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Queda do Muro de Berlim

A queda do Muro de Berlim foi um acontecimento marcante que ocorreu em novembro de 1989, deu início à reunificação da Alemanha e evidenciou o fracasso do bloco comunista.

Cartão-postal da Alemanha celebrando a queda do Muro de Berlim, que aconteceu em novembro de 1989.*
Cartão-postal da Alemanha celebrando a queda do Muro de Berlim, que aconteceu em novembro de 1989.*
Crédito da Imagem: shutterstock
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A queda do Muro de Berlim deu-se na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. Esse acontecimento é marcante, pois foi o prenúncio da queda da República Democrática Alemã, a Alemanha Oriental, e da reunificação da Alemanha, separada em duas nações desde o final da Segunda Guerra Mundial. A queda do muro também foi parte do processo de queda do bloco comunista na Europa Oriental, que se iniciou a partir do final da década de 1980.

Leia também: Conheça o conflito que foi uma consequência do colapso do comunismo na Europa

Tópicos deste artigo

Antecedentes históricos

O Muro de Berlim foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria, conflito político-ideológico que dividiu o mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o comunista, liderado pela União Soviética. A Alemanha foi um dos grandes palcos da Guerra Fria, uma vez que o país foi dividido em duas nações.

Ao final da Segunda Guerra, a Alemanha, derrotada, foi dividida em quatro zonas de influência: uma britânica, uma francesa, uma norte-americana e uma soviética. Essa divisão em zonas de influência também aconteceu em Berlim, capital da Alemanha. Com o avanço das tensões resultantes da Guerra Fria, a Alemanha acabou dividindo-se em duas nações.

A Alemanha Ocidental (República Federal Alemã) e a Alemanha Oriental (República Democrática Alemã) foram as duas nações surgidas dessa disputa político-ideológica da Guerra Fria. Berlim, por ser uma grande cidade e por ter grande importância estratégica, foi disputada pelos dois blocos, o que resultou também na sua divisão. Começava, na década de 1940, uma disputa que se estendeu por cinco décadas.

Mapa de Berlim durante o período da Guerra Fria. De azul, está Berlim Ocidental; de vermelho, está Berlim Oriental.**
Mapa de Berlim durante o período da Guerra Fria. De azul, está Berlim Ocidental; de vermelho, está Berlim Oriental.**

Com a configuração desse quadro e a formação do bloco comunista no Leste Europeu, os Estados Unidos logo criaram uma estratégia para barrar o avanço desse bloco pela Europa e, assim, surgiu o Plano Marshall. Esse plano tinha como objetivo financiar a reconstrução dos países da Europa Ocidental que sofreram com a destruição causada pela guerra.

O resultado disso é que logo a cidade de Berlim Ocidental (lado capitalista) desenvolveu-se. A população da porção oriental de Berlim, insatisfeita política e economicamente, começou a se mudar em grande número para o lado ocidental. Só em 1953, 331 mil pessoas da Alemanha Oriental abandonaram o país|1| e entre 1948 e 1961, cerca de 2,7 milhões de pessoas haviam deixado o país|2|.

Para conter o êxodo de habitantes, os governos da Alemanha Oriental, governada na época por Walter Ulbricht, e da União Soviética, governada na época por Nikita Kruschev, decidiram construir um muro que isolasse Berlim Ocidental. O Muro de Berlim foi construído na passagem do dia 12 para o dia 13 de agosto de 1961. Durante 28 anos, o muro foi o símbolo da divisão do mundo por causa da Guerra Fria.

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Queda do muro de Berlim

O bloco comunista entrou em uma forte crise durante a década de 1980 e a situação não foi diferente na Alemanha Oriental. A crise da economia da Alemanha Oriental era evidenciada pelo aumento da dívida externa do país, crescimento do deficit comercial, a falta de mercadorias etc. Além disso, a indústria e a infraestrutura do país estavam à beira do colapso.

A insatisfação da população da Alemanha Oriental com a falência econômica de seu país era agravada pelo autoritarismo do governo. O governo da Alemanha Oriental não aceitava críticas, perseguia opositores, além de censurar a cultura e a opinião das pessoas que era intensa. A polícia secreta, chamada Stasi, era o símbolo da repressão do governo.

A crescente insatisfação da população fez com que movimentos de oposição começassem a ser organizados apesar da repressão do governo. A crise política na Alemanha Oriental começou a ser agravada especialmente a partir de 1989 por conta de acontecimentos que se passaram na Hungria e na Polônia, outros dois países do bloco comunista.

Em junho de 1989, a Hungria decretou a abertura de sua fronteira com o oeste, isto é, com as nações capitalistas e isso impactou diretamente a Alemanha, porque, somente no mês seguinte, 25 mil pessoas da Alemanha Oriental decidiram ir para a Hungria e de lá encaminharam-se para a Áustria, de onde solicitavam asilo político na embaixada da Alemanha Ocidental|3|.

Enquanto isso, na Polônia, era eleito o primeiro governo não comunista desde a Segunda Guerra Mundial, e isso também fez com que milhares de pessoas mudassem-se da Alemanha Oriental para a Polônia. Esse fluxo de acontecimentos desembocou em uma série de protestos na Alemanha Oriental, especialmente em Berlim Oriental e Leipzig, as maiores cidades da porção oriental.

O mês de outubro e os primeiros dias de novembro de 1989 ficaram marcados por uma série de acontecimentos que evidenciaram a ruína do governo da Alemanha Oriental. A situação fugia do controle e isso resultava na demissão de milhares de membros do governo. Os protestos também ganhavam uma magnitude que não se via na Alemanha Oriental desde a década de 1950.

No dia 9 de novembro de 1989, o porta-voz da Alemanha Oriental chamado Günter Schabowski realizou o anúncio da nova lei de mobilidade de cidadãos. A lei anunciada pelo porta-voz basicamente acabava com as restrições que existiam na fronteira da Alemanha Oriental. Durante a entrevista, Schabowski afirmou equivocadamente para um jornalista que a lei entraria em vigor em caráter imediato. A lei, na verdade, só seria válida depois de ser aprovada no Parlamento.

O anúncio do porta-voz na imprensa atraiu milhares de pessoas nos postos fronteiriços da Alemanha Oriental. Essas pessoas exigiam o direito de atravessar as fronteiras para entrarem na Alemanha Ocidental e logo cerca de 100 mil pessoas reuniram-se ao redor do Muro de Berlim, forçando as autoridades da Alemanha Oriental a endossar a lei. Na virada da noite de 9 para 10 novembro a multidão, portando pás, picaretas e outras ferramentas, começou a realizar a derrubada do Muro que separava as duas porções de Berlim.

Helmut Kohl, chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, foi quem conduziu o processo de reunificação da Alemanha.***
Helmut Kohl, chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, foi quem conduziu o processo de reunificação da Alemanha.***

A queda do Muro tinha uma simbologia muito grande e deu força para o processo de reunificação das Alemanhas. O processo político da reunificação da Alemanha foi conduzido por Helmut Kohl, chanceler da Alemanha Ocidental e membro da União Democrata-Cristã, partido de centro-direita da Alemanha.

A reunificação da Alemanha foi formalizada em 3 de outubro de 1990 e o processo de abertura total das fronteiras concluído em 1º de julho de 1991. A derrubada do muro, assim como a reunificação da Alemanha foram acompanhadas de celebrações na rua e festas por toda a Alemanha.

Acesse também: Saiba mais sobre o conflito que foi o responsável pela divisão das Coreias

Consequências

A queda do Muro de Berlim foi um dos grandes acontecimentos recentes da história da humanidade. As suas grandes consequências foram:

  • Contribuiu para a queda do bloco comunista do leste europeu. A ruína do bloco já estava em andamento e a queda do muro foi mais um elemento nesse processo.

  • Contribuiu decisivamente para a reunificação da Alemanha.

A queda do Muro também representou um grande desafio para os governantes da Alemanha Ocidental que encararam o desafio de realizar a modernização da porção leste da Alemanha. A divisão da Alemanha após tantos anos criou uma espécie de “barreira mental” e mesmo, hoje, passados três décadas desse acontecimento, ainda existem cidadãos alemães que defendem a reconstrução do Muro.

Resumo

  • O Muro de Berlim foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria e cercava Berlim Ocidental, isolando-a.

  • O Muro foi construído em 1961 para conter o êxodo de pessoas que se mudavam para Berlim Ocidental. Foi construído em um dia.

  • Separou as duas porções da cidade de Berlim, durante 29 anos.

  • Na década de 1980, a Alemanha Oriental estava em grave crise econômica que gerava forte insatisfação na população.

  • A falta de liberdade e o autoritarismo do governo da Alemanha Oriental também era um motivo de insatisfação.

  • Inúmeros protestos aconteciam em Berlim Oriental e Leipzig, grandes cidades da Alemanha Oriental.

  • A abertura das fronteiras da Hungria fez milhares de alemães irem para lá para atravessar a fronteira com a Alemanha Ocidental.

  • A queda do Muro aconteceu após o porta-voz do governo da Alemanha Oriental anunciar a abertura das fronteiras do país.

  • Milhares de pessoas reuniram-se ao redor do Muro no dia 9 de novembro de 1989 e, então, começaram a colocar o muro abaixo.

  • Um ano depois da queda do Muro, a Alemanha reunificava-se e tornava-se uma só nação novamente, depois de quase 50 anos de separação.


|1| FERNANDES, Marisa. A reunificação política da Alemanha (1989/1990): no contexto das relações entre as grandes potências, p. 95. Para acessar clique aqui.
|2| BRENER, Jayme. Leste europeu: a revolução democrática. São Paulo: Atual, 1990, p. 104.
|3| FERNANDES, Marisa. A reunificação política da Alemanha (1989/1990): no contexto das relações entre as grandes potências, p. 99. Para acessar clique aqui.

*Créditos da imagem: Neftali e Shutterstock

**Créditos da imagem: Miqu77 e Shutterstock

***Créditos da imagem: 360b e Shutterstock


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Queda do Muro de Berlim"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-muro-berlim.htm. Acesso em 24 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(Unifenas) Alemanha relembra 50 anos da construção do Muro de Berlim

A Alemanha comemorou ontem os 50 anos desde a construção do Muro de Berlim, quando o lado leste (comunista) fechou suas fronteiras, dividindo a cidade em dois durante 28 anos e partindo famílias ao meio. A divisão acabou em novembro de 1989, depois que a Alemanha Oriental abriu o muro em meio a uma maciça pressão de manifestantes e à abertura política na União Soviética.

(O Tempo, 14/08/2011, p.15)

A construção do Muro de Berlim, em 1961, visava:

a) impedir um ataque militar das potências capitalistas contra a zona de ocupação soviética.

b) reafirmar a divisão da Alemanha ocorrida após a Segunda Guerra Mundial.

c) impedir o fluxo de pessoas para a Alemanha Ocidental capitalista.

d) incentivar o fluxo de pessoas para a Alemanha Oriental comunista.

e) encerrar a polarização ideológica entre capitalismo e comunismo na Alemanha.

Exercício 2

(UFSC - Adaptado) Em novembro de 2009, comemorou-se de várias formas os 20 anos da queda do muro de Berlim.

Em relação a esse tema, selecione as afirmativas CORRETAS e responda qual a soma final:

01. Tratava-se de uma divisão simbólica entre dois blocos ideológicos, o socialismo e o capitalismo, separados por uma profunda e irreconciliável divisão no campo das ideias, comparada, por isso, a um muro.

02. O muro de Berlim foi levantado na capital alemã por determinação de Adolf Hitler, como demonstração de força do nazismo, para separar os judeus dos alemães.

04. Foi construído por determinação das forças que compunham a Otan, especialmente a Alemanha Oriental, tendo sido um resultado da Guerra Fria.

08. A queda do muro de Berlim foi uma necessidade que se impôs frente à nova configuração econômica da Europa, isto é, à constituição de um bloco de países que adotou o euro como moeda comum.

16. A sua construção foi motivada para conter a emigração de alemães orientais, em grande número, para o lado capitalista, especialmente de trabalhadores com alta qualificação profissional.

32. Considerando que as potências aliadas na II Guerra Mundial decidiram dividir a Alemanha

em quatro zonas de influência (norte-americana, soviética, inglesa e francesa), a queda do muro foi uma consequência inevitável.

64. O muro de Berlim dividiu a capital da Alemanha em área comunista e área capitalista, cabendo aos cidadãos decidirem em qual dos lados estabelecer-se.