Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste no Brasil foi uma política implementada por Getúlio Vargas que tinha o objetivo de promover a ocupação e o desenvolvimento das regiões interioranas do país.

Cartaz de propaganda da marcha para o oeste no Brasil, com figura de Getúlio Vargas.
A marcha para o oeste foi também uma ferramenta de controle ideológico, usada para legitimar a ditadura de Getúlio Vargas.[1]
Crédito da Imagem: Commons
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

A marcha para o oeste foi uma política implementada por Getúlio Vargas a partir de 1938, com o objetivo de promover a ocupação e o desenvolvimento das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte, por meio da colonização agrícola e construção de infraestrutura.

Esse movimento ocorreu no contexto do Estado Novo e da Segunda Guerra Mundial, em resposta a preocupações geopolíticas e à necessidade de integrar o território nacional, fortalecer a soberania e expandir a economia. Seus principais objetivos eram incentivar a migração para o interior, desenvolver a agricultura, fortalecer as fronteiras e consolidar o controle estatal sobre essas áreas.

Leia também: Construção de Brasília — um símbolo da concretização do longo plano de modernização do Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre marcha para o oeste no Brasil

  • A marcha para o oeste foi uma política que teve início em 1938, durante o Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas.
  • Seus principais objetivos eram incentivar a migração para o interior do Brasil, desenvolver a agricultura, fortalecer as fronteiras e consolidar a soberania territorial.
  • Buscou promover a ocupação e integração das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte.
  • Contribuiu para o desenvolvimento do agronegócio no Centro-Oeste e Norte e fortaleceu o nacionalismo no país.
  • Também resultou em conflitos com populações indígenas, em impactos ambientais e na perpetuação da desigualdade fundiária e regional.
  • Com a marcha, o Estado foi visto como promotor do progresso e da modernização da nação.

O que foi a marcha para o oeste no Brasil?

A marcha para o oeste foi uma política estatal promovida durante o governo de Getúlio Vargas, no contexto do Estado Novo (1937-1945). Seu objetivo era expandir a ocupação e integrar o interior do Brasil, especialmente as regiões do Centro-Oeste e Norte, pouco povoadas e desenvolvidas à época. Lançada oficialmente em 1938, essa política fazia parte de um projeto mais amplo de modernização do país, buscando fortalecer a economia e garantir a soberania territorial.

A marcha envolveu a criação de colônias agrícolas, expedições de reconhecimento e ocupação, e a construção de infraestrutura, como estradas e postos avançados, para facilitar o acesso às áreas interioranas. Entre as iniciativas mais marcantes, estavam a criação da Fundação Brasil Central e a Expedição Roncador-Xingu em 1943, que buscavam explorar e colonizar regiões remotas do interior.

A marcha foi carregada de simbolismo nacionalista,|1| sendo vista como um esforço de construção de uma identidade nacional forte e unificada via interiorização dos recursos e da população.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Contexto histórico da marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste foi concebida em um contexto de transformações econômicas e políticas no Brasil e no mundo. Internamente, o Brasil havia passado pela Revolução de 1930, que resultou na ascensão de Vargas ao poder e no fim da Primeira República. Com o Estado Novo, estabelecido em 1937, Vargas adotou políticas autoritárias e centralizadoras, dissolvendo o Congresso e governando por decretos-leis. No cenário internacional, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) gerava temores quanto à segurança das fronteiras e à integridade territorial do Brasil.

Vargas via o desenvolvimento do interior como uma forma de fortalecer o controle sobre áreas remotas, evitando que fossem cobiçadas por potências estrangeiras. Além disso, o desenvolvimento do setor agrícola, com a criação de colônias de trabalhadores no interior, objetivava garantir a segurança alimentar em um momento de crise global. Esse esforço fez parte de uma estratégia geopolítica cujo intuito era fortalecer as fronteiras econômicas e políticas do Brasil, articulando ocupação territorial com nacionalismo.

Veja também: Como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial?

Quais os objetivos da marcha para o oeste no Brasil?

O principal objetivo da marcha para o oeste era a ocupação e integração das regiões interioranas do Brasil, especialmente o Centro-Oeste e o Norte, que eram pouco povoadas e economicamente subdesenvolvidas. A política buscou redistribuir a população incentivando a migração de trabalhadores do Sul e Sudeste para essas áreas; e promover a colonização agrícola, fortalecendo a produção de alimentos e a economia do país.

Getúlio Vargas cercado por crianças, em texto sobre marcha para o oeste no Brasil
Getúlio Vargas em visita a Porto Velho, no Norte do Brasil. A figura do presidente era associada ao progresso do país.[2]

Outro objetivo importante era garantir a segurança das fronteiras brasileiras, especialmente em um momento de tensões internacionais causadas pela Segunda Guerra Mundial. A marcha para o oeste quis evitar que regiões desocupadas fossem vistas como vulneráveis a interesses estrangeiros. O governo de Vargas via o interior como uma área estratégica que precisava ser controlada e ocupada para assegurar a soberania nacional.

A marcha também teve caráter simbólico: tratava-se de uma “marcha civilizatória” que modernizaria o Brasil, integrando seu vasto território e consolidando a identidade nacional. A campanha envolvia não apenas a ocupação física do território como também a construção de um “novo homem brasileiro”, moldado pela ideia de trabalho e patriotismo, em sintonia com os ideais autoritários do Estado Novo.

Importância da marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste teve uma importância significativa para o desenvolvimento territorial e econômico do Brasil. Ela marcou o início de um processo de colonização e exploração de áreas remotas, como o Centro-Oeste, que viriam a se tornar regiões cruciais para o agronegócio brasileiro nas décadas seguintes. O movimento preparou o terreno para a expansão da fronteira agrícola, que seria acelerada nas décadas de 1960 e 1970.

Além disso, a marcha foi importante para a consolidação do nacionalismo autoritário promovido por Vargas. Ao integrar o interior ao restante do país, a política reforçava a ideia de um Brasil unificado e forte. A campanha teve um impacto significativo sobre a identidade nacional, fortalecendo a noção de que o Brasil, para se modernizar, precisaria ocupar e integrar todas as suas regiões.

No plano simbólico, a marcha para o oeste representou um marco na construção da mitologia política de Vargas. O discurso de Vargas durante a marcha exaltava a figura do presidente como o “pai da nação”, um líder capaz de conduzir o Brasil ao progresso por meio da integração do território e da construção de um “novo homem”. A marcha, nesse sentido, foi também uma ferramenta de controle ideológico, usada para legitimar o regime autoritário de Vargas.

Saiba mais: Departamento de Imprensa e Propaganda — ferramenta de censura e  difusão ideológica do governo de Vargas

Consequências da marcha para o oeste no Brasil

As consequências da marcha para o oeste foram variadas e duradouras. No plano econômico, a política ajudou a consolidar o agronegócio no Centro-Oeste, transformando a região em uma das mais produtivas do Brasil. A colonização de áreas remotas contribuiu para a expansão da fronteira agrícola, que se tornaria um dos pilares da economia brasileira a partir das décadas de 1960 e 1970.

Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e outros políticos em texto sobre marcha para o oeste no Brasil.
Getúlio Vargas diante de Juscelino Kubitschek, o responsável pela construção de Brasília na década de 1950.

No entanto, a marcha para o oeste também trouxe consequências negativas. O processo de ocupação, muitas vezes, resultou em conflitos com populações indígenas, que foram desconsideradas ou expulsas de suas terras para darem lugar à colonização agrícola. Esse movimento estava impregnado de uma lógica autoritária que ignorava as realidades locais em nome de uma visão nacionalista.

A colonização também teve impactos ambientais, incluindo desmatamento e degradação de ecossistemas, principalmente na região do Araguaia e do Xingu, onde a Expedição Roncador-Xingu desempenhou um papel crucial na ocupação das terras. A marcha não conseguiu resolver os problemas de desigualdade regional.

Embora tenha havido avanços no desenvolvimento do Centro-Oeste, muitas áreas continuaram a enfrentar desafios relacionados à falta de infraestrutura e serviços públicos básicos. Além disso, o projeto de ocupação foi marcado por concentração fundiária, onde poucos proprietários controlavam vastas extensões de terra.

Finalmente, a marcha para o oeste consolidou o controle centralizado do Estado sobre o território brasileiro e reforçou o papel do governo federal como agente de desenvolvimento.

Mesmo após o fim do Estado Novo, a ideia de interiorização do desenvolvimento continuou a influenciar as políticas territoriais do Brasil, como evidenciado pela construção de Brasília durante o governo de Juscelino Kubitschek. Em suma, a marcha para o oeste, embora marcada por contradições e dificuldades, deixou um legado duradouro na história do Brasil.

Nota

|1| CANCELI, E. O Estado Novo em Marcha para o Oeste. 1. ed. Curitiba: CRV, 2017.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes

ARRAIS, M. E. A marcha para o oeste e o Estado Novo: a conquista dos sertões. 2016. 17 f. Monografia (Bacharelado em História) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em: https://bdm.unb.br/handle/10483/15448.

CANCELI, E. O Estado Novo em Marcha para o Oeste. 1. ed. Curitiba: CRV, 2017.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Marcha para o oeste no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/estado-novo-marcha-para-oeste.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

A Marcha para o Oeste visava a promover a habitação, o desenvolvimento e a integração econômica de duas áreas em especial do país. Que regiões eram essas?

a) Norte e Nordeste

b) Centro-Oeste e Sul

c) Sul e Norte

d) Nordeste e Sul

e) Centro-Oeste e Norte

Exercício 2

A divulgação do programa Marcha para o Oeste foi entregue a um conhecido poeta e escritor brasileiro. Quem era esse escritor?

a) Monteiro Lobato

b) Machado de Assis

c) Olavo Bilac

d) Cassiano Ricardo

e) Lima Barreto

Artigos Relacionados


Consolidação das Leis Trabalhistas na Era Vargas

Saiba o que foi a Consolidação das Leis Trabalhistas na Era Vargas e entenda o porquê de sua importância.
História do Brasil

Constituição de 1937

Entenda a importância da Constituição de 1937 para a legitimação do Estado Novo, o período ditatorial da Era Vargas.
História do Brasil

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

Clique no link e tenha acesso a detalhes a respeito do Departamento de Imprensa e Propaganda, mais conhecido como DIP. Entenda qual era a função desse órgão.
História do Brasil

Era Vargas

Acesse este link para ler um texto do Brasil Escola sobre o período da história brasileira conhecido como Era Vargas. Entenda as características básicas da Era Vargas, como Vargas ascendeu à presidência e como foi finalizado esse período. Por fim, veja algumas informações sobre as fases desse período.
História do Brasil

Era Vargas: governo provisório (1930-1934)

Acesse o site e veja o que foi o governo provisório. Saiba mais sobre a consolidação de Vargas no poder e o conflito entre seu governo e os paulistas em 1932.
História do Brasil

Estado Novo

Entenda aqui o que foi o Estado Novo, além de conhecer como ele teve início, quais foram suas características e eventos que marcaram esse período.
História do Brasil

Getúlio Vargas

Clique para conhecer mais detalhes sobre a vida de Getúlio Vargas, político gaúcho que foi presidente do Brasil em duas ocasiões.
Biografia

História de Goiânia

Clique aqui e conheça a história de Goiânia, uma das capitais mais novas do Brasil. Saiba quando e por que essa cidade foi fundada e descubra por que tem esse nome.
História do Brasil

Revolução de 1930

A revolução de 1930 derrubou oligarquias e colocou Getúlio Vargas no poder.
História do Brasil

Segundo governo de Vargas

Acesse e veja os principais acontecimentos do segundo governo de Vargas. Entenda como foi a campanha eleitoral e veja o fim trágico desse governo.
História do Brasil