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Revolução Puritana

A Revolução Puritana foi um conflito ocorrido entre o Parlamento inglês e o rei Carlos I, resultando na abolição do absolutismo da Inglaterra.

Estátua de Oliver Cromwell
Oliver Cromwell liderou as tropas do Parlamento durante a Revolução Puritana e organizou seus soldados pelo mérito, e não por títulos de nobreza.
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A Revolução Puritana foi uma guerra civil que teve início na Inglaterra em 1642, quando o exército do rei Carlos I entrou em confronto com o exército do Parlamento inglês, e terminou em 1649 com a derrota do monarca, simbolizando o fim do absolutismo em território inglês. Esse evento está inserido no contexto da Revolução Inglesa, que fortaleceu politicamente os parlamentares daquela nação e aboliu o absolutismo ao limitar as ações do rei da Inglaterra.

Carlos I desejava aumentar os impostos cobrados pelos seus súditos sem a autorização do Parlamento. As divergências políticas foram extrapoladas para a guerra quando as tropas reais entraram em conflito com o exército parlamentar liderado por Oliver Cromwell. Carlos I foi derrotado, dando início ao curto período em que a Inglaterra foi uma República governada por Cromwell. Outro elemento importante dessa revolução foi a religiosidade, pois os puritanos (por isso o nome da revolução) desejavam praticar a sua fé sem as perseguições do rei.

Leia também: Absolutismo inglês — o período de fortalecimento de um Estado monárquico na Inglaterra

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Revolução Puritana

  • A Revolução Puritana foi uma guerra civil envolvendo o Parlamento inglês e o rei Carlos I.

  • A ascensão da religião puritana está inserida na causa da revolução, pois os adeptos da nova religião protestante queriam liberdade de culto, o que o rei não permitia.

  • O monarca inglês queria aumentar os impostos sem a prévia autorização do Parlamento.

  • O conflito ocorreu entre as tropas reais e o exército do Parlamento liderado por Oliver Cromwell.

  • Ao final da Revolução Puritana, o rei foi derrotado e formou-se a república, governada por Cromwell.

Videoaula sobre a Revolução Puritana

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Antecedentes da Revolução Puritana

A Reforma Protestante causou uma ruptura no mundo cristão europeu. A partir do século XVI, o catolicismo não era apenas a única religião a professar o cristianismo. Outras igrejas cristãs surgiram, cada uma com sua doutrina e ensinamento. Rapidamente, a nova fé cristã se espalhou pela Europa e alcançou o campo político. Vários monarcas aproveitaram o momento de tensão religiosa para usá-la a seu favor. No intuito de concentrar ainda mais poderes, os reis europeus romperam com o Vaticano e aderiram às novas doutrinas cristãs.

Enfraquecida, a Igreja Católica ainda tinha muita influência sobre a Europa e, por meio da Contrarreforma, tentou reverter a perda de fiéis, que migraram para as novas igrejas protestantes. Se havia reis que romperam com o Vaticano, outros tantos reforçaram sua fé católica e usaram da força que o poder absoluto lhes oferecia para impor ao seu povo o cristianismo católico. Dessa forma, os protestantes foram perseguidos e não tinham espaço nem liberdade para praticar sua nova fé.

A Inglaterra era uma monarquia absolutista até o século XVII. A Teoria do Direito Divino justificava que o poder absoluto do monarca tinha origem divina e, por isso, deveria ser cumprido e jamais questionado. No entanto, os ingleses contavam com uma importante instituição para contrapor o poder absoluto do rei: o Parlamento.

Em 1628, o Parlamento inglês aprovou a petição de direitos, que tinha como objetivo limitar o poder do rei e reforçar a participação dos parlamentares nas decisões da monarquia. Pela petição, não poderia haver prisão arbitrária. Se o rei quisesse aumentar impostos, deveria apresentar um projeto para que os parlamentares aprovassem isso ou não, e as medidas militares não poderiam ser tomadas em tempo de paz.

Enquanto monarquia e Parlamento estavam em sentido contrário, a sociedade inglesa passava por uma transformação. A burguesia se tornou uma classe social em ascensão e desejosa por também participar das decisões do governo. A religião puritana se adequava aos interesses burgueses, pois não havia condenação quanto ao lucro. Já o catolicismo pregava que o lucro era pecado.

Confira no nosso podcast: Os reis mais malucos da história

Causas da Revolução Puritana

Em 1640, a Inglaterra enfrentava uma grave crise econômica, e o rei Carlos I desejava aumentar os impostos dos seus súditos para sanar as finanças do reino. Para isso, era necessário que o Parlamento aprovasse as medidas reais. De acordo com a petição de direitos, para qualquer projeto da realeza que envolvesse impostos, julgamentos e convocação de tropas era necessária a prévia autorização dos parlamentares ingleses. Isso desagradou o monarca, que reivindicou seus poderes absolutistas para aplicar a cobrança de impostos. A população inglesa não concordou com essas medidas, porque além dos custos fiscais, não havia a autorização parlamentar.

Além das questões econômica (cobrança de impostos) e política (crise com o Parlamento), havia a questão religiosa. Carlos I impôs a religião anglicana aos puritanos e calvinistas. A interferência real nas igrejas da Inglaterra e da Escócia gerou revolta na população, que exigia maior liberdade religiosa. A burguesia em ascensão começou a ocupar os cargos pertencentes aos nobres no Parlamento, ou seja, os interesses burgueses se sobrepuseram aos dos nobres.

Ao não cumprir a petição dos direitos e manter sua imposição de cobrar impostos, Carlos I entrou em guerra contra o exército do Parlamento, desencadeando a Revolução Puritana.

Desenrolar da Revolução Puritana

A Revolução Puritana começou em 1642, quando o exército real entrou em conflito com o exército do Parlamento. Oliver Cromwell liderou o exército do Parlamento e conseguiu derrotar os soldados reais. Esse evento foi um marco na história da Europa, pois encerrou o absolutismo na Inglaterra, instalando uma monarquia constitucional, como é até hoje. O rei passou a ter poderes limitados e deveria respeitar as leis.

Carlos I foi preso pelo exército do Parlamento durante a guerra civil. Após ser julgado por traição, ele foi condenado à morte. O rei inglês foi decapitado em janeiro de 1649, em frente ao Palácio de Whitehall, em Londres. Sua morte foi uma importante vitória do Parlamento sobre o absolutismo inglês.

Oliver Cromwell e o novo modelo de exército

Oliver Cromwell liderou as tropas do Parlamento durante a Revolução Puritana entre 1642 e 1649. Ele entrou na guerra motivado pela defesa da liberdade religiosa e com um exército eficiente e formado pelos méritos dos seus soldados. Estando do lado do Parlamento, Cromwell recebeu a incumbência de liderar as tropas parlamentares contra os soldados fiéis ao rei Carlos I.

Dando início ao chamado Novo Modelo de Exército, Cromwell inovou na forma de organizar os seus soldados. Não haveria mais escolhas por causa dos títulos de nobreza, mas sim pelo merecimento. Dessa forma, foi ampliada a participação de integrantes das classes menos abastadas no exército do Parlamento. Essa nova forma de agir possibilitou a vitória sobre as tropas reais.

Os soldados que faziam parte do Novo Modelo de Exército eram chamados de “cabeças redondas”, por causa do formato do capacete de metal que usavam para proteger a cabeça.

Cromwell também permitiu que seus soldados participassem das decisões de comando. Dessa forma, as questões políticas também entravam em discussão, aumentando a conscientização das tropas sobre os acontecimentos na Inglaterra sob o reinado de Carlos I e gerando motivação para que lutassem contra o absolutismo imposto pelo rei. Os soldados aderiram ao puritanismo, e a perseguição religiosa feita pelo rei inglês se tornou outro importante motivo para que o exército do Parlamento derrotasse as tropas de Carlos I.

Em 1647, o Novo Modelo de Exército tomou uma medida ousada, sem nenhuma ordem superior: o sequestro de Carlos I. Sem seu principal líder, as tropas reais se enfraqueceram e, em 1649, foram dizimadas pelas tropas de Oliver Cromwell.

A execução de Carlos I
O rei Carlos I foi decapitado em 1649, logo após ser derrotado pelas tropas do Parlamento, encerrando o Absolutismo na Inglaterra.

Consequências da Revolução Puritana e Revolução Gloriosa

O fim da Revolução Puritana, em 1649, promoveu grandes mudanças na Inglaterra. O rei Carlos I, derrotado na guerra civil, foi preso e condenado à morte. Acabou assim o absolutismo em território inglês, e o Parlamento se fortaleceu politicamente ao limitar as ações do monarca inglês e se tornar o grande centro decisório da Inglaterra.

A forma avassaladora com que o exército de Oliver Cromwell derrotou as tropas reais o converteu de líder militar para líder político. A derrota de Carlos I encerrou um longo período de monarquia na Inglaterra, e, em 1649, os ingleses começaram a ser regidos por uma nova forma de governo: a república, sob o comando de Oliver Cromwell.

Leia também: Guerra das Rosas — um dos mais emblemáticos conflitos da história inglesa

Revolução Puritana e Revolução Gloriosa

As revoluções Puritana e Gloriosa são dois momentos que compõem a chamada Revolução Inglesa. Uma monarquia absolutista chegou ao fim após um movimento revolucionário derrotar o último rei com amplos poderes em suas mãos.

Mesmo após a Revolução Puritana ter executado Carlos I, a reação absolutista se materializou no rei Jaime II, que assumiu o trono inglês em 1688. Ele também entrou em conflito com o Parlamento, pois desejava governar de forma absolutista. A Revolução Gloriosa depôs Jaime II e coroou Guilherme de Orange como rei inglês. O novo rei assinou a Petição de Direitos junto ao Parlamento, se comprometendo a não ultrapassar os limites dos seus poderes e a governar dentro de uma monarquia constitucional.

  • Videoaula sobre a Revolução Gloriosa

Exercícios resolvidos sobre Revolução Puritana

Questão 1

Logo após a Revolução Puritana, em 1649, o rei inglês Carlos I foi decapitado. Sua trágica morte teve como consequência na política da Inglaterra:

a) a ascensão de Carlos II, seu herdeiro, que restabeleceu o absolutismo na Inglaterra.

b) a intervenção do Papa Leão XIII na política inglesa, impondo o catolicismo.

c) o estabelecimento da república na Inglaterra, liderada por Oliver Cromwell.

d) o fechamento do Parlamento, garantindo o absolutismo na Inglaterra.

Resolução:

Letra C

Oliver Cromwell liderou o exército do Parlamento, que derrotou as tropas do rei Carlos I, e isso o fortaleceu politicamente. Em 1649, ele se tornou o líder da república inglesa.

Questão 2

(UFPB 2008) Sobre a chamada Revolução Puritana, na Inglaterra, iniciada em 1640, é INCORRETO afirmar:

a) A Inglaterra passava por grandes modificações sociais com o desenvolvimento do capitalismo. Essas modificações criaram uma série de tensões entre a nobreza (os Lordes) e a burguesia urbana, que havia se aliado, política e militarmente, aos pequenos pro­prietários rurais, camponeses e proletários.

b) A Revolução Puritana foi encerrada no momento da assinatura da Declaração de Direitos (Bill of Rights) pelo Rei Carlos I. Por esse ato, o monarca aceitava que seus poderes sofressem limitações, tais como a proibição de recrutamento do exército e de criação de impostos sem a aprovação do Parlamento.

c) As disputas religiosas permeavam os conflitos políticos, mantendo fortes conexões com os mesmos. Uma das principais causas da revolução foi a tentativa de imposição da religião oficial anglicana aos escoceses, majoritariamente presbiterianos, e aos calvinistas ingleses, chamados de puritanos.

d) A disputa de poder entre o rei e o Parlamento levou à eclosão da guerra civil, entre o exército real, comandado por nobres, e o exército do Parlamento, comandado pelo puritano Oliver Cromwell. No exército de Cromwell, era marcante a presença de vários segmentos sociais, que, inclusive, assumiram postos de comando por critério profissional, e não por linhagem.

Resolução:

Letra B

Esse item erra quando fala da aceitação do rei Carlos I em cumprir a Petição dos Direitos imposta pelo Parlamento. Ele até assinou a petição logo após a sua coroação como rei da Inglaterra, mas não a cumpriu e tomou medidas econômicas, como o aumento dos impostos, sem a aprovação do Parlamento.

 

Por Carlos César Higa
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Revolução Puritana"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-puritana.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

 (Unesp-SP) ... o período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente.

HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. Lisboa, Presença, 1981.

 O autor do texto está se referindo:

  1. à força da marinha inglesa, maior potência naval da Época Moderna.

  2. ao controle pela coroa inglesa de extensão de áreas coloniais.

  3.  ao fim da monarquia absolutista, com a crescente supremacia política do parlamento.

  4. ao desenvolvimento da indústria têxtil, especialmente dos produtos de lã.

  5. às disputas entre burguesia comercial e agrária, que caracterizavam o período.  

  

Exercício 2

 (Unifesp-SP) Nas outras monarquias da Europa, procura-se ganhar a benevolência do rei; na Inglaterra, o rei procura ganhar a benevolência [da Câmara] dos Comuns.”

DELEYRE, Alexandre. Tableau de l’Europe. 1774.

Essa diferença entre a monarquia inglesa e as do continente deve-se:


 

  1. ao rei Jorge III que, acometido por um longo período de loucura, tornou-se dependente do Parlamento para governar.

  2. ao fato de a casa de Hannover, por sua origem alemã, gozar de pouca legitimidade para impor aos ingleses o despotismo esclarecido.

  3. ao início da rebelião das colônias inglesas da América do Norte contra o monarca, que o obrigou a fazer concessões.

  4. à peculiaridade da evolução política inglesa a qual, graças à Carta Magna, não passou pela fase da monarquia absolutista.

  5. às revoluções políticas de 1640 (Puritana) e 1688 (Gloriosa), que retiraram do rei o poder de se sobrepor ao Parlamento.