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O Plano Cohen foi uma suposta tentativa de tomada do poder por parte dos comunistas, em 1937. Ele foi denunciado por Vargas pela rádio e foi utilizado como justificativa para o golpe de Estado que instalou a ditadura do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Anos depois, comprovou-se a falsidade do plano e que sua real intenção era servir de justificativa para Getúlio Vargas instalar uma ditadura no Brasil.
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Plano Cohen
- 2 - O que foi o Plano Cohen?
- 3 - Origens do Plano Cohen
- 4 - Golpe de 1937
- 5 - Revelação da farsa
- 6 - Consequências do Plano Cohen
- 7 - Exercícios resolvidos
Resumo sobre o Plano Cohen
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O Plano Cohen foi um documento divulgado pelo governo de Getúlio Vargas, em 1937, que serviu de pretexto para o golpe de Estado que iniciou a ditadura do Estado Novo em novembro do mesmo ano.
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Apesar de os comunistas terem se rebelado contra Getúlio Vargas em 1935, na Intentona Comunista, não havia qualquer plano de tomar o poder em 1937.
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O golpe de 1937 anulou a Constituição de 1934 e outorgou uma Carta que dava amplos poderes a Vargas. Além disso, o Congresso foi fechado, os partidos políticos foram extintos e as liberdades individuais foram suspensas.
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A farsa do Plano Cohen só foi revelada em 1945, quando o Estado Novo estava em crise. O general Góis Monteiro divulgou a falsidade do documento, e os envolvidos alegaram disciplina militar e não desmoralização das Forças Armadas para justificar o silêncio sobre a farsa.
Leia também: Quantos golpes de Estado houve no Brasil desde a Independência?
O que foi o Plano Cohen?
O Plano Cohen foi um documento obtido pelo governo de Getúlio Vargas, em setembro de 1937, no qual os comunistas organizavam tomar o poder no Brasil. Esse suposto plano previa a mobilização de trabalhadores para que aderissem a uma greve geral, incêndio de prédios públicos e até a eliminação física de autoridades que tentassem impedir a suposta revolta comunista. Segundo o governo, o plano teria sido elaborado pela Internacional Comunista.
A alta cúpula militar da época apresentou o Plano Cohen e, logo em seguida, o documento foi divulgado pela imprensa, gerando comoção em toda a sociedade. Vargas se utilizou disso para articular o cancelamento das eleições presidenciais em janeiro de 1938 e, dessa forma, continuar no governo.
Origens do Plano Cohen
A década de 1930 foi marcada pelo acirramento ideológico entre nazifascistas e comunistas. Do debate de ideias, passou-se para o confronto físico e armado, iniciando-se na Europa e se espalhando para outros países, como o Brasil. Grupos se formaram inspirados nessas duas ideologias. Esse é o caso, no Brasil, da Aliança Nacional Libertadora (ANL), pelo lado comunista, e da Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista.
Desde a promulgação da Constituição de 1934, Getúlio Vargas externava a sua preocupação com a fragilidade na legislação para coibir os confrontos ideológicos e manter a ordem social. No ano seguinte, aconteceu a Intentona Comunista, no Rio de Janeiro e em Natal (RN), um levante armado organizado pela ANL para derrubar Vargas do poder e instalar um governo comunista no Brasil. Porém, as tropas governistas derrotaram os revoltosos. Vale dizer que os trabalhadores não aderiram à causa comunista, em razão dos direitos trabalhistas concedidos pelo governo.
Em 1937, o mandato presidencial de Vargas terminava, e se preparavam as eleições presidenciais. Os pretendentes ao cargo já se organizavam para fazer campanha eleitoral. Porém, Vargas, que chegou ao poder logo após a vitória da Revolução de 1930, demonstrava seu interesse em se manter na presidência, mas não tinha ainda justificativas para convencer a população da necessidade disso. Seu plano continuísta esbarrava na resistência de alguns governadores, como Flores da Cunha, do Rio Grande do Sul.
![Getúlio Vargas, presidente que usou o Plano Cohem como justificativa para um golpe de Estado.](https://s2.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/04/1-getulio-vargas.jpg)
Golpe de 1937
O golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas, em 10 de março de 1937, deu início à ditadura do Estado Novo. No mesmo dia do golpe, o Congresso foi fechado; os partidos políticos, extintos; e as liberdades individuais, suspensas. Além disso, a Constituição de 1934 foi anulada e outra Carta foi outorgada. A Constituição de 1937, escrita pelo jurista Francisco Campos, concedia a Vargas amplos poderes para governar o Brasil. Sem o Legislativo, o próprio presidente fazia as leis.
Vale registrar o exposto no preâmbulo da Carta de 1937|1|:
“Atendendo às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta iminência da guerra civil; Atendendo ao estado de apreensão criado no País pela infiltração comunista, que se torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente; Atendendo a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo; Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas”
Nota-se que a participação das Forças Armadas no golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas e as intenções da Constituição de 1937 se justificavam na tentativa dos comunistas de tomarem o poder. A instalação de uma ditadura no Brasil, isto é, a concentração de poderes na presidência da República, tinha como argumento a manutenção da ordem nacional e o combate ao comunismo.
Veja também: Direita e esquerda: o que significam esses termos na política?
Revelação da farsa
Em 1945, a ditadura do Estado Novo perdia força e a censura não estava tão atuante. O general Góis Monteiro, aproveitando a crise da ditadura varguista e com oito anos de atraso, revelou que o Plano Cohen era uma farsa.
Segundo ele, quem entregou o documento para o Estado Maior do Exército foi o capitão Olímpio Mourão, que era chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira. Mourão reconheceu a falsidade do plano e afirmou que era de uso restrito à AIB. O capitão acusou Góis Monteiro de usar o plano de forma indevida e que não acusou a farsa antes por causa da disciplina militar, isto é, ele não poderia questionar as ações dos seus superiores hierárquicos.
Com a revelação da farsa e o envolvimento da AIB, Plínio Salgado, seu maior chefe, pronunciou-se sobre o Plano Cohen, afirmando que não denunciou a falsidade do documento para que as Forças Armadas não fossem desmoralizadas. Em novembro de 1937, quando o plano foi utilizado para justificar o golpe de Getúlio Vargas, Plínio Salgado era candidato presidencial e abriu mão de sua candidatura para apoiar a ditadura do Estado Novo.
![General Góis Monteiro, que denunciou a farsa do Plano Cohen.](https://s4.static.brasilescola.uol.com.br/be/2021/04/goes-monteiro.jpg)
Consequências do Plano Cohen
As consequências do Plano Cohen estão ligadas ao golpe de Estado liderado por Getúlio Vargas, em 10 de novembro de 1937, que inaugurou a ditadura do Estado Novo. O documento, apesar da sua farsa, serviu de pretexto para Vargas conseguir o apoio da população ao seu projeto continuísta de poder, bem como a aliança com as Forças Armadas.
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Exercícios resolvidos
Questão 1 - O Plano Cohen foi um documento divulgado pelo governo de Getúlio Vargas, em setembro de 1937, que trazia uma suposta tentativa dos comunistas de tomarem o poder no Brasil. Esse plano serviu de justificativa para Getúlio Vargas:
A) aproximar-se do Partido Comunista em busca de uma trégua em nome da ordem social.
B) antecipar as eleições presidenciais de 1938 para garantir a democracia no Brasil.
C) dar um golpe de Estado e implantar a ditadura do Estado Novo.
D) pedir auxílio aos Estados Unidos para combater o comunismo.
Resolução
Alternativa C. Getúlio Vargas usou o Plano Cohen como justificativa para dar um golpe de Estado, instalar uma ditadura e obter amplos poderes. Dessa forma, as eleições presidenciais de 1938 foram canceladas.
Questão 2 - Em 1945, a ditadura do Estado Novo, liderada por Getúlio Vargas, estava em crise. O general Góis Monteiro aproveitou esse momento para afirmar que o Plano Cohen, denunciado pelo governo em 1937 e utilizado como justificativa para o golpe do Estado Novo:
A) continuava atual, pois o comunismo nunca deixou de ser uma ameaça para o Brasil.
B) foi uma farsa do Governo Vargas para justificar o golpe de Estado.
C) deveria ser usado novamente por Vargas para se manter no poder.
D) foi uma imposição norte-americana em troca de empréstimos para a industrialização.
Resolução
Alternativa B. O general Góis Monteiro denunciou a farsa do Plano Cohen somente em 1945, isto é, oito anos depois da divulgação do documento. Os envolvidos nessa farsa se defenderam dizendo que não denunciaram antes por questões disciplinares e para não desmoralizar as Forças Armadas.
Nota
|1| Texto da Constituição de 1937 disponível aqui. Acesso em 12 de abril de 2021.