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A Guerra das Rosas foi um conflito que aconteceu na Inglaterra, durante os anos passados entre 1455 e 1485, entre duas famílias nobres do país. Nessa guerra, os York e os Lancaster, ambos descendentes dos Plantageneta, travaram uma guerra pelo trono inglês. Os conflitos que caracterizaram a Guerra das Rosas estenderam-se pelo reinado de Henrique VI, Eduardo VI, Eduardo V e Ricardo III.
Ao final desse conflito, Henrique Tudor surgiu como alternativa para o trono inglês, e, ao ser coroado, em 1485, como Henrique VII, foi iniciada a dinastia Tudor. Um dos resultados da ascensão dos Tudor foi a centralização do poder na figura do rei.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Origem do nome
- 2 - Contexto
- 3 - Início
- 4 - Deposição de Henrique VI
- 5 - Reinado de Eduardo IV
- 6 - Fim
Origem do nome
O nome da Guerra das Rosas faz referência aos símbolos das famílias que disputavam o trono inglês no século XV. Os York tinham como símbolo uma rosa branca, e os Lancaster, uma rosa vermelha. Depois que Henrique Tudor assumiu (ele era um herdeiro dos Lancaster), como forma de conciliar a situação, casou-se com uma York, e o símbolo dos Tudor, chamado Rosa de Tudor, era uma rosa que fundia a rosa branca dos York com a rosa vermelha dos Lancaster.
Contexto
A Guerra das Rosas, assim como muitas das guerras dinásticas, aconteceu entre famílias nobres que se achavam no direito de possuir o trono da Inglaterra. As origens dessa guerra remetem ao final do século XIV e aos problemas de sucessão que surgiram com a dinastia Plantageneta. Esses problemas de sucessão remetem ao reinado de Ricardo II (1377-1399).
Esses problemas começaram em 1377, quando o rei Eduardo III morreu. O sucessor natural era o seu filho mais velho, Eduardo, o Príncipe Negro, mas o herdeiro havia morrido um ano antes. Assim, a sucessão do trono foi transmitida para o filho mais velho desse último (neto de Eduardo III) que se chamava Ricardo de Bordeaux, e este foi coroado como Ricardo II.
A coroação de Ricardo II gerou muita incerteza na nobreza inglesa pelo fato de ele ser, à época, uma criança de 10 anos e não possuir herdeiros. Além disso, Ricardo II foi tornando-se um rei impopular pelos altos impostos cobrados e pelo seu reinado tirânico. Essas questões agitavam a nobreza contra o rei inglês, sobretudo os Lancaster.
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Dinastia de Lancaster
A dinastia Lancaster surgiu na Inglaterra quando seus representantes realizaram um golpe que derrubou Ricardo II do trono. Esse golpe aconteceu em 1399 e deu abertura para que novas disputas pelo poder acontecessem nas décadas seguintes. Essas disputas aconteceram, sobretudo, no reinado de Henrique VI.
A subida dos Lancaster ao poder está relacionada com Henrique de Bolingbroke, filho de João Gante e primo do rei. João Gante foi o primeiro duque de Lancaster após o título ser recriado em 1362, e seu filho entrou em rota de colisão com Ricardo II. O rei então decretou o banimento de Henrique, e depois que João Gante faleceu, o rei tomou para si todas as posses que seriam herdadas por Henrique de Bolingbroke.
Esse reuniu forças, retornou para a Inglaterra e iniciou uma campanha militar contra o rei alegando que desejava recuperar suas posses e direitos enquanto herdeiro do ducado de Lancaster. A campanha ganhou força e acabou levando à derrubada do rei em 1399 e marcando o início da dinastia Lancaster.
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Reinado de Henrique VI
Henrique VI foi considerado um rei fraco e louco, e os conflitos com Ricardo de York deram início à Guerra das Rosas.*
Depois que Ricardo II foi deposto, Henrique de Holingbroke foi coroado rei como Henrique IV (o qual reinou de 1399 a 1413). Os outros reis dos Lancaster foram Henrique V (1413-1422) e Henrique VI (1422-1461 e 1470-1471). A Guerra das Rosas iniciou-se como resultado da disputa de poder que aconteceu durante o reinado de Henrique VI.
Esse era mais um rei que não contava com grande apoio da nobreza inglesa e sofria acusações de ser fraco e louco. A primeira acusação acontecia porque foi durante seu reinado que ocorreu a derrota da Inglaterra na Guerra dos Cem Anos. A segunda acusação é atribuída ao fato de que Henrique VI sofria de doenças psiquiátricas — provavelmente esquizofrenia ou depressão.
A incapacidade de Henrique VI como governante tornava-o facilmente manipulável, sobretudo por sua esposa, Margarida de Anjou. A nobreza inglesa insatisfeita com o rei começou a conspirar contra ele, e, em um de seus surtos que o incapacitavam temporariamente de governar, Ricardo, Duque de York (Ricardo Plantageneta), foi escolhido como Lorde Protetor do país.
Ricardo de York assumiu essa função entre 1454 e 1455, e, depois que o rei recuperou-se, Ricardo de York recusou-se a devolver-lhe o poder. A Guerra das Rosas nasceu diretamente dessa disputa pelo poder travada entre Ricardo de York e o rei da Inglaterra, Henrique VI.
Início
A batalha que deu início à Guerra das Rosas foi a Batalha de Saint Albans, em 22 de maio de 1455. Durante essa batalha, tropas de Henrique VI foram enviadas para enfrentar as forças de Ricardo de York, o que resultou na derrota do rei.
Depois disso, Henrique VI foi feito prisioneiro e sua esposa, Margarida de Anjou, e seu filho, Eduardo de Westminster, fugiram. O rei inglês foi obrigado a reconhecer Ricardo de York como Lorde Protetor, e as disputas entre os dois prosseguiram nos anos seguintes.
Em 1459, a violência retornou com força à Inglaterra e batalhas aconteceram em Blore Heath, Ludford e Northampton. Em Wakefield, uma batalha foi travada em dezembro de 1460, e nela os Lancaster tiveram uma conquista importantíssima: Ricardo de York foi capturado e executado. O filho de Ricardo de York, chamado Edmundo, Conde de Rutland, também foi morto.
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Deposição de Henrique VI
Mesmo com a morte de Ricardo de York, a guerra prosseguiu. O filho mais velho desse, chamado Eduardo, herdou o título de duque de York e deu sequência à guerra de seu pai. Novas batalhas aconteceram em Mortimer’s Cross e Saint Albans. Eduardo contava com a ajuda de Ricardo Neville, o Conde de Warwick, e na Batalha de Towton, os York venceram.
Nessa batalha, que aconteceu em março de 1461, o rei inglês foi obrigado a fugir para a Escócia, junto de sua mulher e filho. Eduardo, vencedor, foi coroado rei da Inglaterra e tornou-se Eduardo IV. Os Lancaster resistiram a Eduardo IV até cerca de 1464, e o antigo rei, Henrique VI, foi capturado em 1465, sendo aprisionado na Torre de Londres.
Reinado de Eduardo IV
Eduardo IV, filho de Ricardo de York, tornou-se rei da Inglaterra após derrotar Henrique VI.*
Eduardo IV foi coroado rei da Inglaterra em junho de 1461, e sua ascensão ao trono foi em grande parte por conta de sua aliança com o Conde de Warwick. Este era extremamente rico e influente (e teve suas riquezas aumentadas com a guerra). Acontece que, durante o reinado de Eduardo IV, as relações do rei com o Conde de Warwick ficaram ruins.
Isso porque o Conde mantinha negociações com Luís XI (rei da França) para que Eduardo IV casasse-se com a filha do rei francês. No entanto, Eduardo IV uniu-se em matrimônio secreto com Elizabeth Woodville, que pertencia a uma família da pequena nobreza inglesa. O casamento secreto do rei foi considerado uma grande humilhação para o Conde de Warwick.
Além disso, esse evento fez com que os Woodville ascendessem na corte inglesa em detrimento dos Neville (família do Conde). Com isso, o Conde de Warwick afastou-se de Eduardo IV e, em 1469, aliou-se com os Lancaster. O Conde ainda conseguiu convencer o irmão do rei, Jorge Plantageneta, a traí-lo.
No ano seguinte, em 1470, o Conde de Warwick iniciou uma revolta contra Eduardo IV. A revolta daquele fez com que esse precisasse fugir para a Holanda, e depois estabelecer-se na Borgonha. Eduardo IV contou com o apoio de seu cunhado Carlos, Duque da Borgonha. Nesse momento, Henrique VI foi restaurado como rei da Inglaterra.
Tempos depois, Eduardo IV recuperou suas forças, por meio do apoio de Carlos e, em 1471, conduziu uma expedição que invadiu a Inglaterra. Logo os exércitos de Eduardo conquistaram Londres e enfrentaram o exército de Warwick na Batalha de Barnet. O Conde de Warwick acabou morto nessa batalha.
Margarida e Eduardo (esposa e filho de Henrique VI) retornaram para a Inglaterra, reuniram forças com apoiadores dos Lancaster e partiram para a Batalha de Tewkesbury. Os Lancaster foram derrotados nessa batalha e Eduardo de Westminster foi morto. Pouco tempo depois, Eduardo IV ordenou a execução de Henrique VI.
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Fim
Ricardo III assumiu o trono inglês, em 1483, depois de aprisionar seus sobrinhos.*
Depois da vitória sobre os Lancaster, Eduardo IV reinou na Inglaterra até 1483, quando morreu por motivos desconhecidos. A sucessão seria transmitida para seu filho, conhecido como Eduardo V, e seu tio, Ricardo, Duque de Gloucester, foi nomeado Lorde Protetor da Inglaterra porque Eduardo V era uma criança.
O Duque de Gloucester voltou-se contra o próprio sobrinho, ordenou sua prisão (junto com o irmão de Eduardo V) e conseguiu emitir uma declaração de que o casamento de Eduardo IV e seus sobrinhos eram ilegítimos. Isso fez com que ele fosse coroado rei como Ricardo III, e, posteriormente, seus sobrinhos desapareceram.
Henrique Tudor foi coroado rei da Inglaterra como Henrique VII em 1485.*
Acredita-se que Eduardo V e Ricardo de Shrewsbury tenham sido assassinados a mando de Ricardo III, mas não há nada que comprove essa suposição. Ricardo III foi rei da Inglaterra até 1485, e isso porque, durante seu reinado, o nome de Henrique Tudor, descendente dos Lancaster, foi ventilado como alternativa para o trono inglês.
Henrique Tudor juntou forças e formou um exército que invadiu a Inglaterra em 1485. Ricardo III partiu para defender seu reino, e ambas forças encontraram-se na Batalha de Bosworth Field, na qual Tudor foi vencedor e Ricardo III foi morto em combate. Com a vitória de Tudor, os York perderam o poder.
O retorno dos Lancaster deu-se com a coroação de Tudor como Henrique VII. Para encerrar os conflitos entre as famílias, Henrique Tudor casou-se com Elizabeth York, filha de Eduardo IV, e deu início à dinastia dos Tudor.
*Créditos da imagem: Sergey Goryachev e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História