Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Guerra Fria

A Guerra Fria foi uma disputa político-militar que marcou a antiga ordem mundial, polarizada por Estados Unidos e União Soviética.

O mundo bipolar da Guerra Fria
O mundo bipolar da Guerra Fria
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o cenário político mundial testemunhava o período de maior tensão de sua história. De um lado, os Estados Unidos (EUA), uma potência capitalista; de outro, a União Soviética (URSS), uma potência socialista; em ambos os lados, armamentos com tecnologia nuclear que poderiam causar sérios danos a toda humanidade.

Ao final das contas, nenhum tiro foi diretamente disparado entre os dois lados do “conflito”, o que justifica o nome Guerra Fria. O que se pode dizer é que esse conflito foi marcado pelas disputas indiretas entre as duas potências rivais em busca de maior poderio político e, principalmente, militar sobre as diferentes partes do mundo.

Tal configuração ocorreu em função do fato de que uma guerra nuclear não seria vantajosa para nenhum dos blocos nela envolvidos. O mundo apenas conheceria o caos e o possível vencedor desse conflito não teria o que comemorar, pois somente haveria radiação e problemas estruturais no espaço geográfico do país derrotado. Por essa razão, o sociólogo Raymond Aron proferiu uma frase que ficou mundialmente conhecida: "A Guerra Fria foi um período em que a guerra era improvável, e a paz, impossível".

Tópicos deste artigo

Mapa Mental - Guerra Fria

Para baixar o mapa mental, clique aqui!

A Partilha da Alemanha

A Alemanha nazista foi a grande derrotada da Segunda Guerra Mundial e, com isso, teve o seu território dominado e controlado pelos países que formavam a base aliada durante o conflito: EUA, URSS, França e Inglaterra. Esses países, na Conferência de Potsdam, em 1945, dividiram o espaço alemão em duas principais partes: de um lado, a Alemanha Ocidental, dominada pelas nações capitalistas; de outro, a Alemanha Oriental, dominada pela União Soviética. A capital Berlim também ficou igualmente dividida. Observe o mapa abaixo:

Divisão da Alemanha após o término da Segunda Guerra Mundial

Divisão da Alemanha após o término da Segunda Guerra Mundial¹

Plano Marshall x Plano Molotov

Não foi somente a Alemanha a prejudicada com a Segunda Guerra Mundial. Como esse evento aconteceu quase que inteiramente em território europeu, a maior parte dos países envolvidos sofreu severas consequências econômicas, sociais e estruturais. Em função dessa fragilidade, os Estados Unidos acionaram aquilo que foi chamado de Plano Marshall, em que grandes empréstimos foram concedidos a esses países para as suas reconstruções.

Essa postura era uma estratégia norte-americana para evitar que as nações europeias, em função de suas relativas fraquezas, sofressem intervenções dos soviéticos, além de ser uma ação para conter possíveis movimentos e revoluções socialistas internas. Com isso, os Estados Unidos consolidaram a sua base de influência naquilo que foi denominado de “Oeste Europeu”, ou Europa Capitalista, em oposição ao Leste Europeu, que era formado pelos territórios de domínio e influência soviéticos.  Além do Plano Marshall, os Estados Unidos também criaram o Plano Colombo, que possuía a mesma função, só que o seu alvo eram os países asiáticos.

Entre os países que mais receberam ajuda dos estadunidenses, o Reino Unido lidera a lista, seguido, respectivamente, por França, Japão, Itália, Alemanha Ocidental, entre outros.

Em resposta ao Plano Marshall, a União Soviética elaborou o chamado Plano Molotov, com o igual objetivo de realizar uma ampla ajuda econômica aos outros territórios a fim de ampliar o seu espaço de influência pelo mundo. Esse ajuda financeira envolveu praticamente todos os países de influência socialista, como a Alemanha Oriental, Polônia, Bulgária, Cuba e muitos outros.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

OTAN x Pacto de Varsóvia

Em um cenário que favorecia cada vez mais a tensão entre os dois blocos de poder durante a Guerra Fria, a organização de instituições e pactos militares era imprescindível por ambas as partes.

Com isso, do lado capitalista, foi fundada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que ainda existe e é uma das instituições mais poderosas da atualidade. Já do lado socialista, foi fundado o Pacto de Varsóvia. Essas organizações funcionavam da seguinte forma: caso um de seus países-membros fosse atacado, as demais partes deveriam imediatamente intervir ou enviar ajuda. Isso colaborou para a emergência dos vários combates indiretos que ocorreram durante esse período, a exemplo da Guerra das Coreias (1950-1953) e a Guerra do Vietnã (1959-1975). .

Com essas ações e intervenções por parte dos dois blocos de poder, houve uma divisão do espaço territorial mundial, que se deu de modo mais concentrado nos países da Europa, que protagonizou a chamada Cortina de Ferro, que dividia os territórios socialistas dos capitalistas.

Ilustração da divisão do espaço europeu pela Cortina de Ferro

Ilustração da divisão do espaço europeu pela Cortina de Ferro²

As corridas armamentista e espacial

A disputa entre EUA e URSS não ocorria apenas no plano territorial, político e econômico mundial. O principal elemento em disputa era a hegemonia militar e tecnológica. Nesse sentido, os dois países envolveram-se em uma cega corrida para decidir qual das duas potências possuía maior quantidade de armamentos e tecnologias nucleares, bem como os melhores programas e conquistas espaciais.

No plano militar, os Estados Unidos, desde o final da Segunda Guerra Mundial, dominavam a produção e o uso da bomba atômica, como as que provocaram a destruição das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Tempos depois, em 1949, a União Soviética também anunciava o seu domínio sobre a tecnologia nuclear.

No plano espacial, foi a União Soviética quem deu a largada. Em 1957, foi lançado pelos soviéticos o primeiro satélite espacial construído pelo homem, o Sputnik. No mesmo ano, entrou em órbita o Sputnik 2, que consistiu na primeira viagem ao espaço tripulada por um ser vivo (no caso, a famosa cachorra Laika). Para completar as façanhas, os socialistas também foram os primeiros a fotografar a superfície da Lua (em 1959) e os primeiros a enviarem um ser humano ao espaço, em 1961.

Dessa forma, no ano seguinte, 1962, os Estados Unidos conseguiram, finalmente, responder à altura com o primeiro voo espacial ao redor da Terra. Já em 1969, ocorreu a tão sonhada visita à Lua pelos Estados Unidos, na missão operada pelos tripulantes da Apolo 11.

Apesar de alguns acordos assinados, principalmente no plano militar, as corridas armamentista e espacial, segundo a maioria dos analistas, só conheceram o seu fim com a crise soviética e o fim da Guerra Fria, ao final de década de 1980 e início da década de 1990.

______________________
¹Créditos da Imagem: W. B. Wilson
²Créditos da imagem: Kseferovic


Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia

*Mapa Mental por Daniel Neves

Escritor do artigo
Escrito por: Rodolfo F. Alves Pena Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PENA, Rodolfo F. Alves. "Guerra Fria"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/guerra-fria.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(IFC - adaptado) Disputando áreas de influência em várias regiões do mundo, soviéticos e estadunidenses geraram um período de graves tensões políticas, que ficou conhecido como Guerra Fria. Entre os principais alvos dos governos dos Estados Unidos e da União Soviética, nesse período, estavam os países subdesenvolvidos, como eram então chamadas as nações mais pobres da América Latina, da Ásia e da África. O período foi marcado por guerras em algumas regiões do planeta, alianças militares supranacionais, corrida militar nuclear armamentista e corrida espacial.

Fonte: COTRIM, G. História global. São Paulo: Saraiva, 2016, p.148.

Sobre a guerra fria, analise as seguintes afirmativas:

I. A Guerra da Coreia (1950-1953) determinou a seguinte divisão: Coreia do Norte socialista e Coreia do Sul capitalista.

II. Os Estados Unidos foram os primeiros a produzir e utilizar armas nucleares.

III. A corrida espacial foi marcada pelo pioneirismo soviético. A União Soviética foi o primeiro país a lançar um satélite artificial denominado Sputnik.

IV. No período da Guerra Fria surgiu a Internet, que, no início, era restrita aos militares estadunidenses.

V. Durante a Guerra Fria, ocorreu a Guerra do Vietnã. Os Estados Unidos, contando com o apoio do Vietnã do Sul, em 1975, conseguiram unificar o país por meio do socialismo, criando a República Democrática do Vietnã.

Assinale a alternativa CORRETA referente às afirmativas anteriores.

a) Apenas as afirmativas II, III e V estão corretas.

b) Todas as afirmativas estão corretas.

c) Apenas a afirmativa IV está errada.

d) Apenas as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão erradas.

Exercício 2

(Selecon - adaptado) Em 2008, vinte anos após o lançamento de seu livro 1968: o ano que não terminou, Zuenir Ventura lançou 1968: o que fizemos de nós. Neste livro, o autor pergunta:

"1968 terminou ou não terminou? Que balanço se pode fazer hoje de um ano tão carregado de ambições e de sonhos? O que restou de tantos ideais? Muitos países que viveram a experiência estão tentando avaliar o seu legado... O que foi feito dessa herança?"

VENTURA, Zuenir, 1968: o que fizemos de nós. São Paulo: Editora Planeta do Brasil. 2008. p. 11 (adaptado).

O ano de 1968 continua sendo lembrado pelas intensas manifestações políticas e culturais que ocorreram em diferentes países e continentes. São acontecimentos marcantes daquele ano:

a) as greves de operários no ABC paulista contra a política salarial do governo militar; as manifestações simultâneas de nações indígenas na América Latina, EUA e Canadá por direitos civis; a invasão da Polônia pelas tropas soviéticas para pôr fim num governo antistalinista.

b) as grandes manifestações patrióticas nos EUA em apoio à Guerra do Vietnã; os primeiros movimentos de independência bem-sucedidos da Índia e do Paquistão; o início do processo de abertura democrática no Brasil, com o General Ernesto Geisel.

c) os movimentos políticos pela redemocratização dos países do Cone Sul; as ações militares dos Estados Unidos em países africanos contra os avanços da União Soviética naquele continente; o fim da luta armada no Brasil com a prisão de todos os envolvidos na Guerrilha do Araguaia.

d) as manifestações estudantis na França e nos Estados Unidos contra o conservadorismo na política e na educação; a Primavera de Praga, que propunha reformas políticas e sociais na Tchecoslováquia; a volta das grandes manifestações de rua no Brasil, como a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro.

e) todas as alternativas acima.