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Luís Carlos Prestes foi um dos grandes nomes da política e da história brasileira durante o século XX. Formou-se engenheiro militar e, ao longo de sua vida, envolveu-se em diferentes movimentos políticos no Brasil, com destaque, sobretudo, para sua atuação na Coluna Prestes e na liderança da Intentona Comunista. Perseguido pela Ditadura Militar, Prestes exilou-se na União Soviética e só retornou ao Brasil em 1979.
Tópicos deste artigo
- 1 - Juventude de Prestes
- 2 - Prestes e o tenentismo
- 3 - Prestes e o socialismo
- 4 - Prestes e a Intentona Comunista
- 5 - Prestes após a prisão
Juventude de Prestes
Luís Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, no dia 3 de janeiro de 1898. Seu pai, chamado Antônio Pereira Prestes, havia seguido a carreira militar e era adepto dos ideais positivistas, muito populares no exército naquele período. A sua mãe, chamada Leocádia Felizardo Prestes, foi obrigada a cuidar de Prestes e de seus irmãos sozinha, uma vez que seu marido faleceu com 38 anos.
Segundo a historiadora Anita Leocádia Prestes, a mãe de Luís Carlos Prestes fez tudo que fosse possível para criar seus cinco filhos. Assim:
Começou a dar aulas de idiomas e música, trabalhou de modista, foi balconista e costurou para o Arsenal de Marinha. Finalmente, em 1915, conseguiu ser nomeada professora de escola pública, como coadjuvante do ensino primário, cargo que exerceu até 1930, quando viajou para o exterior. Trabalhava à noite, nos cursos noturnos destinados a comerciárias, operárias e domésticas|1|.
Por sua origem pobre, Prestes ingressou na carreira militar – uma das poucas possibilidades de ascensão social e econômica. Formou-se engenheiro militar – mesma função realizada pelo seu pai – com ótimo desempenho. Dois anos depois de sua formatura, já havia alcançado o posto de capitão de engenheiros do Exército.
A sua atuação no Exército brasileiro foi extremamente curta, pois, insatisfeito com a política praticada no Brasil da época e com o funcionamento da corporação, ingressou em um movimento que ficou conhecido como tenentismo.
Prestes e o tenentismo
O tenentismo surgiu no seio do Exército durante o processo eleitoral para a escolha do novo presidente em 1922. Durante aquela eleição, cartas falsas com críticas do candidato Artur Bernardes aos militares foram veiculadas, o que fez com que a imagem de Artur Bernardes ficasse desgastada entre os militares.
Essa situação agravou-se quando o presidente Epitácio Pessoa ordenou o fechamento do Clube Militar no Rio de Janeiro e a prisão de Hermes da Fonseca em 1922. Após esses eventos, jovens tenentes do Exército, insatisfeitos com a política praticada na Primeira República, iniciaram um movimento de revolta contra o governo.
O tenentismo foi um movimento de reformismo da política brasileira em que os militares procuravam defender suas ideias a partir da ação armada. Luís Carlos Prestes esteve envolvido com o movimento tenentista desde o início e também nos preparativos da Revolta do Forte de Copacabana, mas não chegou a participar de fato dessa revolta porque havia contraído tifo.
A partir de 1924, liderando uma revolta tenentista no Rio Grande do Sul, aliou-se com tenentistas paulistas que haviam dominado a cidade de São Paulo no mesmo período. Essa fusão entre tenentistas paulistas e os tenentistas gaúchos deu surgimento à Coluna Prestes, também conhecida como Coluna Miguel Costa-Prestes.
A Coluna Prestes foi a responsável pela construção da imagem de Prestes como “cavaleiro da esperança”. A Coluna marchou por mais de 25 mil quilômetros no interior do território brasileiro denunciando a desigualdade promovida pelo governo de Artur Bernardes. Chegaram a mobilizar cerca de 1500 membros, que, entre 1925 e 1927, promoveram pequenos confrontos contra as tropas governamentais.
Prestes e o socialismo
A partir de 1927, os membros da Coluna Prestes optaram por colocar fim ao movimento, primeiramente porque o governo de Artur Bernardes havia chegado ao fim e, segundo, pelo grande desgaste dos envolvidos após quase dois anos de luta e marcha. Grande partes dos envolvidos – incluindo Prestes – exilou-se na Bolívia.
Durante seu exílio na Bolívia, Prestes trabalhou durante um tempo como engenheiro na Bolivian Company Limited. Nesse período, em 1927, sob a influência de Astrojildo Pereira, secretário-geral do Partido Comunista do Brasil, Prestes iniciou a leitura da teoria marxista, o que fez com que ele aderisse à ideologia socialista.
Durante o período 1927-1930, ele recebeu convites do PCB para aderir aos quadros do partido, porém, rejeitou os convites. Prestes, além disso, recebeu convites para atuar na chapa presidencial de Getúlio Vargas nas eleições de 1930 e, durante os preparativos da Revolução de 1930, recebeu novo convite da Aliança Liberal para fazer parte dos quadros do movimento. Ambos os convites foram rejeitados.
A partir de 1931, a convite do governo soviético, Prestes mudou-se para Moscou, local onde ingressou nos estudos da teoria marxista-leninista. O governo soviético, além disso, pressionou o PCB para que o partido aceitasse a adesão de Prestes aos quadros do partido. Por fim, a Internacional Comunista decidiu que Prestes retornaria ao Brasil para liderar uma revolução comunista no país.
Prestes e a Intentona Comunista
Prestes foi enviado para o Brasil em dezembro de 1934 com o objetivo de liderar a realização de uma revolução comunista no Brasil. Com Prestes, foi enviada pela Internacional Comunista Olga Benário, revolucionária alemã que havia sido encarregada de realizar a proteção pessoal de Prestes – enviado para o Brasil de maneira clandestina.
No começo de 1935, foi fundada no Brasil a Aliança Nacional Libertadora, grupo de orientação comunista que tinha como premissa o combate ao fascismo no Brasil. A ANL também esteve envolvida, em parceria com o PCB, com a realização da revolução comunista no Brasil. Na fundação desse grupo, Luís Carlos Prestes foi aclamado como presidente de honra da ANL.
Prestes esteve diretamente envolvido com a realização da Intentona Comunista no Brasil, em novembro de 1935. O levante comunista organizado por Prestes, no entanto, foi um grande fracasso e resumiu-se a levantes de militares da esquerda em três cidades brasileiras: Natal, Recife e Rio de Janeiro. O movimento foi rapidamente controlado pelo governo de Vargas e iniciou-se uma caçada para prender Luís Carlos Prestes.
Prestes e Olga, nesse momento esposa de Prestes, foram presos no Rio de Janeiro, em março de 1936. Olga, alemã e judia, foi deportada pelo governo brasileiro para a Alemanha, mesmo grávida. A filha de Prestes e Olga, chamada Anita Leocádia Prestes, nasceu em um campo de concentração alemão em 1936 e foi posteriormente entregue para a sua avó paterna, Leocádia Felizardo.
Prestes após a prisão
Prestes passou quase 10 anos preso e foi solto no começo de 1945 após Getúlio Vargas decretar anistia e libertar os presos políticos de seu regime. Uma vez solto, Prestes, por orientação de Moscou, aderiu à campanha queremista, que exigia a continuidade de Vargas no poder do Brasil. No início da Quarta República, foi eleito senador pelo PCB, mas teve seu mandato cassado pela repressão aos comunistas do governo de Eurico Gaspar Dutra.
No período da Ditadura Militar, foi novamente vítima da perseguição e da repressão política, sendo novamente forçado a exilar-se. Entre 1971 e 1979, Prestes morou na cidade de Moscou, na União Soviética, e só retornou quando foi aprovada a Lei da Anistia no Brasil. A partir de 1980, com o retorno do pluripartidarismo ao Brasil, Prestes rompeu abertamente com o PCB. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de março de 1990.
|1| PRESTES, Anita Leocádia. Luiz Carlos Prestes: patriota, revolucionário, comunista. São Paulo: Expressão, 2006, p. 10.
*Créditos da imagem: Alexandre Rotenberg e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História