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A Torre de Babel foi uma construção mencionada em uma narrativa mítica encontrada no livro de Gênesis, na Bíblia. Esse mito foi usado para explicar o surgimento da diversidade linguística da humanidade e a dispersão dos seres humanos pela Terra. Os historiadores afirmam que a Torre de Babel se tratava de um zigurate, sendo associado a um exemplar construído na Babilônia.
Acesse também: Código de Hamurábi — importante código de leis da Babilônia
Tópicos deste artigo
Resumo sobre a Torre de Babel
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A Torre de Babel foi um mito narrado na Bíblia, mais especificamente em Gênesis.
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Esse mito foi utilizado para explicar a dispersão dos grupos humanos pela Terra e a grande variedade linguística existente.
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Os historiadores acreditam que a Torre de Babel foi um zigurate, construção muito comum na Mesopotâmia.
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Alguns historiadores acreditam que a Torre de Babel pode ter sido o Etemenanki, construído na Babilônia.
O que foi a Torre de Babel?
A Torre de Babel foi uma construção mencionada em Gênesis, livro da Bíblia. Essa narrativa é entendida pelos historiadores como um mito e, portanto, não como um evento factual. Os historiadores consideram esse um mito fundador, isto é, que é usado para explicar a origem de algo. No contexto do mito, podemos identificar que a narrativa procura dar uma origem para a variedade linguística da humanidade e sua dispersão pela Terra.
A história se inicia com um grupo de pessoas que decide, tempos depois do dilúvio, construir uma cidade, e nela, uma torre que alcançasse os céus, com o intuito de trazer fama àquela cidade e, com isso, evitar a dispersão dos homens pela Terra. Acontece que, durante a construção, Deus decidiu intervir.
A intervenção divina se deu ao ser lançado o desentendimento entre os seres humanos, e isso aconteceu porque, de repente, eles já não falavam a mesma língua. O surgimento de diversas línguas fez com que a construção da torre fosse interrompida e forçou a dispersão dos humanos pela Terra. O mito da Torre de Babel pode ser encontrado em Gênesis 11:1-9.
Torre de Babel na história
Como mencionado, a história da Torre de Babel não é entendida como um fato, isto é, como um acontecimento histórico concreto. Os historiadores consideram essa narrativa um mito de fundação dos hebreus, como era comum em diferentes povos da Antiguidade.
O ponto de partida quando falamos da Torre de Babel é que os historiadores sabem que, se ela existiu, tratou-se de um zigurate, construção bastante importante na Mesopotâmia. O zigurate era uma espécie de palácio desenvolvido pelos sumérios, a partir de 3000 a.C., e adotado por outros povos mesopotâmicos.
Atualmente, por meio da arqueologia, temos conhecimento da existência de dezenas de zigurates. A função dessa construção ainda é alvo de estudos entre os historiadores, que acreditam que ela poderia centralizar a administração de onde fora construída, mas que também teria funções religiosas ao possuir templos em seu interior.
Esses templos, naturalmente, eram construídos em homenagem a diferentes deuses (os povos mesopotâmicos eram politeístas), e sua construção no zigurate cumpriria o propósito de afastar o povo dos templos. Por fim, acredita-se que os zigurates teriam uma função cosmológica dentro da cultura mesopotâmica.
Isso porque os povos mesopotâmicos acreditavam que os zigurates eram um local de conexão do céu com a Terra. O historiador Paul Kriwaczek, por exemplo, afirmou que os zigurates para os sumérios foram planejados a fim de “permitir que a escala humana e a divina se tocassem momentaneamente”.|1|
Alguns historiadores afirmam que a Torre de Babel pode ter correspondido a Etemenanki, um zigurate construído na cidade da Babilônia, em algum momento entre o século XIV a.C. e o século IX a.C. Ele foi construído pelos babilônicos em homenagem a Marduk, considerado o deus criador.
O historiador grego Heródoto descreveu o Etemenanki da seguinte maneira:
Uma torre de sólidas pedras talhadas, de duzentos metros de comprimento e de largura, sobre a qual se erguia uma segunda torre, e neste, uma terceira, e assim sucessivamente, até chegar a oito. A subida para o topo é feita pelo lado de fora, por um caminho que circunda todas as torres. Mais ou menos a meio caminho da subida, encontram-se um local para repouso e assentos, onde as pessoas costumam sentar-se um pouco na subida até o cume. Na torre mais alta há um templo espaçoso e, em seu interior, um divã de tamanho inusitado, ricamente adornado, tendo ao lado uma mesa de ouro.|2|
O termo etemenanki foi traduzido como “casa que é o alicerce do céu e da Terra”, e essa construção tinha cerca de 90 metros de altura, mas não resistiu ao tempo. Sua associação com a Torre de Babel, no entanto, é apenas uma hipótese levantada por um grupo de historiadores.
Outro fato curioso é que os sumérios tinham um mito com um episódio parecido com o da Torre de Babel. Essa história era chamada de Enmercar e o Senhor de Arata, e nela o deus Enki realizou uma intervenção mudando o idioma falado pelos humanos e, com isso, causando um grande desentendimento entre eles.
Notas
|1| KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. p. 199.
|2| Idem, p. 329.
Por Daniel Neves
Professor de História