Entre os principais acontecimentos da Idade Moderna, em especial do século XVI, está o fenômeno da Reforma Protestante. Tal como o Renascimento Cultural, que teve amplo impacto no âmbito das artes e da ciência na Europa, a Reforma Protestante promoveu uma grande transformação do pensamento religioso na Europa, bem como incitou grandes reviravoltas políticas associadas a essas transformações no campo religioso. Entre os principais representantes do protestantismo, estão Martinho Lutero e João Calvino.
Martinho Lutero (1483-1546), apesar de ter sido precedido por alguns medievais, como o inglês John Wycliffe (1330 – 1384), foi o primeiro membro da Igreja Católica a romper decididamente com essa instituição ao fixar as suas 95 teses na capela de Wittemberg, na Alemanha. Essas teses combatiam a prática da venda de indulgências (absolvição dos pecados ainda em vida, na Terra) por parte de alguns membros do clero. Lutero concebia que a aquisição de indulgências por parte do fiel não poderia lhe garantir a salvação eterna sem que fossem acompanhadas de penitências, isto é, o fiel não poderia considerar-se plenamente salvo apenas por uma simples absolvição de um sacerdote.
O pensamento de Lutero teve repercussão imediata na Alemanha (nos principados que compunham o que hoje chamamos de Alemanha) e não demorou muito para que se alastrasse para outras regiões da Europa. Muitos desses principados, antes integrados com o Sacro Império Romano-Germânico, aproveitaram-se para adotar o luteranismo e assim se dissociar da Igreja e o Sacro Império. Muitos camponeses alemães organizaram revoltas tendo como ponto de partida as teses protestantes. Essas medidas acabaram por deflagrar um gigantesca guerra civil, que atravessaria o século.
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Um dos personagens históricos mais intensamente afetados, do ponto de vista religioso e intelectual, pelas teses protestantes foi o francês João Calvino (1509-1564). Calvino tornou-se amplamente conhecido na França e Suíça a partir da década de 1530. Lá desenvolveu suas próprias teses protestantes, entre elas as prerrogativas da salvação pela fé e boas obras, bem como a questão da predestinação. Essas ideias tiveram lastro também na Inglaterra, onde se formaria o Puritanismo, e nos Estados Unidos – herdeiros dessa vertente protestante inglesa.
Foi na Inglaterra também que se desenvolveu um caso muito particular de reforma protestante, o Anglicanismo, fundado pelo rei Henrique VIII (1509-1547), na década de 1530, como forma de protesto à Igreja Católica, que o impedia de divorciar-se. Partindo de interesses pessoais, a Igreja Anglicana preservou alguns traços da Igreja Católica, contudo transformando muitos dos seus dogmas.
Por Me. Cláudio Fernandes