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O Atentado de Sarajevo foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de junho de 1914. O atentado ocorreu em meio a rivalidades imperialistas entre as grandes potências europeias e foi cuidadosamente planejado por membros da Mão Negra, um grupo nacionalista sérvio, que treinou Gavrilo Princip e outros conspiradores para assassinar Francisco Ferdinando durante sua visita a Sarajevo. O objetivo era chamar a atenção para a causa sérvia e enfraquecer o domínio austro-húngaro.
Durante a visita do arquiduque, uma tentativa inicial de ataque com granada falhou, mas, mais tarde, devido a um erro de comunicação que fez o carro do arquiduque parar, Gavrilo Princip teve a oportunidade de se aproximar e disparar dois tiros fatais, resultando na morte de Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia. O atentado desencadeou uma série de eventos que levaram à Primeira Guerra Mundial.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Atentado de Sarajevo
- 2 - Antecedentes do Atentado de Sarajevo
- 3 - Principais causas do Atentado de Sarajevo
- 4 - Planejamento e preliminares do Atentado de Sarajevo
- 5 - Como aconteceu o Atentado de Sarajevo?
- 6 - As condenações após o Atentado de Sarajevo
- 7 - Quais foram as consequências do Atentado de Sarajevo?
Resumo sobre o Atentado de Sarajevo
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O Atentado de Sarajevo foi um evento marcante que contribuiu para o início da Primeira Guerra Mundial.
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O atentado, ocorrido em 28 de junho de 1914, resultou no assassinado do arquiduque Francisco Ferdinando e de sua esposa.
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Foi planejado por membros da Mão Negra, um grupo nacionalista sérvio, e quis chamar a atenção para a causa sérvia e enfraquecer o domínio austro-húngaro.
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Durante a visita de Francisco Ferdinando a Sarajevo, Gavrilo Princip, um dos conspiradores, disparou dois tiros fatais contra o arquiduque e sua esposa.
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Os tiros foram disparados à queima-roupa, atingindo Ferdinando no pescoço e Sofia no abdômen, resultando na morte de ambos pouco depois.
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Gavrilo Princip, devido à sua idade, foi condenado a 20 anos de prisão. Outros envolvidos receberam penas severas, incluindo execuções e longas sentenças de prisão.
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O Atentado de Sarajevo desencadeou uma série de eventos que levaram à Primeira Guerra Mundial.
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A Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, o que ativou o sistema de alianças europeias.
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O conflito global foi devastador e redesenhou o mapa político da Europa, criando as condições para a Segunda Guerra Mundial.
Antecedentes do Atentado de Sarajevo
O Império Austro-Húngaro, onde Sarajevo estava localizada, era um conglomerado de várias etnias e nacionalidades, muitas das quais desejavam maior autonomia ou mesmo independência. A anexação da Bósnia e Herzegovina, em 1908, pelo Império Austro-Húngaro aumentou as tensões na região, especialmente entre os nacionalistas sérvios, que almejavam a unificação dos territórios eslavos do sul sob o domínio sérvio.
Além disso, a Europa estava imersa em um clima de crescente militarismo e alianças complexas. A Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Rússia e Reino Unido) formavam blocos de poder opostos, cada um buscando expandir sua influência e proteger seus interesses estratégicos. As rivalidades entre esses blocos aumentaram as tensões internacionais, criando um ambiente propício para o conflito.
Principais causas do Atentado de Sarajevo
O Atentado de Sarajevo foi motivado por diversas causas interligadas. Em primeiro lugar, o nacionalismo sérvio desempenhou um papel crucial. A Sérvia aspirava a liderar a unificação dos povos eslavos do sul, o que incluía áreas sob controle austro-húngaro. Grupos nacionalistas, como a Mão Negra, viam a dinastia dos Habsburgo como um obstáculo à realização desse sonho. A visita do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, à Bósnia e Herzegovina foi vista como uma provocação direta pelos nacionalistas.
Outra causa importante foi a instabilidade política e social dentro do Império Austro-Húngaro. A diversidade étnica e a luta por autonomia criaram um ambiente de descontentamento e revolta. O arquiduque Francisco Ferdinando era visto como um reformista que pretendia dar mais autonomia aos diferentes grupos étnicos do império, o que poderia enfraquecer a posição dos sérvios dentro dessa estrutura.
Além disso, o clima de competição imperialista entre as grandes potências europeias contribuiu para a tensão. A Alemanha apoiava a Áustria-Hungria, enquanto a Rússia apoiava a Sérvia. Esse jogo de alianças e rivalidades aumentou a possibilidade de um conflito se espalhar rapidamente.
Veja também: Qual a relação entre o discurso nacionalista e a Primeira Guerra Mundial?
Planejamento e preliminares do Atentado de Sarajevo
O planejamento do atentado envolveu membros do grupo nacionalista sérvio conhecido como Mão Negra, que tinha como objetivo a criação de uma Grande Sérvia. Liderados por Dragutin Dimitrijević, também conhecido como Apis, esses conspiradores acreditavam que o assassinato do arquiduque poderia desencadear uma série de eventos que levariam à libertação dos eslavos do sul do domínio austro-húngaro.
Gavrilo Princip, um jovem nacionalista bósnio-sérvio, foi recrutado para a missão. Ele e outros conspiradores, incluindo Nedeljko Čabrinović e Trifko Grabež, receberam treinamento e armas na Sérvia antes de se dirigirem a Sarajevo. O plano inicial era atacar Francisco Ferdinando durante sua visita à cidade, aproveitando a oportunidade para chamar a atenção internacional para a causa sérvia.
A visita do arquiduque a Sarajevo foi anunciada publicamente com antecedência, o que deu aos conspiradores tempo suficiente para se prepararem. Eles estudaram o itinerário do arquiduque e planejaram diferentes pontos de ataque ao longo do percurso. Apesar de várias falhas no plano original, a determinação dos conspiradores e a falta de segurança adequada permitiram que o atentado fosse executado.
Como aconteceu o Atentado de Sarajevo?
No dia 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, chegaram a Sarajevo para uma série de eventos oficiais. A cidade estava decorada e a população local saiu às ruas para ver o arquiduque. Durante a manhã, enquanto o cortejo passava pelo centro da cidade, Nedeljko Čabrinović lançou uma granada na direção do carro de Francisco Ferdinando. No entanto, o arquiduque conseguiu desviar o veículo, e a granada explodiu em um carro atrás do dele, ferindo vários membros do séquito.
Apesar do ataque inicial, Francisco Ferdinando decidiu continuar com sua agenda, visitando o hospital onde as vítimas da explosão estavam sendo tratadas. No retorno dessa visita, houve um erro de comunicação que levou o motorista a seguir uma rota diferente da planejada. Ao perceber o erro, o motorista parou o carro para dar ré, e foi nesse momento que Gavrilo Princip, que estava nas proximidades, viu sua chance.
→ Assassinato de Francisco Ferdinando
Gavrilo Princip aproveitou a parada inesperada do carro do arquiduque para se aproximar e disparar dois tiros à queima-roupa. Um dos tiros atingiu Francisco Ferdinando no pescoço, enquanto o outro atingiu Sofia no abdômen. Ambos morreram pouco depois devido aos ferimentos. O assassinato foi um choque para a Áustria-Hungria e para o mundo, desencadeando uma série de eventos que levariam à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Saiba mais: Quais foram as principais consequências da Primeira Guerra Mundial?
As condenações após o Atentado de Sarajevo
Após o atentado, as autoridades austro-húngaras prenderam vários dos conspiradores. Gavrilo Princip foi capturado e levado a julgamento junto de outros membros da Mão Negra. Devido à sua idade (19 anos), Princip escapou da pena de morte, mas foi condenado a 20 anos de prisão, onde morreu de tuberculose em 1918. Outros conspiradores receberam penas severas, incluindo penas de morte e longas sentenças de prisão.
O julgamento dos conspiradores foi amplamente divulgado, e as confissões obtidas sob tortura alimentaram ainda mais as tensões entre a Áustria-Hungria e a Sérvia. A Áustria-Hungria usou o atentado como pretexto para apresentar um ultimato à Sérvia cujas exigências eram tão severas que sua aceitação significaria a perda de soberania sérvia.
Quais foram as consequências do Atentado de Sarajevo?
O Atentado de Sarajevo teve consequências profundas e duradouras. A resposta imediata da Áustria-Hungria ao assassinato foi emitir um ultimato à Sérvia em 23 de julho de 1914, exigindo, entre outras coisas, a supressão de grupos nacionalistas antiaustro-húngaros e a permissão para que oficiais austro-húngaros participassem da investigação dentro da Sérvia.
Apesar de a Sérvia aceitar a maioria das exigências, a rejeição de algumas levou a Áustria-Hungria a declarar guerra à Sérvia em 28 de julho de 1914. Esse conflito local rapidamente se expandiu devido ao sistema de alianças existente na Europa. A Rússia mobilizou suas forças em apoio à Sérvia, o que levou a Alemanha a declarar guerra à Rússia em 1º de agosto de 1914.
Seguindo-se, a Alemanha declarou guerra à França e invadiu a Bélgica, o que trouxe o Reino Unido ao conflito. Em questão de semanas, a maior parte da Europa estava em guerra, iniciando a Primeira Guerra Mundial. O conflito resultante teve um impacto devastador, com milhões de mortos e feridos, além de vastas destruições em várias partes da Europa.
A guerra levou à queda de impérios, incluindo o Austro-Húngaro, o Russo, o Alemão e o Otomano, e redesenhou o mapa político do continente. As consequências do atentado e da guerra subsequente também criaram as condições para a Segunda Guerra Mundial, devido às tensões e ressentimentos gerados pelo Tratado de Versalhes.
Fontes
HOBSBAWN, E. A Era dos Extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
HOBSBAWNS, E. Nações e Nacionalismo desde 1870. São Paulo: Paz e Terra, 2012.
SONDHAUS, L. A Primeira Guerra Mundial: história completa. São Paulo: Contexto, 2013.