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A Revolução Inglesa foi um processo revolucionário do século XVII que resultou na instalação de uma monarquia de bases liberais na Inglaterra. Foi formada por duas etapas, a Revolução Puritana (1640-1648) e a Revolução Gloriosa (1688).
Algumas das causas da Revolução Inglesa foram a concentração de poder nas mãos da dinastia Stuart, a busca por poder político e liberdade econômica da burguesia, e a insatisfação dos setores populares mais radicais. Ela pode ser percebida como uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime e pode ser considerada a primeira revolução burguesa na Europa.
A Revolução Inglesa abriu espaço para o fortalecimento do poder político da burguesia, favorecendo o desenvolvimento do capitalismo e dando condições para a realização da Revolução Industrial no século XVIII. Além disso, ela deu a base para o parlamentarismo que existe até hoje na Inglaterra.
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Revolução Inglesa
- 2 - O que foi a Revolução Inglesa?
- 3 - Antecedentes da Revolução Inglesa
- 4 - Causas da Revolução Inglesa
- 5 - Características da Revolução Inglesa
- 6 - Guerra civil e Revolução Puritana (1640-1649)
- 7 - Restauração da dinastia Stuart (1660-1688)
- 8 - Revolução Gloriosa (1688) e a fundação da monarquia parlamentarista
- 9 - Consequências e importância da Revolução Inglesa
- 10 - Exercícios resolvidos sobre Revolução Inglesa
Resumo sobre Revolução Inglesa
- A Revolução Inglesa foi um processo revolucionário do século XVII que resultou na instalação de uma monarquia de bases liberais na Inglaterra.
- Foi formada por duas etapas: a Revolução Puritana (1640-1649) e a Revolução Gloriosa (1688).
- A insatisfação do Parlamento com o rei Carlos I, da dinastia Stuart, culminou na Revolução Puritana.
- Durante a Revolução Puritana, o rei Carlos I recebeu apoio da alta nobreza, da burguesia monopolista e do clero anglicano. Já o Parlamento recebeu apoio de populares e teve liderança o chefe militar puritano Oliver Cromwell.
- A Revolução Puritana, iniciada em 1641, culminou na captura, condenação e morte do rei Carlos I, em 30 de janeiro de 1649, e na instauração da república de Oliver Cromwell ou Commonwealth.
- Durante o seu governo, Cromwell conteve os movimentos populares mais radicais, dissolveu o Parlamento, assinou os Atos de Navegação e tornou o seu cargo hereditário.
- Após a morte de Cromwell, monarquistas e antipuritanos articularam o retorno da dinastia Stuart ao poder.
- Buscando destituir o rei Jaime II, o Parlamento inglês convidou o holandês Guilherme Orange e Maria Stuart para assumirem o trono.
- Em 1689, Guilherme Orange e Maria Stuart assinaram a Declaração de Direitos (Bill of Rights), consolidando a Revolução Gloriosa.
- A Revolução Inglesa pode ser percebida como uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime na Europa e considerada como a primeira revolução burguesa na Europa.
- Ela favoreceu o desenvolvimento do capitalismo inglês, dando condições para a realização da Revolução Industrial no século XVIII.
- Gerou a base para o parlamentarismo que existe até hoje na Inglaterra.
O que foi a Revolução Inglesa?
A Revolução Inglesa foi um processo revolucionário do século XVII formado por duas etapas, a Revolução Puritana (1640-1649) e a Revolução Gloriosa (1688), resultando na instalação de uma monarquia de bases liberais na Inglaterra. Ela pode ser percebida como uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime, pautado no absolutismo monárquico, e pode ser considerada como a primeira revolução burguesa na Europa.
Ao final da Revolução Inglesa, a burguesia havia aumentado a sua influência política e implementado leis que possibilitaram a consolidação e hegemonia do capitalismo inglês.
Antecedentes da Revolução Inglesa
Entre os séculos XVI e XVII, durante a dinastia Tudor, ocorreu uma maior centralização política na Inglaterra por meio do governo do rei Henrique VIII, que submeteu o Parlamento e decretou o Ato de Supremacia, tornando oficial a Igreja Anglicana na Inglaterra, confiscando as terras da Igreja Católica e exercendo domínio da nobreza. Já a sua filha, a rainha Elizabeth I, colocou em prática uma política mercantilista mais agressiva de colonização na América. Assim, a Inglaterra se consolidou como grande potência econômica e naval na Europa, enriquecendo a burguesia.
Ainda nesse contexto, a prática agrícola cedeu espaço à agricultura comercial por meio da política de cercamentos, processo no qual as terras cultivadas coletivamente foram cercadas e transformadas em propriedades privadas de nobres e burgueses interessados em obter lucro com a indústria têxtil. A política de cercamentos intensificou a desigualdade e o empobrecimento dos camponeses, que, expulsos de suas terras, se deslocaram para as cidades, buscando emprego.
Nesse contexto, durante o início do século XVII, em 1603, a morte da Rainha Elizabeth I, que não tinha herdeiros diretos, resultou na sucessão de seu parente mais próximo, o seu primo e rei da Escócia, Jaime Stuart. Assim, a dinastia Tudor teve fim e iniciou-se a dinastia Stuart.
Causas da Revolução Inglesa
Dentre as causas da Revolução Inglesa, podemos apontar:
- a concentração de poder nas mãos da dinastia Stuart;
- a busca por poder político e liberdade econômica da burguesia;
- a perseguição religiosa aos puritanos e presbiterianos;
- a violação à Magna Carta e à Petição de Direitos;
- os fechamentos sucessivos do Parlamento;
- a insatisfação dos setores populares mais radicais, como niveladores e escavadores.
Características da Revolução Inglesa
A Revolução Inglesa foi dividida em duas fases, a Revolução Puritana (1640-1649) e a Revolução Gloriosa (1688). Enquanto a Puritana culminou na morte do rei Carlos I, a Gloriosa se desenvolveu de forma pacífica. As duas etapas da Revolução Inglesa foram motivadas pelos interesses burgueses e pelas insatisfações popular e religiosa.
A Revolução Inglesa, inspirada na teoria do liberalismo político do pensador John Locke, marcou o fim da monarquia absolutista inglesa, dando início à monarquia parlamentarista com bases liberais. Ela pode ser considerada como a primeira revolução burguesa na Europa.
Guerra civil e Revolução Puritana (1640-1649)
A morte da Elizabeth I, filha do rei Henrique VIII, em 1603, resultou na sucessão de seu parente mais próximo, o seu primo e rei da Escócia, Jaime Stuart. Nesse sentido, o fato de o novo rei ser escocês pesou muito durante o seu governo, uma vez que sempre era visto com desconfiança pela Corte inglesa, fragilizando suas relações.
Nesse sentido, o governo de Jaime I foi marcado por conflitos entre o rei e o Parlamento inglês, constituído pela Câmara dos Lordes, composta por representantes da alta nobreza, e pela Câmara dos Comuns, composta por representantes da burguesia e da gentry.
Durante o seu governo, marcado por revoltas na Irlanda e perseguições a católicos e puritanos, Jaime I quis monopolizar o comércio de tecidos, buscando se tornar independente financeiramente do Parlamento. Além disso, dissolveu o Parlamento várias vezes. Entretanto, a tensão se intensificou com a sucessão de seu filho, Carlos I.
Durante o governo de Carlos I, as guerras no exterior envolvendo a Escócia fizeram com que o rei convocasse o Parlamento, que lhe impôs a assinatura da Petição dos Direitos. Por meio dela, o Parlamento teria o controle da política financeira e do exército. Em resposta, Carlos I dissolveu o Parlamento, governando com o apoio da Câmara Estrelada, um tribunal ligado ao conselho privativo do rei.
Além disso, Carlos I ampliou os impostos e tentou impor o absolutismo monárquico por meio da teoria do direito divino dos reis, aproximando-se do setor católico. Tentou, ainda, impor o anglicanismo aos escoceses e convocou e dissolveu o Parlamento mais vezes.
Diante da situação, o Parlamento dissolveu a Câmara Estrelada, proibiu o rei de ter um exército permanente e definiu que conduziria a política religiosa e tributária. Em resposta, o rei Carlos I ordenou a prisão dos seus opositores, dando início a uma guerra civil que foi denominada Revolução Puritana (1640-1649).
Durante essa guerra, o rei recebeu apoio da alta nobreza, da burguesia monopolista e do clero anglicano, e organizou um exército de aproximadamente 20 mil homens que ficou conhecido como cavaleiros do rei. Já o Parlamento, composto pela pequena nobreza e burguesia, recebeu apoio de populares e teve como destaque a liderança do chefe militar puritano Oliver Cromwell, que havia sido eleito em 1640 para compor a Câmara dos Comuns.
O exército da resistência do Parlamento, conhecido como cabeças redondas, por seus membros não usarem perucas, era composto por camponeses, pela burguesia londrina e pela gentry. As posições hierárquicas dentro do exército eram dadas por merecimento e não por nascimento, como era no exército real.
Ademais, no contexto da guerra civil, alguns movimentos se radicalizaram, como os niveladores e os escavadores, que exigiam a repartição de terras e o voto universal. Carlos I, da dinastia Stuart, foi capturado em 1647, condenado à morte e decapitado em 30 de janeiro de 1649.
→ República de Oliver Cromwell ou Commonwealth (1649-1658)
Com a morte do rei Carlos I, a Câmara dos Lordes foi abolida e a república foi proclamada em 19 de maio de 1649. Um conselho de Estado passou a exercer o Poder Executivo. Apesar disso, o controle estava nas mãos do chefe militar Oliver Cromwell, que recebeu o título vitalício e hereditário de lorde protetor da Inglaterra, Irlanda e Escócia, inaugurando um período que ficou conhecido como república de Oliver Cromwell ou Commonwealth.
Ao assumir o governo, Cromwell passou a ter poderes ditatoriais garantidos pelo exército; centralizou o seu poder; buscou eliminar a reação dos monarquistas; conteve os movimentos populares mais radicais executando líderes dos niveladores e escavadores; e dissolveu o Parlamento.
Além disso, fortaleceu a burguesia por meio da assinatura dos Atos de Navegação, desenvolvendo o comércio marítimo inglês, atendendo aos interesses mercantilistas da burguesia e prejudicando os interesses dos holandeses. Por fim, tornou o seu cargo hereditário, passando-o a seu filho, Richard Cromwell, após o seu falecimento, em 1658.
Restauração da dinastia Stuart (1660-1688)
Com a morte de Oliver Cromwell, o fortalecimento dos movimentos sociais radicais e a instabilidade política preocupavam os monarquistas e antipuritanos, que articularam o retorno da dinastia Stuart ao poder, período conhecido por Restauração. Com a destituição de Richard Cromwell, formou-se o Parlamento-Convenção, que proclamou Carlos II rei da Inglaterra em 1660.
No poder, Carlos II exumou o corpo de Oliver Cromwell e o pendurou na forca. Além disso, aproximou-se do setor católico, gerando um forte descontentamento na ala puritana. Nesse sentido, o rei foi pressionado pelo Parlamento a assinar a Lei da Exclusão em 1679, por meio da qual se proibia católicos de assumirem cargos públicos.
Após a sua morte, em 1685, seu irmão, Jaime II, assumidamente católico, assumiu o trono. Jaime II buscou restaurar o absolutismo, gerando um grande descontentamento entre os parlamenteares, que articularam um golpe para retirá-lo do poder.
Revolução Gloriosa (1688) e a fundação da monarquia parlamentarista
Buscando retirar o católico rei Jaime II do poder, o Parlamento inglês convidou a filha e seu esposo — Maria Stuart e o holandês Guilherme Orange — para assumirem o trono. Com receio de ter o mesmo fim de Carlos I, Jaime II refugiou-se na França. Por não ter havido derramamento de sangue ou guerras, o episódio ficou conhecido como Revolução Gloriosa. Outro fator importante é que a Revolução Gloriosa se inspirou na teoria do liberalismo político do pensador John Locke.
Guilherme Orange foi coroado rei como Guilherme III, assinando, em 1689, a Declaração de Direitos (Bill of Rights), por meio da qual abdicava qualquer tentativa de submeter o Parlamento.
A Declaração de Direitos limitava o poder do rei em assuntos militares e tributários; firmava a autonomia do judiciário, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa; e definia as reuniões e eleições parlamentares, transformando a Inglaterra em uma monarquia liberal. Além disso, as decisões administrativas seriam tomadas por ministros sob a autoridade do Parlamento e não mais pelo rei. Ainda, em 1694, foi criado o Banco da Inglaterra.
Consequências e importância da Revolução Inglesa
A Revolução Inglesa abriu espaço para o fortalecimento do poder político da burguesia, favorecendo o desenvolvimento do capitalismo e dando condições para a realização da Revolução Industrial no século XVIII.
A Revolução Inglesa deu a base para o parlamentarismo que existe até hoje na Inglaterra. Ademais, ela pode ser percebida como uma das primeiras manifestações da crise do Antigo Regime, pautado no absolutismo monárquico, e pode ser considerada como a primeira revolução burguesa na Europa.
Veja também: Família real britânica — a família pertencente à dinastia Windsor que atualmente ocupa o trono britânico
Exercícios resolvidos sobre Revolução Inglesa
Questão 1
(PUC) Entre as principais consequências ao final da Revolução Inglesa, no século XVII, deve-se citar
A) a restauração da dinastia dos Stuart, a despeito do combate ao estado absolutista promovido pela burguesia por meio de uma prolongada guerra civil.
B) a criação da Igreja Anglicana, acompanhada do confisco de bens da Igreja Católica e da nomeação de Henrique VIII como chefe supremo da nova Igreja.
C) a Proclamação da República e a nomeação, pelo Parlamento, de Oliver Cromwell como primeiro-ministro da Inglaterra.
D) a consolidação de uma monarquia constitucional parlamentarista, acompanhada de princípios liberais ratificados na Declaração dos Direitos (Bill Of Rights).
E) o início da Revolução Puritana, que opôs anglicanos e calvinistas ao defenderem, respectivamente, o poder da Coroa inglesa e o fim do absolutismo.
Resolução:
Alternativa D
A Revolução Inglesa foi um processo revolucionário do século XVII que resultou na instalação de uma monarquia de bases liberais na Inglaterra por meio da assinatura da Declaração de Direitos (Bill Of Rights), que limitou o poder do rei, fortalecendo a burguesia.
Questão 2
(EsPCEx) A tentativa do rei Jaime II (1685-1689) de impor o catolicismo aos ingleses, contrariando o Parlamento, de maioria protestante, levou este último a convidar o príncipe holandês Guilherme de Orange, casado com a filha protestante de Jaime II, a ocupar o trono inglês. Guilherme, então, entrou na Inglaterra com seu exército e destronou o sogro, no movimento que ficou conhecido como Revolução Gloriosa. Relativamente a esse momento histórico, analise as assertivas abaixo.
I. Guilherme de Orange jurou obedecer à Declaração de Direitos (Bill of Rights), que passou a vigorar na Inglaterra desde então.
II. O processo revolucionário inglês foi inspirado nas ideias do pensador político Maquiavel.
III. A revolução, de inspiração liberal, favoreceu o desenvolvimento do capitalismo e expansão dos negócios da burguesia manufatureira e mercantil, colaborando para o pioneirismo inglês na vindoura Revolução Industrial.
IV. A partir da Revolução Gloriosa, tornou-se comum dizer que, na Inglaterra, “o rei reina, mas quem governa é o Parlamento”.
Assinale a alternativa que apresenta somente assertivas corretas.
A) I, II, III e IV.
B) I, II e III.
C) I, III e IV.
D) II, III e IV.
E) Nenhumas das opções apresentadas.
Resolução:
Alternativa C
A Revolução Gloriosa culminou na assinatura da Declaração de Direitos (Bill of Rights), por meio da qual o rei e a rainha abdicavam qualquer tentativa de submeter o Parlamento. A Declaração de Direitos limitava o poder do rei em assuntos militares e tributários, firmava a autonomia do judiciário, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa, e transformava a Inglaterra em uma monarquia liberal. Além disso, a Revolução Gloriosa inglesa inspirou-se nas ideias do pensador John Locke.
Fontes
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História. 4 ed. São Paulo: Ática, 1996.
HILL, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. 2 ed. Lisboa, Presença, 1983.
FAGNANI, Eduardo; ROSSI, Pedro. Desenvolvimento, desigualdade e reforma tributária no Brasil. A reforma tributária necessária: diagnóstico e premissas. Brasília: ANFIP, p. 141-160, 2018.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. John Locke e o individualismo liberal. Os clássicos da política, v. 1, n. 13, p. 79-110, 1993.
PANAZZO, Silvia; VAZ, Maria Luísa. Jornadas. Hist. - História, 8º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, José. Projeto Múltiplo - História, volume único. São Paulo: Scipione, 2014.