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A marcha para o oeste foi uma política implementada por Getúlio Vargas a partir de 1938, com o objetivo de promover a ocupação e o desenvolvimento das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte, por meio da colonização agrícola e construção de infraestrutura.
Esse movimento ocorreu no contexto do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, em resposta a preocupações geopolíticas e à necessidade de integrar o território nacional, fortalecer a soberania e expandir a economia. Seus principais objetivos eram incentivar a migração para o interior, desenvolver a agricultura, fortalecer as fronteiras e consolidar o controle estatal sobre essas áreas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre marcha para o oeste no Brasil
- 2 - O que foi a marcha para o oeste no Brasil?
- 3 - Contexto histórico da marcha para o oeste no Brasil
- 4 - Quais os objetivos da marcha para o oeste no Brasil?
- 5 - Importância da marcha para o oeste no Brasil
- 6 - Consequências da marcha para o oeste no Brasil
Resumo sobre marcha para o oeste no Brasil
- A marcha para o oeste foi uma política que teve início em 1938, durante o Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas.
- Seus principais objetivos eram incentivar a migração para o interior do Brasil, desenvolver a agricultura, fortalecer as fronteiras e consolidar a soberania territorial.
- Buscou promover a ocupação e integração das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte.
- Contribuiu para o desenvolvimento do agronegócio no Centro-Oeste e Norte e fortaleceu o nacionalismo no país.
- Também resultou em conflitos com populações indígenas, em impactos ambientais e na perpetuação da desigualdade fundiária e regional.
- Com a marcha, o Estado foi visto como promotor do progresso e da modernização da nação.
O que foi a marcha para o oeste no Brasil?
A marcha para o oeste foi uma política estatal promovida durante o governo de Getúlio Vargas, no contexto do Estado Novo (1937-1945). Seu objetivo era expandir a ocupação e integrar o interior do Brasil, especialmente as regiões do Centro-Oeste e Norte, pouco povoadas e desenvolvidas à época. Lançada oficialmente em 1938, essa política fazia parte de um projeto mais amplo de modernização do país, buscando fortalecer a economia e garantir a soberania territorial.
A marcha envolveu a criação de colônias agrícolas, expedições de reconhecimento e ocupação, e a construção de infraestrutura, como estradas e postos avançados, para facilitar o acesso às áreas interioranas. Entre as iniciativas mais marcantes, estavam a criação da Fundação Brasil Central e a Expedição Roncador-Xingu em 1943, que buscavam explorar e colonizar regiões remotas do interior.
A marcha foi carregada de simbolismo nacionalista,|1| sendo vista como um esforço de construção de uma identidade nacional forte e unificada via interiorização dos recursos e da população.
Contexto histórico da marcha para o oeste no Brasil
A marcha para o oeste foi concebida em um contexto de transformações econômicas e políticas no Brasil e no mundo. Internamente, o Brasil havia passado pela Revolução de 1930, que resultou na ascensão de Vargas ao poder e no fim da Primeira República. Com o Estado Novo, estabelecido em 1937, Vargas adotou políticas autoritárias e centralizadoras, dissolvendo o Congresso e governando por decretos-leis. No cenário internacional, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerava temores quanto à segurança das fronteiras e à integridade territorial do Brasil.
Vargas via o desenvolvimento do interior como uma forma de fortalecer o controle sobre áreas remotas, evitando que fossem cobiçadas por potências estrangeiras. Além disso, o desenvolvimento do setor agrícola, com a criação de colônias de trabalhadores no interior, objetivava garantir a segurança alimentar em um momento de crise global. Esse esforço fez parte de uma estratégia geopolítica cujo intuito era fortalecer as fronteiras econômicas e políticas do Brasil, articulando ocupação territorial com nacionalismo.
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Quais os objetivos da marcha para o oeste no Brasil?
O principal objetivo da marcha para o oeste era a ocupação e integração das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte, que eram pouco povoadas e economicamente subdesenvolvidas. A política buscou redistribuir a população incentivando a migração de trabalhadores do Sul e Sudeste para essas áreas; e promover a colonização agrícola, fortalecendo a produção de alimentos e a economia do país.
Outro objetivo importante era garantir a segurança das fronteiras brasileiras, especialmente em um momento de tensões internacionais causadas pela Segunda Guerra Mundial. A marcha para o oeste quis evitar que regiões desocupadas fossem vistas como vulneráveis a interesses estrangeiros. O governo de Vargas via o interior como uma área estratégica que precisava ser controlada e ocupada para assegurar a soberania nacional.
A marcha também teve caráter simbólico: tratava-se de uma “marcha civilizatória” que modernizaria o Brasil, integrando seu vasto território e consolidando a identidade nacional. A campanha envolvia não apenas a ocupação física do território como também a construção de um “novo homem brasileiro”, moldado pela ideia de trabalho e patriotismo, em sintonia com os ideais autoritários do Estado Novo.
Importância da marcha para o oeste no Brasil
A marcha para o oeste teve uma importância significativa para o desenvolvimento territorial e econômico do Brasil. Ela marcou o início de um processo de colonização e exploração de áreas remotas, como o Centro-Oeste, que viriam a se tornar regiões cruciais para o agronegócio brasileiro nas décadas seguintes. O movimento preparou o terreno para a expansão da fronteira agrícola, que seria acelerada nas décadas de 1960 e 1970.
Além disso, a marcha foi importante para a consolidação do nacionalismo autoritário promovido por Vargas. Ao integrar o interior ao restante do país, a política reforçava a ideia de um Brasil unificado e forte. A campanha teve um impacto significativo sobre a identidade nacional, fortalecendo a noção de que o Brasil, para se modernizar, precisaria ocupar e integrar todas as suas regiões.
No plano simbólico, a marcha para o oeste representou um marco na construção da mitologia política de Vargas. O discurso de Vargas durante a marcha exaltava a figura do presidente como o “pai da nação”, um líder capaz de conduzir o Brasil ao progresso por meio da integração do território e da construção de um “novo homem”. A marcha, nesse sentido, foi também uma ferramenta de controle ideológico, usada para legitimar o regime autoritário de Vargas.
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Consequências da marcha para o oeste no Brasil
As consequências da marcha para o oeste foram variadas e duradouras. No plano econômico, a política ajudou a consolidar o agronegócio no Centro-Oeste, transformando a região em uma das mais produtivas do Brasil. A colonização de áreas remotas contribuiu para a expansão da fronteira agrícola, que se tornaria um dos pilares da economia brasileira a partir das décadas de 1960 e 1970.
No entanto, a marcha para o oeste também trouxe consequências negativas. O processo de ocupação, muitas vezes, resultou em conflitos com populações indígenas, que foram desconsideradas ou expulsas de suas terras para darem lugar à colonização agrícola. Esse movimento estava impregnado de uma lógica autoritária que ignorava as realidades locais em nome de uma visão nacionalista.
A colonização também teve impactos ambientais, incluindo desmatamento e degradação de ecossistemas, principalmente na região do Araguaia e do Xingu, onde a Expedição Roncador-Xingu desempenhou um papel crucial na ocupação das terras. A marcha não conseguiu resolver os problemas de desigualdade regional.
Embora tenha havido avanços no desenvolvimento do Centro-Oeste, muitas áreas continuaram a enfrentar desafios relacionados à falta de infraestrutura e serviços públicos básicos. Além disso, o projeto de ocupação foi marcado por concentração fundiária, onde poucos proprietários controlavam vastas extensões de terra.
Finalmente, a marcha para o oeste consolidou o controle centralizado do Estado sobre o território brasileiro e reforçou o papel do governo federal como agente de desenvolvimento.
Mesmo após o fim do Estado Novo, a ideia de interiorização do desenvolvimento continuou a influenciar as políticas territoriais do Brasil, como evidenciado pela construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. Em suma, a marcha para o oeste, embora marcada por contradições e dificuldades, deixou um legado duradouro na história do Brasil.
Nota
|1| CANCELI, E. O Estado Novo em Marcha para o Oeste. 1. ed. Curitiba: CRV, 2017.
Créditos das imagens
Fontes
ARRAIS, M. E. A marcha para o oeste e o Estado Novo: a conquista dos sertões. 2016. 17 f. Monografia (Bacharelado em História) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: https://bdm.unb.br/handle/10483/15448.
CANCELI, E. O Estado Novo em Marcha para o Oeste. 1. ed. Curitiba: CRV, 2017.