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Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues foi um cronista, contista, romancista e dramaturgo brasileiro do século XX. É conhecido, principalmente, pelas suas polêmicas peças teatrais.

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Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912, em Recife, mas, ainda criança, mudou-se, com a família, para o Rio Janeiro. O pai era dono de um jornal, e isso permitiu que o filho, aos 14 anos, iniciasse sua carreira jornalística como repórter policial. Mais tarde, publicou crônicas, contos e romances, porém a fama do escritor se deve, principalmente, às suas peças teatrais.

Seus textos, tanto a prosa quanto o drama, são caracterizados por uma linguagem simples, crítica de costumes e presença de temas polêmicos, como incesto e adultério. Os textos dramáticos são divididos em:

  • peças psicológicas

  • peças míticas

  • tragédias cariocas

O autor, que morreu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, compôs obras teatrais famosas, como Vestido de noiva e O beijo no asfalto.

Leia também: Gênero dramático – textos escritos com o objetivo de serem encenados

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Biografia de Nelson Rodrigues

 Nelson Rodrigues, em 1971.
Nelson Rodrigues, em 1971.

Nelson Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912, em Recife. Contudo, em 1916, a família se mudou para o Rio de Janeiro, onde Mário Rodrigues (1885-1930), pai do escritor, criou o jornal A Manhã, em 1925. Antes, porém, em 1919, o filho ingressou na escola Prudente de Morais. Durante seu período de estudos nessa instituição, ele ganhou um concurso de redação. A temática de sua redação era o adultério.

Assim, quando tinha 14 anos, o autor começou a trabalhar com o pai e se tornou repórter policial. No entanto, em 1929, Mário não pôde manter o jornal e fundou outro, chamado Crítica. Nesse ano, a tragédia se abateu sobre a família. O irmão do jornalista — Roberto Rodrigues (1906-1929) — foi assassinado pela escritora Sylvia Seraphim (1902-1936), por causa de uma reportagem sobre seu suposto adultério.

Esse acontecimento acabou levando Mário Rodrigues a se entregar ao alcoolismo e logo falecer, em 1930. Além disso, meses depois, o jornal foi fechado pelo governo de Getúlio Vargas. Nos próximos anos, a família enfrentaria grande dificuldade financeira, além de Nelson Rodrigues ser acometido pela tuberculose e perder um irmão para a doença, em 1936.

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Nesse mesmo ano, o escritor começou a escrever sobre futebol para o Jornal dos Sports. Em 1940, casou-se com Elza Bretanha, com quem viveu até 1963, quando se separou para morar com Lúcia Cruz Lima durante os próximos oito anos. Já em 1941, sua primeira peça teatral — A mulher sem pecado — foi encenada. Contudo, o reconhecimento chegou só dois anos depois, quando estreou sua peça Vestido de noiva.

Em 1944, Nelson Rodrigues, que também era romancista, assinou o livro Meu destino é pecar com seu pseudônimo Suzana Flag, que seria usado em outras duas obras. Assim, sempre tratando de temas polêmicos, o autor, em 1946, teve sua peça Álbum de família censurada, devido à temática do incesto.

Paralelamente à sua carreira de dramaturgo, ele também escrevia para periódicos, como Última Hora, Correio da Manhã, Jornal do Brasil e O Globo. Mais tarde, trabalhou na televisão, além de fazer uma participação como ator, em 1957, em sua peça Perdoa-me por me traíres.

O autor, que faleceu em 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, apesar de apoiar o regime militar, teve seu romance O casamento censurado em 1966. Em 1972, seu filho, Nelson Rodrigues Filho, foi preso e torturado, devido a envolvimento na luta armada contra a ditadura.

Leia também: Ariano Suassuna – dramaturgo paraibano fundador do movimento armorial

Características da obra de Nelson Rodrigues

Suas peças, contos, romances e crônicas apresentam, de forma geral, as seguintes características:

  • Linguagem coloquial

  • Presença de gírias

  • Tom irônico

  • Diálogos dinâmicos

  • Monólogo interior

  • Crítica de costumes

  • Visão do cotidiano

  • Elementos grotescos

  • Temáticas:

- Adultério

- Hipocrisia

- Corrupção humana

- Condutas imorais

- Amor e sexo

- Crime e morte

Suas peças teatrais são divididas em três categorias:

  • Peças psicológicas: apresentam uma análise psicológica dos personagens, como na peça Vestido de noiva.

  • Peças míticas: desconstroem o modelo tradicional da família burguesa, como mostra a obra Álbum de família.

  • Tragédias cariocas: de caráter mais popular, colocam em evidência o subúrbio do Rio de Janeiro, como se pode ver em A falecida.

Obras de Nelson Rodrigues

 Capa do livro O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, publicado com o selo Nova Fronteira. [1]
Capa do livro O beijo no asfalto, de Nelson Rodrigues, publicado com o selo Nova Fronteira. [1]

Teatro

  • A mulher sem pecado (1941)

  • Vestido de noiva (1943)

  • Álbum de família (1946)

  • Anjo negro (1947)

  • Senhora dos afogados (1947)

  • Doroteia (1949)

  • Valsa no 6 (1951)

  • A falecida (1953)

  • Perdoa-me por me traíres (1957)

  • Viúva, porém honesta (1957)

  • Os sete gatinhos (1958)

  • Boca de ouro (1959)

  • O beijo no asfalto (1960)

  • Bonitinha, mas ordinária (1962)

  • Toda nudez será castigada (1965)

  • AntiNelson Rodrigues (1974)

  • A serpente (1978)

Romance

  • Meu destino é pecar (1944)

  • Escravas do amor (1944)

  • Minha vida (1944)

  • Núpcias de fogo (1948)

  • A mulher que amou demais (1949)

  • A mentira (1953)

  • O homem proibido (1959)

  • Asfalto selvagem: Engraçadinha, seus pecados e seus amores (1959)

  • O casamento (1966)

  • Memórias: a menina sem estrela (1992)

Conto

  • Cem contos escolhidos: a vida como ela é... (1972)

  • Elas gostam de apanhar (1974)

  • A vida como ela é...: o homem fiel e outros contos (1992)

  • A dama do lotação e outros contos e crônicas (1992)

  • A coroa de orquídeas (1992)

  • Pouco amor não é amor (2002)

Crônica

  • O óbvio ululante: primeiras confissões (1968)

  • A cabra vadia (1970)

  • O reacionário: memórias e confissões (1977)

  • Fla-flu... e as multidões despertaram (1987)

  • O remador de Ben-Hur (1992)

  • A cabra vadia: novas confissões (1992)

  • À sombra das chuteiras imortais: crônicas de futebol (1992)

  • A mulher do próximo (1992)

  • O profeta tricolor (2002)

  • Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo (2002)

  • O berro impresso das manchetes (2007)

  • A pátria de chuteiras (2012

  • Brasil em campo (2018)

Veja também: Dias Gomes – dramaturgo que contribuiu desde o teatro a novelas televisivas

O beijo no asfalto

O beijo no asfalto é uma das peças mais famosas de Nelson Rodrigues. O texto apresenta personagens como Amado, um jornalista sensacionalista e inescrupuloso, e Cunha, um delegado violento. Os dois resolvem perseguir o personagem Arandir, que beijou, na boca, um homem que morreu atropelado.

Tanto o jornalista quanto o delegado pretendem tirar vantagens do caso e fazem de tudo para Arandir confessar que tinha um caso com o morto. No entanto, Arandir é casado com Selminha, a qual é filha de Aprígio e irmã de Dália, uma adolescente que nutre desejos pelo cunhado.

Durante o desenrolar da trama, o público é levado a acreditar que Aprígio tem ciúme da filha Selminha, isto é, sente algum tipo de desejo por ela. Entretanto, no final, é revelado que Aprígio é apaixonado pelo genro Arandir. Antes, porém, sai a matéria sobre o “beijo no asfalto”, e a vida de Arandir vira um inferno, já que todos começam a desconfiar que ele é homossexual.

Ainda, durante toda a peça, paira no ar a dúvida se Arandir conhecia ou não o atropelado. Além disso, é bastante evidente a homofobia dos personagens, condizente com a década de 1960. No entanto, não é possível saber se a peça critica a homofobia ou se é favorável a ela. Essa dúvida torna o texto bem mais complexo e interessante.

Frases de Nelson Rodrigues

A seguir, vamos ler algumas frases de Nelson Rodrigues, retiradas do livro Só os profetas enxergam o óbvio:

  • “Devo muito aos inimigos e muito pouco, ou quase nada, aos admiradores.”

  • “O amoroso é sincero até quando mente.”

  • “Cada um de nós há de morrer agarrado à sua angústia.”

  • “A verdadeira posse é o beijo na boca.”

  • “Só há uma tosse admissível: a nossa.”

  • “Há médicos que cobram até ‘bom-dia’.”

  • “Enquanto o homem não amar para sempre, continuaremos pré-históricos.”

  • “As coisas ditas uma vez e só uma vez morrem inéditas.”

  • “Um idiota está sempre acompanhado de outros idiotas.”

Crédito da imagem

[1] Ediouro Publicações (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Nelson Rodrigues"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/nelson-rodrigues.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

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