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;

- Pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja;

- Alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos;

- Pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Em geral, é comum que uma das mamas seja maior que a outra ou que tenham formatos diferentes. Mas é preciso ficar alerta para um sinal ou sintoma suspeito de câncer de mama.

Um em cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto em estágio inicial. Mas muitas pessoas, por medo ou desinformação, evitam o assunto e acabam atrasando o diagnóstico, por verem a doença como uma sentença de morte ou um mal inevitável e incurável.

Quando fazer mamografia?

Além de estarem atentas ao próprio corpo, é recomendado que as mulheres façam exame de rotina. Dentre eles, está a mamografia, que é uma radiografia das mamas, capaz de identificar alterações suspeitas.

Este exame pode ser feito de rotina (rastreamento) para identificar o câncer antes de a mulher ter sintomas. As mulheres devem ser informadas sobre os benefícios e riscos dessa prática.

Contudo, é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos. O exame para avaliar uma alteração suspeita na mama é chamado de mamografia diagnóstica e pode ser feita em qualquer idade, quando há indicação médica.

Antes dos 50 anos a mamografia não é muito indicada (exceto em casos específicos), devido as mamas serem mais densas e com menos gordura, o que limita o exame e gera muitos resultados incorretos.

É possível reduzir o risco de câncer de mama?

Há algumas medidas que podem reduzir as chances de se ter câncer de mama, como manter o peso corporal adequado, praticar atividade física e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Por Érica Caetano
Jornalista

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